Milagres do Amor - Cap. 14º e 15 º

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Milagres do Amor
Toda rosa tem seus espinhos.

Pov Narrador

Lua respira fundo, colocando o máximo de oxigênio pra dentro, e começa.

– Eu era uma criança feliz até os meus onze anos, meus pais Melissa e Breno, nunca foram o tipo de pais que expressam sentimentos, muito menos dão carinho e amor. Porém meu avô, Billy se encarregou disso pra eles. Ele me ensinou tudo que sei hoje. Ele me chamava de anjo, me colocava na cama, contava histórias, me ensinou a tocar, mas principalmente a amar e tentar ser feliz…

Arthur escutava tudo com a máxima atenção. Sempre prestando atenção em suas expressões faciais.

– Vovô era dono de uma empresa de cosméticos, era rico e bem sucedido. Semanas depois de eu ter completado meus onze anos, ele morreu, um infarto fulminante. Antes de sua morte, ele me deu essa pulseira. Ela estende a mão e mostra a pulseira a Arthur. – E me fez prometer que eu seria feliz, parece que ele já estava sentindo sua morte ou coisa do tipo, eu prometi-  Lua começa a chorar. – Depois de sua morte tudo mudou. Meu pai assumiu a empresa e cinco anos depois ela faliu. Eu já tinha terminado meus estudos, sabia dirigir. Enfim meus pais não se importavam com o que eu fazia, só quando havia festas eu era obrigada a ir, mostrar a família feliz que não éramos.

Lua se acalma e Arthur a incentiva a continuar. Sem nunca largar suas mãos, fazendo carinho circulares nelas.

– Assim que a empresa deu seu último suspiro de vida, o que era ruim ficou pior, ai que realmente tudo começou. Ele me culpava, começou a me bater sem motivo algum. Ele começava a se desesperar pelo dinheiro que estava acabando e descontava em mim.

Lua falava tudo olhando para suas mãos na de Arthur, com medo e vergonha de levantar seu olhar e encarar os de Arthur. Ele por sua vez ficava mais irado.

Apesar de desconfiar de alguma coisa desse tipo, não imaginara que o próprio pai fora o responsável.

– Ele só me olhava, no começo, mas uma dessas noites ele me agarrou, eu tentei afastá-lo, mas ele era mil vezes mais forte que eu, então eu comecei a gritar. Minha mãe entrou no quarto rapidamente, vendo que ele estava em cima de mim. Ele começou a falar que eu quem estava o segurando, eu o tinha agarrado e estava apenas me fazendo de vítima. Eu vi em seus olhos que ela não acreditou, eu achei que ela ficaria do meu lado, esse era seu dever de mãe, mas me enganei. A única coisa que ela fez foi me espancar, deixando diversas marcas, por onde passava.

Lua se desespera e começa a chorar descontroladamente, Arthur a pega e coloca em seu colo, ninando-a como um bebê na tentativa de acalmá-la.

– Fica calma, já passou me perdoa, não precisa continuar.

– Não… Eu… Eu preciso sim.

Ela se acalma e continua.

– Por dois anos ele parou. Quando completei dezoito anos ele voltou ao meu quarto, mas não mais alcoolizado e sim de cara limpa, disse que se eu gritasse me mataria. Então eu corri para o banheiro, tentei trancar a porta, mas ele conseguiu entrar, eu não hesitei nem por um momento, gritei. Ele veio para cima de mim, tirou o canivete de seu bolso e cortou meu pulso, da mão direita. Começou a me xingar e dizer que me deixaria sangrar até a morte, então saiu. Eu fiquei ali, não sei se por horas, minutos ou dias, deitada na minha poça de sangue até a inconsciência me atingir. Acordei dias depois na cama de um hospital, sem nenhuma vontade de sair do estado que me encontrava. Meses se passaram e eu fui para casa. Eu só vivia trancada no meu quarto, recebendo pouca comida. Eu gostava, pelo menos depois do acontecido eu raramente os via. Assim se passou dois anos, até que eu resolvi sair do quarto e desci. Foi nesse dia que eu peguei meu pai conversando com o cara do estacionamento, eu apenas ouvi o final da conversa, eu somente sabia que ele me levaria dali. Fiquei escondida na sala, enquanto meu pai foi me procurar no quarto, foi ai que eu fugi, o que eu deveria ter feito há muito tempo, apenas não fiz por falta de coragem e medo do mundo. Consegui fugir dos cães dos meus pais, caminhei por horas até encontrar aqueles homens na estrada, eu estava decidida a acabar com minha vida, mas ai você me fez mudar de ideia.

