15 dias para confessar - 2ª Temporada de S.T. - Diversões

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Ashton

     Depois da nossa discussão, voltamos finalmente à feira. Haviam várias diversões por lá, todas à nossa escolha. Decidimos andar em todas. 
     A primeira era uma espécie de canguru, onde o aparelho se movimentava para cima e para baixo, à volta, ora para a frente ora para trás. Nada de muito assustador, embora divertido. Depois haviam casas de halloween que recusamos ir por serem demasiado infantis. Haviam carroceis que andavam à volta que por sua vez giravam ainda mais dentro de uma chávena. Andamos nesse, depois de muita insistência da Lua, apesar de, após eu ter saído dali, ter uma imensa vontade de vomitar. 

- Que menina! 
- Não tenho culpa de ter uma estômago fraco. - Disse-me eu, encostando-me a um banco e fechando os olhos por um segundo. - Estás arrependida?
- Ainda não.
- Não vais ficar. - Sorri.
- Onde é que vamos agora?
- Escolhe tu.
- Carrinhos de choque! - Disse era animada, esfregando as mãos.

     Compramos seis fichas, tendo ficado três para cada para podermos competir em carros diferentes. A pista era grande e estava cheia de jovens como nós, disputando também uns contra os outros. Não havia um objectivo oficial, era apenas batermos uns nos outros e rirmos. Deixei Lua "ganhar". Ela adorava quando me batia por trás, sem eu estar atento, e ver a minha cara de "WHAT? COMO APARECESTE AQUI?". Adoro fazê-la feliz. 

     De seguida, a diversão era uma espécie de "V". As cadeiras estavam numa fila aos pares, seguidos uns dos outros. O aparelho subia, de costas, até à ponta do "V" e, de repente, soltava-se indo ao fundo e subindo para a outra ponta, voltando novamente para trás e subindo à primeira ponta, e seguindo sempre este movimento. A velocidade era extrema, impossível de controlar os movimentos dos lábios causados pelo vento e pelo frio.

- Não sei se quero...
- Va lá! - Pedi - É uma bela oportunidade para te agarrares a mim. - Fiz beicinho.
- Idiota! - Ela bateu-me no braço - Mas este é o último, ok?
- Como quiseres. - Disse-lhe eu, indo, de seguida, comprar os bilhetes.

     Já com os bilhetes na mão, fomos nos sentar lado a lado, a meio do aparelho assim como a Lua pediu. Colocamos as proteções e demos os bilhetes ao revisor. O homem, que animava o aparelho com música e palavras como "segurem os vossos chapéus, isto promete" e coisas do género, lançou a contagem regressiva e, aos zero, pôs a máquina a andar para trás. Ia devagar, mas Lua desatou aos gritos/risos, enquanto me segurava a mão. Ri, às gargalhadas mesmo, dela e do pânico que provavelmente estava a sentir. Chegando ao topo, as cadeiras soltaram-se e percorreram os carris todos, bem rápido, até à outra ponta, voltando ainda mais rápido para trás. Os gritos não eram só de Lua, acho que eram do público em geral. 
     Após esta última brincadeira, Lua saiu de lá com as pernas bambas.

- Nunca mais! - Avisou ela.
- Foi de mais! - Disse-lhe eu. - Eu andava novamente.
- Não, Thur. Por favor.
- Confessa que foi giro.
- Eu julguei que ia morrer. Imagina que as proteções se voltavam? Nós morríamos.
- Mas não morremos. - Ri-me dela.

     Fomos comprar pipocas e regressamos para o carro. Lua vinha calada. Entramos no carro e eu arranquei.

- E os teus amigos?
- Eles disseram para não me preocupar. Provavelmente têm boleia.
- Daquelas raparigas?
- Sim, provavelmente.
- Quem são?
- Amigas do Gaspar.
- Mas a ruiva estava de olho em ti.
- Sim, nós dançamos no sábado, naquela discoteca.
- Ah, daí aqueles chupões. - Concluiu ela.
- Eu estava bêbado.
- Como é que dizes que gostas de mim, sendo que andas com outras?
- Outra vez essa pergunta? - Ri-me, enquanto parei no sinal vermelho - Eu estava carente. Preciso de carinho. Carinho esse que não tenho há muito tempo. Carinho esse que não mo dás.
- Não te dou porque não mereces.
- Nem mesmo depois de isto aqui? Eu ofereci-te um peluche, ganhaste nos carrinhos de choque, protegi-te do "V" e ainda comprei-te pipocas. Ah, e ainda te vou levar a casa.
- Ok... pode ser que de 0 a 5, já estejas no 1. 
- Então já mereço qualquer coisa. - Sorri.
- Anda Arthur, anda! - Disse ela, levando a mão para a frente, visto que o sinal já estava verde. 

     Conduzi até à casa dela. Abri-lhe a porta do carro e levei-a até mesmo a porta de casa. Entretanto, o telemóvel dela tocou.

- Sim? - Ela atendeu - Sim, cheguei agora. Como assim só agora? - Ela respondia a alguém - Eu não estava com desconhecidos, eu estava com o... Ah, então já o sabes! - Concluiu - Não aconteceu nada, Bruno. Foi só uma saída entre amigos. É claro que não... Sem dramas, por favor. Tu não mandas em mim! - Ela falou um pouco mais alto - Olha, até amanhã! - Ela desligou a chamada. - Viste, já criei problemas por tua causa.
- Mas não aconteceu nada, porra. - Insisti - Tens a consciência livre. 
- Eu sei que sim. 
- Aqui tens o teu peluche. - Entreguei-lhe. - Obrigado por este pouquinho tempo.
- Pouquinho tempo? Umas duas horas. - Lua riu.
- Podemos fazer um pacto?
- Outro pacto? O último não acabou da melhor maneira.
- É um pacto diferente. Sabes aquela escala de 0 a 5 que falaste à pouco no carro? Então, a cada evolução eu podia obter um prémio, mas a minha evolução será avaliada por ti. Só tu podes dizer que eu já passei de o um para o dois, e assim por diante. E claro, os prémios também são tu que os escolhes. 
- Vou pensar, Arthur Aguiar. Mas nem é má ideia.
- Só peço uma coisa. - Agarrei as mãos dela - Que no final, ou seja, no nível cinco, o prémio seja ficar contigo. Para sempre. - Quis que ficasse claro. - Vou me esforçar todos os dias para te fazer feliz e veres o quanto estou diferente e arrependido por te ter feito o que fiz. Vou te provar que gosto de ti a sério. 
- Oh. - Ela mordeu o lábio. - Só há uma coisa.
- O quê?
- Esqueceste que eu tenho o Bruno.
- Pois... - Suspirei. - Mas até onde percebi, não é um namoro oficial. E o que eu quero contigo é mais do que oficial. Por tanto, não sei, fala com ele e diz-lhe o que vai no teu coração. Que eu aposto que sei o que é.
- E o que é?
- Gostas de mim, simples. - Sorri, fazendo ela gargalhar.


***

Notas finais:

Desanimo tantooooooo quando chego aqui e vejo dois pobres comentários daí o mesmo tempo sem postar. Não dá. Pra quê atuar sem plateia, né? 


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