Milagres do Amor - Cap. 71º

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Milagres do Amor
Reflexo em um Espelho | Parte 2 - Final

Pov Narrador

Saiu do carro batendo a porta, respirou e inspirou várias vezes e entrou na casa. Encontrando Mel e Bernardo agarrados no sofá, Chay assistia a um jogo de futebol americano, completamente largado no sofá, sua mãe tricotava algo parecido com um casaquinho rosa. Seu pai provavelmente estava trabalhando.

– Filho. – disse Rita ao perceber o filho parado na sala. Abriu um amplo sorriso e foi abraçá-lo, mas o olhar de fúria contido, foi o bastante para pará-la no meio do caminho. – O que foi?
– Onde está Alana?
– Onde está Lua? – perguntou Mel levantando do sofá, engolindo em seco ao perceber o maxilar travado e a cara de poucos amigos do irmão. – Ela te contou? – percebeu na hora.
– Não.

Arthur riu amargamente e foi até o pequeno bar, enchendo o copo de uísque e bebendo de uma vez.

– Então…
– Obrigada pele pequena ajuda, e pensar que se eu não tivesse chegado em casa cedo hoje, provavelmente Alana acabaria matando minha esposa, não é Mel? – falou amargamente.
– Do que vocês estão falando? – perguntou Chay com o cenho franzido.
– Ah, vai me falar que você não sabia? Alana tentando assassinato. – jogou as mãos no ar teatralmente.

Chay engoliu em seco.

– Arthur, nós não falamos por Lua, ela não queria.
– Como não queria? E ela não tem querer, pelo amor de Deus, ela estava quase sendo morta. E o pior… vocês sabiam de tudo, poderia ser presos como cúmplices. – se alterou.
– Filho…
– Nem sei por que estou falando com vocês, não vai adiantar nada. – subiu rapidamente em direção ao quarto de Alana. Entrou sem bater e a encontrou dormindo, Alexia estava lendo um livro qualquer. Arthur sorriu sem humor.
– O quê…
– Cala boca. – Arthur a interrompeu.

Foi até a cama encontrou um jarro de água e um copo, entornou tudo na cabeça de Alana, que levantou assustada, tirando o cabelo do rosto.

– Como vai minha querida prima? – perguntou sarcasticamente a pegando pelo braço e a jogando no chão com força.
– Ai Arthur, me machucou. – reclamou, massageando o local onde antes se encontrava a mão de Arthur.
– Machucou? Oh, que pena e vai machucar muito mais, se você não falar tudo que eu quero ouvir.
– Do que você está falando? – perguntou se levantando.
– O que você aprontou com a Lua esse tempo todo?

Ela revirou os olhos e deu de ombros, estava decidida a ignorá-lo, tanto que andou em direção à porta. Porém, Arthur a puxou de volta, jogando-a na cama.

– Fala logo, quero saber de tudo. – gritou.
– O que a sonsa disse para você? Eu nunca fiz nada, sou inocente. – riu e mandou um beijo para ele.

Arthur bufou e avançou sobre ela, mas uma mão o deteve. Arthur olhou para o dono da mão, extremamente irritado.

– Filho, vamos conversar.
– Não começa Ricardo. – seu pai franziu o cenho e sua respiração ficou pesada, odiava quando seu filho fazia isso, o chamava pelo nome ao invés de pai. Isso sempre acontecia quando a irritação passou dos limites e ameaçava lhe dominar.
– Olha aqui Arthur, você é meu filho e eu exijo ser chamado de pai. – disse seco.

Arthur bufou e franziu o cenho, dando um sorrisinho debochado pra ele. Ricardo foi a sua direção e o pegou pela gola da camisa, apesar de seu tamanho, Arthur o ultrapassava.

– Eu sou seu pai e você tem que me respeitar. – os olhos de ambos eram puro ódio.

Arthur não estava com raiva do pai e sim de Alana e de si próprio por ser tão burro todo esse tempo. A raiva de Ricardo cresceu quando Arthur não o chamou de pai e o tratou com desdém. Sem dúvidas pai e filho possuíam o mesmo gênio indomável e perigoso. Ao contrário de seu filho que matava como profissão, Ricardo seguiu outro caminho, curava e salvava. Porém, não pise em seu calo, ai sim, verá uma pessoa completamente diferente do Dr. Aguiar.

