Sentimentos traiçoeiros - É hoje! (Ou não)

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Lua

     As minhas unhas ainda estavam a secar. Os meus irmãos estavam a ver desenhos animados na sala, enquanto estou eu na cozinha.
     Escolhi laranja para as unhas. Não é propriamente a minha cor preferida, mas é uma cor de verão, logo, serve!
     Os cremes que eu espalhei pelo rosto deixam a pele visivelmente mais limpa e sem pontos negros. Graças a deus, não quero que ele se assuste!
     Olhei para o relógio. Faltavam 15 minutos. Eu estava já vestida. Ah, é verdade, a minha roupa. O Arthur disse que podia ser uma qualquer, então aproveitei o facto de ter feito a depilação na semana anterior para poder usar o meu macacão de ganga. Adorava usá-lo. Usei-o junto com os meus sapatos abertos castanhos e cabelo amarrado. Brincos eram essenciais, assim como os aneis. Um gloss para o retoque final.
     A campainha tocou. Ok, chegou a hora.

- Arthur, Dianna... Matheus!
- Olá, quanta animação. - Arthur deu-me uma palmada no rabo.
- É hoje! - Dianna festejou.

    Entramos em casa e fomos em direção à sala, onde os meus irmãos estavam. Reparei que Matheus olhou-me de cima a baixo.

- Então, nós vamos despachar isto no quarto enquanto vocês cuidam dos meus irmãos.
- Bom, bom... antes de mais, quero dizer algo.
- O quê? - Perguntei.
- Quando nos beijarmos, tu vais ganhar algo, certo? - Acenti. - Mas também quero ganhar algo.
- O que queres dizer?
- Que terás de me fazer um favor.- Disse Matheus como se fosse fácil.
- E que favor é? - Perguntei. Mas tanto Arthur e Dianna estavam curiosos assim como eu.
- Comprar-me um skate novo.
- O QUÊ?
- Sim, sim. Olha que o que eu te vou fazer não é algo que faz. Eu vou beijar uma rapariga de 16 anos que nunca beijou na vida. Fica a saber que o meu primeiro beijo de chapa foi com 9 anos e com língua foi aos 11. Até agora tive 5 namoradas e tu nem uma curte arranjas-te. - Ele deitou tudo cá para fora de uma só vez e eu só senti vergonha.
- Tudo bem, ok, ok, ok. Eu pago a porra do skate mas tu terás de manter o bico calado. - Suspirei. - Lá se vão as minhas poupanças.
- Relaxa, eu posso te emprestar. - Disse Arthur.
- Não, obrigada Thur. Eu consigo. Vamos lá. Desejem-me sorte. - O meu coração ia a mil.

     Arthur e Dianna ficaram na sala. Eu e o Matheus fomos para o quarto. Sentia-me observada por trás. O meu quarto era no mesmo andar que a sala e os restantes cômodos.
Entramos no quarto e eu fechei a porta bem de repente.

- Ok, vamos lá despachar isto. - Eu estava super nervosa e a transpirar imenso.

     Reparei que o Matheus é quase da minha altura, o que significa que não poderei inclinar muito a cabeça.
     Matheus veio todo apressado na minha direção, ficando a centímetros se não a milímetros afastado de mim. Conseguia agora sentir o seu perfume e a sua respiração calma também.
     De um segundo para o outro, ele agarrou o meu rabo com as duas mãos e apertou-o. Não estava à espera daquilo. E antes que pudesse respirar a modo, ele colocou os seus lábios aos meus. Movimentou-os de um lado para o outro e eu fiz o que Arthur disse: fiz igual. Foi um beijo rápido, descompassado e desajeitado. Parei para respirar. Beijar era assim tão mau? Abri os olhos e vi Matheus a aproximar-se de mim novamente com os olhos fechados e com a língua de fora. Ok, ele vai beijar-me de língua? Não rejeitei o beijo. As nossas bocas estavam novamente coladas e a língua dele pedia passagem. O que é suposto eu fazer?
     Para piorar, ele apertou um dos meus seios, enquanto ainda tinha uma mão no meu rabo, e foi aí que me assustei, mexendo-me brutalmente e fazendo com que batessemos os dentes.

- Chega! - A minha respiração estava ofegante. O meu peito subia e descia num compasso apressado.
- Done! - Disse ele. Foi buscar o seu boné e virou-se para mim esticando a mão.
- Sem comentários. - Era como eu realmente estava. Peguei na porcaria do dinheiro e dei-lhe. Ele saiu do carro apressado.

Olhei-me ao espelho. Senti nojo de mim, dos meus pensamentos e das minhas ações. Que raio fui eu fazer?
Fui para o jardim traseiro da casa. Ouvi barulho lá então calculei que era lá que estavam.

- ENTÃO, COMO FOI?
- Horrível. Apetece-me chorar.
- O quê? - Arthur correu até mim e pegou nas minhas mãos. Eu só sentia vontade de chorar.
- Parecia que ia ser violada. Fui apalpada por todo o lado. A língua dele tinha sabor a alho e quase parti os meus dentes da frente ao bater nos dentes dele. Horrível, horrível. - Desatei a chorar.



Notas finais

Hi,
mais um capítulo aqui.
Se tiver palavras que não saibam, perguntem!!!

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