Belo Desastre - CAP. 7

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Belo Desastre



Capítulo 7 : Golpe baixo

Finch deu mais uma tragada, a fumaça fluiu de seu nariz em duas torrentes espessas. Virei o rosto em direção ao sol enquanto ele me entretinha contando sobre seu fim de semana de dança, bebidas e um novo amigo muito persistente.
— Se ele está te perseguindo, por que você deixa que ele pague as bebidas? — perguntei e ri.
— É simples, Lua. Estou sem um tostão furado. — Ri de novo, e Finch me cutucou com o cotovelo quando viu Arthur vindo em nossa direção.
— Ei, Arthur. — Finch falou alegre, piscando para mim.
— Finch. — Arthur o cumprimentou com um aceno de cabeça e balançou as chaves. — Estou indo pra casa, Flor. Precisa de carona?
— Eu ia entrar no dormitório… — falei, erguendo o olhar com os óculos de sol e abrindo um sorriso para ele.
— Você não vai ficar comigo hoje à noite? — ele quis saber. Em seu rosto, a expressão era de surpresa e decepção.
— Não, vou sim. Só tenho que pegar umas coisas que esqueci.
— Tipo o quê?
— Bem, meu aparelho de depilação, por exemplo. O que você tem com isso?
— Já estava na hora de você raspar as pernas. Elas ficam ralando nas minhas, é o maior inferno. — ele disse com um sorriso travesso. Finch me olhou com os olhos arregalados, e fiz uma careta para Arthur.
— É assim que os rumores começam! — Olhei para Finch e balancei a cabeça. — Estou dormindo na cama dele… só dormindo.
— Certo. — disse Finch, com um sorriso irônico. Dei um tapão no braço dele antes de abrir a porta e subir as escadas. Quando cheguei ao segundo andar, Arthur estava ao meu lado.
— Lua, não fique brava. Eu só estava brincando.
— Todo mundo acha que estamos transando. Você está piorando as coisas.
— Quem se importa com o que as pessoas pensam?
— Eu me importo, Arthur! Eu me importo! Abri a porta do quarto, enfiei algumas coisas em uma pequena sacola e saí tempestivamente, com Arthur me seguindo. Ele deu uma risadinha enquanto tirava a sacola da minha mão, e olhei furiosa para ele.
— Não é engraçado. Você quer que a faculdade inteira ache que sou uma de suas vadias? — Arthur franziu a testa.
— Ninguém acha isso. E, se acharem, é melhor torcerem para que não chegue aos meus ouvidos. — Ele segurou a porta aberta para mim, e, depois de passar, parei abruptamente na frente dele.
— Eita! — disse ele, dando de cara comigo. Eu me virei.
— Ah, meu Deus! As pessoas devem achar que estamos juntos e que você continua, sem vergonha nenhuma, com seu… estilo de vida. Devo parecer patética . — eu disse, dando-me conta disso enquanto falava. — Acho que eu não devia ficar mais no seu apartamento. Devíamos nos afastar por um tempo. — Peguei a sacola das mãos dele e ele a arrancou de volta das minhas.
— Ninguém acha que estamos juntos, Flor. Você não precisa parar de falar comigo para provar alguma coisa. — Começamos um cabo de guerra com a sacola, e, quando ele se recusou a soltá-la, rosnei alto, me sentindo frustrada.
— Alguma garota, uma amiga, já ficou na sua casa com você antes? Você alguma vez já deu carona de ida e volta da faculdade para alguma garota? Já almoçou com ela todos os dias? Ninguém sabe o que pensar sobre a gente, nem mesmo quando explicamos! — Ele foi andando até o estacionamento, segurando os meus pertences.
— Vou dar um jeito nisso, tá bom? Não quero ninguém pensando coisas ruins sobre você por minha causa. — ele afirmou com uma expressão perturbada. Então seus olhos brilharam e ele sorriu. — Deixe eu te compensar por isso. Por que não vamos ao The Dutch hoje à noite?
— Mas lá é um bar de motoqueiros. — falei com desdém, observando enquanto ele prendia minha sacola à moto.
