Belo Desastre - CAP. 4

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Belo Desastre



Capítulo 4 : Canalha

Rostos familiares preenchiam os assentos da nossa mesa predileta do almoço. Eu me sentei entre Melanie e Finch. Os outros lugares foram ocupados por Chay e seus companheiros da Sigma Tau. Era difícil ouvir alguma coisa com o barulho que fazia no refeitório, e o ar condicionado parecia ter pifado de novo. O ar estava denso com o cheiro de comida frita e peles suadas, mas, de alguma forma, todo mundo parecia mais elétrico que de costume.
— Oi, Brazil. — disse Chay, cumprimentando o cara sentado à minha frente. A pele bronzeada e os olhos cor de chocolate contrastavam com o boné branco do time de futebol americano da Eastern enterrado na testa.
— Senti sua falta depois do jogo no sábado, Chay. Bebi uma cerveja ou seis por você. — disse ele, com um sorriso amplo e branco.
Valeu. Levei a Mel para jantar. — ele respondeu, inclinando-se para beijar o topo dos longos cabelos de Melanie.
— Você está sentado na minha cadeira, Brazil. — Brazil se virou, viu Arthur parado atrás dele, depois olhou surpreso para mim.
— Ah, ela é uma das suas minas, Thur?
— Definitivamente não. — eu disse, balançando negativamente a cabeça. Ele olhou para Arthur, que o encarava, esperando. Brazil deu de ombros e então levou a bandeja até a ponta da mesa. Arthur sorriu para mim enquanto se ajeitava na cadeira.
— E aí, Flor?
— O que é isso? — perguntei, sem conseguir desviar o olhar da bandeja dele. Aquela comida misteriosa parecia um pedaço de cera. Arthur deu risada e bebeu um pouco de água.
— A moça do refeitório me dá medo. Não vou criticar as habilidades culinárias dela. — Não deixei de notar o olhar inquisitivo dos que estavam sentados à mesa. O comportamento de Arthur estimulava a curiosidade deles, e contive um sorriso por ser a única garota que eles já tinham visto Arthur insistir em ter sentada perto dele.
— Ai… a prova de biologia é depois do almoço. — resmungou Melanie.
— Você estudou? — perguntei.
— Ah, não. Passei a noite jurando para o meu namorado que você não vai dormir com o Arthur. — Os jogadores de futebol americano sentados na ponta da nossa mesa interromperam suas risadas idiotas para nos ouvir com mais atenção, fazendo com que os outros alunos percebessem. Olhei furiosa para Melanie, mas ela estava distraída, cutucando Chay com o ombro.
— Meu Deus, Chay. Você está mal, hein? — Arthur exclamou, jogando um pacotinho de ketchup no primo. Chay não respondeu, sorri, agradecida por Arthur ter conseguido desviar a atenção. Melanie esfregou as costas dele.
— Ele vai ficar bem. Só vai levar um tempinho para ele acreditar que a Lua consegue resistir ao seu poder de sedução.
— Eu não tentei seduzir a Lua. — Arthur torceu o nariz, parecendo ofendido. — Ela é minha amiga. — Olhei para o Chay.
— Eu disse que você não tinha nada com que se preocupar. — Por fim Chay me encarou e, ao ver minha expressão sincera, os olhos dele ganharam um pouquinho de brilho.
— E você, estudou? — Arthur me perguntou. Franzi a testa.
— Não importa quanto eu estude. Biologia simplesmente não entra na minha cabeça. — Arthur se levantou.
— Vem comigo.
— O quê?
— Vamos pegar o seu caderno. Vou te ajudar a estudar.
— Arthur…
— Levante a bunda daí, Flor. Você vai gabaritar essa prova. — Puxei de leve uma das longas tranças de Melanie quando passei por ela.
— Vejo você na aula, Mel. — Ela sorriu.
— Vou guardar um lugar pra você. Vou precisar de toda ajuda possível.
Arthur foi comigo até o meu quarto e peguei o livro de biologia, enquanto ele abria meu caderno. Ele me fazia perguntas sobre a matéria e depois esclarecia os pontos que eu não tinha entendido. Do jeito que ele explicava, os conceitos partiam do confuso para o óbvio.
— … E as células somáticas usam a mitose para se reproduzir, aí é que entram as fases, que formam um nome esquisito: Prometa Anatelo. — Dei risada.
— Prometa Anatelo?
— Prófase, metáfase, anáfase e telófase.
— Prometa Anatelo. — repeti, assentindo. Ele bateu no alto da minha cabeça com os papéis.
