Conto LuAr | Ligação.

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Conto LuAr
Ligação

Escrita por:  Jamille  (Milly)

Pov Narrador

Já era madrugada. Quase 3h para ser mais exata. A garota dormia tranquilamente, mas como de costume, ela logo acordaria. Ele sempre ligava essa hora. E ela bufava de raiva, irritação, por ele lhe tirar de seu sono tranquilo todas as madrugadas. Há essa mesma hora. Todas as noites. Todos os dias. E isso já fazia dois anos.

E lá estava ele, mais uma vez prendendo um pequeno riso que lhe queria escapar. Com o celular na mão, ele discou o número da sua garota. E esperou que chamasse três vezes. Sempre chamava três vezes.

Lua se acordou com o toque de seu celular. A música, 23 da Shakira tocava, avisando que Arthur mais uma vez estava ligando. Ela enterrou a cabeça no travesseiro e tateou pela cama a procura do celular que não parava de tocar. Onde ela tinha deixado-o? Perguntou para si mesma e levou a mão até o criado-mudo que ficava ao lado da cama. O celular tinha que estar ali.

And then you touched me
It's like you were made for me, oh
Like it was all meant to be, oh
And I was sure that you would love me
And that we'd always have each other

E então você me tocou
Era como se você tivesse sido feito para mim, oh
Como se tudo estivesse destinado a ser, oh
E eu tinha certeza de que você me amaria
E que nós sempre teríamos um ao outro

Ela sorriu ao ouvir o trecho da música que tocava no exato momento em que ela pegara o celular. Atendeu já sabendo quem era e levou ao ouvido o aparelho.

Ligação ON
- Fala Arthur! – Exclamou baixo, ainda sonolenta. Ela estava quase dormindo – meio – acorda. Mas quase podia ver o sorriso que ele sustentava em seu lindo rosto.
- Uhm... É assim é? Acordei você loirinha? – Perguntou com ar de riso. Era a mesma pergunta que ele fazia toda madrugada.
- O que você acha? Droga, Arthur! Por que não para de ligar de madrugada? As pessoas dormem, sabia? – Perguntou. Por mais que estivesse irritada – ela sempre ficava irritada – Lua não conseguia alterar seu tom de voz. Por mais que seu humor gritasse ao contrário, sua voz era permanecia baixa. Resultado do sono que estava quase dominando-a.
- Eu sempre ligo esse horário. Ainda não acostumou? – Perguntou fingindo estar magoado. E era verdade. Ele sempre ligava, e perguntava se ela estava dormindo – por mais que sua voz gritasse que sim. Perguntava se ela estava em casa, se estava bem, se ela precisava de alguma coisa. Era sempre as mesmas perguntas. Lua sabia de có.
- Nunca vou me acostumar com as suas ligações da madrugada. Eu ainda não me acostumei a acordar às 6h30. – Ela bocejou, e depois de uma breve pausa, ela continuou. – E olha que já faz um tempo que eu me acordo às 6h30. – Finalizou.
- Loirinha, não fique zangada. Liguei para saber se você estava bem. – Ele disse com aquela voz soando preocupação e amor. O que sempre amolecia o coração de Lua.
- Eu sei, amor... Mas estou caindo, morrendo, quase dormindo aqui. Me entende vai? Eu tenho que ir trabalhar daqui a pouco. Já conversamos muito. Você não acha? – Perguntou quase implorando para que ele entendesse e deixasse ela voltar a dormir.
- Não. Nunca vou achar que já conversei o bastante com você.
- Arthur...
- Tudo bem, Lu. Eu já vi que está bem. Pode desligar se quiser.
- Pelo amor. Não vá ficar irritado. Eu realmente preciso dormir, e ah, você também. – Ela tentou explicar. – Não tem trabalho amanhã?
- Tenho sim.
- Então...
- Desliga.
- Não dê ideia.
- Tudo bem, loirinha. Pode desligar. Não vou ficar chateado.
- Bons sonhos, amor.
- Sonha comigo. – Ele brincou arrancando um riso dela.
- Todas as noites.
Ligação OF

Enfim ela voltaria a dormir. Arthur era um amor. Mas não ligando de madrugada e privando-a de seu sono sem interrupções. Lua fechou os olhos e curvou os lábios em um sorriso, antes de pegar completamente no sono. Sonhou com Arthur, e nem nos sonhos ele deixava de ser implicante.

Ele por sua vez, ficou mexendo no computador, sempre acabava trocando a noite pelo dia e vice versa. E ele ainda teria que acordar cedo amanhã. Ainda era um estudante de medicina, mas estava prestes a se tornar Dr. Arthur Aguiar. Pediatra. Ele amava crianças. Estava estagiando em um hospital.

Lua estava prestes a se tornar a jornalista que tanto sonhara em ser. Dedicava-se bastante aos estudos, e estava quase concluindo os mesmos. Fazia pouco mais de um ano que tinha conseguido um estágio em um famoso jornal no RJ.

