Sentimentos traiçoeiros - A despedida (Final)

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Arthur

     Passei a noite em claro. Mas tomei uma decisão.

- Bom dia, mãe.
- Bom dia, meu bem. 
- Quero te dizer algo... - Olhei para os meus dedos, em cima da mesa da cozinha, a tentar ganhar coragem.
- O que se passa?
- Tu sabes que isto tudo está complicado. E eu quero tempo, espaço... acho melhor não voltar cá até ao natal. Vou focar nos estudos, ter boas notas se quero ser cirurgião. 
- Filho... - A minha mãe ficou arrasada.

     A realidade precisava de ser encarada.

- E a Britney?
- Vou acabar com ela. 
- E a Lua? 
- A Lua... - Esbocei um sorriso forçado - Pode ser que ela me perdoe, um dia. 
- Eu acho que ela te vai perdoar. 
- Como tens tanta certeza?
- Algo me diz que sim. - A minha mãe sorriu.

     Fomos almoçar fora, eu e a minha mãe. Demos uma volta pelo shopping. Ela comprou-me uns presentes e voltamos para casa, onde terminei de arrumar as coisas para levar.

- Alguém te vai buscar à estação de comboios?
- A Britney queria ir. Disse-lhe que não. Então, combinamos jantar no Mac.
- E vais mesmo terminar com ela?
- Sim, mãe. - Suspirei.

     Uma hora depois, peguei nas minhas coisas e fui pôr ao carro. A minha mãe ia levar-me à estação de comboios para aproveitar mais uns segundos comigo.

- Podes ir andando para o carro. -Disse a minha mãe. - Vou só acabar de me arrranjar. 
- Está bem. Não demore. - Pedi.

     Peguei no meu telemóvel e fui pro carro. Era a minha mãe que ia dirigir. 
     Esperei. Esperei e ela nunca mais chegava. Decidi ir chamar-lhe. Saí do carro.

- Arthur! - Alguém grita ao fundo. Olho para trás. 
- Lua? - Estranho. Ela vem a correr, super cansada, e salta-me para o colo. 
- Eu não sabia o que te dizer. Quero dizer, não sei mais o que te dizer. Mas sinto que vale a pena esperar. Há um anjo da guarda que me aconselhou a esperar e é isso que vou fazer. Sei que estás confuso com tudo isto. Eu também estava triste com tudo isto mas, porra Arthur, é mesmo de ti que eu gosto! - Ela agarrou o meu rosto e espetou-me um beijo ao qual eu reagi. Beijei-lhe. - Vou estar à tua espera, seja a tua resposta qual for. Quero manter a nossa amizade, a cima de tudo. Com alguns benefícios, se não te importares. Mas só nós. Sem mais ninguém a atrapalhar. 
- Lua, eu... eu também quero manter a nossa amizade. Mas só o futuro o dirá. 
- Eu espero o tempo que for preciso. - Ela garantiu-me. - Boa sorte. - Ela deu-me um beijo na bochecha e, com lágrimas nos olhos, acabou por ir embora.

     Entrei no carro e, segundos depois, a minha mãe chegou.

- O anjo da guarda és tu. Certo?
- Eu sou mãe. E as mães querem os bens para os seus filhos. 
- Obrigado. - Ri-me. 
- Espero, do fundo do coração, que no final de tudo isto vocês fiquem juntos.

     A minha mãe arrancou com o carro a caminho do metro. 
     O meu coração ficou apertado. Ainda agora me despedi da Lua e já tenho saudades. Isto não é normal.

     Despedir-me da minha mãe foi difícil, ainda para mais porque só a vejo para o Natal e falta tanto tempo.
     Entrei no metro com lágrimas nos olhos. As pessoas olhavam-me com pena da cena que tinham acabado de ver: uma mãe e um filho abraçados, ambos a chorarem e a desejarem tudo de bom um ao outro.

     Passado um tempo, cheguei à estação final e apanhei um táxi para a residência. Cumprimentei uns amigos e, à entrada, Britney já me esperava.

- Baby. - Ela gritou. Segurou o meu rosto com as duas mãos e quis beijar-me. Não deixei. 
- Precisamos de falar. 
- Vais acabar comigo? Quem é que te contou? Juro que não é nada disso que estás a pensar. 
- O quê? - Não entendi nada. 
- O quê? - Ela perguntou.
- De que é que estás a falar?
- Nada! - Adiantou-se - Diz-me tu do que é que precisamos de falar.
- Eu quero acabar tudo.
- O quê? - Ela gritou - Porquê? - Começou a fazer uma escandaleira e a levantar os braços.
- Porque cansei... preciso de um tempo.
- Mas quanto tempo?
- Um tempo indeterminado. - Respondei-lhe. - Fica bem. E desculpa qualquer coisa.

     Se antes amava a Britney, hoje já não a amo. Brincou de mais com os meus sentimentos. Fez-me fazer coisas que antes eu, Arthur Aguiar, não o fazia nem em sonhos. Pior, fez-me confundir os meus sentimentos, logo eu que sou péssimo nessa coisa de sentimentos.

     Assumo. Os sentimentos são traiçoeiros. Brincaram comigo como nunca antes. A amizade passou para amor e o amor passou para...(?) ainda não o consigo descrever. Só o tempo o dirá.


Notas finais

ÚLTIMO CAPÍTULO!
COMENTÁRIOSSS! NÃO ME MATEM. A SEGUNDA TEMPORADA SERÁ FOD*!

Quanto à segunda temporada, vou postá-la daqui a uns dias, ok? Estou tratando da sinopse e da capa.

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