Belo Desastre - CAP. 18

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Belo Desastre



Capítulo 18 : Boatos

Quando meus olhos finalmente se abriram, vi que meu travesseiro consistia em um par de pernas de calça jeans. Arthur estava sentado com as costas apoiadas na banheira e a cabeça na parede, desmaiado. Ele parecia tão mal quanto eu. Afastei o cobertor e me levantei, assustada ao ver meu horrível reflexo no espelho em cima da pia. Eu parecia à morte. Rímel escorrido, manchas negras descendo pelo rosto, batom borrado na boca e cabelos parecendo um ninho de rato. Lençóis, toalhas e cobertores cercavam Arthur. Ele tinha feito um montinho para dormir em cima enquanto eu expelia as quinze doses de tequila que havia consumido na noite anterior, Arthur tinha segurado meus cabelos para não caírem na privada e ficou sentado comigo ali a noite toda.
Abri a torneira, colocando a mão debaixo da água até que a temperatura estivesse como eu queria. Comecei a limpar a sujeira do rosto e ouvi um gemido vindo do chão. Arthur se mexeu, esfregou os olhos e se espreguiçou. Depois olhou para o lado e fez um movimento assustado.
— Estou aqui. — falei. — Por que você não vai para a cama? Dormir um pouco?
— Você está bem? — ele me perguntou, limpando os olhos mais uma vez.
— Estou. Quer dizer, o máximo que posso estar. Vou me sentir melhor assim que tomar um banho.
Ele se levantou.
— Você tirou meu título na noite passada, só pra você saber. Não sei de onde veio aquilo, mas não quero que faça isso de novo.
— Cresci acostumada com isso, Thur. Não é nada de mais. — Ele pegou meu queixo nas mãos e limpou com os polegares o que sobrou de rímel borrado sob meus olhos.
— Foi muito pra mim.
— Tudo bem, não vou fazer isso de novo. Satisfeito?
— Sim. Mas preciso te contar uma coisa, se você prometer que não vai ter um treco.
— Ai, meu Deus, o que foi que eu fiz?
— Nada, mas você precisa ligar para a Melanie.
— Onde ela está?
— No Morgan. Ela brigou com o Chay na noite passada.
Tomei banho correndo e enfiei as roupas que Arthur tinha deixado para mim na pia. Quando saí do banheiro, ele e Chay estavam sentados na sala.
— O que você fez com ela? — exigi saber de Chay.
A expressão dele ficou triste.
— Ela está muito brava comigo.
— O que houve?
— Fiquei louco por ela ter encorajado você a beber tanto. Achei que acabaríamos tendo que te levar pro hospital. Uma coisa levou à outra e, quando vi, estávamos gritando um com o outro. Nós dois estávamos bêbados, Lua. Eu disse algumas coisas e agora não tenho como voltar atrás. — disse ele, balançando a cabeça e olhando para o chão.
— Tipo o quê? — perguntei, com raiva.
— Eu xinguei a Mel de algumas coisas que nem posso repetir e mandei que ela fosse embora.
— Você deixou que ela fosse embora daqui bêbada? Você é idiota por acaso? — falei, agarrando minha bolsa.
— Pega leve, Flor, ele já está se sentindo mal o bastante. — Arthur comentou.
Peguei o celular de dentro da bolsa e disquei o número do telefone da Melanie.
— Alô? — ela atendeu, soando péssima.
— Acabei de saber o que houve. — soltei um suspiro. — Você está bem? — Cruzei o corredor para ter um pouco de privacidade, olhando para trás de relance, com raiva.
— Estou bem. Ele é um babaca. — As palavras dela eram ríspidas, mas eu podia ouvir a mágoa em sua voz. Melanie tinha virado mestre na arte de esconder as emoções, e poderia tê-las escondido de todo mundo, menos de mim.
— Desculpa por não ter ido embora com você.
— Você não estava em condições, Lua. — ela disse, indiferente.
— Por que você não vem me pegar? Podemos conversar. — Ela inspirou ao telefone.
— Não sei. Não quero ver o Chay.
— Eu falo para ele ficar aqui dentro. Depois de uma longa pausa, ouvi o som de chaves batendo.
— Tudo bem, estarei aí em um minuto.
Entrei na sala, colocando minha bolsa sobre o ombro. Eles me viram abrir a porta para esperar por Melanie, e Chay levantou apressado do sofá.
— Ela está vindo aqui?
— Ela não quer te ver, Chay. Falei que você ia ficar lá dentro. — Ele suspirou e caiu na almofada.
— Ela me odeia.
— Vou conversar com ela. Mas é melhor você pensar em um pedido de desculpas bem incrível.
Dez minutos depois, a buzina tocou duas vezes e eu desci. Quando cheguei aos últimos degraus, Chay passou correndo por mim até o Honda vermelho de Melanie e se curvou para olhar para ela pela janela. Parei no meio do caminho, vendo que Melanie o esnobava, olhando direto para frente. Ela abaixou o vidro, e Chay parecia estar se explicando, mas então eles começaram a discutir. Voltei para o prédio para que conversassem a sós.
— Beija-Flor? — disse Arthur, descendo as escadas num passo rápido.
— A coisa não parece nada boa.
— Deixa os dois se acertarem. Entra. — ele disse, entrelaçando os dedos nos meus para que subíssemos a escada.
— A briga foi tão feia assim? — perguntei.
Ele assentiu.
— Foi. Mas eles estão saindo agora do estágio da lua de mel. Eles vão se entender.
— Para alguém que nunca teve namorada, você parece saber muito sobre relacionamentos.
— Tenho quatro irmãos e muitos amigos. — ele disse, abrindo um largo sorriso para si mesmo.
Chay entrou no apartamento pisando duro e bateu a porta.
— Ela é impossível!
Dei um beijo no rosto de Arthur.
— Essa é a minha deixa.
— Boa sorte. — disse ele.
Entrei no carro ao lado de Melanie, e ela bufou, dizendo:
— Ele é impossível!
Dei uma risadinha, mas ela lançou um olhar irritado na minha direção.
—Desculpa. — falei, forçando meu sorriso a sumir do rosto.
Fomos dar uma volta, e Melanie gritava e chorava, depois gritava um pouco mais. Às vezes ela tinha rompantes que pareciam dirigidos ao Chay, como se fosse ele quem estivesse sentado no meu lugar. Fiquei quieta, deixando que ela lidasse com as coisas do jeito que só ela conseguia fazer.
— Ele me chamou de irresponsável! Eu! Como se eu não te conhecesse! Como se eu não tivesse visto você ganhar centenas de dólares do seu pai bebendo o dobro daquilo. Ele nem sabe do que está falando! Ele nem sabe como era a sua vida! Ele não sabe o que eu sei, e age como se eu fosse filha dele, não namorada!
Apoiei minha mão na dela, mas ela a puxou.
— Ele achou que você seria o motivo pelo qual a gente não daria certo mas acabou estragando tudo por conta própria. E, falando em você, que diabos foi aquilo na noite passada com o Parker?
A mudança repentina de assunto me pegou de surpresa.
— Como assim?
— O Arthur fez aquela festa pra você, Lua, aí você sai pra dar uns amassos com o Parker. E ainda fica se perguntando por que todo mundo está falando de você!
— Espera aí! Eu falei para o Parker que a gente não devia ficar lá atrás. Além do mais, o que importa se o Arthur fez a festa pra mim ou não? Eu não estou com ele!
Melanie olhou para frente, soprando ar pelo nariz.
— Tudo bem, Mel. Que foi? Está brava comigo agora?
— Não estou brava com você. Só não gosto de me juntar a completos imbecis.
Balancei a cabeça e olhei pela janela antes que dissesse algo de que me arrependesse. Melanie sempre teve a capacidade de me fazer sentir uma merda quando queria.
— Você não percebe o que está acontecendo? — ela me perguntou. — O Arthur parou de lutar. Ele não sai sem você, não trouxe mais nenhuma mulher pra casa desde aquelas duas, tem vontade de matar o Parker, e você está preocupada com o fato de as pessoas estarem dizendo que você está jogando com os dois. Sabe por que isso, Lua? Porque é verdade!
Eu me virei lentamente na direção dela, tentando desferir lhe o olhar mais raivoso que podia.
— Que merda há de errado com você?
— Se você está namorando o Parker, e está tão feliz, — disse ela em tom jocoso. então por que não está no Morgan?
— Porque eu perdi a aposta e você sabe disso!
— Ah, dá um tempo, Lua! Você fica falando como o Parker é perfeito, vai nesses encontros incríveis com ele, fala durante horas com ele ao telefone, e depois deita ao lado do Arthur todas as noites! Você não percebe que tem algo errado nessa situação? Se você realmente gostasse do Parker, suas coisas estariam no Morgan agorinha mesmo!
Cerrei os dentes.
— Você sabe que nunca dei pra trás numa aposta, Mel.
— Foi isso que pensei. — disse ela, torcendo as mãos em volta do volante. — Você quer o Arthur, mas acha que precisa do Parker.
— Eu sei que as coisas parecem assim, mas…
— As coisas parecem assim para todo mundo. Então, se você não gosta do que as pessoas estão falando de você… mude. O Arthur não tem culpa. Ele mudou da água pro vinho por sua causa. Você está tirando vantagem da situação, e o Parker também.
— Há uma semana você queria que eu fizesse as malas e nunca mais deixasse o Arthur chegar perto de mim! Agora você está defendendo o cara?
Lua! Não estou defendendo o Arthur, sua imbecil! Me preocupo com você! Vocês são loucos um pelo outro! Façam alguma coisa a respeito!
— Como eu posso pensar em ficar com ele? — lamentei. — Você devia tentar me manter longe de pessoas como ele!
Ela pressionou os lábios, claramente perdendo a paciência.
— Você se esforçou tanto para se separar do seu pai. Esse é o único motivo pelo qual você está considerando ficar com o Parker! Porque ele é o oposto do Mick, e você acha que o Arthur vai te levar de volta para aquela vida. Ele não é como o seu pai, Lua.
— Eu não disse que era, mas ele vai acabar me levando a seguir os mesmos passos do meu pai.
— O Arthur não faria isso com você. Acho que você não sabe o quanto significa para ele. Se você dissesse a ele…
— Não. A gente não deixou tudo para trás para que as pessoas me olhem do jeito que olhavam em Wichita. Vamos nos concentrar no seu problema. O Chay está te esperando.
— Não quero falar sobre o Chay. — disse ela, diminuindo a marcha para parar no semáforo.
— Ele está péssimo, Mel. Ele te ama.
Seus olhos se encheram de lágrimas e seu lábio inferior tremeu.
— Não me importo.
— Se importa sim.
— Eu sei. — ela falou, choramingando e se apoiando no meu ombro.
Ela chorou até o sinal abrir, então a beijei.
— Sinal verde.
Ela se endireitou e limpou o nariz.
— Fui muito má com ele agora há pouco. Acho que ele não vai falar comigo depois disso.
— Ele vai falar com você sim. Ele sabe que você estava brava.
Melanie limpou o rosto e fez um lento retorno. Achei que eu fosse ficar um tempão tentando convencê-la a entrar comigo, mas Chay desceu correndo as escadas antes mesmo que ela desligasse o motor. Ele abriu a porta do carro com tudo e a puxou para fora.
— Me desculpe, baby. Eu não devia ter me intrometido, eu… Por favor, não vá embora. Eu não sei o que faria sem você.
Melanie segurou o rosto dele com as mãos e sorriu.
— Você é um idiota arrogante, mas eu ainda te amo.
Chay a beijou repetidas vezes, como se não a visse há meses, e sorri ao ver aquele final feliz. Arthur estava parado na porta com um largo sorriso no rosto, enquanto eu entrava no apartamento.
— E eles viveram felizes para sempre. — ele disse, fechando a porta atrás de mim. Eu me joguei no sofá. Ele se sentou ao meu lado e puxou minhas pernas para o seu colo.
— O que você quer fazer hoje, Flor?
— Dormir. Ou descansar… ou dormir.
— Posso te dar seu presente antes?
Dei um empurrão no ombro dele.
— Fala sério! Você comprou um presente pra mim?
Sua boca se curvou em um sorriso nervoso.
— Não é uma pulseira de diamantes, mas acho que você vai gostar.
— Vou amar, mesmo sem ver o que é.
Ele tirou minhas pernas do colo dele e sumiu dentro do quarto de Chay. Ergui uma sobrancelha quando o ouvi murmurando, e então ele surgiu com uma caixa, que colocou no chão, aos meus pés, agachando-se atrás dela.
— Anda logo, quero ver sua cara de surpresa. — ele sorriu.
— Anda logo? — perguntei, levantando a tampa da caixa.
Meu queixo caiu quando um grande par de olhos negros se ergueu para mim.
Um cachorrinho? — falei num gritinho agudo, enfiando a mão dentro da caixa. Ergui o filhotinho peludo e escuro até perto do rosto e ele lambeu minha boca. Arthur tinha um sorriso iluminado no rosto, triunfante.
— Gostou?
Se gostei? Amei! Você me deu um cachorrinho!
— É um cairn terrier. Precisei dirigir durante três horas para pegá-lo na quinta-feira depois da aula.
— Então, quando você disse que ia com o Chay levar o carro dele a oficina…
— Fomos pegar o seu presente. — ele assentiu.
— Ele rebola. — dei risada.
— Toda garota do Kansas precisa de um Totó. — disse Arthur, ajudando-me a pôr a bolinha minúscula e peluda no colo.
 — Ele realmente tem cara de Totó e esse vai ser o nome dele. — falei, franzindo o nariz para o cachorrinho, que não parava de se contorcer.
— Você pode deixá-lo aqui. Eu cuido dele quando você voltar para o Morgan. — Sua boca formou um meio sorriso. — Assim posso ter certeza que você vai vir aqui quando seu mês acabar.
Pressionei os lábios.
Eu viria de qualquer forma, Thur.
— Eu faria qualquer coisa por esse sorriso no seu rosto.
— Acho que você precisa de um cochilo, Totó. Sim, precisa sim. — arrulhei para o cãozinho.
Arthur assentiu, me puxou para o colo dele e se levantou.
Então vem.
Ele me carregou até o quarto, puxou as cobertas e me colocou no colchão. Esticando-se por cima de mim, fechou as cortinas e caiu no próprio travesseiro.
— Obrigada por ficar comigo na noite passada. — falei, acariciando os pelos macios do Totó. — Você não precisava dormir no chão do banheiro.
— A noite passada foi uma das melhores da minha vida.
Eu me virei para ver a expressão dele. Quando vi que estava falando sério, lancei lhe um olhar dúbio.
— Dormir entre a privada e a banheira no chão frio com uma imbecil vomitando foi uma de suas melhores noites? Isso é triste, Thur.
— Não, te fazer companhia quando você estava mal e ter você dormindo no meu colo foi uma das minhas melhores noites. Não foi confortável, não dormi merda nenhuma, mas passei seu aniversário de dezenove anos com você. E você é bem meiga quando está bêbada.
— Tenho certeza que eu estava muito charmosa vomitando.
Ele me puxou para perto, dando uns tapinhas de leve no Totó, que estava aninhado no meu pescoço.
— Você é a única mulher que conheço que continua linda mesmo com a cabeça dentro da privada. Acho que isso diz algo sobre você.
— Obrigada, Thur. Não vou fazer você bancar minha babá de novo.
Ele se apoiou no travesseiro.
— Não tem problema. Ninguém segura seus cabelos para trás como eu.
Dei uma risadinha e fechei os olhos, me deixando afundar na escuridão.
*
— Levanta, Lua! — gritou Melanie, me chacoalhando.
Totó lambeu meu rosto.
— Já estou acordada! Já estou me levantando!
— Temos aula daqui a meia hora!
Pulei da cama.

— Eu dormi … catorze horas? Que diabos?

Achei fofo o presente que o Arthur deu pra Lua <3
Tudo certo com ChaMel, sem brigas casal rs.

Sinto cheiro de novidades nos próximos capítulos...

COMENTEM!!!

17 comentários:

  1. Um totó q fofo ,posta mais

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  2. Quero mais! Posta mais pelo amor de Deus! Rs

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  3. Que fofo o Arthur, cara! Melhor pessoa, se mais
    Estou amandooooooo!

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  4. Perfeito!capítulo maravilhoso!!

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  5. Amando!q gracinha oq o thur fez
    Le

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  6. Que fofos rses posta mais pleses +++++++

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  7. Q fofo o presente! Posta mais!!!

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  8. Meu Deus quero um Arthur na minha vida Lua segura esse homem se não vou pegar pra mim ele,que coisa mais fofo o que ele.
    Quero que esse Parker suma da Vida Da Lua.

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  9. Arthur se transformou por causa da Lua! Acho que ela que não quer acreditar que estão apaixonados, ta na cara isso!
    Helena

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  10. Não vejo a hora
    Tão fofo esse Arthur ♥♥

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  11. Estou adorando, quando o Parker vai sumir?????

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  12. To amando Brenda quero logo Luar juntos ❤❤

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  13. Quero eles juntos logo... Quando a Lua vai deixar de ser burra e agarrar o Arthur em?

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