Apesar de ser calmo e tranquilo, quando se encontrava irritado era difícil segurar a fera.

– Me larga. – disse Arthur.
– Caso contrário? Vai bater no seu próprio pai? – o largou. – Eu te criei, eu te dei a educação que você tem, eu te dei a vida. Você me deve o mínimo de respeito, eu não aceito outra atitude vinda de você. Trate como quiser as pessoas, sendo grosso e agressivo, mas comigo não. Com sua prima eu resolvo.

Arthur gargalhou.

– Claro, como resolveu não é? Você tem a noção do que ela fez? Ela tentou matar a Lua diversas vezes, tudo sobre o seu olhar atento e perspicaz, Ricardo.

Ricardo bufou e o vermelho vivo se fez em seus olhos, avançou para cima de Arthur com fúria.

– Opa pai, calma ai. – disse Chay o parando com os braços em seu peito, o mesmo fez Bernardo com Arthur. Apenas por precaução, os ânimos estavam exaltados demais, mas Arthur nunca seria capaz de agredir o pai, ele era seu orgulho. Ele via em si mesmo, seu pai, pelo menos em partes, tirando as partes grosseiras e agressivas. Pai e filho têm mais em comum que tudo.
– Você deveria é cuidar de seus filhos, não tentar ajudar pessoas que não merecem um pingo de compaixão. Mas se você quiser seguir em frente, pode ir. Tenho uma proposta pra fazer, eu saio da sua vida completamente e em troca você fica com sua sobrinha querida. Topa? – cuspiu as palavras, arqueando as sobrancelhas.

Todos tinham plena consciência do que Arthur estava falando, se Ricardo aceitasse jamais haveria a camaradagem que existia entre os dois novamente, seria o fim de pai e filho, ambos orgulhosos de exaltados de mais para perceber isso.

– Ricardo – pediu Rita chorosa agarrando o seu jaleco, ficando de frente para o marido. – Por favor.

Ricardo olhou para a mulher e respirou fundo, não poderia fazer isso com ela, e muito menos com si próprio. Amava todos os seus filhos igualmente, mas Arthur tinha algo de especial, talvez por ser o que mais levou preocupações para eles, mas era o filho preferido. Logo agora que ele tinha melhorado completamente, e daria o neto que tanto ansiavam, não poderiam estragar tudo por conta de sua sobrinha irresponsável e culpada.

Que nesse exato momento ria sem menor constrangimento. Ela não poderia ter esse gostinho.

Ricardo passou as mãos pelo cabelo e rosto, não poderia reclamar. Arthur puxara exatamente o seu gênio, lembrou das brigas que teve com seu pai e eram assim como estava sendo com Arthur, difíceis de controlar. Levados pelo calor da raiva. Era como se ele estivesse olhando seu reflexo no espelho há anos atrás.

– Faça o que tem que fazer, apenas não faça algo que o colocará na cadeia.
– É família, não vamos transformar isso em algo enorme, só Alana e Alexia que irão embora, é algo para se comemorar. – riu Mel, tentando descontrair o ambiente carregado.
– O que? Não, de jeito maneira, tio eu não fiz nada, acredite em mim.
– Não se dirija a mim e sim a Arthur, já deveria ter deixado isso nas mãos dele há tempos.
– Não, e minha festa? É o meu sonho. Por favor... – implorou.
– Calada. Você merecia muito mais do que vai ganhar, apenas uma passagem sem volta para casa dos seus pais, onde vocês nunca deveriam ter saído. – respondeu Arthur.
– Espera, não, por favor, eu não voltei a fazer nada contra ela, faz muito tempo tudo isso.
– E o que importa? Você deveria é estar na cadeia. Mas sua preciosa festa, seu sonho como você mesmo diz, será espatifada.

Ela avançou sobre ele, agarrando sua camisa e chorando litros.

