O Clube - Cap. 74

O Clube – Cap. 74

Serenidade para aceitar as coisas que não posso modificar, coragem para modificar as que posso, e sabedoria para reconhecer a diferença entre elas.

Só o que eu quero é ser o suficiente para você, mas nunca consigo. –A Culpa é das Estrelas

“Essas perguntas doíam, porque não tinham resposta.”

“Eu parecia uma criança com medo do escuro. Eu realmente estava com medo.”

POV ARTHUR

Saímos do salão de festas, umas 23hrs. Manu dormia em meu colo. Lua entrou no carro, e eu coloquei Manu deitada em seu colo no banco de trás. E depois eu entrei também, Alê que foi dirigindo o carro, Soph ia no banco do passageiro ao lado dele. Eu estaria mentindo se falasse que não estava cansado. Eu só queria chegar em casa e me jogar na cama. Quando chegamos, eu carreguei Manu até o quarto. Ela tinha um sono profundo, e não se mexeu em nenhum instante. Lua veio até o quarto e trocou a roupa de Manuela. Eu fui até nosso quarto e deitei na cama.

-Podia ao menos ter tirado os sapatos Arthur! -Lua disse ao entrar no quarto, caminhou até a cama e sentou-se. Eu me levantei, me sentando ao lado dela. Ela abriu um sorriso discreto e eu sorri também.

-Obrigado! -Falei e segurei a mão dela.

-Por? -Ela disse ainda com o 'sorriso discreto' e me encarou.

-Por existir! -Falei a olhando.

-Sendo assim, obrigado por existir também! -Ela disse e me abraçou.

-Eu tenho que agradecer mais. Por você ter me esperado esses 4 anos, por nunca ter deixado de me amar, por ter me perdoado, por nunca ter desistido de mim, por amar a Manuela como se fosse a mãe dela. Porque você é a melhor mãe do mundo. Por me aguentar com todos os meus defeitos, que não são poucos. Por ser carinhosa e a chata mais linda que eu conheço (Ela me deu um soquinho quando a chamei de chata e eu ri) Por ser a melhor namorada do mundo, mesmo eu não merecendo, obrigado, obrigado mesmo! Obrigado por ter me ajudado a dar essa festa de aniversário linda para a Manu. Porque se não fosse você, eu nunca que ia conseguir. Não do jeito que foi. E eu te amo cada dia mais! -Eu disse e a abracei mais forte ainda.

-Eu te amo Arthur! -Ela disse se afastando um pouco, e eu pude ver que ela chorava.

-Não era pra você chorar... -Eu disse enxugando as lágrimas.

-Mas eu chorei! -Ela disse baixo. E eu a beijei. Fui deitando-a devagar sobre a cama, sem parar de beija-la.

-Se a gente não parar por aqui...

-Eu sei... -Lua não me deixou completar a frase e me beijou. Porque às vezes nós não precisávamos falar tudo, era como se um adivinhasse o que o outro queria falar. Com um simples olhar ou gesto. E isso era estranho e bom ao mesmo tempo. Alguns minutos depois, já estávamos sem roupas, e vocês já podem imaginar o que nós fazíamos naquele momento.

*

-Bom Dia! -Sussurrei no ouvido de Luh, tinha absoluta certeza de que ela me mataria. Ainda era 07h30min.

-Me diz que já é mais de 10hrs! -Ela falou baixo e eu não segurei a risada. -Eu vou te matar Arthur!

-Você não teria coragem. Mas eu sei de um jeito bem gostoso da gente se matar. Quer que eu te conte? -Falei com a cara mais safada que eu podia fazer no momento.

-Não Arthur, eu sei bem qual é esse jeito, e você é um safado e eu vou voltar a dormir. -Ela disse se embrulhando com o lençol por completo.

-Não se eu ficar aqui! -Falei

-Arthur? Por favor?!

-Haha'ha, às vezes você é engraçada.

-Eu vou ficar com raiva de você! -Ela disse me olhando.

-Uhm, golpe baixo isso Luh!

-Cada um usa as armas que tem, meu amor!

-Então eu vou usar as minhas! -Falei vingativo.

