15 dias para confessar - 2ª Temporada de S.T. - Reconquistar

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Arthur

     Já não aguentava aquele barulho ensurdecedor e todos aqueles empurrões de gente tão ou mais bêbada que eu. Saí da discoteca e fui para o exterior, não sei bem fazer o quê. Peguei no telemóvel e procurei algo mas sem razão aparente. Liguei-lhe para pedir ajuda. Não, na verdade, eu disse-lhe que a amava muito.

- Arthur, são cinco da manhã. Estás bêbado. Deixa-me em paz. - Queixava-se Lua.
- Não, não desligues. Eu quero-te aqui.
- Arthur, com quem é que estás?

     Olhei em volta. O John estava a beijar uma loira e não havia sinal do Gaspar.

- Estou sozinho a meio de tanta gente.
- Idiota. - Bufou ela irritada.
- Desculpa-me por tudo o que te disse e por tudo o que te fiz... e por tudo o que não te disse também. Eu já gostava de ti sem saber.
- Arthur, para. Diz-me onde estás. Vou buscar-te.
- Na discoteca.
- Mas qual?
- Esta aqui, nesta rua.
- Mas qual Arthur?
- Esta perto dos bares...
- Foda-se Arthur. Não saias daí. Vou buscar-te.

     Ela desligou a chamada e eu deixei-me ficar por ali. Perdi a força que tinha para segurar o telemóvel e também para manter os olhos abertos.
     Não sei por quanto tempo fiquei daquele jeito.
     Lua chegou e desatou a gritar o meu nome e a bater-me no rosto. Senti uns braços à minha volta, várias pessoas a chamar-me e depois a porta de um carro a fechar.

- És a minha vergonha Arthur.
- Foi esta a educação que te dei?
- Desculpa-me Lua...
- Ele nem sabe com quem está a falar.

     Apaguei novamente deitado sobre o colo da Lua e abracei as suas pernas.


(...)


     Uma nova manhã, uma nova ressaca.
     Abrir os olhos dói. Levantar a cabeça deixa-me tonto. O cheiro a comer dá-me náuseas. E o gosto que tenho na boca é péssimo.
     Ganho coragem e abro os olhos. Vejo que os lençóis, no meu lado direito da cama estão levantados e percebo que ali ficou alguém.
     Ganho novas forças e levanto-me. Tenho vontade de vomitar, mas tento meter na cabeça que é psicológico e vou apenas lavar os dentes. De seguida, sigo para a cozinha e ouço vozes conhecidas. Elas param quando sentem eu chegar.

- Bom dia... - As duas encostam-se ao balcão, cada uma com uma chávena de café. - Eu... eu peço desculpa por ontem. Quero dizer, acho que não tenho noção do que é que aconteceu bem, mas... peço desculpa.
- Já reparaste que passas a vida a pedir desculpa?
- E queres que eu faça o quê, Lua? Que finja que está tudo bem?
- Não. Quero que tomes consciência dos teus actos e que evites as desculpas.
- A Lua tem razão. Ela ligou-me apavorada esta noite a dizer-me que tinhas lhe ligado quando eu te disse para ligares a mim para te ir buscar. Que ignorância foi a tua? Outra... tu já tens idade suficiente para saberes as consequências do álcool e mesmo assim deixas que isso te aconteça?! Que raio se passa contigo? - Brigou a minha mãe.

    Fiquei calado. Já não sabia o que dizer.
     A minha mãe disse que ia sair com as minhas duas tias e que voltava antes da hora do almoço. Enquanto isso, a Lua ficou na sala. Eu subi para tomar banho e quando voltei ela ainda estava lá.

- A tua mãe saiu agora. - Ela levantou-se. - Eu vou embora.
- Não, Lua. Espera. Precisamos de falar.
- Falar sobre o quê? Já chega da noite anterior. Acho que já percebeste a mensagem.
- Só quero te agradecer por te teres importado comigo e por não teres ignorado a minha chamada. Eu não sabia o que estava a fazer.
- Estava a ter a sua graça, mas piorou quando cheguei lá e te vi caído, quase inconsciente. Ainda por cima não tinhas noção de nada e tu nem imaginas como a tua mãe ficou. Eu não queria ligar-lhe àquela hora da manhã, mas eu não tinha outro remédio.
- Eu sei. O que é que aconteceu depois?
- Fomos no carro da tua mãe para casa. Tu não me largavas um segundo e acabamos por dormir no teu quarto. - Explicou ela e eu sorri.
- Faz-me lembrar quando te vi bêbeda com a Dianna, dias antes de eu ir embora, lembras-te?
- Sim. - Ela sorriu.
- O que é que eu te disse ao telefone?
- Que me querias, que me amavas... pedias desculpa por tudo. Essas coisas.
- Viste? É bêbado que se diz as verdades.
- E também é bêbado que se fazem as maiores loucuras. Tens vários chupões no pescoço. - Disse ela, um pouco chateada. - Não entendo porque é que dizes que gostas de mim mas andas com outras, Arthur.
- Foi uma coisa de uma noite. - Não dei importância - A Dianna falou contigo?
- Não.
- Eu falei com a Dianna na sexta. E disse-lhe que ia lutar por ti. Só que não sabia se valia a pena ou não. - Lua não disse nada. - Estou aqui para te conquistar. Abri os olhos. Sei agora o que é importante para mim e o que é que me faz falta. Fui um idiota quando te usei e depois te troquei pela Britney.
- Não fales dela, por favor. Sempre te disse que ela não prestava, mas vais sempre atrás das coisas erradas.
- Então deixa-me seguir-te. Deixa-me conquistar-te. - Tentei pegar na mão dela, mas Lua não deixou - Tu e o Bruno estão juntos?
- Porquê esse assunto outra vez?
- Sim ou não?
- Sim. - Ela confessou e aquilo partiu-me o coração.
- Gostas dele?
- Gosto de quem gosta de mim.
- Eu gosto de ti.
- Mas magoaste-me, Arthur. - Lua gritou - Vamos acabar com isto. Não quero sofrer mais. - Lua pegou na sua bolsa e foi em direção à porta.
- Tu decides, Lua. Se me disseres, aqui e agora, para eu te deixar em paz, eu juro que te deixo e tu não me vez mais.
- Caso contrário? - Ela perguntou.
- Caso contrário, tenho 15 dias para te reconquistar. - Sorri forçado.


***

Notas finais

Aqui está o prometido. Acho que a fic agora começa a sério! Espero que tenham gostado!


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