– Eu fiz isso tudo, porque achava que você ficaria comigo depois que ela morresse, por favor, eu nunca mais fiz nada e não pretendo. Foi tudo por amor, Arthur.
– Ah, não venha com essa, e não quero saber também. Arruma sua mala. – tentou sair do seu aperto, mas ela caiu por suas pernas agarrando e implorando.

Chay e Mel riram da cena.

– Sai, sua louca. – agarrou seus pulsos e a jogou na cama. – E se dê por satisfeita, você merecia algo pior.

Menos de uma hora depois, Alana e Alexia subiam no jatinho de Arthur. Alana esgoelando e se descabelando, já Alexia se encontrava calma e conformada. Arthur se despediu de seus pais e irmãos e foi embora, pretendia parar em um bar e beber até cair. Mas sem dúvidas não poderia fazer isso, Lua estava grávida e provavelmente arrancando os cabelos o esperando e acharia que ele estivesse a traindo ou algo do tipo, ciumenta que só ela.

Ele não suportava a ideia de ter ficado no escuro esse tempo todo, tudo acontecendo em baixo do seu nariz e simplesmente não percebera nada. Achando que Alana era infantil demais para fazer certas coisas das quis ela fez. Sentia-se culpado e de mãos e pés atados, em relação à Lua tudo em sua volta sempre teria que ser claro e objetivo, não existia meio termo.

Entre tantas mulheres que ele já possuía, nenhuma foi capaz de transmitir tanto amor e carinho por ele, como só Lua conseguia. Em cada gesto, ação, em cada olhar se via puro e incondicional amor, como uma chama que jamais se apagaria. A energia transmitida quando toca sua pele, a mesma que toma conta do seu corpo e de sua alma como uma corrente elétrica. Fazendo todos os pelos se enrijecerem, uma sensação maravilhosa e inexplicável, a sensação que encontrou a pessoa certa.

Estava desapontado com ela, ela deveria ser a primeira pessoa a lhe contar sobre os acontecimentos, a confiar nele. Mas não preferiu ficar calada, sofrendo em silêncio, uma das muitas coisas que ela trousse consigo de seu passado obscuro. Sentia-se triste, por ter sido incapaz de protegê-la de sua própria prima desvairada.

Tudo estava vindo ao mesmo tempo, não deixando tempo para respirar. Primeiro a morte de Jane, Brandon, Alana e ainda tinha a briga com seu pai. Estava impossível controlar a avalanche que caia sobre sua cabeça.

Estava inconsolável e a bebida seria seu consolo. Estacionou seu carro na ampla garagem e foi direto para seu escritório, sentou-se e pegou uma garrafa de uísque e começou a beber. Afogando suas mágoas e frustrações.

(…)

Lua estava roendo as unhas, estava com medo do que Arthur poderia ter feito. Depois de cansar de andar de um lado ao outro do quarto, sentou, deitou e rolou na cama, inquieta, comeu a metade de um pote de sorvete de creme, chocolate…

Após mais ou menos duas horas, escutou a porta batendo e soube que era ele, quando já estava na porta, preparada para ir as até lá, seu celular toca. Voltou para o quarto e atendeu. Mel do outro lado da linha lhe contou tudo o que aconteceu, Lua ficou chocada pela briga de Arthur com Ricardo, mas suspirou aliviada quando tudo foi resolvido da melhor maneira possível.

Ficou mais de meia hora com Mel tagarelando em seu ouvido, quando encerrou a ligação sentiu sua orelha queimando e provavelmente estaria vermelha, pela pressão do celular contra sua orelha.

Lua desceu as escadas, estranhou quando Arthur não foi para o quarto. Era obvio que ele estaria chateado com ela, e com total razão. Não o encontrou na sala e foi até o escritório, encontrando a porta entreaberta, entrou.

Encontrou um Arthur sentado relaxadamente no sofá, as pernas em cima da mesinha de vidro, seu casaco jogado do seu lado, nas mãos uma garrafa de uísque já quase em seu fim. Ela não poderia crer que ele tomara aquilo tudo hoje.

Ele olhou em sua direção e fez bico, para logo beber mais um gole de sua bebida, sentindo queimar sua garganta. Lua se aproximou e sentou do seu lado, esperando ele falar, mas o que não aconteceu. Assim permaneceram por longos minutos, apenas o barulho da respiração de ambos e da garrafa que Arthur levava a boca de meio em meio minuto.