— Você entendeu. Você conhece esse livro de biologia de trás pra frente e de frente pra trás. — Soltei um suspiro.
— Bom… vamos ver.
— Vou andando com você até a classe e vou ficar lhe fazendo perguntas pelo caminho. — Tranquei a porta do quarto depois que saímos.
— Você não vai ficar bravo se eu for um fracasso total nessa prova, vai?
— Você não vai fracassar, Flor. Mas precisamos começar mais cedo da próxima vez. — ele disse, mantendo o mesmo ritmo de caminhada que eu até o prédio de ciências.
— Como você vai ser meu tutor, fazer os trabalhos de faculdade, estudar e treinar para as lutas? — Arthur deu uma risadinha abafada.
— Eu não treino para as lutas. O Adam me liga, me diz onde vai ser e eu vou. — Balancei a cabeça, incrédula, enquanto ele segurava o papel à sua frente para me fazer a primeira pergunta. Quase terminamos um segundo módulo do livro quando chegamos à sala de aula.
— Manda ver! — ele sorriu e me entregou as anotações, apoiado no batente da porta.
— Ei, Thur. Eu me virei e vi um cara alto, meio magricela, sorrir para Arthur a caminho da classe.
— Parker. — Arthur cumprimentou-o com um aceno de cabeça. Os olhos de Parker se iluminaram um pouquinho quando ele olhou para mim, sorrindo.
— Oi, Lua.
— Oi. — falei, surpresa por ele saber meu nome. Eu já o tinha visto na sala de aula, mas não tínhamos sido apresentados em momento algum. Parker foi se sentar, fazendo piadas com quem estava ao lado.
— Quem é esse? — eu quis saber. Arthur deu de ombros, mas a pele em volta de seus olhos parecia mais tensa do que antes.
— Parker Hayes. É um dos meus companheiros da Sig Tau.
— Você faz parte de uma fraternidade? — perguntei, em tom de dúvida.
— Sigma Tau, a mesma que o Chay. Achei que você soubesse. — disse ele, olhando para Parker atrás de mim.
— Bom… você não parece o tipo de cara que… participa de fraternidades. — comentei, olhando para as tatuagens nos antebraços dele. Arthur voltou à atenção para mim e abriu um sorriso.
— Meu pai se formou aqui, e meus irmãos todos foram da Sig Tau. É um lance de família.
— E eles esperavam que você entrasse para a fraternidade? — perguntei, cética.
— Na verdade, não. Eles só são bem-intencionados. — Arthur respondeu, dando um peteleco nos meus papéis. — É melhor você entrar na sala.
— Obrigada pela ajuda. — eu disse, cutucando-o com o cotovelo. Melanie passou pela gente e fui atrás dela até o nosso lugar.
— Como foi? — ela perguntou. Dei de ombros.
— Ele é um bom tutor.
— Só um tutor?
— Ele é um bom amigo também. — Ela parecia decepcionada, e dei uma risadinha com a expressão de derrota em seu rosto. O sonho de Melanie sempre fora que namorqssemos amigos, e primos que dividem o apartamento, para ela, era como achar o pote de ouro no fim do arco-íris. Ela queria que dividíssemos um quarto quando decidimos vir para a Eastern, mas fui contra a ideia, na esperança de ter um pouco de liberdade, de poder abrir um pouco as asas. Assim que ela parou de fazer bico, se concentrou em achar um amigo de Chay para me apresentar O interesse saudável de Arthur em mim tinha ido além das expectativas dela.
Fiz a prova com a maior facilidade e me sentei nos degraus do prédio da faculdade, esperando por Melanie. Quando ela desabou ao meu lado, derrotada, esperei que ela falasse.
— Que prova foi aquela! — ela gritou.
— Você devia estudar com a gente. O Arthur sabe explicar a matéria muito bem. — Melanie soltou um resmungo e deitou a cabeça no meu ombro.
— Você não me ajudou em nada! Não podia ter feito um sinal com a cabeça ou algo do gênero? — Eu a abracei e fui caminhando com ela até o nosso dormitório.
*
Na semana seguinte, Arthur me ajudou com o trabalho de história e foi meu tutor em biologia. Fomos juntos olhar o quadro de notas ao lado da sala do professor Campbell. Meu nome aparecia em terceiro lugar.
— A terceira nota mais alta da classe! Que legal, Flor! — ele disse, me abraçando. — Os olhos de Arthur estavam brilhando de animação e orgulho, e uma sensação embaraçosa me fez recuar um passo.
— Valeu, Thur. Eu não teria conseguido sem você. — falei, dando um puxão na camiseta dele. Ele me jogou por cima do ombro, abrindo caminho em meio à multidão atrás de nós.
— Abram caminho, pessoal! Abram caminho para o cérebro gigantesco desta pobre mulher! Ela é um gênio! — Dei risada ao ver as expressões divertidas e curiosas dos meus colegas de classe.
Conforme os dias foram se passando, tivemos que lidar com os persistentes rumores sobre um relacionamento. A reputação de Arthur ajudou a calar as fofocas. Ele nunca fora conhecido por ficar com uma garota mais do que uma noite, então, quanto mais éramos vistos juntos, mais as pessoas entendiam que nosso relacionamento era platônico. Mesmo com as constantes perguntas sobre nosso envolvimento, Arthur continuou recebendo a usual atenção das outras alunas. Ele continuou a se sentar ao meu lado nas aulas de história e a comer comigo na hora do almoço. Não demorei muito para perceber que estivera errada em relação a ele, me sentindo até propensa a defendê-lo daqueles que não o conheciam como eu.
No refeitório, Arthur colocou uma lata de suco de laranja na minha frente.
— Você não precisava fazer isso. Eu ia pegar uma. — falei, tirando a jaqueta.
— Bom, agora você não precisa mais. — disse ele, fazendo aparecer à covinha da bochecha esquerda.
Brazil soltou uma risada de deboche.
— Ela transformou você em um empregadinho pessoal, Arthur? Qual vai ser a próxima, abanar a menina com uma folha de palmeira, vestindo uma sunga? — Arthur olhou para ele com ódio assassino, e me apressei a defendê-lo.
— Você não tem o suficiente nem para preencher uma sunga, Brazil. Cala a droga da sua boca!
— Pega leve, Lua! Eu estava brincando. — Brazil respondeu, erguendo as mãos em sinal de paz.
— Só… não fale assim dele. — retruquei, franzindo a testa. A expressão do Arthur era um misto de surpresa e gratidão.
— Agora eu vi de tudo na vida. Uma garota acabou de me defender. — disse ele, se levantando.
Antes de sair carregando a bandeja, ele lançou mais um olhar furioso para Brazil, depois se juntou a um pequeno grupo de fumantes do lado de fora do prédio. Tentei não ficar olhando para Arthur enquanto ele ria e conversava. Todas as garotas do grupo competiam de forma sutil pelo espaço ao lado dele, e Melanie me cutucou quando percebeu que minha atenção estava em outro lugar.
— O que você está olhando, Lua?
— Nada. Não estou olhando nada. — Melanie pôs o queixo na mão e balançou a cabeça.
— Elas são tão óbvias. Olhe aquela ruiva. Ela já passou as mãos no cabelo tantas vezes quantas já piscou. Fico me perguntando se o Arthur não se cansa disso.
Chay assentiu.
— Mas ele se cansa sim. Todo mundo acha que ele é um babaca, mas se soubessem a paciência que ele tem para lidar com cada uma dessas garotas que pensam que podem domá-lo… Ele não consegue ir pra nenhum lugar sem ter várias no pé. Acreditem em mim, ele é muito mais educado do que eu seria no lugar dele.
— Ah, como se você não fosse adorar essa bajulação! — Melanie exclamou, beijando o rosto de Chay.
Arthur estava terminando de fumar do lado de fora do refeitório quando passei por ele.
— Espere aí, Flor vou com você até a sala.
— Não precisa, Arthur. Eu sei chegar lá sozinha.
Ele se distraiu com uma garota de longos cabelos negros e saia curta que passava e sorriu para ele. Ele a seguiu com os olhos e fez um aceno de cabeça na direção dela, jogando o cigarro no chão.
— Depois a gente se fala, Flor.
— Tá. — falei, revirando os olhos enquanto ele corria para alcançar a garota.
O lugar de Arthur continuou vazio durante a aula, e fiquei irritada com ele por faltar à aula por causa de uma garota que ele nem conhecia. O professor Chaney nos dispensou mais cedo, e atravessei o gramado correndo, pois tinha que me encontrar com Finch as três para lhe entregar as anotações de avaliação musical de Sherri Cassidy. Olhei para o relógio e acelerei o passo.
Lua! Parker se apressou pelo gramado para caminhar ao meu lado.
— Acho que não fomos oficialmente apresentados. — ele me disse, estendendo a mão. — Parker Hayes. Cumprimentei-o e sorri.
