O Clube – Cap. 84
Agora, só existia um
vazio. Que não seria preenchido, na verdade, iria se fazer presente ali, para
sempre. Eles sabiam disso.
- Eu só queria que ele ainda estivesse aqui...
- Eu sei. Eu sei. Eu também queria. Todos nós queríamos,
amor.
POV
NARRADOR
Quando chegaram a casa.
Arthur desceu do carro para ajudar Luh a sair do mesmo. Mas ela ignorou
completamente sua ajuda. E saiu do carro sozinha, andando devagar até a porta.
Arthur bufou e seguiu a garota até a porta de casa e a abriu. Lua entrou, e logo
atrás, ele também. Sophia estava na sala com Manuela. Era sábado. Alê não
estava por ali, e nem Nanda. A essa altura, todos já sabiam que Lua tinha
perdido o bebê. Inclusive a mãe dela, que disse que chegaria no domingo.
Qualquer tentativa de falar
com ela nesse estado, nesse momento, depois da besteira que o Arthur acabou
dizendo, seria em vão. Ela não escutaria ninguém, e tinha que ficar de repouso quase absoluto, digo quase
absoluto, porque Lua jamais obedeceria alguém. E ela não podia se estressar. O
médico tinha deixado isso bem claro. Ela tinha que cumprir o resguardo, embora
não tivesse mais o bebê.
Sophia caminhou até Lua e a
abraçou com cuidado. Manuela não se mexeu no sofá e Arthur andou até ela.
- Oi meu amor. – Arthur
disse dando um beijo no topo da cabeça da menina. Que o abraçou forte.
- Oi, papai. – Ela queria
chorar. Provavelmente Lua se afastaria da criança. O médico tinha comentado
isso com Arthur.
- Eu estou aqui, amor. Não
chore. – Ele disse fazendo carinho nos cabelos da menina.
*
- Tudo vai ficar bem, Luh.
Você vai ver, tudo vai se acertar. – Sophia tentou conforta-la.
- É o que todos me dizem. –
Retrucou. – Vou subir. Quero ficar sozinha. – Falou. – Obrigada. – Agradeceu e
subiu as escadas.
*
- Vocês brigaram? – Sophia
perguntou ao irmão.
- Não. – Mentiu. – O médico
disse que ela vai demorar a aceitar. E que não pode se estressar e nem fazer
esforço. Ela tem que cumprir o resguardo. – Finalizou.
- Cadê meu irmãozinho? –
Manu perguntou baixo.
- Filha, não tem mais
irmãozinho. Ele virou estrelinha, igual a sua mãe. – Arthur explicou. Essa
história da estrelinha era mais fácil contar. E sempre o rodeava.
- Ela tá no céu?
- Com certeza. – Arthur
sorriu de lado.
- Eu posso ir lá, com a
mamãe?
- Lá onde? – Arthur
perguntou confuso. No céu? Pensou.
- No quarto. – Manu apontou
para as escadas.
- É melhor não, meu amor.
Luh não está bem. Ok? – Disse. E mesmo relutante, Manuela aceitou. – Bom,
depois eu volto e fico com você, tá? Preciso tomar banho. – Comentou.
Arthur subiu as escadas. Quando
chegou ao quarto. Lua estava sentada na cama, e tinha um olhar perdido. Ele
respirou fundo e se aproximou da garota.
- Quer ajuda com alguma
coisa? – Perguntou. Ela estava operada. Esse é um dos motivos de estar proibida
de fazer quase tudo, se não, tudo.
- Quero tomar banho. –
Falou. Apesar de ainda está chateada com ele. Arthur era a única pessoa que
estava com ela em qualquer situação. Se não aceitasse a ajuda dele. De quem
mais ela aceitaria, afinal?
- Se quiser, eu posso ajudar
você. – Falou baixo e Lua assentiu. Não estava no direito de negar ajudar de
quem quer que fosse. – Sua mãe chega amanhã. – Acrescentou.
- Que bom... – Ela respondeu
já sentindo lágrimas se formarem em seus olhos.
- Não chore. Por favor. – Pediu.
E logo ficou na frente da garota. Que estava fitando seus dedos mexerem sem
parar, sobre suas coxas. – Luh? – Lhe chamou. Mas ela nem se esforçou para
levantar a cabeça e encarar o noivo. – Eu estou aqui. Eu não vou deixar você.
