Peça-me o que quiser agora e sempre - 2º temp. - 148º,149º, 150º e 151º Capítulo (Adaptada)

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Capítulo 148:
Minha irmã!
Sem deixar de olhar para Arthur, respondo:
— Oi, Pablo!
— Pablo?! Mas, fofaaaaaaaa, sou eu, Raquel.
— Eu sei, Pablo... eu sei. Se você quiser, a gente pode jantar juntos. Na sua casa? Ótimo!
Minha irmã não entende nada e, antes que diga qualquer coisa, continuo:
— Te ligo já, já. Estou falando com meu chefe. Até daqui a pouco.
Quando desligo, o olhar de Arthur é assustador. Não faz ideia de quem é Pablo e isso o desespera. Achando graça da situação, digo:
— O que houve? Quem fica te atualizando sobre minha vida não te falou do Pablo? — Inclino-me para frente na mesa e esclareço: — Você está muito mal informado.
Björn é apenas um amigo, mas não posso dizer o mesmo do Pablo.
Dito isso, me viro e saio da sala. Estou tremendo toda. Bela maneira de complicar as coisas ainda mais!
Sei que não tira os olhos de mim, então pego minha bolsa e saio em disparada.
Quando chego à cafeteria, peço uma Coca com muito gelo. Estou morrendo de sede, e ao mesmo tempo furiosa e histérica.
Que diabo estou fazendo? E, principalmente, que diabo ele está fazendo?
Pego o celular e ligo para Björn.
— Seu amiguinho Arthur está por aqui. Veio correndo me perguntar todo irritadinho o que eu e você estávamos fazendo juntos ontem em Madri.
— Ele está em Madri?
Neste momento, Arthur entra na cafeteria e olha na minha direção. Senta-se no outro extremo do balcão. Continuo falando ao telefone.
— Sim. E agora ele está bem na minha frente.
— Porra! — diz Björn, rindo. — Bem, linda, você já sabe o que eu te disse. Ele precisa de você. E, se você o ama de verdade, não se faça de difícil. Volta logo com ele! Arthur só está esperando que você dê o primeiro passo. Seja doce e boazinha.
Sorrio e me desespero. Doce e boazinha? Em vez de dar um passo, o que fiz foi declarar guerra a ele. Angustiada pela encruzilhada mais louca em que já me meti, murmuro ao ver que Arthur me observa:
— No fim de semana que vem tenho planos de ir a Munique. Comentei com Arthur, e ele acha que vou contigo a sei lá que festa.
— Nossa! Ele deve ter ficado morrendo de raiva — brinca.
Depois de falarmos mais um pouco sobre minha visita à Alemanha, me despeço de Björn e desligo o celular. Bebo a Coca, pago e saio da cafeteria. Quando volto à minha sala, Arthur aparece dois minutos depois. Entra no seu escritório e me olha, me olha e me olha.
Meu Deus, como me excita quando ele me olha assim!
Sou mesmo uma masoquista, mas essa frieza em seu olhar foi o que fez eu me apaixonar por ele.
Tento me concentrar no trabalho. Mas não dou uma dentro. Sei que preciso de Arthur.
Preciso beijá-lo. Preciso da sua boca, do seu contato, mas não sei como conseguir isso e como, e levanto, entro na sala de Miguel, que não está, e de lá vou até o arquivo.
Foi uma boa ideia. Arthur não demora a chegar. Nem me dá tempo de respirar e já está atrás de mim. Não me toca. Apenas fica bem perto. Finjo que não me dei conta de sua presença e me viro. Me choco contra ele. Ai, meu Deus! Adoro seu cheiro! Nos olhamos e pergunto:
— Está precisando de alguma coisa, senhor Aguiar?
Sua boca vai direto na minha.
Nem chupa os meus lábios, como costuma fazer. Enfia a língua na minha boca e me beija. Me devora com desespero. Sua barba e seu bigode fazem cócegas no meu nariz e no meu rosto, mas, quando suas mãos seguram minha cabeça para beijar melhor, eu me deixo levar. Preciso disso. Aproveito o momento. Enquanto ele me beija com paixão, meu corpo ganha nova vida e, assim que ele para, olho nos seus olhos e, sem  limpar os lábios, murmuro:
— Lembre-se, senhor, que minha boca não é mais só sua.
Digo isso e o empurro contra os arquivos. Saio eufórica por ter conseguido um beijo. Mas depois me arrependo. O que estou fazendo? Ele precisa que eu dê o primeiro passo, mas meu orgulho não permite. Arthur não volta a me procurar o resto do dia. Mas não para de me olhar. Me deseja. Sei disso. Me deseja tanto quanto eu a ele.


