Belo Desastre - CAP. 11

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Belo Desastre



Capítulo 11 : A aposta (Parte 3)

Chay suspirou, olhou para ela, para mim, depois entrou no quarto pisando duro. Melanie tombou na cadeira reclinável ao meu lado e bufou.
— Eu não consigo enfiar na cabeça dele que não importa se você e o Arthur vão dar certo juntos ou não, isso não vai afetar a gente. Mas ele já se deu mal muitas vezes e não acredita em mim.
— Do que você está falando, Mel? Eu e o Arthur não estamos juntos. Somos apenas amigos. Você ouviu o que ele disse… que não tem interesse em mim desse jeito.
— Você ouviu isso?
— Bom, ouvi.
— E acreditou? Dei de ombros.
— Não importa. Nunca vai rolar nada entre a gente. Ele me disse que não me vê desse jeito. Além disso, ele morre de medo de se comprometer, seria impossível arrumar uma amiga além de você com quem ele não tenha dormido, e também não consigo lidar com as mudanças de humor dele. Não acredito que o Chay acha que vai acontecer alguma coisa.
— É que ele não só conhece o Arthur… como conversou com o Arthur, Lua.
— O que você quer dizer?
— Mel. — Chay chamou lá do quarto.
Melanie soltou um suspiro.
— Você é minha melhor amiga. Acho que te conheço melhor do que você mesma às vezes. Quando vejo vocês dois juntos, a única diferença entre o relacionamento de vocês e o meu com o Chay é que você e o Arthur não estão transando. Fora isso, não tem diferença nenhuma.
— Tem uma diferença enorme, colossal, Mel. O Chay traz uma garota diferente pra casa toda noite? Você vai a uma festa amanhã para se encontrar com um cara que tem grande potencial para ser seu namorado? Você sabe que não posso me envolver com o Arthur, Mel. Não sei nem por que estamos discutindo esse assunto. — A expressão no rosto dela era de decepção.
— Não estou imaginando coisas, Lua. Você passou quase todos os segundos com ele no último mês. Admita, você sente algo por ele.
— Deixa quieto, Mel. — disse Arthur, apertando com força a toalha enrolada em volta da cintura.
Tanto Melanie quanto eu demos um pulo ao ouvir a voz de Arthur. Quando nossos olhares se encontraram, pude ver que toda aquela sua felicidade tinha ido embora. Ele atravessou o corredor sem falar mais nem uma palavra, e Melanie olhou para mim com tristeza.
— Acho que você está cometendo um erro. — ela sussurrou. — Você não precisa ir àquela festa para conhecer um cara. Tem um que é louco por você bem aqui. — ela disse e me deixou sozinha.
Fiquei balançando na cadeira reclinável e repassei na minha cabeça tudo que tinha acontecido na última semana. Chay estava com raiva de mim, Melanie estava decepcionada comigo, e Arthur… passou de estar mais feliz do que nunca a tão ofendido que ficou sem palavras. Nervosa demais para ir me deitar na cama ao lado dele, fiquei olhando para o relógio enquanto os minutos se arrastavam.
Tinha se passado uma hora quando Arthur saiu do quarto e cruzou o corredor. Quando entrou na sala, eu esperava que ele fosse me chamar para ir me deitar, mas ele estava vestido e com a chave da moto na mão. Os óculos de sol escondiam seus olhos, e ele colocou um cigarro na boca antes de segurar a maçaneta da porta.
— Vai sair? — perguntei, erguendo meio corpo na cadeira. — Aonde você vai?
— Sair. — disse ele, puxando a porta com força para abri-la e depois batendo-a atrás de si.
Tombei de volta na cadeira reclinável e soltei o ar preso. De alguma forma eu tinha me tornado a vilã, e não fazia a mínima ideia de como havia conseguido essa façanha.
Quando o relógio acima da televisão marcou duas da manhã, me conformei em ir para a cama. O colchão era um lugar solitário sem Arthur, e a ideia de ligar para o celular dele se insinuava em minha mente. Eu tinha quase caído no sono quando ele parou a moto no estacionamento. Duas portas de carro se fecharam logo depois, e então ouvi vários pés subindo as escadas. Arthur ficou mexendo na fechadura por uns instantes e logo a porta se abriu. Ele deu risada e falou algo que não entendi. Então ouvi não uma voz feminina, mas duas. As risadinhas delas foram interrompidas pelo distinto som de beijos e gemidos. Meu coração afundou no peito e, na hora, fiquei com raiva por me sentir daquele jeito. O gritinho agudo de uma das garotas fez com que meus olhos se fechassem com tudo, e depois tenho certeza de que o som era dos três caindo no sofá.
