15 dias para confessar - Barco + Ano Novo

|



Lua

     Segundo as indicações que recebemos, teríamos de estar junto aos cais por volta das 20 horas da noite, deste último dia do ano, para nos encontrarmos com a família do Arthur e depois entrarmos no barco para desfrutarmos de umas belas horas.
     Eu e a minha mãe usávamos um vestido muito parecido mas de cores diferentes. A minha mãe usava uma jóia especial oferecida pelo meu pai neste Natal e eu apenas uns brincos compridos com alguns brilhantes para sobre-sair. Saltos altos também não faltaram, mas os meus eram mais baixos que os da minha mãe, que teria o braço do meu pai para segurar e eu, por enquanto, não tinha ninguém.

     O meu pai e os meus irmãos estavam ambos de fato e gravata. Os meus irmãos pareciam uns amores com aquela gravata azul e com detalhes em branco. Estavam os três muito parecidos e bem jeitosos para esta noite diferente.
     Os cinco atravessamos uma parte da cidade até ao ponto de encontro. A cidade estava tão movimentada por carros, com famílias, grupos de amigos ou casais apaixonados. Era tão bonito ver estes conjuntos de pessoas desta maneira em datas tão especiais como estas.

     Finalmente chegando ao ponto de encontro, começamos a olhar para os barcos e os meus irmãos tentavam descobrir qual era o que iríamos ter a honra de entrar. Mandei uma mensagem ao Arthur a afirmar que já tinha chegado.

- Nunca pensei, em todos os meus anos de vida, passar a nossa noite de fim de ano num barco destes. - Dizia o meu pai com um pequeno brilho nos olhos.
- Será como uma espécie de lua de mel, meu amor. - Disse a minha mãe, aconchegando-se ao meu pai.
- O tal cruzeiro que já te prometo à tanto tempo, não é? - Os dois riram.
- Já podem parar! - Pedi eu, recusando ver declarações amorosas dos meus pais.
- Antes de mais, vou já dizer uma coisa, menina Lua Blanco - Apontou o meu pai - Quero te ver a noite inteira, está bem? Nada de desaparecer com o Arthur. Quero juízo. Tens 16 anos!
- Deixa os miúdos. - Pediu a minha mãe.
- Mas ela ainda é muito nova.
- É muito nova e tem juízo. Não seria a primeira vez que ela ia sair. Ela já sai com as amigas.
- Amigas. Não amigo!
- Olha o drama! - Encarei o meu pai - Não te esqueças que é graças a ele que vamos todos entrar naquele barco.
- Só quero que tenhas juízo. Vamos começar bem o ano.
- Sim, paizinho!

     Depois das recomendações do meu pai, aproximou-se de nós o Arthur e o seu tio, o tal que nos deu permissão de passar esta noite todos juntos no barco. Recebi Arthur com um abraço caloroso, enquanto a minha família cumprimentava o tio do Arthur, que disse que se chamava Marcos.

- Muito prazer. Sou o João. João Blanco. Quero, desde já, desejar-lhe um bom ano e agradecer-lhe por nos deixar passar a virada do ano no barco, junto consigo e a sua família.
- Muito obrigado, igualmente. - Dizia ele. - Será um prazer. Aqui o Arthur é que quase me implorou para vos convidar, caso contrário, iria ser "uma seca". - Marcos fez aspas com os dedos para citar a expressão do Arthur, que revirou os olhos para o tio. - Mas vamos entrar. Temos um jantar agora. - Afirmou.

     Sorri para o Arthur e andamos em direção ao barco. Fomos recebidos pelo comandante e pelos seus ajudantes logo à entrada, que se encarregaram que nos levar até ao interior, mais propriamente de nos levar ao local reservado para nós e mostraram-nos ainda alguns pontos do barco.
     Entramos numa sala de jantar enorme, com luzes fantásticas e uma música ambiente bem entretida. Em meio de tantas mesas, a nossa era uma mesa oval média, com os lugares marcados para cada um de nós. Nela se encontravam a mãe do Arthur, a qual eu cumprimentei, os avós do Arthur e a mulher e a filha bebé do Marcos.

     Arthur sentou-se ao lado da mãe, seguido de mim e da minha família. Fomos logo servidos pelos empregados do navio que nos avisaram que o jantar saia em trinta minutos.