— Tudo bem, então vamos a uma casa noturna. Levo você pra jantar e depois podemos ir ao The Red Door. Eu pago.
— Como sair pra jantar e depois ir a uma casa noturna vai resolver o problema? Quando as pessoas nos virem juntos, vai ser pior. Ele subiu na moto.
— Pensa bem. Eu, bêbado, numa sala cheia de mulheres com um mínimo de roupa? Não vai demorar muito para as pessoas se darem conta de que não somos um casal.
— E o que eu devo fazer? Pegar um carinha no bar e levá-lo pra casa, para deixar as coisas bem claras?
— Eu não disse isso. Não precisa se empolgar. — disse ele, franzindo a testa. Revirei os olhos e subi no banco da moto, envolvendo a cintura dele com os braços.
— Uma garota qualquer do bar vai com a gente até em casa? É assim que você vai me compensar?
— Você não está com ciúme, está, Beija-Flor?
— Ciúme de quem? Da imbecil com DST que você vai irritar e mandar embora de manhã?
Arthur deu risada e arrancou na Harley, voando até o apartamento, no dobro do limite de velocidade. Fechei os olhos para bloquear a visão das árvores e dos carros que deixávamos para trás. Depois de descer da moto, dei um tapa no ombro dele.
— Esqueceu que eu estava com você? Está tentando me matar?
— Fica difícil esquecer que você está atrás de mim quando suas coxas me apertam tanto que quase me matam. — Com a próxima fala dele, veio um sorriso malicioso. — Pra falar a verdade, eu não consigo pensar em uma forma melhor de morrer.
— Tem algo muito errado com você. — Mal tínhamos entrado no apartamento quando Melanie saiu do quarto de Chay arrastando os pés.
— Estávamos pensando em sair hoje à noite. Vocês topam? — Olhei para Arthur e abri um sorriso.
— Vamos dar uma passada naquele lugar de sushi e depois vamos ao Red. O sorriso de Melanie foi de um lado ao outro.
— Chay! — ela gritou, seguindo em disparada para o banheiro. — Vamos sair hoje à noite!
Fui á última a entrar no chuveiro. Chay, Melanie e Arthur já estavam impacientes, em pé ao lado da porta, quando saí do banheiro usando um vestido preto e sapatos de salto alto pink. Melanie assobiou.
— Uau, que gata! Sorri em agradecimento ao elogio, e Arthur estendeu a mão para mim.
— Belas pernas.
— Eu te contei que meu aparelho de depilação é mágico?
— Não acho que seja obra do aparelho. — ele sorriu e me puxou porta fora.
Já estávamos falando muito alto no sushi bar e tínhamos bebido o suficiente para a noite toda antes mesmo de pôr os pés no The Red Door. Chay entrou no estacionamento, demorando um tempo para achar um lugar para estacionar.
— Até a noite acabar a gente arruma uma vaga, Chay. — murmurou Melanie.
— Ei, tenho que achar uma vaga grande! Não quero que nenhum bêbado imbecil estrague a pintura do meu carro.
Assim que estacionamos, Arthur inclinou o banco para frente e me ajudou a sair.
— Eu queria perguntar sobre a carteira de identidade de vocês. Elas são perfeitas. Não se consegue dessas por aqui.
— É, já faz um tempinho que a gente tem. Era necessário… em Wichita. — falei.
— Necessário? — perguntou Arthur.
— Que bom que você conhece as pessoas certas. — Melanie me disse. Ela soluçou e cobriu a boca, dando uma risadinha.
— Santo Deus, mulher! — disse Chay, segurando o braço de Melanie, enquanto ela andava desajeitada pelo caminho de cascalho. — Acho que você já bebeu o suficiente.
Arthur fez uma careta.
— Do que você está falando, Mel? Que pessoas certas são essas?
— A Lua tem uns antigos amigos que…
— São identidades falsas, Thur. — eu a interrompi. É preciso conhecer as pessoas certas se quiser que sejam feitas do jeito certo… Certo?
Melanie desviou o olhar de Arthur, e fiquei esperando.
— Certo. — ele disse, estendendo a mão para pegar na minha.
Peguei três dedos dele e sorri, sabendo por sua expressão que ele não estava satisfeito com a minha resposta.