-Que medooo! -Lua falou. Eu me virei ficando em cima dela. -Alguém já te disse que você tá gordo? E que por consequência disso, você está pesado? -Ela falou rindo.

-Eu sou o pai e o namorado mais bem em forma que eu conheço!

-Em forma de bar... -Eu não deixei que ela falasse mais e a beijei. -Saí Arthur! -Ela me empurrou e saiu correndo para o banheiro. E eu fiquei com aquela típica cara de idiota sem saber de nada. Andei até o banheiro e ela estava abaixada em frente ao vaso sanitário. Eu me abaixei ao lado dela, segurando o cabelo dela que estava todo em seu rosto. E ela não parava de vomitar.

-É melhor a gente ir para o hospital! -Falei ajudando-a a levantar. Ela foi até a pia, passou uma água pelo rosto e depois escovou os dentes.

-Não é preciso...

-Meu beijo deu vontade de você vomitar? -Perguntei.

-Que pergunta idiota Arthur, eu só tive um enjoo do nada.

-E isso não é normal, ainda acho que a gente devia ir ao médico!

-Você não acha que eu estou...? -Posso dizer que ela estava assustada.

-Eu não acho nada, mas a gente tem que pensar nessa possibilidade. Até porque, a gente é irresponsável quanto a isso! -Falei.

-Eu sei... -Ela se deitou novamente.

-Quer que eu peça para a Nanda fazer um chá? -Perguntei.

-Uhum... Arthur?

-Oi!

-Não fala pra Sophia e nem pra ninguém. Por favor!

-Tudo bem! -Falei e fui em direção à cozinha, falei com Nanda e pedi para que ela fizesse o chá. Com a desculpa de que a Lua estava com dor de cabeça.

-O que é isso? -Soph me perguntou apontando para a xícara em minha mão.

-Chá... -Falei como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

-Quem tá doente?

-A Lua tá com dor de cabeça... -Disse.

-E não era melhor ela tomar um remédio?

-Ela pediu um chá...

-Uma pílula ia fazer mais efeito.

-Vou levar pra ela. -Falei por fim subindo as escadas.

*

-Sophia me encheu de perguntas! -Lua sorriu sem vontade, pegando a xícara da minha mão.

-Você falou alguma coisa?

-Que você estava com dor de cabeça! Mas ainda acho que...

-Não Arthur!

-Ok Então! Eu vou acordar a Manu... -Falei saindo do quarto.

*

-Hey meu anjo?! Acorda, já tá tarde... -Falei para Manuela que insistia em fingir que estava dormindo. -Eu sei que você tá acordada haha... -Falei fazendo cócegas nela.

-Paaaaraaa papaaaaiii... eu vou fazer xixiiiii... -Ela começou a ri.

-Tá booom sua chata! Mas vem, levanta e vamos tomar banho e depois tomar café, vou chamar a Nanda para banhar você.

-Mas eu queria dormir maaais! -Ela fez manha

-Desse jeito você vai morrer de tanto dormi filha.

-Vou não!

-Táá... vem logo e para de mim enrolar!

-Quero chocolate quente com pipoca no café!

-Chocolate pode até ser, mas pipoca não. Você vai comer um pão ou bolo. Ainda tá cedo pra ficar comendo essas coisas.

-Mas eu queria...

-Queria Manuela. Mas não vai. E vamos logo que a senhorita estar me enrolando com esse blá blá blá todo...

-Tô não haha'ha

-Eu te conheço.

*

-Eu amei o sapato que a tia Soph me deu! -Manu falou ao descer as escadas, com uma caixa de sapato nas mãos.

-Achei a sua cara...

-Minha filha não tem cara de sneakers! -Falei para Soph.

-Haha'ha era pra ri? -Ela falou com cara de tédio. -Você é idiota Arthur. Ainda bem que a Manu não puxou pra você! A Giulia era gente boa. -Sophia completou.

-Ela era mimada e patricinha como você e como você quer fazer a Manuela ficar. -Falei.

-Mas você gostava dela. -Sophia me mostrou língua. -Teve até uma filha com ela. -Completou.