Você pode contar comigo pra tudo. Eu quero ajudar você. Eu também preciso de
você.
- Eu só queria que ele ainda estivesse aqui... – Sua voz era
embargada, e ao finalizar o pedido, agora impossível, ela passou as mãos sobre
a barriga.
- Eu sei. Eu sei. Eu também
queria. Todos nós queríamos, amor. – Tentou conforta-la.
Mas ela estava triste demais
para aceitar qualquer conforto. Então deixou as lágrimas vencerem mais uma vez.
Sentia-se tão fraca. Tão distante de tudo. Sentia falta do seu bebê, do filho
que ela nem chegou a ver. Ela queria chorar mais alto. Gritar talvez. Jogar a
dor pra fora. Mas apenas continuou chorando baixinho, sentindo as lágrimas
lentamente trilharem um caminho de água salgada até seus lábios, e logo
descerem pelo seu queixo. Começou a mexer seus dedos sem parar, cruzando-os e
descruzando-os. Olhando fixamente para os mesmos, só sentindo as lágrimas
caírem. Arthur não a impediu de chorar. Nem se ele tentasse, iria conseguir tal
coisa. Era bem capaz de acabarem brigando de novo.
- Luh, não fique assim. Você
tem que ser forte. Você não pode fazer mais nada. Ninguém pode, amor.
- Mas eu não sou forte,
droga! Nunca vou ser... – Murmurou irritada.
- É claro que é. Você vai
ver. Eu estou aqui. Pode contar comigo, já te disse isso. E olha, quando tudo
isso passar. Quando você se recuperar. A gente pode tentar de novo. Você quer,
e eu também. – Ele falou sorrindo fraco.
- Não quero. Não quero mais.
Eu queria o meu filho. – Insistiu.
- Tem certeza que não vai
mais querer tentar? Essa outra criança vai ser seu filho, nosso filho também. –
Lhe disse.
- Mas não vai ser ele...
- Mas vai ser outro, Luh.
- Não. Já disse! – Exclamou
irritada de novo. Seria impossível contraria-la agora. Era melhor parar de
insistir.
- Tudo bem... Bom, você
queria tomar banho. – Mudou de assunto.
- Sim.
- Eu ajudo você. – Arthur
disse encarando a garota. Mas ela ainda mantinha o olhar baixo.
- Olha pra mim. – Ele tocou
o queixo dela levemente, fazendo a mesma olhar em seus olhos. – Eu estou aqui,
amor. Não fique assim.
- É difícil Arthur... Você
não consegue entender... – Murmurou.
- Eu sei que é difícil...
Não é a primeira vez que eu perco alguém, e eu não posso fazer nada para
evitar. Você entende? – Ele lhe perguntou baixo.
- Eu sei... Mas é
diferente... Eu fiquei... E ela não. – Ela, Giulia. – Ela deixou Manuela, e
eu não, nem deixei meu filho nascer.
- Não foi sua culpa.
Entenda! Ainda bem que você ficou. Já disse, podemos tentar de novo.
- Se você tivesse que
escolher...
- O que? – Ele se assustou
com a pergunta. – Eu jamais escolheria quem iria morrer. – Respondeu. – Essa é
a pior escolha que alguém poderia fazer na vida. – Completou.
- Eu sei... Desculpa... Mas
é que... – Ela tentou formar uma frase coerente, uma resposta clara. Mas nada
saiu. Respirou fundo e deixou de tentar falar mais alguma coisa.
- Você está confusa, triste.
Eu também estou triste. E te ver assim, piora.
- Eu salvaria ele...
– Sussurrou firme.
- Eu sei meu anjo, eu sei...
É o que toda mãe, no seu lugar, que ama o filho faria. Mas no meu caso, seria
diferente. Eu não teria que escolher entre a minha vida e a dele. Eu teria que
escolher entre a sua vida e a dele. Quem você acha que eu queria que morresse?
Nem um dos dois, Luh! Como eu iria fazer essa escolha? Ninguém escolheu que
você vivesse e ele não. O bebê já estava morto quando chegamos ao hospital. Não
havia mais nada a ser feito. Sinto muito. – Ele finalizou. Já sentindo seus
olhos marejados.
- Desculpa, Arthur...
Desculpa. – Pediu confusa.