— Preciso de outro drinque! — eu disse, numa segunda tentativa de mudar de assunto.
— Mais uma dose! — gritou Melanie. Chay revirou os olhos.
— Ah, é. É disso que você precisa, mais uma dose.
Assim que entramos, Melanie me puxou para a pista de dança. Seus cabelos  não paravam de balançar enquanto ela dançava, e dei risada da cara de pato que ela fazia. Quando a música acabou, fomos nos juntar aos meninos no balcão. Uma loira platinada excessivamente voluptuosa já estava ao lado de Arthur, e Melanie contorceu o rosto em repulsa.
— Vai ser assim a noite toda, Mel. É só ignorar. — disse Chay, indicando com a cabeça um grupinho de garotas paradas ali perto. Elas olhavam para a loira, esperando pela vez delas.
— Parece que Vegas vomitou em um bando de abutres. — disse Melanie em tom de deboche.
Arthur acendeu um cigarro e pediu mais duas cervejas. A loira mordeu o lábio carnudo cheio de gloss e sorriu. O barman abriu as garrafas e as entregou para Arthur. A loira pegou uma delas, mas ele a puxou da mão dela.
— Hum… não é pra você. — ele disse, entregando-me a cerveja. Meu impulso inicial foi jogar a garrafa no lixo, mas a mulher parecia tão ofendida que sorri e tomei um gole. Ela saiu pisando duro, bufando de raiva, e ri baixinho porque o Arthur pareceu não notar nada.
— Como se eu fosse comprar cerveja pra uma mina qualquer num bar. — disse ele, balançando a cabeça. Ergui minha cerveja e ele levantou um dos lados da boca em um meio sorriso. — Você é diferente.
Bati de leve a minha garrafa na dele.
— Um brinde a ser a única garota com quem um cara sem nenhum critério não quer transar. — exclamei, tomando um grande gole de cerveja.
— Você está falando sério? — ele me perguntou, puxando a garrafa da minha boca. Como não falei nada, ele se inclinou na minha direção.
— Em primeiro lugar… eu tenho critério, sim. Nunca transei com uma mulher feia. Nunca. Em segundo lugar, eu queria transar com você. Pensei em te jogar no meu sofá de cinquenta maneiras diferentes, mas não fiz isso porque não te vejo mais assim. Não é que eu não me sinta atraído por você, só acho que você é melhor do que isso. — Não consegui esconder o sorriso presunçoso que se espalhou por meu rosto.
— Você acha que eu sou boa demais para você. — Ele desdenhou do meu segundo insulto.
— Não consigo pensar em um único cara que seja bom o bastante pra você. — Minha presunção se dissipou, dando lugar a um sorriso comovido e grato.
— Obrigada, Thur. — falei, colocando a garrafa vazia no balcão. Ele me puxou pela mão.
— Vamos. — disse, me levando pelo meio da multidão até a pista de dança.
— Eu bebi demais! Vou cair! Arthur sorriu e me puxou para junto dele, me agarrando pelo quadril.
— Cale a boca e dance.
Melanie e Chay apareceram ao nosso lado. Chay dançava como se andasse vendo videoclipes demais do Usher. Arthur quase me deixou em pânico com o jeito como pressionava o corpo contra o meu. Se ele usava aqueles movimentos no sofá, eu conseguia entender por que tantas garotas se arriscavam a ser humilhadas pela manhã. Ele segurou forte meu quadril, e notei que a expressão dele estava diferente, quase séria. Passei as mãos em seu peito perfeito e em sua barriga de tanquinho, os músculos tensionados ao ritmo da música, debaixo da camiseta apertada. Virei de costas para ele e sorri quando ele envolveu minha cintura. Com o nível de álcool em minhas veias, quando Arthur puxou meu corpo contra o dele, os pensamentos que me vieram à mente eram tudo, menos de amizade.