-Foi a coisa certa que talvez eu tenha feito. -Dei ênfase no certa Porque para falar a verdade, nem eu sabia se era certo. Não pelo fato de Manuela ter nascido. Porque eu a amo demais, mais que a mim mesmo. Só que o resto da história não foi extremamente um final feliz, o um final legal de pais separados (que convivem juntos) e felizes, porque a filha de ambos tinha acabado de nascer. Mas não foi isso que aconteceu. A Manuela nasceu e logo ficou sem a mãe. O que pra mim foi a pior parte. Cuidar de uma criança sem a mãe por perto. Tá certo que Sophia me ajudou mais que tudo, mas ainda assim ela era a tia e não a mãe da Manu. E ouvi minha filha perguntando pela mãe ou o porquê dela não ter uma mãe como as outras crianças ou como a Leslye, a amiguinha dela, lá de Londres. Elas nasceram quase no mesmo dia. E a gente era vizinhos dos pais dela. E essas perguntas doíam, porque não tinham resposta. Eu não podia chegar para uma criança de 2 anos e falar que a mãe dela tinha morrido. Apesar dessa ser a verdade, eu não podia falar, uma criança não entenderia essa situação.

-Arthur? -Sophia me chamou

-Oi

-Eu hein, parece que estava viajando...

-Talvez... Cadê a Manu? -Perguntei

-Foi pro quarto vê a Lua. Afinal, o que a Lua tem?

-Tava passando mal...

-E vocês brigaram?

-Não. A gente só discutiu, ela não quer ir ao médico. -Expliquei.

-Uhm... Vou lá ver se ela melhorou! -Soph falou se levantando do sofá e logo em seguida, subiu as escadas.

POV LUA

-Posso entrar?

-Claro! -Respondi com um meio sorriso, Manuela estava sentada em meu colo e mexia no meu celular, jogando um jogo qualquer. Eu ainda estava com um mal estar que parecia aumentar cada vez mais.

-Er... Arthur disse que você estava passando mal. É verdade? E que vocês discutiram porque você não quer ir ao médico? -Sophia me encheu de perguntas. Acho que ela tinha feito o mesmo com o Arthur, minutos atrás.

-Aham... Mas já tô melhor! -Pisquei e sorrir.

-Ok! Não vou mais fazer perguntas. Se você quiser falar, tudo bem! -Sophia disse.

-Não é nada Sophia, de verdade! -Tentei convence-la.

-Sei...

HORAS MAIS TARDE, 16H45MIN.

-A Luh não almoçou? -Sophia me perguntou. Eu estava na sala assistindo TV com ela, Alê e Nanda, Manuela dormiu na metade do filme e eu a levei para o quarto. Ainda não tinha ido ao meu quarto e nem Lua tinha saído dele.

-Não sei!

-Eu vou ver como ela está... -Sophia falou se levantando do sofá e eu a observei subir as escadas e escutei três batidas na porta e um "Posso entrar?" E depois não ouvi mais nada.

*

-Você não tá com fome?

-Não Soph, eu não quero comer nada!

-Mas você não pode passar o dia sem comer, você pode passar mais mal ainda.

-Obrigado! Mas eu não quero.

-E o que você e o Arthur discutiram? Porque ele tá morrendo de preocupação e não quer que ninguém saiba.

-Nada de mais. Eu só passei mal e ele queria que eu fosse ao hospital e eu falei que não queria e ele insistiu e eu disse que não. Daí ele saiu... -Expliquei. -Foi nada de mais!

-Vocês parecem duas crianças às vezes. E você passou mal de quê? Até agora você não falou.

-Aah... foi...

-Foi...? Pode falar? -Ela praticamente me obrigou a falar.

-Euvomiteidepoisdeumenjooquemedeu! -Falei tão rápido que nem eu entendi o que queria dizer.

-Você o que? -Sophia perguntou confusa.

-Eu vomitei depois de um enjoo que me deu. -Falei mais devagar.

-Não vai me dizer que você está...

-Não! Óbvio que não! -Eu quase gritei. Era lógico que eu não estava grávida, não eu não estava. Eu não podia, eu definitivamente não queria aceitar essa hipótese, não agora.

-Tá ok! Se você tem tanta certeza assim, ainda bem né?

