Uma Linda Mulher - 2ª TEMP. | CAP.79

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Uma Linda Mulher - 2ª Temporada





Capítulo: 79

Lua tentou protestar mais foi impossível, antes que pudesse perceber ele já descia as escadas. Fechou os olhos o apertando, sentindo mais uma vez aquela maldita tontura tomar conta de si, subiu as mãos até os olhos mordendo os lábios quando em um misto de ânsia sua boca começou a produzir saliva sem parar, ele ascendeu à luz da cozinha, a sentou-se à mesa.
Lua – Arthur, pelo amor de Deus… – tentou respirar fazendo menção a se levantar. Arthur nem a olhou, apenas se dirigiu ao fogão abrindo a panela de sopa leve e nutritiva que Nelita havia feito para Linda, em poucos minutos a aqueceu e em um dos armários pegou um prato fundo e logo depois uma colher, colocou o prato na frente de Lua e a colher na mão dela. Puxou a cadeira frente a ela e se sentou, observando o relógio que estava em seu pulso. Lua abriu os olhos mirando a sopa a sua frente e a colher em sua mão, sua cabeça rodava de forma intensa e flashes passavam em sua memória a cada segundo, vozes, gritos, perguntas, barulhos de carro flashes de máquinas.
Arthur – Se não comer, te coloco em um carro e te levo para o primeiro pronto socorro que eu encontrar. – disse de uma vez, com a voz dura desprovida de emoção. Lua o olhou nos olhos negando com a cabeça, sentia um misto de sensações tão intensas e dolorosas que não podia o olhar nos olhos. – Estou esperando Lua, ande…
Lua – Escute Arthur… – afastou o prato – Chega de brincar que tudo vai ficar bem… – seus olhos voltaram a brilhar – Eu, apenas quero subir e dormir.
Arthur – Quando conseguir comer, e pronunciar alguma palavra sem chorar, voltamos a falar sobre isso.
Lua – Se meus filhos e Nelita não estivessem dormindo, eu juro que quebraria o maior pau com você nessa cozinha. – Tentou se levantar mais suas pernas lhe faltaram. Lua voltou a se sentar e uma coisa de imediato veio em sua cabeça, seu leite, seu leite materno do qual Linda precisava constantemente para crescer com uma boa alimentação, se ela não comesse, seria como se seu leito fosse desprovido de nutrientes essenciais para que sua criança crescesse saudavelmente, pegou a colher engolindo o nó em seu estomago, colocou a primeira na boca sem tentar prestar atenção no gosto, colocou a segunda e na terceira tudo pareceu bem mais fácil. Com o prato raspado e o estomago calmo e as mãos não tão mais trêmulas ela decidiu se levantar, tirou a franja que caia em seus olhos pálidos pronta para subir a escadas, então parou. Não soube porque mais suas pernas não a obedeciam mais. Tentou respirar, uma ou duas vezes, fechou os olhos rogando por calma. Então suas pernas reagiram, subiu as escadas lentamente esperando que a sopa fizesse alguma diferença em seu organismo, e vinte minutos depois, parecia se sentir fisicamente melhor. Escovou os dentes voltando a se deitar, tirou o travesseiro virando de bruços, se encolheu em posição fetal esperando que as lágrimas viessem, mais elas não vieram, e a sensação de sufocação foi ainda maior.
Arthur entrou no quarto logo em seguida, direto para o armário tirou uma calça de abrigo, caminhou para o banheiro tomando um banho rápido e gelado. Deitou se na cama mirando o teto.
Arthur – Lua escute… – ela fechou os olhos ao ouvir a som de sua voz. – As ultima 48 tem sido alucinantes…
Lua – Sim, o mundo inteiro soube que era uma prostituta e meu marido logo depois me tratou como tal… – Arthur apertou os olhos levando um tapa na casa com tais palavras, iria contestar? Na verdade não era isso que ele realmente havia feito? Havia perdido o controle, a sanidade, completamente a noção, engoliu a saliva. – Quer saber Arthur, eu estou esmagada demais para falar sobre isso com você hoje, eu juro que se não fosse pelos nossos filhos eu não estaria aqui agora, nessa cama com você. Então pelo amor de Deus… – sua voz de abafou – Pelo amor de Deus Arthur, pare de falar ou agir como se você tivesse o controle de tudo.
Arthur – Ok, eu não tenho o controle de tudo, não de mim, não do que está acontecendo, muito menos de você. – sentou se na cama afastando os cabelos do rosto. – Droga Lua nos devíamos estar nos abraçando, como dissemos que iríamos fazer quando as coisas apertassem.
Lua – Sim. – elevou o tom de voz – Nos deveríamos estar nos abraçando de vez fazer um sexo rápido no tapete da sala cheirando a vodka… – finalmente soluçou – Que droga Arthur, que droga. – subiu as mãos até os olhos – Que você estivesse me estapeado a cara para que eu não abrisse a porta, qualquer coisa Arthur, eu teria aceitado qualquer coisa. – o mirou - Mais não se culpe afinal, você não fez nada sozinho. E quer saber, talvez eu seja mesmo o que… – o movimento dele foi tão rápido que Lua arregalou os olhos de medo, quando viu ele já havia levantando a tinha puxado pelos pulsos a sentado na cama de forma brusca, a sacudiu uma vez.