Lua bufou e retirou a garrafa, praticamente vazia de suas mãos.

– Ei. – Arthur reclamou, tentando pega-la de volta.
– Beber não vai adiantar nada.
– Aff, Lua, me deixa afogar minhas mágoas.
– Arthur…
– Ah, você é culpada, deveria ter me contado… mas não... – foi interrompido por um selinho que Lua lhe deu. Ele olhou para ela que lhe deu um sorriso brilhante em resposta.
– Há coisas que precisamos esquecer e essa é uma delas, o que passou, passou. Não vai voltar... – Arthur bufou e fez um barulho engraçado com a boca, claramente bêbado. – Vamos subir? – perguntou acariciando seu rosto, ele apenas deu de ombros.

Lua se levantou e colocou a garrafa em cima da mesa, estendeu a mão para ele que a agarrou e se levantou, com certa dificuldade. Andou meio trôpego, ajudado por Lua, quando passou pela garrafa pegou e terminou de bebê-la e a jogou no chão. Fazendo uma bagunça de cacos de vidro para todo o lado.

– Arthur… – repreendeu Lua.
– Ishi, caiu! – gargalhou alto, fazendo Lua rir junto, era o som mais bonito que já tinha escutado.

Lua o ajudou a subir, totalmente bêbado trocando as pernas e não falando coisa com coisa. Entrou no quarto, ele foi direto para a cama, se jogando com tudo, fazendo-a ranger.

– Amor, vai quebrar a cama. – reclamou Lua.

Ela se abaixou e tirou seus sapatos e meias.

– Vamos, levante daí e vai tomar um banho.
– Não quero – disse manhoso, colocando o braço nos olhos, os tampando da luz.
– Anda Arthur, você está com cheiro de bebida, eu não vou dormir com você assim – uma completa mentira, dormiria sim.

Ele bufou e se levantou, escorou na parede e foi até o banheiro, se enfiando com tudo de baixo da água.

– Você não tem jeito mesmo, tire a roupa e passa o sabonete. – disse saindo do banheiro.
– Amor se você quiser me ver nu é só pedir. – riu escandalosamente.

Ensaboou-se e enxaguou, cantarolando um das músicas de Lua, fazendo-a rir. Saiu do Box e pegou a toalha verde da mão de Lua, vestindo uma cueca preta em seguida.

– Agora é cama – falou Lua.
– Sim, senhora. – bateu continência e seguiu para cama se enrolando de baixo das cobertas.

Lua percebeu os cabelos molhados molhando a fronha do travesseiro, pegou uma toalha e se ajoelhou na cama.

– Amor.
– Hum?
– Tem que enxugar o cabelo.
– Não, está muito bom assim. – falou meio arrastado.
– Vai amor, só levanta um pouco está molhando tudo. – reclamou o puxando.

Ele bufou e se levantou, fazendo bico. Lua enxugou seu cabelo, o fazendo ficar por toda parte, como se ele tivesse tomado um choque fortíssimo.

– Coisa linda. – apertou sua bochecha e lhe deu um beijo molhado.

Arthur sorriu e a puxou pela cintura, fazendo-a cair nos travesseiros, onde ele ajeitou e se deitou do seu lado, puxando as cobertas. Colocou a cabeça em seus seios, envolvendo-a em um abraço apertado e gostoso, sentindo o aroma que emanava dela. Lua suspirou e riu, levou sua mão até o controle, e apagou as luzes, deixando o quarto bem escuro logo em seguida alisando os cabelos do marido cantando uma música suave em seu ouvido. E permaneceu assim até o sono a envolver, na qual seu marido já capotara há séculos.

Continua...

Se leu, comente! Não custa nada.

Arthur é muito impulsivo e explosivo. As vezes isso me irrita. Sério! E ah, espero que ele pense – bastante – sobre a adoção de Brandon, porque tenho certeza de que Lua não irá desistir :’D

Bom, já sabem né? Comentários = Capítulos.
Mas só continuarei amanhã, ok? Porque já tá tarde. Tenho que desligar o not.

Beijos!

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