Terminou dando um sorriso triste em meio às lágrimas que escorriam pelo seu rosto. Arthur a abraça e Lua o agarra pelo pescoço.

– Você deve denunciá-lo.
– Não Thur, eu quero esquecer isso, deixa ele pra lá.
– Mas Lua, ele não pode ficar impune. Não depois de tudo que tentou e fez a você.
– Não, por favor, me promete? Você não vai fazer nada. O que passou, passou. Me promete. – diz o encarando.
– Lua…
– Prometa! – diz desesperada.
– Ok, eu prometo. Agora para de chorar. – diz secando suas lágrimas.

Lua volta para seus braços enfiando sua cabeça em seu pescoço, sentindo o perfume que tanto adora.

Eles passam longos minutos abraçados, sentindo o cheiro e o calor que emanava do outro.

Quando o telefone toca ele hesita em deixá-la sozinha, mas desce, quando vai para atender, vê quem é e não o faz. Mas a pessoa deixa uma mensagem.

– Filho, aqui é o seu pai, se você bem se lembra. – diz sarcástico – Arthur eu sei que você está ai, atende, por favor? Faz tanto tempo que você não vem nos visitar, que não nos falamos, não nos vemos… Só pela televisão ou jornais não vale.

– Não vai atender? – pergunta Lua que só agora foi notada por Arthur.

Ele apenas balança a cabeça negativamente.

– Eu agradeço o dinheiro que você nos manda, sabe que não precisamos mais agradeço mesmo assim, talvez você faça isso para se sentir menos culpado pelo afastamento não é mesmo? Você está cansado de saber que não queremos seu dinheiro, queremos você aqui conosco, convivendo como antes. Sua mãe e seus irmãos estão sofrendo muito, na verdade todos estamos. Pelo menos ligue para nós ok? Nós te amamos, não importa o que você faça.

Arthur termina de ouvir a mensagem e se sente culpado por estar causando tanto sofrimento, sem motivo algum para sua família.

– Thur, por que você não atendeu?
– Eu não sei!

Ele se senta e encosta no sofá colocando a cabeça pra trás. Lua senta ao seu lado e coloca as mãos em seus cabelos revoltos, fazendo cafuné.

Arthur a princípio fica surpreso, mas depois relaxa e fecha os olhos apreciando.

– Sabe, eu daria tudo para ter uma família que me ame. Não ser sozinha.
–Você não está mais sozinha. – Arthur diz a encarando, Lua abre um sorriso tímido e cora encabulada
– Mas família é tudo. Você fica sozinho por opção, já eu não tive escolhas. Tenho certeza que eles te amam ao contrário não ligariam, eles sentem sua falta.
– Eu sei. – diz e volta a fechar os olhos.
– Então, você se afastou por nenhum motivo não foi?
– Sim, eu vivo no mundo do crime Lua, eu acho que ficando longe, eles vão sofrer menos. Pois eu sei que quando eu tirar os pés de casa para ir trabalhar, a preocupação vai nublar seus pensamentos.
– E você acha que ficando longe eles se preocupam menos?
– Talvez.
– Você sabe que está enganado. Liga pra eles, deixa eles participarem da sua vida. Ninguém é feliz sozinho.

Arthur pensa e acaba aceitando, afinal ele já aceitou Lua, porque não sua família?

– Tudo Bem.

Lua tira a mão de seus cabelos, e ele resmunga.

– Ei, por que parou? – Lua ri e volta a acariciar seus cabelos.

Até que ele dorme, ela deita em seu peito, se aconchegando ali, adormecendo, os dois no sofá, imediatamente.

Ruth observa a cena.

– Agora ele entra no eixo, ela o coloca no eixo. – pensa sorridente. E vai embora.

Arthur acorda de madrugada e leva Lua para seu quarto, a coloca em sua cama, se deitando junto, em seguida.

Continua...

Milagres do Amor
Cuidados

Pov Narrador

Arthur acorda com o movimento de Lua que está inquieta na cama, acha estranho, afinal as vezes que dormiu com ela, parecia um anjo de tão quieta que ficava.