A próxima música começou, e Arthur não fez nenhum sinal de que quisesse voltar para o bar. O suor escorria em gotas pelo meu pescoço, e as luzes multicoloridas me faziam sentir um pouco zonza. Fechei os olhos e apoiei a cabeça em seu ombro. Ele pegou minhas mãos e as colocou em volta de seu pescoço. Suas mãos desceram pelos meus braços, pelas minhas costas, e por fim voltaram ao meu quadril. Quando senti seus lábios e depois sua língua no meu pescoço, me afastei com um pulo. Arthur deu uma risadinha, parecendo um pouco surpreso.
— Que foi, Flor? Fui tomada por uma fúria súbita, e as palavras penetrantes que eu queria dizer ficaram presas na garganta. Fugi até o bar e pedi mais uma Corona. Arthur se sentou na banqueta ao meu lado, erguendo o dedo para pedir uma para ele também. Assim que o barman colocou a garrafa na minha frente, virei-a e bebi metade antes de batê-la com tudo no balcão.
— Você acha que isso vai fazer alguém mudar de ideia a respeito da gente? — perguntei, puxando o cabelo para o lado e cobrindo o lugar que ele tinha beijado.
Ele riu.
— Estou pouco me lixando pro que pensam da gente. Lancei lhe um olhar hostil e virei o rosto para frente.
— Beija-Flor... — ele disse, encostando no meu braço.
Eu me afastei.
— Nem vem. Eu nunca ficaria bêbada o bastante a ponto de deixar que você me levasse para aquele sofá. — Arthur contorceu o rosto de raiva, mas, antes que pudesse dizer alguma coisa, uma mulher estonteante, de cabelos escuros e fazendo biquinho, com imensos olhos azuis e peitos demais à mostra, se aproximou dele.
— Veja só, se não é o Arthur Aguiar. — disse ela, se mexendo nos lugares certos. Ele deu um gole, depois seus olhos ficaram travados nos meus.
— Oi, Megan.
— Me apresenta pra sua namorada. — ela sorriu.
Revirei os olhos pela maneira como ela era óbvia.
Arthur inclinou a cabeça para trás para terminar a cerveja e deslizou a garrafa vazia pelo balcão. Todo mundo que estava esperando para pedir alguma coisa seguiu a garrafa com os olhos, até que ela caiu na lata de lixo.
— Ela não é minha namorada. — Ele segurou Megan pela mão, e ela foi andando toda feliz atrás dele até a pista de dança. Eles ficaram se agarrando durante uma música, depois outra, e mais uma. Todo mundo olhava para o jeito como ela o deixava apalpá-la. Quando ele se curvou sobre ela, virei às costas para eles.
— Você parece irritada. — me disse um homem, enquanto se sentava ao meu lado. — Aquele cara ali é seu namorado?
— Não, é só um amigo. — resmunguei.
Ah, que bom. Seria muito embaraçoso para você se fosse seu namorado. — Ele olhava para a pista de dança, balançando a cabeça com o espetáculo.

Hey, meninas. Quero que vocês me contem, o que estão achando da fic.

Com mais 10 comentários, posto o próximo capítulo.

15 comentários:

  1. Quando eles vão ficar??

    By: Naat

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  2. Quero saber o segredo da lua logo

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  3. Maravilhoso! Adorando

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  4. Foda,uma da melhores q eu já li
    Bia

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  5. O Arthur não tem jeito... Quero só ver se a Lua ficar com esse homem como elr reagir ����

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  6. Lua com ciúmes kkkk estão se apaixonando e nem percebem isso
    Helena

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  7. kkkkk a Lua podia ficar com alguem nessa boate ela ta mt sozinha.Posta maiiiiiiiiiiiiiiis

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  8. Posta maais Brenda to amando a lua bem q podia botar ciúmes no Arthur pra ele deixar de ser galinha kk

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  9. Senti ciúmes vindo da Lu, sim! Hauahauahau e agora dó falta o Arthur ficar com ciúmes do desconhecido.
    Brenda, estou realmente viciada. A web é ótima!

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