Capítulo 149:
No dia seguinte, Arthur não aparece no escritório. Ligo para Björn e ele me conta que seu amigo está em Munique. Fico mais tranquila ao saber disso. Na sexta à tarde, quando saio da empresa, tomo um voo para a Alemanha. Sophia vai me buscar e, apesar de sua insistência, digo que quero dormir num hotel. Se eu e Arthur resolvermos nossa situação, quero ter aonde levá-lo. Na manhã de sábado, saio com Frida. Ela me conta que Björn está organizando uma festa para essa noite na casa dele e Arthur acha que vou estar lá. Não penso ir. Não quero participar de nenhum joguinho sem ele.
À tarde, vou à casa de Sónia. Emocionada ao me ver, ela me abraça com carinho.
Quando menos espero, Simona aparece. Ao saber que eu tinha viajado a Munique, decidiu me visitar. Vai logo me abraçando com ternura e, entre risadas, me conta como anda a novela Loucura Esmeralda. Mas um dos melhores momentos é quando aparece Flyn. Não sabe que estou ali e, quando me vê, se joga em meus braços. Estava sentindo minha falta. Depois de várias manifestações de carinho, me mostra seu braço.
Está totalmente recuperado. Flyn me cochicha que ele e Laura agora já conversam.
Nós rimos e Sónia fica toda feliz com as risadas do neto.
Depois do almoço, quando eu e Flyn estamos jogando Wii, aparece Arthur. Sua expressão, ao me ver, é de frieza. Fez a barba e está tão lindo como sempre.
Aproxima-se de mim e, quando me dá dois beijinhos e sua bochecha encosta na minha, eu estremeço. Fecho os olhos e desfruto de nossa pele se roçando assim delicamente.
Alguns minutos depois, Sophia e Sónia levam Flyn à cozinha. Querem nos deixar a sós.
Quando não há mais ninguém em volta, Arthur arrisca:
— Veio pra festinha de Björn?
Não respondo. Simplesmente olho para ele e sorrio.
Arthur resmunga e sai. Não me dá a oportunidade de falar. Me irrito comigo mesma.
Por que eu sorri? Olho com melancolia através das portas de vidro e o vejo ir embora em seu BMW prata. Suspiro. Sophia chega perto de mim, me segura pelos ombros e murmura:
— Ah, esse meu irmão... Se continuar assim, vai acabar ficando louco.
Eu também vou ficar louca, penso. Depois, volto a jogar videogame com Flyn diante da expressão triste de Sónia. Às sete, vamos ao hotel. Troco de roupa e, diferentemente do que Arthur imagina, saio para uma noitada com Sophia. Não quero brincar com ninguém que não seja ele. Não consigo. Partimos para o Guantanamera onde nos esperam Daniel, Anita, Reinaldo e outros amigos.
Assim que entramos, peço mojitos para me esquecer de Arthur. Depois de virar vários, já estou sorrindo e dançando salsa com Reinaldo. Todos esses amigos dos meses que passei na Alemanha me recebem com carinho, abraços e muito amor.
Às onze, recebo uma mensagem de Frida: “Arthur está aqui.”
Me inquieto. Meu bom humor vai por água abaixo.
Fico desconcertada ao saber que Arthur está numa festinha particular sem mim. Será que vai jogar com outras mulheres? Às onze e meia, ele me liga. Olho para o celular, mas não atendo. Não posso. Não sei o que lhe dizer. Me telefona várias vezes e nada de eu atender. À meia-noite, Frida me liga. Corro até o banheiro para poder escutar direito.
— O que houve?
— Nossa, Lua! Arthur está muito irritado.
— Por quê? Só porque não estou na festinha?
Frida ri.
— Está irritado porque não sabe onde você está. Nossa, Lua, que complicado é tudo isso para ele! Essa coisa de saber que você está em Munique e não te ter sob controle está acabando com ele. Coitadinho.
— Frida, ele participou de algum joguinho?
— Não, querida. Ele não tem clima pra isso, apesar de ter vindo acompanhado.
Me descontrolo. Acompanhado?! Saber isso me deixa revoltada. Então Frida diz:
— Por que você não vem? Tenho certeza que se ele te vir...
— Não... não... Sem chance.
— Mas, Lua, não combinamos que você ia facilitar tudo pra ele? Querida, você me confessou que o ama, e nós duas sabemos que ele te ama também e...
— Sei o que eu falei — rosno, furiosa com o fato de ele estar acompanhado. — E, por favor, não diz pra ele onde estou.
— Lua, não seja assim...
— Promete, Frida. Promete que não vai falar nada.
Depois de conseguir uma promessa da maravilhosa Frida, desligo. Mas o celular volta a tocar. Arthur! Não atendo. Assim que volto à pista, Sophia, que está dançando completamente distraída, me entrega outro mojito. Começo a dançar também e, decidida a me esbaldar, grito:

Azúcar!

