Adivinha quem sou (Adaptada)- Capítulo 65

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Trazem mais chichaítos e Tony pergunta:
— Você quer cantar?
Nego com a cabeça. O grupo é muito bom e eu não sei se estaria a altura.
Tony pisca para mim e chamou um da orquestra, e um par de minutos mais tarde
estou no palco.
A adrenalina toma conta do meu corpo e eu sei que vou gostar.
Depois de falar com os músicos e dizer-lhes que tenho cantado em orquestras, me convencem a cantar salsa. No final, o povo pede e me diverto em fazê-lo. O cantor e eu nos lançamos com Vivir lo nuestro, de Marc Anthony e La India .
“Desde una montaña alta, alta como las estrellas,
voy a gritar que te quiero para que el mundo lo sepa.”
O ritmo entra em mim e de repente começo a desfrutar como a muito tempo não
fazia. Cantar me relaxa. Senti falta disso. Isso me faz esquecer as dores e olhando para Tony, que me ouve encantado na mesa, enquanto aponta na dança:
“Y volar... volar... tan lejos
donde nadie nos obstruya el pensamiento.”
Preciso disso, que nada obstrua o pensamento. Aproveito enquanto a canção dura, enquanto danço e canto no palco com a banda desconhecida para mim, mas a qual consigo me unir como sempre, facilmente. Quando a canção chega mais e o ritmo me envolve completamente. Quando sob o cenário exclamo:
— Wepaaaaaaaaaaaa!
Tony sorri e quando me sento, peço:
— Dois chichaítos, Emy.
— Você não deve beber mais ou amanhã você vai pagar.
— Que desçam mais quatro chichaítos, Emy – grito, fazendo-o rir.
Um par de horas mais tarde, eu estou bêbada, todavia ainda sei o meu nome, Lua Maria Blanco, danço com qualquer um que propõe isso e eu movo meus quadris e seios como nunca em minha vida. Açúcarrrrrrrrrrr!
Tony, que está mais sóbrio do que eu, tenta várias vezes para partirmos, mas me recuso. Quero continuar dançando, bebendo e me divertindo!
Viva os chichaítos!
O tempo passa. Eu danço, danço e danço... Até que de repente mãos fortes me param no meio da pista de dança. Arrancam-me dos braços de um cara, dá-me uma volta e encontro com os olhos e o rosto irritados de Arthur.
Solto uma risada. Incrível reação tem o amigo!
— Emy, coloque mais três chichaítos. – grito.
Com expressão total de raiva, Arthur assovia:
— Você não acha que bebeu o suficiente por hoje?
Mas, me soltando dele, eu continuo a minha dança e exclamo:
— Weppaaaaaa!
Ele me olha imóvel. Passo por ele e continuo dançando, enquanto os quadris se
movem e grito a la Celia Cruz.
— Açúcarrrrrrrrrrrrr!
Vejo que Tony se levanta, vai para o seu irmão e o ouço dizer:
— Ela precisava desabafar. Mas agora não sei o que fazer para tirá-la daqui e é por isso que te chamei. Desculpe, mano.
Olhei para o Tony e estalo em voz alta:
— Você está fugindo, dedo duro!
Eu continuo a dançar, enquanto vejo como eles discutem. De repente, meus pés saem do chão e Arthur me joga por cima do ombro e me leva pra fora.
— Solte-me, idiota! – grito enquanto bato de volta.
Estou desajeitada. Noto que os meus movimentos estão lentos, apesar de minha
tentativa de acelerar. Minha mãe, posso andar! Quando Arthur me coloca no carro, eu tento sair. Quero dançar salsa! Mas ele me imobiliza, toma meu queixo e assobia, olhando nos meus olhos:
— Lua, fique quieta para que eu possa colocar o cinto.
— E o Tony? – Me preocupo.
Eu olho para a direita e o vejo ao nosso lado.
— Tony, deixe o seu carro aqui e sente-se atrás. – diz Arthur. — Não está em condições de dirigir.
— Eu não quero voltar a "Vila Monastério". – protesto enfaticamente.
Tony ri, e divertida grito ao ver meu moreno com cara irritada.
— Vamos, homeeeeeem. É um desmancha-prazeres, Arthur!
Uma vez que eu coloquei o cinto e seu irmão se sentou, ele também entra no carro.
Ligo o rádio e coloco a todo o volume. Arthur desliga. Volto a ligar. Ele desliga novamente.
Ficamos assim um tempo até que, olhando para mim, ameaça:
— Fique quieta se não quiser que amarre suas mãos.
Começo a rir com o que diz e pergunto:
— Me dá um beijo?
Arthur se aproxima de mim, porém eu, me afastando gritando:
— Acabei de fazer a cobraaaaaaa. Eu devia!
Tony ri alto e, finalmente, apesar da minha brincadeira, vejo que o meu menino sorri.
Coloca o carro em movimento e o ronco do motor me acalma. Fecho meus olhos e apoio a cabeça no encosto.
— Estou tonta.
— Avisa se vai vomitar – m adverte.
O ar fresco me bate no rosto, enquanto ele dirige. Não vejo para onde vamos. Estou tão cansada e bêbada que apenas consigo abrir os olhos. A escuridão da noite nos envolve e, quando chegamos, vejo que a casa está iluminada. Não sei que horas são, quando Arthur me tira do carro e me coloca em seus braços, ouço:
— Vão dormir. Vamos falar com eles amanhã.
Reconheço a voz do pai de Arthur e abro os olhos. Olho para ele e, passando ao seu lado, dou uma passada de mão pelos cabelos e murmuro com toda a minha raiva:
— Você é um pé no saco, velho amargo e um pedaço de merda.
A risada de Tony chega aos meus ouvidos e eu também rio. Acabo-me de rir.
Arthur não diz nada, só me leva até o quarto. Uma vez lá, no escuro, me coloca na cama e quando ele está saindo, agarro sua camisa e murmuro:
— Diga a avó Ankie para parar de tocar guitarra.
Eu ouço Arthur rir e não me lembro mais nada.




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