Era 6h30, quando o despertador começou a apitar. Lua abriu os olhos e desligou o mesmo. Se espreguiçou e esfregou os olhos se adaptando a claridade. Ela tinha se esquecido de fechar as cortinas. Vez ou outra, acabava esquecendo mesmo. Bufou sabendo que seria obrigada a se levantar nesse segundo e ir tomar banho. Logo seu celular tocaria. Arthur ficou de busca-la em casa para tomarem café, antes de ambos irem para seus respectivos estágios. Tomou um banho rápido e se vestiu. Tinha acabado de passar o batom quando...

But then you came and I saw you smiling
Just like an angel, so beautifully strange

Mas então você veio e eu te vi sorrindo
Assim como um anjo, tão estranhamente lindo

Foi ouvida. Ela saiu correndo do banheiro e se jogou na cama, esticou o braço e alcançou o celular. Atendeu com seu sorriso mais lindo e sincero. Seu humor era ótimo depois que ela realmente acordava.

Ligação ON
- Bom dia, amorzinho. – Disse sorrindo. Como se ele pudesse vê-la.
- Bom dia, loirinha. Dormiu bem? – Riu ao fazer a pergunta.
- Maravilhosamente bem. Já está aí em baixo?
- Não. Em cinco minutos estou chegando. – Avisou.
- Tudo bem. Vou terminar de me arrumar. Beijos.
- Beijos.
Ligação OF

Lua correu até o banheiro e terminou de prender o cabelo. – O coque frouxo com alguns fios soltos, de todos os dias.

Sorriu para sua imagem no espelho. E passou os lábios um no outro para espalhar o batom. Pronto. Estava pronta. Saiu do banheiro e pegou a bolsa no cabide que ficava atrás da porta. Desceu os degraus e pegou a chave de casa.

Ficou esperando Arthur na portaria. Três minutos depois ele buzinou. Lua acenou para o sindico, o Sr. Antônio. Carinhosamente chamado de Tônio, por ela.

- Tchau, Tônio. – Ela quase gritou. O velhinho sorriu já acostumado com humor alegre da garota. Arthur deu duas buzinadas ao ver o senhor.
- Até a volta, pequena. – Ele a chamava assim. E logo acenou para Arthur que fez o mesmo.

Lua abriu a porta do carro e quase se jogou dentro do mesmo. Arthur riu. Ela fechou a porta e o encarou.

-Bom dia, amor. – Sorriu e segurou o rosto dele com as duas mãos. E lhe deu um selinho. Fez isso sabendo que se ele a beijasse, ela ficaria em segundos sem batom.
- Bom. Vejo que acordou mais que feliz. Saltitante, Lu. – Ele comentou dando partida no carro, rumo a alguma doceria.
- Estou me sentindo ótima.
- Um motivo especial?
- Acordar já é um! – Respondeu mexendo no celular.
- Vou te lembrar disso às 3h quando eu ligar. – Ele disse rindo e Lua o mirou, lhe dando o tão famoso soquinho de todos os dias. – Os dias passam e você não muda em nada. – Comentou.
- E isso é ruim? – Ela perguntou confusa, ergueu uma sobrancelha esperando pela resposta do namorado.
- Não acho. Eu gosto. – Ele respondeu e estacionou o carro em frente a doceria. - Vamos. – Disse saindo. Lua o acompanhou. Ambos sentaram na mesa de sempre. A mesa amarela com cadeiras cor de creme, ao lado do jardim.
- Bom dia, Beth. – Lua disse sorridente. E senhora logo se aproximou da mesa.
- Bom dia, meus amores. O de sempre?
- Bom dia. – Agora foi a vez de Arthur.
- Sim. O de sempre. Pelo menos para mim. – Lua riu e olhou para Arthur.
- O de sempre, Beth. – Ela assentiu e logo se retirou.
- Vai trabalhar até que horas?
- Até 13h. Ainda tenho prova. – Arthur comentou mexendo nos lencinhos coloridos que tinha sobre a mesa.
- Aposto que nem dormiu. – Lua lhe disse.
- Dormi pouco. – Ele admitiu.
- Vai me buscar?
- Acho que não. Do hospital já vou direto pra a faculdade. Ou se não, vou acabar me atrasando. – Explicou. Agora ele encarava a garota.
- Tudo bem. Pego um táxi. Não vai nem almoçar?
- Não vai dá tempo. Mas eu te espero na faculdade. A gente pode jantar junto depois das tuas aulas. Combinado? – Propôs.
- Combinado. – Ela sorriu e lhe soprou um beijo.

Beth logo apareceu com uma bandeja, sobre ela, os pedidos de sempre, dois sucos de laranjas, duas fatias de bolo de chocolate com recheio de morango, e os pães de queijo que Arthur tanto amava. E ah... uma fatia de torta de morango que Lua sempre pedia. Ambos sorriram e começaram a comer.
Era 7h45 quando deixaram o local. Arthur levaria Lua até o jornal e de lá seguiria para o hospital. 8h em ponto ele estacionou enfrente ao local.

- Prontinho, loirinha. – Lhe disse.
- Bom trabalho, amor. – Lua aproximou os lábios dos deles e o beijou lentamente.
- Pra você também. – Ele acariciou as bochechas dela.
- Até a noite. – Ela disse tirando o cinto de segurança. – Me liga. – Avisou.
- Sempre. – Ele riu.
- Bobo. Bom, vou indo. – Ela piscou e saiu do carro lhe jogando mais um beijo no ar.
- Se cuida. – Pediu ele.
- Se comporta. – Mandou ela. Ele riu arrancando com o carro, rumo ao hospital. Ele teria um longo dia pela frente. Estágio e provas. Mas a noite ele estaria no melhor lugar do mundo. A noite ele estaria ao lado dela. Ao lado de sua loirinha.

Era quase 19h. E Arthur avistou os alunos saindo da faculdade, entre eles, Lu. Ela se despediu dos amigos, e mais uma vez quase correu até o carro. A porta já estava aberta. Então ela só se jogou no banco do passageiro e logo em seguida, nos braços de Arthur.

- Boa noite. – Ela o beijou.
- Boa noite. – Ele disse com os lábios ainda encostado nos dela. – Pra onde você quer ir? – Lhe perguntou.
- Para casa, amorzinho. – Ela voltou para o seu banco e se endireitou. – A gente pede uma pizza. Ou outra comida. Hoje eu deixo você escolher. – Ela piscou sorridente ao encara-lo.
- Prefiro pizza. Meia mussarela e meia calabresa?
- Isso. – Ela bateu palmas e eles seguiram para o apartamento. Lua ligou do caminho. Assim quando chegassem em casa, tomavam banho. E não precisariam esperar eternos minutos para a pizza chegar. 30 ou 45 minutos era só história.

Ao chegarem em frente ao apartamento, Arthur estacionou.

- Chegamos. – Ele desligou o carro quando Lua tocou seu braço.
- Thur?
- Oi.
- Não quer ficar hoje aqui? – Perguntou receosa. Nos dias de semana quase não dormiam juntos.
- Por que?
- Por nada. Só ficar. – Deu de ombros.
- Não quer ter seu sono interrompido por minha ligação fiel de toda madrugada? – Perguntou brincalhão enquanto ligava o carro para entrar na garagem.
- Nááá... – Ela abanou o ar.
- Uhm... Posso interromper seu sono de outro jeito. – Ele sorriu maroto, com a voz extremamente sexy. Lua quase arfou.
- Adoraria ter meu sono interrompido assim. – Sorriu e apertou a coxa dele. Arrancando um gemido do mesmo.
- Eu sei. Você sempre adora. – Disse ele. Arthur estacionou o carro na vaga. E logo voltaram para esperar o elevador.
- Boa noite, Tônio. – Lua deu um beijo na bochecha do velho. E sorriu.
- Boa noite, pequena. – Ele lhe deu um breve abraço. – Arthur. – Ele disse apertando a mão do mesmo. – Como foi o dia?
- Trabalho e trabalho. Estou quase morta. – Lua exagerou fazendo todos rirem.
- Cansativo. – Arthur respondeu e logo o elevador chegou. – Até. – Arthur acenou sendo puxado por Lua.
- Até. – O velhinho riu acenando também. Lua soprou um beijo. E as  portas se fecharam.
- Será que dá tempo de um banho? – Ela perguntou mexendo nas chaves.
- Você está em casa.
- E você me entendeu. – Ela o encarou rindo sem vontade. Arthur apertou seu nariz. Fazendo a garota virar o rosto.
- Da tempo de fazer um filho, Lu. – Ele riu.

As portas se abriram e eles saíram. Lua abriu a porta do apartamento, e os dois entraram. Lua jogou a bolsa no sofá, e tirou a blusa. Ficando apenas de sutiã e calça jeans. Arthur a fitou. Mas sentou-se no sofá. Lua foi até a cozinha, deixando lá os sapatos que acabara de chutar para longe. Abriu a geladeira e pegou uma latinha de coca cola. E voltou para sala, se jogando no colo de Arthur.

- Você não ia tomar banho? – Ele perguntou tirando a latinha das mãos dela.
- Ia se você fosse. – Ela respondeu sem nenhum pingo de vergonha.
- Você não tinha me convidado. – Ele mordeu o queixo dela antes de subir e morder seus lábios, para logo depois, iniciar um beijo nada inocente. As mãos apressadas de Lua logo tiraram a camisa dele. Arthur chutou os sapatos para longe também.
- Agora eu convidei. – Ela sussurrou descendo os dedos até o botão da calça dele e abrindo-o. Arthur já tinha feito o mesmo com a calça dela. E o sutiã já tinha sido jogado em  um canto qualquer da sala. Lua se levantou do colo de Arthur e ambos se levantaram do sofá. Arthur logo puxou a garota pela cintura, e colocou seus corpos. A pizza que esperasse, e ah... o banho também. Eles tinham coisas melhores para fazer. E a noite estava apenas começando. E essa noite ela não seria acordada por uma ligação no meio da madrugada. Ele estava ali com ela, e dormir seria a última coisa que pensariam em fazer.

Fim.

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N/A: Espero que tenham gostado. Eu particularmente nomeei de cute. Achei um amor. É isso, um beijo e bye...

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