Capítulo 150:
Chego ao hotel lá pelas sete da manhã. Estou destruída e desabo na cama. Quando acordo, já são duas da tarde. Minha cabeça não para de girar. Bebi demais na noite anterior. Olho para o celular. Está sem bateria. Pego o cabo na mala e ligo na tomada.
Assim que começa a carregar, toca. Arthur. Decido atender.
— Onde você está? — grita.
Estou quase mandando-o passear, mas me controlo e respondo:
— Na cama. O que você quer?
Silêncio. Silêncio. Silêncio. Até que finalmente pergunta:
— Sozinha?
Olho ao redor e, espreguiçando-me na cama enorme, rebato:
— E o que você tem com isso, Arthur?
Bufa. Xinga. Rosna.
— Lua, com quem você está?
Me sento na cama, afasto o cabelo do rosto e respondo:
— Mas então, Arthur, o que você quer?
— Você disse que iria à festa de Björn e não foi.
— Eu não disse isso — reajo. — Você está enganado. Eu disse que ia a uma festa, mas não necessariamente à de Björn. Deixei claro que ele é só um bom amigo.
Silêncio. Ninguém fala, até que Arthur murmura:
— Quero te ver, por favor.
Gosto disso. Não resisto a um pedido desses. Acabo fraquejando.
— Às quatro no Jardim Inglês, ao lado do lugar onde compramos sanduíches no dia em que fomos com Flyn, está bem?
— Combinado.
Quando desligamos, abro um sorriso. Temos um encontro marcado. Tomo um banho, visto uma saia comprida, uma blusa e um sobretudo de couro. Pego um táxi e, quando chego, ele está me esperando. Meu coração bate com força. Se ele me abraçar e me pedir para voltarmos, não vou conseguir dizer não. Eu o amo demais, apesar de estar chateada por não ter me contado sobre a separação da Raquel e por ter ido com alguém à festa de Björn. Quando chego perto, olho para ele e, disposta a facilitar as coisas, digo:
— Pronto. Estou aqui. O que você quer?
— Está com cara de cansada.
Achando graça dessa observação, olho para ele e respondo:
— Você também não está com uma aparência muito boa.
— Aonde você foi ontem e com quem?
— Mas de novo com essa história?!
— Lu...
Meu Deus! Ele me chamou de Lu...
— Tá bom, vou responder a sua pergunta quando você me disser quem era a mulher que foi contigo ontem à festinha de Björn.
Minha pergunta o surpreende e ele não responde. Fico ainda mais irritada e, tentando sustentar um olhar tão frio quanto o dele, aviso:
— Meu avião sai às sete e meia. Então, por favor, vamos logo com isso. Fala o que tem que falar porque preciso passar no hotel, arrumar minha mala e pegar o voo.
Resmunga. Me olha com raiva.
— Não vai me contar com quem você esteve ontem à noite?
— Você por acaso respondeu minha pergunta? — Não diz nada. Apenas me olha e prossigo: — Quero que saiba que eu sei que você mentiu pra mim.
— Quê?! — pergunta desconcertado.
— Você me escondeu a separação da minha irmã e depois teve a cara de pau de se aborrecer comigo porque eu não te contei certas coisas da sua família.
— É diferente — defende-se.
Com frieza, essa mesma frieza que ele me ensinou, olho para ele e digo:
— Você é um mentiroso, um sujeito frio e deplorável sem um pingo de autocrítica.
Só vê os defeitos dos outros. E, sobre com quem eu estive ontem à noite, fique você sabendo que sou livre pra passar a noite com quem eu quiser, assim como você.
Satisfeito?
Me olha, me olha, me olha e por fim se levanta e diz:
— Adeus, Lua.
E sai. Vai embora.
Fico atônita. Vai embora e me deixa sozinha no meio do Jardim Inglês.
Com a adrenalina a mil, vejo-o se afastando. Ele nunca dará o braço a torcer. É orgulhoso demais, e eu também. Ao fim me levanto, tomo um táxi, volto para o hotel, pego minha mala e vou para o aeroporto. Quando o avião decola, fecho os olhos e murmuro:

— Maldito cabeça-dura!