- Não se desculpe. –
Respirou fundo. – Vem, eu ajudo você a tomar banho. – Falou baixo e se
levantou, estendendo as mãos para que Lua segurasse. Ela segurou e Arthur a
ajudou a levantar da cama com cuidado.
Lua ficou de frente para
ele, e mordeu os lábios nervosa, como se fosse a primeira vez que tiraria a
roupa na frente de Arthur. Mas ela estava longe se ser uma vista sexy. Estava
inchada ainda, sua barriga principalmente. Tinha a marca e os pontos expostos
da cirurgia que foi feita para tirar o bebê, já sem vida. Os cabelos estavam um
pouco bagunçados, resultado das várias vezes que ficou passando as mãos neles,
sem saber o que fazer. No que pensar. Realmente, atraente era a última coisa
que ele poderia achar que ela estava. Ele poderia até sentir dó, da noiva. Lua
soltou um suspiro quando Arthur tocou a bainha do vestido que ela vestia, e
começou a levanta-lo.
- Tudo bem? – Perguntou
achando que talvez ela pudesse estar sentindo dores, outras dores. Dores que um
remédio poderia resolver.
- Aham... – Ela mordeu os
lábios mais uma vez.
- Levanta os braços. – Pediu
quando o vestido já estava na altura dos seios da garota. Ela fez o que ele
havia lhe pedido. E no minuto seguinte, seu vestido já estava jogado na
poltrona ao lado. E ela estava apenas de lingerie bege.
- Não me olha. – Pediu
baixo.
- Como não vou olhar? Não
sou cego, Luh. – Brincou. Lua sorriu fraco, nada mais que isso.
- Estou horrível. –
Suspirou.
- Isso é você quem está
falando. – Ele deu de ombros.
- Só você que finge não
estar vendo. – Retrucou.
- É que eu não estou
procurando ver se você está horrível. Eu só quero saber se você está se
sentindo bem. – Comentou. – Vou tirar seu sutiã. – Avisou. – Não quero que você faça nenhum
esforço. – Completou. Lua já podia adivinhar. Arthur passou as mãos pela costa
de Lua até alcançar o fecho do sutiã e abri-lo, deixando os seios da garota à
mostra. Ele deixou o sutiã na poltrona, junto com o vestido. – Vamos. – Ele
falou segurando em uma das mãos dela. Então os dois caminharam até o banheiro.
Arthur tirou a blusa.
- Er... Arthur... Não
precisa.
- O que?
- Me ajudar no banho. –
Esclareceu.
- Quero deixar claro, que
quanto menos esforço você fizer, mais rápido vai ser a sua recuperação. E deixa
de ficar pensando que eu vou ficar olhando pra você. Não que eu não vá olhar, é
claro. – Disse e Lua lhe deu um tapa no braço. Ela riu baixo. – Eu sei me
controlar, ok?
- Ok!
- Bom, agora eu vou tirar a
sua calcinha. – Disse e piscou dando um sorriso maroto. Pelo menos ele estava
fazendo ela sorrir. Mesmo que fraco, mesmo que pouco.
- Arthur! – Lua exclamou
fingindo está brava. Ele riu. E logo deslizou as mãos para os quadris de Lua.
Passou os dedos levemente pela lateral da calcinha e foi abaixando a mesma. Lua
fechou os olhos, Arthur percebeu.
- O que foi? Prometo que não
vai doer. – Brincou outra vez.
- Para! – Pediu. – Não é
nada legal tirar a roupa assim. – Retrucou.
- Também não gosto. – Falou
ao depositar um beijo na coxa de Lua. Ela se apoiou com as mãos na cabeça dele.
- Para. Não faz isso!
- Levanta um pé de cada vez,
devagar. – Ele pediu. Lua revirou os olhos e fez o que ele pediu. – Muito bem.
– Falou e depois tirou a calça comprida, ficando assim, só de cueca box. – Vem.
– Ele ligou o chuveiro e regulou a temperatura da água. Lua abaixou a cabeça e
passou a mão com cuidado pelo curativo que estava em sua operação. – Tem que
tirar. – Arthur disse ao perceber o que ela fazia.
- Eu sei. Mas não quero.
Pode doer...
- Não vai doer, amor. – Ele
falou tentando passar segurança a ela. Caminhou até onde Lua estava e se
abaixou. Começou a tirar com cuidado o curativo.