-Eu não tenho certeza de nada... Eu só não quero está. -Falei

-Às vezes nada acontece como planejamos, às vezes vem coisas na vida que a gente nem sabe como fazer, mas tem que aprender a lidar com as situações, que vem para nos ensinar e com isso a gente vai aprendendo. -Sophia falou aquilo como se tivesse absoluta certeza de que eu realmente estava grávida e que eu definitivamente tinha que aceitar, mas eu não estou. Eu acho que não... Suspirei.

-Sophiaa... -Eu parecia uma criança com medo do escuro. Eu realmente estava com medo.

-Não chora, vai ver foi só um mal estar, mas o Arthur tem razão, você deveria ir a um hospital e vê o que é isso.

-Eu não quero!

-Você tem medo de confirmar a única suspeita, você tá com medo Luh! -E ela tinha razão, o medo era o que me dominava naquele momento. Eu apenas me encolhi na cama e deixei que todas as lágrimas existentes em meu ser, saíssem uma atrás da outra, como se disputassem uma corrida. E acho que adormeci, porque me acordei com o barulho de algo caindo no chão. Olhei assustada em volta do quarto.

-Desculpa! Foi sem querer... -Arthur falou logo em seguida, acho que ele tinha derrubado o celular no chão.

-Tá! -Falei balançando a cabeça. Eu sentia uma dor enjoada e a claridade do quarto estava me incomodando.

-Sophia disse mais cedo que você estava melhor. -Ele falou baixo, talvez não fosse pra mim escutar e se eu não falasse nada. Ele não ia sentir culpa de ter falado isso, mas eu tinha escutado.

-Foi... -Falei e me sentei na cama.

-Você quer comer alguma coisa?

-Não. Obrigado!

-Deixa de agir assim, eu quero cuidar de você.

-Percebi!

-Eu só saí daqui, porque a gente ia acabar brigando.

-Tá Arthur...

-Lua pelo amor de Deus, para com isso!

-Com o que? Me fala?

-Com esse seu jeito de "Não tô nem aí" isso me irrita!

-Ok! -Falei e me levantei indo até o banheiro, aquele enjoo tinha voltado e eu quase vomitei no chão. Tranquei a porta rápido, antes que Arthur resolvesse entrar.

-Abre essa porta! Por favor Lua! -Ele esmurrava aquela porta como se eu estivesse morta ali dentro daquele banheiro. Me levantei e fui até a pia, joguei uma água fria no rosto e escovei os dentes. Me olhei por alguns minutos no espelho e eu estava parecendo um espantalho, meus olhos estavam inchados de tanto chorar e estavam com olheiras. Eu tinha a leve sensação de que desmaiaria se continuasse em pé ali por mais tempo. Abri a porta lentamente e Arthur estava em pé ali na direção da porta, eu caminhei na mesma direção. Eu queria ser mais forte, mas definitivamente, aquele meu estado não deixava e eu o abracei, eu tinha medo, eu estava morrendo de medo eu só não sabia o porquê. Ele me levou até a cama e eu deitei novamente.

-Tá sentido alguma coisa?

-Vontade de chorar... -Falei e ele me abraçou.

-Vai ficar tudo bem. -Ele sussurrou em meu ouvido. -Amanhã você já vai está melhor. Quer que eu traga alguma coisa pra você comer?

-Tô sem fome... -Repeti aquela frase mais uma vez.

-Mas você precisa...

-Eu só preciso de você! -Falei. Ele se ajeitou e me olhou fixamente, seu olhar era diferente, eu não conseguia saber o que ele pensava. Ele me beijou, assim, sem que eu esperasse. Depois de alguns minutos a gente se separou e ele voltou a me olhar.

-Desculpa tá amor? Eu só fiquei com medo que acontecesse alguma coisa com você.

-Tudo bem Arthur! -A minha voz era baixa. -Eu também tenho que pedir desculpas por ser tão chata assim. -Fiz careta e ele riu.

-Estamos desculpados então?! -Ele me deu um selinho. -Mas Luh, você tá melhor?

-Não! -Fiz careta outra vez. -Mas vou ficar. -Agora foi a minha vez de beija-lo. Deitamos direito na cama e ele passou um dos braços em volta da minha cintura e o outro por trás do meu pescoço, eu o abracei e logo em seguida, sussurrei um: Boa Noite! E assim dormimos.

Continua...

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