Capítulo 151: 
Dez dias depois, há uma convenção da Müller em Munique da qual sou obrigada a participar. Tento escapar, mas Gerardo e Miguel não deixam, e imagino que o senhor Aguiar tenha algo a ver com isso. Quando meu avião aterrissa, sou dominada pelas lembranças. De novo estou nessa cidade majestosa. Acompanhada de Miguel e outros chefes de todas as sucursais da Espanha, chegamos ao local da convenção às onze da manhã. Me sento ao lado de Miguel e um pouco depois o evento começa.
Procuro Arthur em meio à multidão de participantes e acabo localizando. Está na primeira fila, e meu coração fica apertado quando o vejo com Amanda. Bruxa!
Como sempre parecem muito compenetrados e, quando Arthur sobe ao palco para falar diante de mais de três mil pessoas vindas de todas as sucursais, olho para ele com orgulho. Ouço tudo o que diz e reparo como ele está gato, gatíssimo, com um terno cinza-escuro. Quando seu discurso acaba e Amanda sobe ao palco, fico tensa.
Arthur a pega pela cintura, e ela, encantada, cumprimenta a todos com uma expressão de triunfo.
Miguel me olha. É um momento difícil de engolir, mas tento sorrir. Uma vez aberta a convenção, os garçons começam a passar taças de champanhe e canapés. Protegida entre meus colegas espanhóis, estou a par de tudo o que acontece. Arthur se aproxima
junto com Amanda. Os dois cumprimentam todos os participantes e sinto vontade de sair correndo quando o vejo chegar ao meu grupo. Com um sorriso encantador, porém frio, olha para todos nós. Não presta uma atenção especial em mim e, quando me cumprimenta, nem sequer me olha nos olhos. Aperta minha mão como se eu fosse qualquer um e depois se afasta para continuar saudando as outras pessoas. Amanda me lança um olhar de gozação. Cachorra!
Enquanto cumprimentam os outros, percebo que Arthur volta a pegar Amanda pela cintura e fotografam os dois juntos. Em nenhum momento faz menção de olhar para mim. Nada, absolutamente nada. É como se nunca tivéssemos nos conhecido. Eu nem pisco vendo-o ser fotografado com outras mulheres, e fico arrepiada ao notar que diz algo a uma delas olhando para seus lábios. Eu o conheço. Sei o que significa esse olhar e onde ele vai dar. Meu pescoço está coçando. As brotoejas! Ai, não! O ciúme me domina. Não consigo suportar!
Quando não aguento mais, procuro uma saída. Preciso ir embora o quanto antes.
Assim que encontro uma porta, alguém pega minha mão. Me viro com o coração acelerado e me deparo com Miguel. Por um instante cheguei a pensar que fosse Arthur.
— Aonde você vai?
— Preciso pegar um pouco de ar. Está muito quente aqui dentro.
— Vou contigo — diz Miguel.
Quando afinal encontramos uma saída, Miguel saca um maço de cigarros e peço um. Preciso fumar. Após as primeiras tragadas, meu corpo começa a relaxar. A frieza de Arthur, a presença incômoda de Amanda e a forma como ele olhou para outras mulheres foram demais para mim.
— Está tudo bem, Lua? — pergunta Miguel.
Sorrio. Tento ser a garota animada de sempre.
— Sim, é só que está muito calor aqui.
Miguel concorda. Sei que está imaginando coisas, mas não quero me abrir com ele.
Depois do cigarro, sugiro que a gente volte para dentro. Preciso ser forte e tenho que demonstrar isso a Arthur, a Amanda, a Miguel e a todo mundo.
Com passos firmes, volto ao grupo da Espanha e tento me integrar na conversa, mas não consigo. Cada vez que me viro, Arthur está próximo, elogiando alguma mulher.
Todas querem tirar fotos com ele. Todas menos eu.
Duas horas depois, quando estou num banheiro, ouço uma dessas mulheres contando que o chefão Arthur Aguiar lhe disse que ela é linda. Que imbecil! Sem poder evitar, olho para ela. É um mulherão. Uma italiana ruiva de seios enormes e curvas marcantes. Está visivelmente nervosa e eu entendo. Quando Arthur diz algo assim nos encarando é impossível não ficar nervosa.
Quando saio do banheiro, cruzo com Amanda. A bruxa pisca para mim com deboche. Sinto uma vontade irrefreável de agarrá-la pelos cabelos louros e arrastá-la pelo chão. Mas não. Não devo. Estou numa convenção; tenho que ser profissional e, principalmente, prometi ao meu pai que não voltaria a me comportar como uma barraqueira.
Ao chegar ao meu grupo, me surpreendo quando vejo Arthur conversando com eles.

Ao seu lado há uma morena bonita da sucursal de Sevilha que fica babando por ele.

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