- Estou tão feliz. - Disse Arthur, segurando a minha mão por baixo da mesa.
- Nota-se pelo teu sorriso.
- Estás linda. Linda mesmo. - Os olhos dele passeavam pelo meu rosto parando nos meus olhos. Sorri e beijei-lhe novamente o rosto.
- Tu também. - Comentei eu, ajeitando o cabeção da sua camisa.
- Ainda bem que vocês aceitaram o convite. Caso contrário, aposto que o Arthur preferia ter ficado em casa. - Disse Anne.
- Imagino. - Ri da cara de Arthur - Era maluquinha se recusa-se.
- É a nossa primeira virada do ano, já reparas-te? - Sorriu ele.
- Eu já passei por várias, Thur.
- Tonta! - Ele revirou os olhos enquanto eu ri da piadinha sem graça alguma - Eu refiro-me... nós os dois, juntos.
- Juntos?
- Sim. Não estamos juntos?
- Estamos? - Perguntei fazendo-me um pouco séria. - Não recebi nenhum pedido oficial.
- Está para breve.
- Acho bem. Porque ainda tens de chegar ao nível cinco.
- Julguei que isso fosse apenas uma brincadeira.
- Quero agora levar a brincadeira até ao final.
- E o que é que recebo se chegar ao nível cinco?
- Surpresa. - Sussurrei ao seu ouvido.
- Não gosto de surpresas.
- Desta tu vais gostar. É algo que não fazemos à muito tempo. - Dito isto, gargalhamos os dois e Arthur agarrou a minha cintura, colocando a testa sobre o meu ombro enquanto ria.

     Os meus irmãos queriam andar de um lado para o outro, mas tal não foi permitido por o jantar estar quase a sair. Quando o mesmo chegou, brindamos a um novo ano, eu e os meus irmãos com sumo e os restantes com álcool.

(...)

      Após o jantar, eu e os meus irmãos, acompanhados de Arthur, fomos autorizados a passear um pouco pelo barco. Passamos nos movimentados corredores de inúmeras cabines, onde víamos casais a entrar e a sair com um sorriso indescritível no rosto.

- A surpresa que me vais dar normalmente passa-se numa cabine destas? - Ele mordeu o lábio.
- Sim. Ou talvez não. - Pisquei-lhe o olho.

     Os meus irmãos iam à frente, discutindo entre eles o caminho como se fossem crianças de 10 anos. Adorava ver aquela intimidade entre eles. Após passar por tantos cantos do barco, decidiram ir para a rua. A parte de trás do barco, com cadeirões e tudo mais à disposição, dava-nos uma vista imensa da cidade à noite iluminada pelos efeitos de natal e dava-nos ainda a oportunidade de ver os exterior dos restantes barcos parados assim como o nosso.
     Os meus irmãos olhavam bem queitinhos para aquela paisagem, assim como eu e o Arthur, ambos sentados nos cadeirões.

- Isto é simplesmente maravilhoso. - Comentei eu, olhando para tudo à minha volta. - Vês o reflexo da lua no mar? Adoro! Isto é tão romântico, não achas? - Ri-me.
- Daqui a uns anos, quando eu já estiver a trabalhar como cirurgião, nós vamos fazer um cruzeiro.
- Engraçado. O meu pai promete isso à anos à... Arthur! Uma estrela cadente! - Apontei desesperadamente para que ele visse aquilo a tempo - Pede um desejo! - Bati na sua perna, enquanto eu fechava os olhos e fazia também um pedido.
- Já devias saber que não acredito nisso. - Disse Arthur entrei risos olhando para o céu.
- Não pediste tu, pedi eu.
- E o que é que pediste?
- Sabes perfeitamente que se eu contar, o que pedi não se realiza.
- Isso não existe. - Teimou ele.
- É sempre bom acreditar que algo maior pode acontecer.
- És tão tolinha. - Arthur riu e abanou a cabeça, enquanto abraçava-me de lado. - Sendo assim, a fada dos dentes, o pai natal e o coelhinho da Páscoa também existia.
- É claro que existem. Thiago, Edward. - Chamei-os capetando a atenção de ambos - Quem é que trás os presentes no Natal?
- O pai Natal. - Respoderam os dois em coro enquanto balançavam os pés, sentamos num mega cadeirão.
- Oh, coitadinhos. Sabes em que é que eu acredito mesmo?
- Em quê?
- Em nós e num futuro muito próximo, tão bom para mim quanto para mim. Na nossa amizade que vai prevalecer a cima de tudo e, claro, no nosso amor.
- Dito assim, deixas-me triste. Fizeste-me lembrar que faltam 3 dias para te ires embora.
- Vão ser os nossos melhores três dias de sempre. Prometo. - Arthur beijou o topo da minha cabeça.
- Quando queres, consegues colocar essa coração de gelo de lado e ser fofo por cinco segundos.
- Quem aqui tem um coração de gelo és tu, sua gorda.
- Idiota. - Bati na sua perna e cruzei os braços.
- Estou a brincar, ok? - Arthur riu e abraçou-me novamente.