Arthur – Lave essa boca para falar da minha mulher, você está desnorteada Lua. – a sacudiu outra vez – Nunca mais fale isso está me escutando? Você é a mãe dos meus filhos, e se seu respeito acabou por uma puta bosta que eu fiz, respeite pelo menos a eles. Ouviu? – elevou seu tom de voz irado. – Você me escutou Lua? – Ela puxou as mãos em um tranco conseguiu se soltar. Arthur engoliu a saliva caminhando pelo quarto, parou em frente a janela, a abrindo sentiu o cheiro de campo misturado com o leve perfume das rosas do quintal, fechou os olhos por alguns instantes, estava tudo escapando pelos seus dedos. – Quando tudo isso se acalmar voltamos a conversar, você se afastando ao meu toque e me estapeando com o seu olhar não vai resolver.
Lua – E você me fazer sentir uma prostituta também não vai. – se levantou, pegou seu roupão na cadeira encostada na parede ao lado de sua cama, saiu fechando a porta com cuidado, por mais que sua vontade era de bater em um estrondo que fizesse com esse maldito mundo desmoronasse. Caminhou até o quarto de Linda, a menina dormia tranquilamente, foi até o quarto de Gabriel se sentando na cama, permaneceu ali mais de cinco minutos, o observando em um sono profundo e tranquilo. E agora Lua, o que é que você vai fazer? Essa pergunta martelava a sua cabeça desde de que havia saído do quarto de Linda. E agora Lua o que é que você vai fazer? Se continuasse dessa maneira iria assustar as crianças, prejudicaria sua menina e quanto ao seu menino Gabriel, colocaria um problema a mais em suas lembranças, já haviam tido tantos. O casamento de seus pais, a dolorosa convivência nos primeiro cinco anos, a partida dela, a doença dele, o nascimento sofrido de Linda, a descoberta do mundo rapidamente abafada pelo dinheiro e mentiras. Talvez seus filhos merecessem mais do que ela fechasse os olhos e chorasse cada vez que se lembrasse das últimas 48 horas, talvez seus filhos merecem mais do que ela passar o dia inteiro na cama e no escuro como era a sua vontade, talvez seus filhos merecessem mais do pouco que havia restado para ela dar.
Alisou os cabelos de Gabriel vendo a semelhança que havia entre ele e  Arthur, chegava até ser um abuso da natureza, apertou os olhos sentindo seus sentimentos se acalmarem. Gabriel abriu os olhos de repente e lhe sorriu surpreso com os olhos ainda apertadinhos pelo sono. Lua retribuiu engolindo um soluço, ele então afastou a coberta dando espaço para que ela se deitasse, e Lua não pensou duas vezes, deitou se frente a ele um pouco mais abaixo, Gabriel a abraçou lhe alisando os cabelos, da mesma forma que ela havia feito há pouco tempo.
Gabriel – Agora é hora de dormir, mamãe. – lhe sussurrou, com a voz mole do sono mantendo as mãozinhas sobre os cabelos de Lua, ela engoliu a saliva soltando um sorriso em quanto apertava os olhos segurando as lágrimas, o abraçou como podo antes de fechar os olhos, e envolta de uma magia completamente desconhecida se perdeu no mundo dos sonhos.
Arthur após ter certeza que ambos dormiam entrou no quarto de Gabriel, o abajur que iluminava pouca parte do quarto foi apagado, subiu um pouco mais a coberta, cobrindo as costas de Lua onde a camisola de cetim não cobria, suas mãos lhe tocaram os cabelos, e logo depois os de Gabriel, saiu do quarto pronto para se deitar, ouviu um ruído e caminhou até o quarto de Linda, que mirava o móbile do berço mexendo os bracinhos e as perninhas. Ao vê lo debruçado no berço, estendeu as mãozinhas e Arthur a pegou no colo, a colocando de encontro a seu peito sentando se na poltrona branca, levou a manta as costas de Linda, a acariciando nos cabelos sentindo aquele delicioso cheirinho de bebê.
Arthur – Boa Noite preciosa… – tombou um pouquinho mais a cadeira fechando os olhos, Linda também fechou os seus, em um suspiro tranquilo se aconchegou naqueles braços quentes e grandes, murmurou algo que Arthur concordou com um sorriso no rosto, sentiu seus olhos arderem pelas lágrimas, respirou fundo antes de começar a sussurrar uma bonita canção de ninar, a única que se lembrava de Kátia lhe cantar. Então seu corpo relaxou, sua mente vagou e com sua criança adormeceu…
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Lua abriu os olhos sentindo a iluminação do quarto, se esticou sentindo seus pés para fora da cama, franziu a testa, não estava em sua casa na capital? Sentou se na cama em um pulo e as lembranças lhe afloraram a mente e o coração, estava em sua casa de campo, fugindo da mídia e do horror das pessoas que haviam assistido televisão, nas últimas horas. Estava sozinha? Tirou os cabelos do rosto botando as mãos na boca do estomago, sentia fome, muita fome, arregalou os olhos se lembrando da mamadeira de Linda, que horas eram? De simples havia pegado no sono, se levantou e no quarto de Gabriel mesmo escovou os dentes com a escova reserva que ela sempre deixava na segunda gaveta, se levantou se olhando no espelho e seu susto foi tão grande que ela deu um passo para trás…




Lua, ficou muito magoada com a atitude do Arthur. Também não é pra menos, né?!



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