- Aaaii... Aaaii, Arthur. Tá
grudado. – Reclamou sentindo uma fina dor.
- Calma. – Arthur pediu e
continuou, agora mais devagar ainda, até tirar todo o curativo. – Pronto. –
Falou.
Lua assentiu e olhou para a
operação. Arthur tocou em seu queixo, fazendo ela olhar para ele. Não queria
que ela começasse a chorar de novo, ao ver a operação e pensar no filho que
havia perdido.
- Vem... – Convidou.
Lua assentiu e deixou que a
água escorresse pelo seu corpo, levando todo aquele cheiro de hospital embora.
E em meio à água, suas lagrimas desciam também. Um choro silencioso.
Arthur pegou o shampoo e
derramou um pouco em suas mãos. Passou com cuidado nos cabelos de Lua,
massageando. Ela tinha batido a cabeça com a queda. Ele nem sabia o motivo que
a fez cair da escada, mas não perguntaria tão cedo. Mas quando ia deixar de ser
cedo para tocar nesse assunto? Nem ele sabia.
Arthur pegou uma esponja e
derramou um pouco de sabonete liquido na mesma, o sabonete tinha cheiro de
frutas vermelhas. E passou com cuidado pelo corpo de Lua. Não demoraram mais de
15min. no banho e logo ele pegou uma toalha e entregou a ela. Saíram do
banheiro e Arthur foi pegar uma camisola para ela vestir.
- Só a camisola?
- Aham... Não quero nada me
apertando. – Respondeu e deixou a toalha em cima da cama. Arthur assentiu e
ajudou a garota a vestir a roupa.
- Agora você vai deitar. –
Avisou. – Quer comer alguma coisa?
- Não. Não. Quero só ficar
quieta.
- Tudo bem, mas sabe que vai
ter que almoçar né?
- Sei. – Ela fez uma careta.
- Melhor assim. Bom, agora
vou tomar banho. E depois vou a farmácia, comprar os remédios que o médico
receitou.
- Tá bom. – Lua sorriu de
lado.
E Arthur foi para o
banheiro tomar banho. Quando saiu, vestiu uma roupa e calçou o tênis. Se
passou perfume e penteou os cabelos. Andou até a cama e se abaixou segurando em
uma das mãos de Luh.
- Não demoro. Qualquer coisa
é só chamar a Soph, ok?
- Eu tô bem, não se
preocupe.
- Ok. Ok. Mas você já sabe.
-Sei sim. – Respondeu e
Arthur se levantou e depositou um beijo em sua testa. E depois se virou para
sair. – Arthur? – Lua o chamou.
- Oi. – Ele se virou
rapidamente e encarou a garota.
- Obrigada! – Ela agradeceu.
Arthur sorriu e andou até ela novamente.
- Não precisa agradecer... –
Ele lhe deu um selinho. – Eu amo você.
- Eu amo você. – Ela sussurrou
também. E Arthur saiu para ir a farmácia, como havia falado.
Continua...
N/A: Desculpem
a demora para atualizar, é que eu ainda não havia finalizado o capitulo. Espero
que tenham gostado. Como já sabem, falta pouco para acabar. O que acham que vai
acontecer hein? Comente aí. Beijos...
Se leu, comente! Não custa nada.
Últimos Capítulos.
Espero que a Lua e Arthur superem a perda do bebê, e consigam ter outro filho.
ResponderExcluirQue lindo ele cuidando dela *-* mais?
ResponderExcluirChorosa por Lua ter perdido seu filho:'( Owm tomara que Lua ñ rejeite a Manu tadinha ñ tem culpa do que aconteceu. Tomara que na proxima gravidez de ela tiver né sejam gêmeos *--*
ResponderExcluirQue pena que ta acabando :(
Se**
Excluirque triste bichinha da Lua :/ ansiosa por mais!
ResponderExcluirAi dar uma dó da Lu eu acho que Manu com seu carinho ajuda sim :) ansiosa por mais!
ResponderExcluirAinda bem que eles tão se apoiando né :( ela tem que se levantar amor e carinho é semprre é importante nessas horas
ResponderExcluirComplicado né :/ deve ser orrivel a situação dela torcendo pra essa fase ruim dela pasar logo ansiosa por mais
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