     Olhei novamente à nossa volta e apreciei mais uma vez a beldade deste lugar. Conseguiamos ouvir as músicas dos outros navios e até pessoas gritando e rindo às gargalhadas de modo contagiante. Em terra, víamos uma imensa multidão de um lado para o outro, talvez procurando um lugar para se acomodar e passar a virada do ano.

     Pouco depois, voltamos para dentro onde desfrutamos da música ambiente e da sobremesa. De seguida, foi-nos oferecido alguns chapéus e coroas alusivos da passagem do ano onde tinha escrito em letras prateadas com brilhantes "Haapy New Year".
     A dado momento, Arhur puxou-me para dançar e eu senti-me envergonhada por estar toda a nossa família a olhar, ou melhor, a minha família e a família dele. A minha mãe encorajava-me e o meu pai apenas esboçava um sorriso enquanto os seus olhos brilhavam. Acabei por aceitar.

- Fazes de mim o homem mais feliz de sempre. Quero acabar este ano colado e a ti e começar o novo ano da mesma maneira.
- Assim eu também espero.


     Os minutos passam a correr. As pessoas passam atarefadas de um lado para o outro, com a contagem crescente sempre a ser marcada.
     As pessoas que antes encontravam-se no magnífico salão do navio, começam a deslocar-se para fora do mesmo pois faltavam poucos minutos para a meia noite e só conseguiríamos ver o fogo de artifício do lado exterior.

- Falta pouco! - Dizia a minha mãe toda animada deixando os meus irmãos mais eléctricos e ansiosos.

     Arthur este um pouco com a sua mãe e os seus tios e depois voltou para junto de mim. A posição em que estávamos fazia-me lembrar o casal do Titanic, embora nós não estivéssemos numa ponta do barco. Mas era quase.
     A minha mãe distribuiu as passas por todos (coisa que é costume no local onde vivo)  enquanto o tio do Arthur distribuía copos de champanhe e enchia a taça de todos.

- Está quase. - Disse-lhe eu, bem junto do seu rosto, enquanto endireitava o laço do seu fato.

     Todos começaram a fazer a contagem de crescente, desde o número dez ao zero. Todos os navios começaram a fazer barulho a partir do momento em que os fogos de artifício foram lançados. Assim, todos nós demos um passo para a frente com o pé direito, ao mesmo tempo que colocávamos as passas à boca e acabando por beber  um gole do champanhe, de seguida.

- FELIZ ANO NOVO! - Gritamos uns aos outros, enquanto nos abraçávamos.

     A primeira pessoa que abracei foi o Arthur, como é claro. O primeiro beijo deste novo ano também foi o seu.

- Feliz ano novo, amor. - Segredou-me.
- Feliz ano novo. - Beijei-lhe rapidamente. - Amo-te! - Confessei, enquanto os seus olhos brilhavam agora.

     Abandonei-lhe indo abraçar os meus irmãos.

- Bom ano, pestes. - Disse Arthur, chegando logo depois de mim.
- Peçam algo. Baixinho. - Disse-lhes.

     Levantei-me para ver os fogos a rebentarem, enquanto o Arthur ficou atrás de mim, com as mãos à volta da minha cintura e o rosto sobre o meu ombro.

- Tu também. Pede algo. - Disse-lhe.
- Tu já pediste? - Perguntou-me.
- Já. Vá, pede! - Incentivei.
- Queres namorar comigo? - Perguntou-me baixinho.

     No momento, o meu coração parou e os meus olhos quase se encheram de lágrimas.

- Idiota! - Bati-lhe devagar. - Não acreditas em desejos, mas eu pedi exatamente isso no momento em que a estrela cadente passou. - Beijei-lhe, enquanto segurava o seu rosto - É claro que aceito namorar contigo, Arthur.
- Linda! - Agarrou forte a minha cintura e beijou-me novamente.

(...)

Notas finais:

Aqui estão DOIS capítulos. Eu não poderei postar mais hoje, por isso postei tudo de uma vez.
Espero que gostem e desfrutem desta maravilhosa e tão esperada leitura!

PS: o hot vem depois disso xD

10 comentários: