Belo Desastre
Capítulo 14 : Divisor de águas
O encontro de segunda-feira a noite atendeu todas as
minhas expectativas. Comemos comida chinesa enquanto eu dava risada por causa
das habilidades de Parker com os palitinhos. Quando ele me levou para casa,
Arthur abriu a porta antes que ele pudesse me beijar. Na quarta-feira seguinte,
Parker garantiu nosso beijo no carro.
Na quinta-feira, na hora do almoço, Parker foi me
encontrar no refeitório e surpreendeu todo mundo ao se sentar à minha frente,
no lugar de Arthur. Quando este terminou o cigarro e entrou, passou por Parker
com indiferença, indo se sentar na ponta da mesa. Megan se aproximou dele, mas
ficou instantaneamente decepcionada quando ele a dispensou com um aceno de mão.
Todo mundo na mesa ficou quieto depois disso, e achei difícil me concentrar em
qualquer coisa que Parker falava.
— Estou presumindo que não fui convidado. — disse ele,
atraindo minha atenção.
— O quê?
— Ouvi dizer que a sua festa de aniversário vai ser no
domingo. Não fui convidado?
Melanie olhou de relance para Arthur, que fulminou
Parker com o olhar, como se estivesse a poucos segundos de massacrá-lo.
— Era uma festa surpresa, Parker. — disse Melanie baixinho.
— Ah… — ele se encolheu.
— Vocês vão fazer uma festa surpresa para mim? —
perguntei a Melanie.
Ela deu de ombros.
— Foi ideia do Arthur. Vai ser na casa do Brazil, no domingo, às seis
horas.
Parker ficou um pouco vermelho.
— Acho que agora realmente não estou convidado.
— Não? É claro que você está convidado! — falei,
segurando a mão dele em cima da mesa.
Doze pares de olhos se voltaram para nossas mãos. Eu
podia ver que Parker estava se sentindo tão desconfortável quanto eu com a
atenção, então soltei sua mão e coloquei as minhas no colo. Ele se levantou.
— Preciso fazer umas coisas antes da aula. Ligo pra
você depois.
— Tudo bem. — falei, oferecendo-lhe um sorriso como um pedido de
desculpas. Parker se inclinou até o outro lado da mesa e beijou meus lábios.
O refeitório foi tomado pelo silêncio, e Melanie me
cutucou depois que ele saiu.
— Não é bizarra a forma como todo mundo fica
observando vocês? — Ela
sussurrou e olhou ao redor do salão com a testa franzida. — Que foi? — gritou.
— Cuidem de suas vidas, seus pervertidos! — Um a um, eles desviaram o olhar e seguiu-se um
murmúrio. Cobri os olhos com as mãos.
— Sabe, antes eu era patética, porque achavam que eu
era a pobre namorada do Arthur, que não tinha noção de onde estava pisando.
Agora sou má, porque todo mundo acha que fico me revezando entre o Arthur e o
Parker, como uma bolinha de pingue-pongue. — Quando Melanie não fez nenhum comentário, ergui o
olhar.
— O quê? Não me diga que você também acredita nessa
besteira!
— Eu não disse nada!— ela exclamou.
Fiquei encarando-a, sem acreditar.
— Mas é isso que você acha? — Melanie balançou a cabeça em negativa, mas não falou
nada. Os olhares glaciais dos outros alunos ficaram subitamente aparentes,
então me levantei e fui até a ponta da mesa.
— Precisamos conversar. — disse, dando uns tapinhas no ombro do Arthur.
Tentei parecer educada, mas a raiva que borbulhava
dentro de mim colocou uma ponta de tensão em minhas palavras. Todos os alunos,
incluindo a minha melhor amiga, achavam que eu estava envolvida com dois
homens. Só havia uma solução.
— Então fale. — disse Arthur, enfiando algo empanado e
frito na boca. Fiquei
inquieta, notando os olhares curiosos de todo mundo que estava perto a ponto de
ouvir nossa conversa. Como Arthur não esboçou nenhum movimento, agarrei o braço
dele e dei um bom puxão. Ele se levantou e me seguiu até o lado de fora com um
sorriso no rosto.
— Que foi, Flor? — perguntou, olhando para minha mão
em seu braço e depois para mim.
— Você tem que me liberar da aposta. — implorei.
A expressão em seu rosto era de decepção.
— Você quer ir embora? Por quê? O que foi que eu fiz?