Cheguei a pensar em pedir que Melanie me emprestasse a chave do carro, mas a porta do quarto de Chay ficava em uma linha de visão direta para o sofá, e eu não aguentaria ver as imagens que acompanhavam os ruídos naquela sala de estar. Enterrei a cabeça debaixo do travesseiro e fechei os olhos quando a porta se abriu de repente. Arthur atravessou o quarto, abriu a gaveta de cima da mesa de cabeceira, pegou algo no pote de camisinhas e voltou pelo corredor meio rápido. As garotas ficaram dando risadinhas pelo que pareceu uma meia hora, depois veio o silêncio. Segundos mais tarde, gemidos, gritos e sussurros encheram o apartamento. Parecia que um filme pornô estava sendo gravado na sala de estar. Cobri o rosto com as mãos e balancei a cabeça. Quaisquer limites que tivessem ficado obscuros ou sumido na semana passada agora eram substituídos por uma parede impenetrável de pedra. Deixei de lado minhas ridículas emoções, forçando-me a relaxar. O Arthur era o Arthur, e nós dois éramos, sem sombra de dúvida, apenas amigos. Os gritos e outros ruídos nojentos foram ficando mais baixos até cessar por completo depois de uma hora, seguidos de lamúrias e murmúrios descontentes das mulheres quando foram dispensadas. Arthur tomou banho e caiu na cama, de costas para mim. Mesmo depois do banho, o cheiro que vinha dele indicava que tinha bebido uísque o suficiente para sedar um cavalo, e fiquei furiosa por ele ter dirigido naquele estado até o apartamento.
Eu ainda não conseguia dormir, nem depois que a estranheza da situação e a raiva foram diminuindo. Quando a respiração de Arthur ficou profunda e uniforme, me sentei e olhei para o relógio. O sol nasceria em menos de uma hora. Sai de debaixo das cobertas, atravessei o corredor e peguei uma manta no armário. A única prova do ménage à trois de Arthur eram duas embalagens vazias de camisinha que estavam no chão. Pisei nelas e me joguei na cadeira reclinável. Fechei os olhos. Quando os abri de novo, Melanie e Chay estavam sentados no sofá, em silêncio, vendo televisão sem som. O sol iluminava o apartamento, e me contorci quando senti as costas reclamarem de qualquer tentativa de movimento. Melanie voltou rapidamente a atenção para mim.
— Lua? — ela veio correndo para o meu lado. Ela me olhava preocupada. Estava esperando raiva, lágrimas ou alguma outra explosão emocional da minha parte. Chay parecia desolado.
— Sinto muito pela noite passada, Lua. A culpa é minha. — Eu sorri.
— Está tudo bem, Chay. Não precisa se desculpar. — Melanie e Chay trocaram olhares de relance, e então ela me segurou pela mão.
— O Arthur foi até o mercado. Ele… argh, não vem ao caso como ele está. Arrumei suas malas e vou te levar até o dormitório antes que ele chegue, para você nem ter que lidar com a presença dele. — Foi só naquele instante que tive vontade de chorar eu tinha sido expulsa dali. Fiz um grande esforço para que minha voz saísse tranquila antes de falar:
— Dá tempo de tomar um banho? — Melanie balançou a cabeça em negativa.
— Vamos embora, Lua. Não quero que você tenha que ver o Arthur de novo. Ele não merece… — A porta se abriu com tudo e Arthur entrou, cheio de sacolas. Foi direto para a cozinha e começou a colocar latas e caixas nos armários.
— Quando a Flor acordar, vocês me avisam, tá? — ele disse, baixinho. — Eu trouxe espaguete, panquecas e morangos, além daquele treco de aveia com chocolate. E ela gosta do cereal Fruity Pebbles, não é, Mel? — ele perguntou e se virou. Quando me viu, ficou paralisado. Depois de uma pausa sem graça, sua expressão se derreteu. Sua voz estava doce e suave.
— Oi, Beija-Flor. Eu não teria ficado mais confusa se tivesse acordado num país estrangeiro. Nada fazia sentido. Primeiro achei que estava sendo expulsa, agora Arthur chegava em casa com sacolas cheias das minhas comidas prediletas. Ele deu alguns passos e entrou na sala de estar, nervoso, enfiando as mãos nos bolsos.
— Está com fome, Flor? Vou preparar umas panquecas. Ou tem… hum… aveia. Também trouxe pra você aquela espuma cor-de-rosa que você usa pra se depilar, além de um secador de cabelos, e um… um… só um segundo. — disse ele, correndo até o quarto. Quando voltou, ele estava pálido. Inspirou fundo e as sobrancelhas se encolheram.
— Suas malas estão feitas.
— Eu sei. — falei.
— Você está indo embora. — ele disse, derrotado.
Olhei para Melanie, que o encarava com raiva, como se pudesse matá-lo com o olhar.
— Você esperava mesmo que ela fosse ficar aqui?
— Baby. — Chay sussurrou.
— Não começa, Chay. Nem se atreva a defender esse cara na minha frente. — disse Melanie, furiosa.
Arthur parecia desesperado.
— Desculpa, Flor. Não sei nem o que dizer
— Vamos, Lua. — disse Melanie. Ela se levantou e me puxou pelo braço. Arthur deu um passo na minha direção, mas Melanie apontou o dedo para ele e disse:
— Que Deus me ajude, Arthur Se você tentar impedir a Lua de ir embora, vou encher você de gasolina e botar fogo enquanto você estiver dormindo!
— Melanie... — disse Chay, soando um pouco desesperado. Eu podia ver que ele estava dividido entre o primo e a mulher que amava, e me senti muito mal por ele. Aquela situação era exatamente o que ele tinha tentado evitar o tempo todo.
— Estou bem. — falei, exasperada pela tensão na sala.
— O que você quer dizer com “estou bem”? — Chay me perguntou, num tom de quase esperança.
Revirei os olhos.
— O Arthur trouxe umas mulheres pra casa ontem à noite, e daí? — Melanie parecia preocupada.
— Tudo bem, Lua. Você está me dizendo que está de boa com o que aconteceu? — Olhei para eles.
— O Arthur pode trazer pra casa quem ele quiser. O apartamento é dele. — Melanie me encarava como se eu tivesse enlouquecido, Chay estava quase abrindo um sorriso, e Arthur parecia pior do que antes.
— Você não fez suas malas? — ele quis saber. Fiz que não com a cabeça e olhei para o relógio, já passava das duas horas da tarde.
— Não, e agora vou ter que tirar tudo delas. Ainda tenho que comer, tomar banho, me vestir… — falei, enquanto entrava no banheiro. Assim que fechei a porta, me apoiei nela e fui deslizando até o chão. Eu tinha certeza de que havia irritado a Melanie de um jeito irreparável, mas tinha feito uma promessa ao Chay e pretendia manter minha palavra. Ouvi um som baixinho de alguém batendo na porta.
— Flor? — disse Arthur.
— O quê? — falei, tentando soar normal.
— Você vai ficar?
— Eu posso ir embora se você quiser, mas aposta é aposta. — A porta vibrou com o som baixo e oco da testa dele batendo do outro lado.
— Não quero que você vá embora, mas não te culparia se você fosse.
— Você está me dizendo que estou liberada da aposta? — Seguiu-se uma longa pausa.
— Se eu disser que sim, você vai embora?
— Bem, vou. Eu não moro aqui, seu bobo. — falei, forçando um sorrisinho.
— Então não, a aposta ainda está valendo. — Olhei para cima e balancei a cabeça, sentindo as lágrimas arderem nos olhos. Eu não fazia ideia do motivo pelo qual estava chorando, mas não conseguia parar.
— Posso tomar um banho agora?
— Pode. — ele suspirou.
Ouvi o som dos sapatos de Melanie pisando duro no corredor e parando perto de Arthur.
— Você é um canalha egoísta! — ela grunhiu, batendo a porta do quarto de Chay com força depois de entrar. Eu me forcei a me levantar do chão, abri o chuveiro e tirei a roupa, puxando a cortina do boxe. Depois de bater mais uma vez na porta, Arthur pigarreou e disse:
— Flor? Trouxe algumas coisas suas.
— É só colocar aí na pia que eu pego. — Ele entrou no banheiro e fechou a porta.
— Eu fiquei louco de raiva. Ouvi você falando pra Melanie tudo que havia de errado comigo e isso me emputeceu. Eu só queria sair, tomar umas e pensar, mas, antes que me desse conta, eu estava pra lá de bêbado, e aquelas garotas… — ele fez uma pausa. — Acordei hoje de manhã e você não estava na cama, e quando te vi na cadeira reclinável e as embalagens de camisinha no chão, eu fiquei com nojo.
— Você podia ter me perguntado, em vez de gastar todo aquele dinheiro no mercado só para tentar me fazer ficar.
— Não ligo para o dinheiro, Flor. Fiquei com medo de você ir embora e nunca mais falar comigo. — Eu me encolhi ao ouvir a explicação dele. Não tinha parado para pensar em como ele se sentiria me ouvindo falar de como ele era errado para mim, e agora a situação tinha chegado a um ponto complicado demais para consertar.
— Eu não queria magoar você. — falei, debaixo do chuveiro.
— Sei que você não queria. E não importa o que eu diga agora, porque ferrei com tudo… como sempre faço.
Thur?
— O quê?
— Não dirija mais bêbado daquele jeito, tá? — Esperei um minuto até que, por fim, ele respirou fundo e respondeu.

— Tá bom. — e fechou a porta ao sair.

Poxa, Arthur vacilou com a Lua... E parece que ela ficou chateada eim...
Esses dois complicam muito!
Será que eles vão aguentar ficarem 1 mês sobre o mesmo teto? Comentem aí


Com mais 10 comentários, posto o próximo capítulo.

15 comentários:

  1. Esse um mês vai ser a prova que não precisa de muito tempo para mudar as coisas. Mais?

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  2. Caraca esses dois são complicados!
    Mas amo eles!

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  3. To mega curiosa continua

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  4. O beijo ta perto ? Porque tô ansiosa que aconteça bjss

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  5. Poxa jurava que os dois iam se acertar mas agora os dois estão magoados
    #Ansiosa

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  6. Q treta,Arthur é foda em posta mais

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  7. OMG
    POSTA MAIS TÔ LOUCA DA VIDA COM O ARTHUR

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  8. Coitada da lua ela ainda escutou tudo

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  9. Aveh ninguém merece os dois magoados
    Mais a web ta ótima
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  10. Lua é boba e não percebe o que o Arthur ta sentindo, ele vai ter que se declarar hahaha
    Helena

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  11. Acho esses dois muito confusos. Deus!

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  12. Fiquei com dó do Arthur quando ele chegou coms as coisas que comprou no mercado pra Lua e viu as malas dela.Mt fofo esses dois,amandooo

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