Ele a abraça mais e sente que ela está quente demais. Coloca as costas de sua mão na testa dela, realmente ela estava fervendo. Ele se lembra da chuva que ela tomou a febre é apenas a consequência.

Ele se esquiva de seu abraço e desce, procura por Ruth em seu quarto, mas o encontra vazio e lembra que sua folga é amanhã.

– Merda, eu não sei cuidar de uma doente. Nem de mim mesmo eu cuido direito. – resmunga.

Vai em direção à cozinha onde sabe que no armário fica uma caixa de remédios. Procura um termômetro, mas não acha.

– Mais essa agora. Não tem essa merda aqui.

Ele vai para a sala e procura na lista telefônica o número de uma farmácia. Pede um termômetro e um antitérmico. Que logo chega.

Com as coisas em mãos ele sobe e encontra Lua encolhida no lençol. Pega uma coberta e coloca encima dela. Abre o termômetro eletrônico e coloca em seu pulso. Espera alguns minutos e ele apita, marcando trinta e sete e meio. Fica na dúvida em dar ou não o remédio.

E depois de tantos anos decide ligar para o melhor medico que já conheceu na vida, seu pai.

Arthur pega seu celular, e disca o número, depois de três toques, quando já estava desistindo e iria chamar um médico para ir até sua casa, ele atende.

– Alô – uma voz grave e grossa, como a sua, porém grogue pelo sono atende.

Essa voz, tão conhecida, que tantas vezes lhe deu conselhos, esporros e tanto carinho. Voz da qual ele percebe que sentiu falta.

– Ham… Pai sou eu, Arthur – hesita mais acaba falando.

– Oh, filho – grita no telefone, acordando Rita – Aconteceu alguma coisa? – pergunta alarmado.

– Não pai. Foi mal por estar ligando essa hora, mas eu preciso que você me explique algumas coisas.

– Sim, claro… Calma amor fala com Arthur e Rita ao mesmo tempo, que está louca para falar com o filho. – Arthur sua mãe está quase arrancando o telefone da minha mão, ela quer falar com você – Arthur ri.

– Thur… – ele escuta uma voz suave e calma vindo de Lua e se vira a encarando, antes pede que seu pai aguarde na linha.

– Oi docinho – ele vai à cama se senta e tirando alguns fios de cabelos do rosto de Lua. – Está se sentindo bem?

Ela nega.

– Daqui a pouco vai passar. Espera um pouco. – diz acariciando seus cabelos.

– Pai – volta a falar no telefone.

Lua abre os olhos surpresa e sorri lindamente pra Arthur, que retribui.

– Eu ouvi uma voz feminina? Filho está namorando é? Precisa trazer até nos para conhecermos. Já estava na hora.
– Não pai… Hum… Não sei o que dizer. Um dia eu levo. – diz confuso.
– Que bom filhão. Sua mãe…
– Pai diz pra ela que depois eu falo com ela. Agora me responde uma coisa?
– Claro, fala.
– Quando uma pessoa esta com trinta graus e meio, eu devo dar algum remédio ou fazer alguma outra coisa?
– Ainda é estado febril, um banho é o ideal, se a febre aumentar ai sim você deve dar o antitérmico.
– Ok.
– Você está bem?
– Sim. Pai, eu tenho que desligar, mas eu ligo daqui alguns minutos.
– Tudo bem, estaremos esperando, Tchau.

– Você ligou. – diz Lua sonolenta e mole.
– Sim. Agora levanta dessa cama e vai tomar um banho morno.
– Ah não, eu estou bem. – ela se enrola mais no cobertor.
– Docinho, você não está, toma um banho e depois você volta pra cama – diz acariciando seus fios loiros.
– Ah não Thur, aqui está quentinho e eu estou com frio. – ele ria de seu jeito manhoso, mas vai até ela e tira o cobertor de seu corpo.
– É só um banho. Você esta em estado febril, mas pode aumentar. Eu não Posso te dar banho…

– Apesar de querer muito. – pensa com seu lado pervertido.

– Toma um banho rápido. Entra deixa a água cair e sai. Vamos lá.

Lua resmunga, mas acaba indo para o banheiro, não sem antes colocar um bico enorme em sua face. Entra toma um banho super rápido e logo sai.

– Viu, nem doeu!
– É porque não foi você, estava fria. – diz fazendo cara feia.

