Belo Desastre - CAP. 3

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Belo Desastre



Capítulo 3 : Sinal de alerta (Parte 3)

— Tenho certeza disso. — falei, contorcendo o rosto em repulsa. Ele era o pior tipo de cara confiante. Não era apenas descaradamente ciente de seu poder de atração, mas estava acostumado com o fato de as mulheres se jogarem pra cima dele, de modo que via meu comportamento frio como um alívio em vez de um insulto. Eu teria que mudar minha estratégia. Melanie apontou o controle remoto para a televisão e a ligou.
— Tem um filme bom passando hoje na TV. Alguém quer descobrir o que aconteceu a Baby Jane? — Arthur se levantou.
Eu já estava saindo para jantar. Está com fome, Flor?
— Já comi. — dei de ombros.
— Não comeu, não. — disse Melanie, antes de se dar conta de seu erro. — Ah… hum… é mesmo, esqueci que você comeu… pizza, né? Antes de sairmos. — Fiz uma careta para ela, pela tentativa frustrada de consertar a gafe, e então esperei para ver a reação do Arthur. Ele cruzou a sala e abriu a porta.
— Vamos. Você deve estar com fome
— Aonde você vai?
— Aonde você quiser. Podemos ir a uma pizzaria. — Olhei para minhas roupas.
— Não estou vestida para isso… — Ele me analisou por um instante e então abriu um sorriso.
— Você está ótima. Vamos, estou morrendo de fome. — Eu me levantei e fiz um aceno de despedida para Melanie passando por Arthur para descer as escadas. Parei no estacionamento, olhando horrorizada enquanto ele subia em uma moto preta fosca.
— Hum… — minha voz foi sumindo, enquanto eu comprimia os dedos dos pés expostos. Ele olhou com impaciência na minha direção.
— Ah, sobe aí. Eu vou devagar.
— Que moto é essa? — perguntei, lendo tarde demais o que estava escrito no tanque de gasolina.
— É uma Harley Night Rod. É o amor da minha vida, então vê se não arranha a pintura quando subir.
— Estou de chinelo! Arthur ficou me encarando como se eu estivesse falando outra língua.
— E eu estou de botas. Sobe aí. — Ele colocou os óculos de sol, e o motor da Harley rugiu ao ser ligado. Subi na moto e estiquei a mão para trás buscando algo em que me segurar, mas meus dedos deslizaram do couro para a cobertura de plástico da lanterna traseira. Arthur agarrou meus pulsos e envolveu sua cintura com eles.
— Não tem nada em que se segurar além de mim, Flor. Não solte. — ele disse, empurrando a moto para trás com os pés. Com um leve movimento de pulso, já estávamos na rua, disparando feito um foguete. As mechas soltas do meu cabelo batiam no meu rosto, e eu me escondia atrás de Arthur, sabendo que acabaria com entranhas de insetos nos óculos se olhasse por cima do ombro dele.
Ele acelerou quando chegamos na frente do restaurante e, assim que diminuiu a velocidade para parar, não perdi tempo e fui correndo para a segurança do concreto.
— Você é louco! — Arthur deu uma risadinha, apoiando a moto no estribo lateral antes de descer.
— Fui no limite de velocidade.
— É, se estivéssemos numa estrada da Alemanha! — falei, desfazendo o coque para separar com os dedos os fios embaraçados. Arthur me olhou enquanto eu tirava o cabelo do rosto e depois foi andando até a porta, mantendo-a aberta.
— Eu não deixaria nada acontecer com você, Beija-Flor. — Passei por ele pisando duro e entrei no restaurante. Minha cabeça não estava muito em sincronia com meus pés. Um cheiro de gordura e ervas enchia o ar enquanto eu o seguia pelo carpete vermelho, sujo de migalhas de pão. Ele escolheu uma mesa no canto, longe dos grupos de alunos e das famílias, e então pediu duas cervejas. Fiz uma varredura no ambiente, observando os pais que tentavam persuadir os filhos barulhentos a comer e desviando dos olhares curiosos dos alunos da Eastern.
— Claro, Arthur. — disse a garçonete, anotando nosso pedido. Ela parecia um pouco exaltada com a presença dele ali. Prendi os cabelos bagunçados pelo vento atrás das orelhas, repentinamente com vergonha da minha aparência.
— Você vem sempre aqui? — perguntei em tom áspero. Arthur apoiou os cotovelos na mesa e fixou os olhos castanhos em mim.
— Então, qual é a sua história, Flor? Você odeia os homens em geral ou é só comigo?
— Acho que é só com você. — resmunguei. Ele riu, divertindo-se com meu estado de humor
— Não consigo sacar qual é a sua. Você é a primeira garota que já sentiu desprezo por mim antes do sexo. Você não fica toda desorientada quando conversa comigo e não tenta chamar minha atenção.
— Não é uma manobra tática. Eu só não gosto de você.
— Você não estaria aqui se não gostasse de mim. — Involuntariamente, minha testa franzida ficou lisa e soltei um suspiro.
— Eu não disse que você é uma má pessoa. Só não gosto de ser tratada de determinada maneira pelo simples fato de ter uma vagina. — E me concentrei nos grãos de sal na mesa até que ouvi um ruído vindo da direção do Arthur, parecido com um engasgo. Os olhos dele estavam arregalados e ele tremia de tanto rir.
— Ah, meu Deus! Assim você me mata! É isso aí, a gente tem que ser amigos. Não aceito não como resposta.
— Não me incomodo em sermos amigos, mas isso não quer dizer que você tenha que tentar transar comigo a cada cinco segundos.
— Você não vai pra cama comigo. Já entendi. — Tentei não sorrir, mas falhei. Os olhos dele ficaram brilhantes.
— Eu dou a minha palavra. Não vou nem pensar em transar com você… a menos que você queira. — Descansei os cotovelos na mesa para me apoiar.
— Como isso não vai acontecer, então podemos ser amigos. — Um sorriso travesso ressaltou ainda mais suas feições quando ele se inclinou um pouquinho mais perto de mim.
— Nunca diga nunca.
— Então, qual é a sua história? — foi minha vez de perguntar. — Você sempre foi Arthur “Cachorro Louco” Aguiar, ou isso é só desde que veio pra cá? — Usei dois dedos de cada mão para fazer sinal de aspas no ar quando mencionei o apelido dele, e pela primeira vez sua autoconfiança diminuiu.
Arthur parecia um pouco envergonhado.
— Não. Foi o Adam que começou com esse lance do apelido depois da minha primeira luta. — Suas respostas curtas estavam começando a me incomodar.
— É isso? Você não vai me dizer nada sobre você?
— O que você quer saber?
— O de sempre. De onde você veio, o que você quer ser quando crescer… coisas do tipo.
— Sou daqui, nascido e criado, e estudo direito penal. Com um suspiro, ele desembrulhou os talheres e os endireitou ao lado do prato. Olhou por cima do ombro com o maxilar tenso. Duas mesas adiante, o time de futebol da Eastern irrompeu em uma gargalhada. Arthur pareceu incomodado pelo fato de eles estarem rindo.
— Você está de brincadeira. — eu disse, sem acreditar.
— Não, sou daqui mesmo. — ele confirmou, distraído
— Não, eu quis dizer sobre o seu curso. Você não parece o tipo de pessoa que estuda direito penal. — Ele juntou as sobrancelhas, repentinamente focado em nossa conversa.
— Por que não? — Passei os olhos pelas tatuagens que cobriam seus braços.
— Eu diria que você parece mais do tipo criminoso.
— Não me meto em confusão… na maior parte do tempo. Meu pai era muito rígido.
— E sua mãe?
— Ela morreu quando eu era criança. — ele disse sem rodeios.
— Eu… eu sinto muito. — falei, balançando a cabeça. A resposta dele me pegou de surpresa. Ele dispensou minha solidariedade.
— Não me lembro dela. Meus irmãos sim, mas eu só tinha três anos quando ela morreu.
— Quatro irmãos, hein? Como você os mantinha na linha? — brinquei.
— Com base em quem batia com mais força, que era do mais velho para o mais novo. Thomas, os gêmeos… Taylor e Tyler, depois o Trenton. Nunca, nunca mesmo fique numa sala sozinha com o Taylor e o Ty. Aprendi com eles metade do que faço no Círculo. O Trenton era o menor, mas ele é rápido. É o único que hoje em dia consegue me acertar um soco. — Balancei a cabeça, chocada só de pensar em cinco versões do Arthur em uma única casa.
— Todos eles têm tatuagens?
— Quase todos, menos o Thomas. Ele é executivo na área de publicidade na Califórnia.
— E o seu pai? Por onde ele anda?
— Por aí. — disse Arthur. Seu maxilar estava tenso de novo, e sua irritação com o time de futebol aumentava.
— Do que eles estão rindo? — perguntei, fazendo um gesto para indicar a mesa ruidosa. Ele balançou a cabeça, claramente não querendo me contar do que se tratava. Cruzei os braços e fiquei me contorcendo, nervosa de pensar no que eles poderiam estar dizendo para deixá-lo tão irritado.
— Me conta.
— Eles estão rindo de eu ter trazido você para jantar primeiro. Não é geralmente… meu lance.
— Primeiro? Quando me dei conta do que se passava e isso ficou claro na expressão do meu rosto, Arthur se encolheu, mas eu falei sem pensar:
— Eu aqui, com medo de eles estarem rindo por você ser visto comigo vestida assim, e eles acham que eu vou transar com você. — resmunguei.
— Qual é o problema de eu ser visto com você?
— Do que estávamos falando? — perguntei, afastando o calor que subia pelo meu rosto.
— De você. Está estudando o quê? — ele me perguntou.
— Ah, hum… estudos gerais, por enquanto. Ainda estou indecisa, mas estou pensando em fazer contabilidade.
— Mas você não é daqui. De onde você veio?
— De Wichita. Que nem a Melanie.
— Como você veio do Kansas parar aqui? — Comecei a puxar o rótulo da garrafa de cerveja.
— Só queríamos fugir.
— Do quê?
— Dos meus pais.
— Ah. E a Melanie? Ela tem problemas com os pais também?
— Não, o Mark e a Pam são o máximo. Eles praticamente me criaram. Ela meio que me acompanhou, não queria que eu viesse pra cá sozinha. — Arthur assentiu.
— Qual é a do interrogatório? — perguntei. As perguntas estavam passando de uma conversa sobre assuntos gerais e partindo para o lado pessoal, e eu estava começando a me sentir desconfortável.
Diversas cadeiras bateram umas nas outras quando o time de futebol levantou. Eles fizeram mais uma piada antes de irem andando lentamente até a porta e aceleraram o passo quando Arthur se levantou. Os que estavam atrás empurraram os da frente para fugir antes que Arthur conseguisse alcançá-los. Ele se sentou, fazendo força para espantar a frustração e a raiva. Ergui uma sobrancelha
Você ia me dizer por que optou pela Eastern. — Arthur continuou.
— É difícil explicar. — respondi, dando de ombros. — Só parecia certo.
Ele sorriu e abriu o cardápio.
— Sei o que você quer dizer.