— Você não fez nada, Thur. Você não notou o olhar de
todo mundo me encarando? Estou rapidamente me tornando à pária da Eastern. —
Arthur balançou a cabeça e acendeu um cigarro.
— Isso não é problema meu.
— É sim. O Parker me disse que todo mundo acha que é
suicídio ele se envolver comigo porque você está apaixonado por mim. —
Arthur ergueu as sobrancelhas e engasgou com a fumaça
que tinha rabado de inalar.
— As pessoas estão dizendo isso? — ele falou entre
tossidas. Fiz
que sim. Ele desviou os olhos arregalados, dando outra tragada no cigarro.
— Arthur! Você tem que me liberar da aposta! Não posso
ficar saindo com o Parker e morando com você ao mesmo tempo. Isso passa uma
péssima impressão!
— Então pare de sair com o Parker. —
Olhei furiosa para ele.
— O problema não é esse, e você sabe disso.
— É só por isso que você quer ir embora? Por causa do
que as pessoas o falando?
— Pelo menos antes eu era tida como sem noção e você
era o cara mau. — resmunguei.
— Responde a minha pergunta, Flor.
— Sim! — Arthur olhou para o fundo, para os alunos que entravam
e saiam do restaurante. Ele estava tomando uma decisão, e fui ficando cada vez
mais impaciente enquanto ele demorava para fazê-lo.
Por fim, ele se manteve firme e decidido.
— Não. — Balancei a cabeça, certa de que tinha entendido
errado.
— Como?
— Não. Você mesma disse: aposta é aposta. Depois de um
mês, você cai fora com o Parker, ele vai virar médico, vocês vão se casar e ter
dois filhos e meio, e eu nunca mais vou ver você de novo. — Ele fez uma careta
para suas próprias palavras. — Ainda tenho três semanas. Não vou abrir mão
disso por causa de fofocas no refeitório. — Olhei pela janela e vi que o refeitório inteiro estava
nos observando. Aquela atenção toda fazia meus olhos arderem. Esbarrei nele com
o ombro e fui em direção à sala de aula.
— Beija-Flor... — Arthur me chamou.
Não me virei.
Naquela noite, Melanie se sentou no chão de ladrilho
do banheiro e ficou falando dos meninos enquanto eu prendia os cabelos em um
rabo de cavalo na frente do espelho. Eu não estava prestando muita atenção,
pensando em como Arthur vinha sendo paciente para os padrões dele, claro,
sabendo que ele não gostava da ideia de o Parker ir me buscar para sair noite
sim, noite não. Passou como um lampejo pela minha mente a expressão em seu
rosto quando pedi que me liberasse da aposta e, novamente, quando disse a ele
que as pessoas estavam falando que ele estava apaixonado por mim. Eu não
conseguia parar de me perguntar por que ele não tinha negado isso.
— O Chay acha que você está sendo dura demais com ele.
Ele nunca teve ninguém com quem se importasse o bastante para… —
Arthur enfiou a cabeça pela porta e sorriu enquanto me
olhava mexendo nos cabelos.
— Quer ir comer alguma coisa? — ele me perguntou.
Melanie se levantou para se olhar no espelho, passando
o dedo pelos cabelos para penteá-los.
— O Chay quer ir num restaurante mexicano novo que
abriu lá no centro. Se vocês quiserem ir também… — Arthur balançou a cabeça em negativa.
— Pensei em sair sozinho com a Flor hoje.
— Vou sair com o Parker.
— De novo? — ele falou, irritado.
— De novo. — respondi animada.
A campainha tocou e passei correndo por Arthur para
abrir a porta. Parker estava parado na minha frente com os cabelos
arrumadinhos, naturalmente loiros e ondulados, e o rosto bem barbeado.
— Você alguma vez está menos do que maravilhosa? — ele
perguntou.
—Tomando como base a primeira vez em que ela veio
aqui, vou dizer que sim. —
comentou Arthur atrás de mim.
Revirei os olhos e sorri, erguendo um dedo para que
Parker me esperasse. Então me virei e joguei os braços em volta de Arthur, que
ficou rígido e surpreso depois relaxou, me abraçando forte. Olhei nos olhos
dele e sorri.
— Obrigada por organizar a minha festa de aniversário.
Podemos deixar o jantar para outro dia? — Diversas emoções passaram pelo rosto de Arthur, então
os cantos de sua boca se voltaram para cima.
— Amanhã? — Dei um apertozinho nele e abri um sorriso.
— Com certeza. — Eu me despedi dele com um aceno, e Parker me pegou
pela mão.
— O que foi isso? — ele quis saber.
— Não estamos nos dando muito bem nos últimos tempos.
Essa é a minha versão de uma bandeira branca.
— Preciso ficar preocupado? — ele me perguntou abrindo
a porta do carro.
— Não. — beijei-o no rosto.
Durante o jantar, Parker falou sobre Harvard, a Casa e
seus planos de procurar um apartamento. Suas sobrancelhas se juntaram, e ele me
perguntou:
— O Arthur vai acompanhar você na sua festa de
aniversário?
— Não sei. Ele não me disse nada sobre isso.
— Se ele não se importar, eu gostaria de te levar. —
Ele segurou a minha mão e beijou meus dedos.
— Vou perguntar a ele. A festa foi ideia dele, então…
— Eu entendo. Se não der, vejo você na festa. — ele
sorriu.
Parker me levou até o apartamento, diminuindo a marcha
e parando no estacionamento. Quando demos nosso beijo de despedida, os lábios
dele se demoraram sobre os meus. Ele puxou o freio de mão e sua boca viajou
pela linha do meu maxilar até a minha orelha, depois foi descendo até o meio do
meu pescoço, o que me pegou com a guarda baixa. Em resposta, suspirei baixinho.
— Você é tão linda! — ele sussurrou. — Fiquei
distraído a noite toda, com seus cabelos assim, presos, deixando seu pescoço à
mostra. — Ele
encheu meu pescoço de beijos e soltei o ar, deixando um gemido escapar.
— Por que demorou tanto? — sorri, erguendo o queixo
para que ele tivesse mais acesso ao meu pescoço.
Parker se concentrou em meus lábios. Pegou cada lado
do meu rosto e me beijou com um pouco mais de firmeza que de costume. Não
tínhamos muito espaço dentro do carro, mas nos viramos como pudemos. Ele se
curvou sobre mim, e dobrei os joelhos enquanto apoiava as costas na janela. Sua
língua deslizou na minha boca, e sua mão segurou meu tornozelo e subiu até a
minha coxa. As janelas ficaram embaçadas em poucos minutos, por causa de nossa
respiração ofegante. Ele passou os lábios em minha clavícula, então ergueu
rápido a cabeça quando a janela vibrou com pancadas ocas e altas. Parker se
sentou e eu me endireitei, arrumando o vestido. Dei um pulo quando a porta se
abriu. Arthur e Melanie estavam parados ao lado do carro. Melanie estava com a
testa franzida, mas solidária à minha situação, já Arthur… parecia faltar muito
pouco para que ele tivesse um acesso de fúria.
— Que é isso, Arthur?! — Parker gritou.
De repente, senti a situação ficar perigosa. Nunca
tinha ouvido Parker erguer a voz, e os nós dos dedos de Arthur estavam brancos
enquanto ele os cerrava nas laterais do corpo, e eu estava entre os dois. A mão
de Melanie parecia minúscula quando ela a colocou no braço musculoso de Arthur,
balançando a cabeça para Parker em um aviso silencioso.
— Vem, Lua. Preciso conversar com você. — disse ela.
— Sobre o quê?
— Vem logo! — ela exclamou.
Olhei para Parker e vi irritação em seus olhos.
— Desculpe, tenho que ir.
— Não, tudo bem. Vai em frente. — Arthur me ajudou a sair do Porsche e fechou a porta
com um chute. Eu me virei e fiquei entre ele e o carro, empurrando-o pelo
ombro.
— Qual é o problema com você? Para com isso!
Melanie parecia nervosa. Não levei muito tempo para
descobrir o motivo. Arthur fedia a uísque, ela havia insistido em acompanhá-lo
até ali, ou ele tinha pedido que ela fosse com ele. De uma forma ou de outra,
ela era um obstáculo para a violência. As rodas do Porsche reluzente de Parker
guincharam quando ele saiu do estacionamento, e Arthur acendeu um cigarro.
— Pode entrar agora, Mel. — Ela deu um puxão na minha saia.
— Vamos, Lua.
— Por que você não fica, Lu? — ele falou, borbulhando
de raiva.
Fiz um sinal com a cabeça para que Melanie seguisse em
frente e, relutante, ela se foi. Cruzei os braços pronta para brigar, me
preparando para explodir depois do inevitável sermão. Arthur deu várias
tragadas no cigarro, e, quando ficou claro que ele não explicaria nada, minha
paciência se esgotou.
— Por que você fez isso? — perguntei.
