Peça-me o que quiser agora e sempre - 2º temp. - 78º e 79º Capítulo (Adaptada)

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Capítulo 78:



Eu aplaudo de novo, mas sinceramente não sei se o faço porque conseguiram ou porque não aconteceu um desastre. Só de pensar no que Arthur diria, meu sangue gela.

Quando elas me veem, correm para mim e me abraçam. Como três meninas, damos pulos emocionadas.

À noite, quando Arthur me pergunta onde estive com a mãe e a irmã, minto. Invento que estivemos num spa fazendo massagens de chocolate e coco. Arthur sorri. Acha graça da mentira, e eu me sinto mal. Muito mal. Não gosto de mentir, mas Sónia e Sophia me fizeram prometer que não contaria. Não posso dececioná-las.

Uma manhã, Frida me liga e uma hora depois aparece em casa com Glen. Que lindinho está o bebê! Conversamos durante horas, e ela me confessa que está viciada em Loucura esmeralda. Rio. Essa é boa! Não sou a única da minha idade que virou fã.

No fim das contas, Simona tem razão: essa novela mexicana é mesmo um fenômeno de público na Alemanha. Depois de várias confidências, mostro a moto e Susto para Frida.

— Lua, você gosta de chatear o Arthur?

— Não — respondo, brincalhona. — Mas ele precisa aceitar as coisas de que gosto como eu aceito as dele, não acha?

— Acho.

— Odeio pistolas, e aceito que ele faça tiro olímpico — procuro me justificar.

— Sim, mas ele não vai achar graça nenhuma nesse negócio da moto. Ainda mais que era de Hannah e...

— Seja de Hannah ou do Grilo Falante, Arthur vai se chatear do mesmo jeito. Sei disso e assumo. Logo encontrarei o melhor momento para contar. Tenho certeza de que, se falo com jeito e delicadeza, ele vai entender.

Frida sorri e, olhando Susto, que nos observa, comenta:

— Pobrezinho, mais feio não podia ser. Mas tem olhos lindos.

Deslumbrada, rio e dou um beijo na cabeça dele.

— É lindo e maravilhoso — afirmo.

— Ora, Lua, esta raça de cachorro não é das mais bonitas. Se quer um cachorro, tenho um amigo que tem um canil com raças sensacionais.

— Eu não quero um cachorro pra exibir, Frida. Eu quero um cachorro pra amar, e Susto é carinhoso e muito bom.

— Susto? — ela ri. — Você pôs o nome de Susto?

— A primeira vez que o vi me deu um susto desgraçado — explico animada.

Frida compreende. Repete o nome, e o bicho dá um salto no ar enquanto Glen sorri.

Horas depois, quando está indo embora, promete me ligar outro dia para nos vermos.

À tarde, telefono para minha irmã. Faz tempo que não falo com ela e preciso ouvir sua voz.

— Fofa, o que foi? — pergunta, alerta.

— Nada.

— Nem vem, Lu. Algo deve estar acontecendo. Você nunca me liga — insiste.

Acho graça. Tem razão, claro, mas, a fim de curtir a tagarelice da minha louca Raquel, respondo:

— Pois é, mas agora, que estou longe, tenho muita saudade de você.

— Aiiiii, fofiiiiiiiinhhhhaaaaa! — se emociona.

Falamos um bom tempo. Me põe em dia sobre sua gravidez, seus vômitos e náuseas. Por estranho que pareça, não me fala de seus problemas conjugais. Isso me surpreende. Mas nem toco no assunto. É um bom sinal.

Quando desligo, depois de uma hora de papo, sorrio. Boto o casaco e vou para a garagem. Susto sai do esconderijo quando assobio. Animada, vou dar um passeio com ele. Dois dias depois, pela manhã, quando Flyn e Arthur vão para o colégio e para o trabalho respectivamente, começo a redecorar a sala. Passamos muito tempo ali e preciso lhe dar outro ar. Eu mesma me encarrego de fazer as mudanças. Norbert se horroriza, ao me ver em cima da escada. Diz que o senhor brigaria comigo se me visse.

Mas eu estou acostumada a essas coisas, tiro e boto cortinas feliz da vida. Substituo as almofadas de couro escuro pelas minhas cor de pistache, e a poltrona agora parece moderna e atual, não mais sem graça.

Sobre a bela mesa redonda coloco um vaso de vidro verde com uns maravilhosos antúrios vermelhos. Tiro as figuras escuras que Arthur tem sobre a lareira e coloco várias fotografias emolduradas. São tanto de minha família como da de Arthur, e fico comovida ao ver minha sobrinha sorrindo.

Como é linda! E quanta saudade sinto dela.

Substituo vários quadros, cada um mais feio que o outro, e ponho os que comprei.

Num dos lados da sala, penduro um trio de quadros de umas tulipas verdes.

Sensacional!

Capítulo 79:

À tarde, quando volta do colégio e entra na sala, Flyn fecha a cara. O lugar mudou muito. De sombrio se transformou em colorido e cheio de vida. Ele se horroriza, mas pra mim tanto faz. Ele não gosta de nada que faço.

Quando mais tarde Arthur chega, fica mudo de tão impressionado. Sua sala, sóbria e escura, desapareceu para dar lugar a um espaço cheia de alegria e luz. Ele gosta. Seu rosto, sua expressão me dizem que sim. Quando me beija, eu sorrio com a cara contrariada do baixinho.

No dia seguinte, Arthur decide levar Flyn para o colégio. Em geral é Norbert que o leva e o menino aceita contente. Eu os acompanho no carro. Não sei onde fica, mas tenho vontade de dar um passeio por minha conta pela cidade.

Arthur não acha muita graça que eu ande sozinha por Munique, mas minha teimosia acaba vencendo a dele. No caminho, damos carona a dois meninos, Robert e Timothy.

São bem falantes e me olham com curiosidade. Reparo que ambos levam um skate colorido, justamente o brinquedo proibido. Quando chegamos ao colégio, os meninos desembarcam, Flyn por último, que fecha a porta.

— Puxa, não me deu um beijinho — zombo.

Arthur sorri.

— Dê mais tempo pra ele.

Suspiro, viro os olhos e rio.

— E você, me dá um beijinho? — pergunto quando vou sair do carro.

Sorrindo, Arthur me puxa.

— Todos os que você quiser, pequena.

Me beija, possessivo, e aproveito enquanto dura.

— Tem certeza de que sabe voltar sozinha pra casa?

Digo que sim, achando graça. Não tenho a menor ideia, mas sei a direção e tenho certeza de que não me perderei. Pisco um olho para ele.

— Claro. Não se preocupe.

Não está muito convencido de me deixar aqui.

— Tá com o celular, né?

Tiro-o do bolso.

— Bateria no máximo, caso eu tenha de pedir socorro! — respondo na gozação.

Por fim, meu louco amor sorri. Dou um beijo nele e saio do carro. Ele se vai, e sei que me olha pelo espelho retrovisor e dou um tchauzinho como uma idiota. Minha nossa, como estou apaixonada!

Quando o carro dobra à esquerda e o perco de vista, olho para o colégio. Há vários grupos de crianças na entrada e vejo que Flyn está parado num lado. Sozinho. Onde estão Robert e Timothy? Vou para trás de uma árvore e observo que Flyn olha disfarçadamente uma menina, loira e bonita, e me emociono.

Nossa, meu Smurf Bipolar tem um coraçãozinho!

Ele se apoia na grade do colégio e não tira os olhos de cima da menina, que brinca e fala com outros meninos. Sorrio.

Toca o sinal e as crianças começam a entrar. Flyn não se mexe. Espera que a menina e seus amigos entrem para segui-los. Curiosa, fico de olho. De repente vejo que Robert, Timothy e outros dois meninos com seus skates nas mãos se aproximam de Flyn, que para. Falam. Um deles lhe tira o gorro e o joga no chão. Quando ele se abaixa para pegá-lo, Robert lhe dá um chute no traseiro e Flyn cai de bruços no chão.

Meu sangue ferve. Estou indignada! O que estão fazendo?

Meninos desgraçados!

Os garotos, morrendo de rir, se afastam. Flyn se levanta e olha a mão. Vejo que sangra. Ele se limpa com um lenço de papel que tira do casaco, pega o gorro e, sem levantar o olhar do chão, entra no colégio.

Desconcertada, penso no que aconteceu e me pergunto como posso falar disso com Flyn.

Assim que perco o menino de vista, vou embora. Logo estou no tumulto das ruas de Munique. Arthur me liga. Digo que estou bem e desligo. Lojas, muitas lojas, e eu me divirto, parando diante de todas as vitrines. Entro numa loja de motocross e compro tudo o que preciso. Quando saio, mais feliz que pinto no lixo, observo os passantes.

Quase todos têm uma expressão séria. Parecem chateados. Poucos sorriem. Não são nem um pouco parecidos com os espanhóis.

Passo por uma ponte, a Kabelsteg. Me surpreende a quantidade de cadeados coloridos que há ali. Com carinho, toco essas pequenas amostras de amor e leio nomes ao acaso: Iona e Peter, Benni e Marie. Inclusive há cadeados em que botaram cadeadinhos com outros nomes que imagino serem dos filhos. Sorrio. Acho super romântico, e adoraria botar um cadeado com Arthur. Tenho de falar com ele. Mas dou uma gargalhada. Com certeza pensará que além de idiota fiquei louca.

6 comentários:

  1. Tadinho do Flyn... Deve ser por isso q ele eh tão torrão... Amandooo a web!!! Posta outro!!

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  2. Tá aí o motivo desse garoto ser tão ridículo !!
    Posta +++++++
    Ameeii *-*

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  3. Nossa fiquei com pena do Fly.
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  4. Amando, está incrível , faz com q flyn goste da lua logo por favor.

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