Meninas, to in love com os comentários de vocês hahaha Que vicío vocês comentam muito rápido hahahaha.


Com mais 10 comentários, posto o próximo capítulo.

15 comentários:

  1. Essa Fic ta um Amorzinho ❤
    To amando dmms , Espero que tenha mais comentários logo , Pq já preciso de MUITO mais !! Hahahah

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  2. Pensei que eles estavam rindo da roupa da Lu kkkkkkkk

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  3. Jurei que eles tava rindo da roupa da lua

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  4. Estou adorando! Vamos ver por quanto tempo ela vai aguentar ficar só na amizade. Mais?

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  5. Jurei que eles estavam rindo pelo o "look" da lua !

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  6. Pensei que estavam rindo da Lua.. Até parece que vai ficar nesse lance de "amigos" por muito tempo. Já viciei nela Brenda!
    Helena

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  7. Vamos ver quantos tempo vai durar o "só amigos"

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  8. Só acho que vocês poderiam ser amigos que se pegam! Sério. SE PEGUEM LOGO hauahsuauuausus
    Estou definitavemente amando

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  9. Amigos, né? Aham! Estão tentando enganar quem? Estão loucos pra se pegarem!!

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  10. Maaaais Brenda nao vejo a hora deles se acertarem logo

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  11. Totalmente incrivel.Estou simplesmente amandooo.Posta mais ❤️

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