Lua Blanco.
— Eu estava atrás de você quando você viu sua nota na prova de biologia. Parabéns. — ele sorriu, enfiando as mãos nos bolsos.
— Obrigada. O Arthur me ajudou. Se ele não tivesse feito isso, com certeza meu nome estaria no fim da lista.
— Ah, vocês dois são…
— Amigos. Parker assentiu e sorriu.
— Ele te falou sobre uma festa que vai ter na casa nesse fim de semana?
— Geralmente conversamos sobre biologia e comida. Ele riu.
— Isso é a cara do Arthur.
Na porta do Morgan Hall, Parker ficou analisando o meu rosto com seus grandes olhos verdes.
— Você devia ir à festa. Vai ser divertido.
— Vou falar com a Melanie. Acho que não temos nenhum plano para o fim de semana.
— Vocês só saem em dupla?
— Fizemos um pacto nesse verão. Nada de ir a festas sozinhas.
— Decisão inteligente. — ele assentiu em aprovação.
— Ela conheceu o Chay durante a orientação, então acabamos não saindo muito juntas. Essa vai ser a primeira vez que vou precisar chamar a Melanie pra sair, e tenho certeza que ela vai ficar feliz em ir.
Eu me contorci por dentro. Não só estava tagarelando como deixei claro que não costumava ser convidada para festas.
— Ótimo. Vejo você lá então. — ele disse, abrindo um sorriso perfeito de modelo da Banana Republic, com o maxilar quadrado e a pele naturalmente bronzeada. Depois se virou para cruzar o campus.
Fiquei olhando enquanto ele ia embora. Parker era alto, de barba feita, vestia uma camisa risca de giz bem passada e calça jeans. Os cabelos loiro escuros e ondulados balançavam enquanto ele caminhava. Mordi o lábio, lisonjeada com o convite.
— Ah, ele sim é mais a sua cara. — disse Finch no meu ouvido.
— Ele é uma gracinha, né? — perguntei, sem conseguir parar de sorrir.
— Ô, se é! Uma gracinha bem naquela posição básica de papai e mamãe, isso sim!
— Finch! — gritei, dando um tapa no ombro dele.
— Você pegou as anotações da Sherri?
— Peguei. — respondi, tirando-as da mochila.
Ele acendeu um cigarro, segurou-o entre os lábios e franziu os olhos para ver os papéis.
— Impressionante! — exclamou, dando uma olhada nas páginas. Depois as dobrou, enfiou no bolso e deu mais uma tragada no cigarro. — Que bom que as caldeiras do Morgan não estão funcionando. Você vai precisar mesmo de um banho frio depois do olhar provocante daquele pedaço de mau caminho.
— O dormitório está sem água quente? — reclamei.
É o que estão dizendo — falou Finch, deslizando a mochila por sobre o ombro. — Estou indo pra aula de álgebra. Diz pra Mel que falei pra ela não esquecer de mim nesse fim de semana.
— Tá bom. — resmunguei, olhando desanimada para as paredes de tijolo antigas do nosso dormitório.
Subi até o quarto pisando duro, empurrei a porta e entrei, deixando a mochila cair no chão.
— Não temos água quente. — Kara murmurou da escrivaninha.
— Já me falaram.

Hello Hello :) 

Parece que a Lua ficou chateada, pelo Arthur não ter aparecido na aula...
E o Parker, gostaram dele?


Com mais 10 comentários, posto o próximo capítulo.




14 comentários:

  1. ++++++++ Brenda kkk sério Viciei já

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  2. Viciei nessa web quero já todos os dias

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  3. Essa web é MT boa
    Quero q a Lua fique com o Parker

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  4. Ainda estou decidindo, se gosto, ou não do Parcker

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  5. Suspeito do Parker, mas poderia servir pra fazer um ciuminho no Arthur... posta maaais ♥

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  6. Já amosou essa web!! Acho que o Parcker gosta da Lu

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  7. O Parker pode servir pra Lu fazer ciúme no Arthur kkkkk mais pf!!

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  8. O Parker pode servir pra Lu fazer ciúme no Arthur kkkkk mais pf!!

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  9. Lua devia ficar com Parker e Arthur com ciúmes kkkkkk
    Helena

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