— Por quê? Porque ele estava atacando você na frente
do meu prédio! — ele gritou. Seus olhos não tinham foco, e pude ver que ele não
estava em condições de ter uma conversa racional.
Mantive a voz calma.
— Posso estar ficando no seu apartamento, mas o que eu
faço, e com quem, é da minha conta. — Ele jogou o cigarro no chão.
— Você é tão melhor que isso, Flor. Não deixe o cara
te comer no carro como se você fosse uma dessas minas fáceis.
— Eu não ia transar com ele.
Ele fez um gesto indicando o espaço onde antes estava
o carro do Parker.
— Então, o que vocês estavam fazendo?
— Você nunca ficou de amasso com alguém, Arthur? Nunca
ficou só brincando, sem deixar as coisas chegarem a esse ponto? —
Ele franziu a testa e balançou a cabeça, como se eu
estivesse falando bobagem.
— Qual o propósito disso?
— Para um monte de gente, existe esse conceito…
especialmente para aqueles que namoram.
— As janelas estavam embaçadas, o carro estava
balançando… Como eu ia adivinhar? — ele disse, movendo os braços na direção da
vaga vazia no estacionamento
— Talvez você não devesse ficar me espionando! —
Ele esfregou o rosto e balançou a cabeça.
— Não aguento isso, Beija-Flor. Sinto que estou
ficando louco. — Levantei
as mãos e depois as deixei cair e bater nas coxas.
— Você não aguenta o quê?
— Se você for pra cama com ele, não quero ficar
sabendo. Vou ficar na cadeia um bom tempo se descobrir que ele… Só não me conte
nada.
— Arthur. — falei com raiva. — Não
acredito no que você acabou de falar. Isso seria um grande passo para mim!
— É o que todas as garotas dizem!
— Não estou me referindo às vadias com quem você anda.
Estou falando de mim! — eu
disse com a mão no peito. — Eu nunca… argh! Não importa.
Saí andando, mas ele me agarrou pelo braço e me fez
girar para ficar de frente para ele.
— Você nunca o quê? — me perguntou, se contorcendo um
pouco.
Não respondi, mas também não precisava. Pude ver que
ele tinha entendido pela expressão em seu rosto, e ele deu risada.
— Você é virgem?
— E daí? — falei, com o sangue fervendo no rosto.
Ele tirou os olhos de mim, enquanto tentava refletir
em meio a todo aquele uísque que tinha bebido.
— Por isso a Melanie tinha tanta certeza que aquilo
não ia longe demais.
— Tive o mesmo namorado nos últimos quatro anos da
escola. Ele queria ser ministro batista. Acabou não rolando! —
A raiva de Arthur desapareceu, e o alívio ficou
aparente em seus olhos.
— Ministro batista? E o que aconteceu depois dessa
abstinência toda?
— Ele queria casar e continuar no… Kansas. Eu não
quis.
Hello Hello :)
Voltei meninas! Desculpem o sumiço, mais é que fui viajar e cheguei só domingo a noite. Aí fui postar ontem e meu wifi não estava funcionando, ficou o dia inteiro ruim. Ele é uma merda '-' Enfim... Comentei sobre uma nova web no capítulo anterior, e ninguém se manifestou, pelo visto não querem. Então, vou continuar postando só essa mesmo.
Eu estou pensando em fazer uma mini maratona, mais depende de vocês, se tiverem bastante comentários, eu faço. É isso.
Com mais 10 comentários, posto o próximo capítulo.
Isso maratona,faz isso
ResponderExcluirMenina não faça isso com nos pobres leitores , fico atualizando a pagina toda hora p ver se você já postou , sofro quando tu não posta , posta mais hj beijos continue postando muito
ResponderExcluirIsso maratona
ResponderExcluir++++++++++++++++
ResponderExcluirSuper apoio fazer maratona
ResponderExcluirMaratona? É CLARO QUE QUEREMOS
ResponderExcluirOmg maratona pfv
ResponderExcluirPoderia postar a nova web?? E maratona é supeeer legal
ResponderExcluirMeu Deus,mt bom.Vai ser tudo de bom a Maratona.❤️❤️
ResponderExcluirSim sim sim, faz maratona
ResponderExcluirFaz sim maratona! Estava com saudade dessa web! Posta mais
ResponderExcluirConfesso que não gosto do Parker, tenho uma pulga atrás da orelha
ResponderExcluirMini maratonaaaaaaaa, por favooooooor!!!
ResponderExcluirBy: Naat
Parker ainda vai apanhar do Arthur!!
ResponderExcluirHelena