Arthur apenas ri, ajuda a loira a se cobrir. Coloca o termômetro em eu pulso, onde vê a cicatriz, faz um carinho ali, com a ponta do dedão. O termômetro apita indicando que a febre só aumentara.

– Que merda, não abaixa. – pensa.

– É docinho, a chuva deu seu resultado. Toma esse comprimido.

 Ele lhe entrega o comprimido e um copo de água, que toma sem reclamar, já sentindo a dor de cabeça lhe aporrinhar. Ela deita e Arthur deita com ela até ela dormir.

Ele resolve ligar para seus pais. Eles conversam um longo tempo, tentando matar a saudade, até que Arthur tem uma ideia.

– Mãe a Mel está ai?
– Sim meu filho. Só o Chay que ainda não chegou.
– O meu irmão aprendeu comigo. – ri lembrando-se das traquinagens que ensinou e fez com o irmão mais novo, em um ano. – Me deixa falar com ela?
– Essa hora? Ela vai ficar uma fera.
– Passa pra ela que eu amanso.
– Ok.

A mãe de Arthur vai para o quarto de Mel e a acorda, passando o telefone pra ela em seguida.

– Alô – diz sonolenta.
– Mula, como é que você está?
– Maninho que saudade e mula é sua…
– Olha a boca suja, vou lavar com sabão em – ri
– Faz me rir.
– Agora é sério mula… Oh perdão, Melanie – ele gargalha – Já abriu sua loja de roupas?
– Não, papai não quer liberar a grana, estou juntando da mesada que eu ganho. Por quê?
– Tenho uma proposta pra te fazer.

Mel dá um pulo da cama e manda o sono para outro lugar. Ela conhece bem seu irmão, e sabe que quando ele quer abrir o bolso, ele abre de verdade.

– Eba, fala – solta um grito assustando sua mãe.
– Olha eu vou ai te buscar, não grita e não fala pra ninguém, ok? – Mel fecha a boca prendendo o grito prestes a sair. – Você virá aqui pra casa e ficar algum tempo. Quando eu chegar ai, eu lhe conto o resto.
– Ah não, me conta agora, sabe que eu sou curiosa.
– Não, vai ter que esperar…
– Seu malvado – faz um bico gigantesco.
– Eu vou pra ai depois de amanhã, mas você não sabe da melhor.
– O quê? fala logo! – Mel estava a ponto de ter um AVC por tamanha curiosidade.
– Tudo bem mula, eu vou adiantar um pouco as coisas pra você. Eu vou entrar com o dinheiro e você com as ideias e tudo mais.
– OMG! – Ela não resiste e grita pulando que nem uma pulga em cima da cama. – Arthur, eu te amo você é o melhor irmão do mundo.
– Ah, deixa o Chay ouvir isto! – Mel ri. – Então fica assim, depois você fica sabendo do resto. Tchau mula.
– Tchau e não, você não vai consegui me irritar.

Mel passa o telefone para sua mãe.

– O que você falou pra ela que a deixou tão feliz?
– Nada mãe, nada. Eu vou dormir agora, antes deixa falar com o pai?
– Sim claro, beijos filho e volte a ligar, ok? Não se esqueça de sua família. Eu te amo.
– Sim, mãe – mesmo estando morto de saudade de sua mãe, ele não consegue devolver as palavras de carinho que recebeu.
– Fala filho.
– E se a febre voltar?
– Se voltar, você dá o antitérmico novamente, mas com duas horas de espaço entre cada comprimido, ok?
– Certo. Pai, boa noite.
– Vai lá filho. Estou muito feliz por ter ligado. Tchau.
– Tchau.

Arthur desliga, e percebe que esta alegre, nem ele sabia que estava com tanta saudades de sua família

– Lua tinha razão. Família realmente faz falta. - pensa.

Ele se deita, não sem antes verificar a temperatura de Lua, que agora se normalizou. Deita-se a puxando para seus braços, que se aconchega em seu peito.

Continua...

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Dois Capítulos para a alegria de todos \o/.
Os capítulos vão ser atualizados de acordo com os comentários. Próximo post. com mais de 10 comentários.

Eu sei que vocês devem estar se corroendo de curiosidade sobre o primeiro beijo... Bom, está quase chegando. Qua..s..e haha Pelo menos eu, bom, eu pulava os capítulos só pra saber como ia ser o primeiro beijo haha.. Shiu.
Um Beijo!

11 comentários: