— Bem, mãe a família de Arthur está muito bem.
— E o seu pai, minha filha, está melhor?
Meu estômago encolheu. Eu tenho que mentir:
— Sim, mãe, Anselmo está melhor. Tomou a medicação que foi receitada e
está se tornando cada vez mais forte. Agora, até mesmo anda normalmente.
— Como é, querida? É como o seu pai?
Comparar o meu pai com este homem é como comparar um Gucci com os
chineses.
Claro, meu pai é Gucci, e chinês é o outro e respondi:
— Ele é um cavalheiro muito gentil. Ele ama seus filhos e é muito
carinhoso. Por certo, manda lembranças.
Ouço minha mãe rir. Como eu a amo!
— E está comendo bem, querida?
— Sim, mãe, como bem. Inclusive tomo leite, que sabe que eu não gosto,
mas tomo por você. Não se preocupe, tudo bem, mamãe?
Conversamos mais alguns minutos e finalmente passa para o meu irmão.
Quando Argen pega o telefone, murmura:
— Perdoe-me, Lua. Mamãe chegou agora e pegou o telefone de minhas
mãos. Você contou algo a ela?
— Não, eu não disse nada. Só que tudo bem aqui e o pai de Arthur é
muito carinhoso.
Ah... E que tomo leite.
Isso nos faz rir tanto e, em seguida, meu irmão me pergunta:
— Você quer que vá buscá-la? Eu posso pegar o primeiro vôo e estarei
aí amanhã.
Eu penso. Não sei o que responder e tentando clarear a mente, eu
respondo:
— Deixe-me pensar e falamos amanhã, ok?
Digo-lhe adeus, eu fecho o telefone e cubro o rosto com as mãos. O que
devo fazer?
Uns passos chamam a minha atenção. Pulgas acaba de entrar na cozinha e
vem para mim.
Vem sobre mim com o nariz no rosto e me dá uma lambida.
Ah, que bonitinho, meu Pulguinha!
Eu me levanto às escuras, eu abro a geladeira e dou o que eu sei que
ele está me pedindo. Uma vez que come sua salsicha, eu ordeno que saia, mas não
quer. Ele deita no chão da cozinha e dorme.
Quando encontro um pouco de força, eu vou para o jardim. Está lindo,
iluminado pela lua. Penso no que falei com o meu irmão e percebo que estou
brava com Arthur e não quero vê-lo. Acho que seu pai está conseguindo o que
quer: nos separar. Está minando a nossas forças, cria dúvidas e inseguranças em
mim e no final um dos dois vai acabar com tudo.
Incrível raposa velha!
Caminho pelo jardim e me aproximo do muro para ver o mar. A vista é
espetacular.
Abro o portão lateral e saio. Vendo o sinal onde diz "Vila
Melodia", murmuro com amargura:
— Eles devem mudar para 'Vila Monastério' ou 'Vila Casulo'.
Atravesso a rua e de repente vejo luzes se aproximando de um carro e
me escondo. O coração acelera ao ver que é Arthur. Não parece bem e eu estou
preocupada. Embora a minha aparência também não deve estar boa. Quando o carro
desaparece, respiro aliviada. Ele não me viu.
Ele irá para o meu quarto ou ele irá para o seu? Saio de trás da
árvore e vou até a praia, mas de repente ouço atrás de mim:
— O que você está fazendo aqui acordada a essa hora?
Eu gritei assustada. Mas me acalmo ao encontrar Tony.
Aliviada, sem pensar que estava em seus braços, e quando me separo
dele, digo:
— Hoje eu tive um dia terrível, Tony.
— Tata me disse algo por telefone. – comenta olhando para mim. —
Venha, relaxe.
Andamos pela areia da praia e pergunto:
— O que está fazendo aqui?
Ele aponta para o seu carro, estacionado em um lado, e explica:
— Eu gosto de andar à noite ao longo da praia. Minha mãe fazia quando
estava em casa e eu acho que o seu passatempo agora é meu.
Para ser uma mulher, de acordo com o Ogro, antecedida de sua carreira
para a sua família, seus filhos tem muito boas lembranças dela.
— Posso perguntar como era a sua mãe?
Tony sorri e, agarrando o meu braço, me diz enquanto nós caminhamos ao
longo da praia:
— Ela era uma pessoa divertida e atenciosa, amorosa, ajudou a todos
que podia e, acima de tudo, era grande artista e mãe. Viajava a trabalho mais
do que nós gostavámos, mas quando voltava, era a bomba! – Ele sorri. — Nunca
fez diferenças entre Arthur, Omar e eu. Para ela, os três eram seus filhos e se
em uma entrevista tocavam neste tema, mostrava suas garras de leoa para
defender seus três filhotes da mesma forma. Sabíamos muito bem e, a seu modo, nos
recompensava por suas ausências. Parece que foi ontem, quando tivemos longas conversas
à noite aqui nesta mesma praia. Meus irmãos e eu adorávamos esses momentos com
ela. Eles eram especiais. Eles eram apenas nossos.
— E com seu pai, se davam bem?
— Sim e não. Na verdade separou duas vezes, mas como você sabe, se casaram
três.
Eles se amavam com a mesma intensidade com que se odiavam e meu pai
sempre atribuía à diferença de idade.
— Eram muitos anos?
— Não. Apenas dez. Mas...
— Oh, Deus bendito! – eu digo, ao me conscientizar de outra coisa que
o velho odeia em mim. — Arthur me leva 11 anos.
Começo a rir. Madita seja!
Tony, ao entender o meu desespero diz:
— Não se deixe prender por isso agora. – assinto não muito convencida
e ele continua:
— papai não aguentava as suas ausências. Foi ele que teve de se
preocupar com nossas notas, nossas aulas particulares ou ir nas reuniões da
escola. Nunca perdeu uma, mas todos nós sabemos que mamãe sentia falta dele e
que azedou o seu caráter. Todos os anos, no Natal, ele a fazia prometer que no
ano seguinte iria se aposentar. Isso nunca aconteceu. A vida de minha mãe era
sua carreira, algo que meu pai com seu trabalho como advogado nunca se apaixonou,
e da mesma forma que começou a ficar um pouco mais em casa, decidiu fazer uma cirurgia
para ficar mais bonita e bem... Aconteceu o que aconteceu.
— Deus... Eu sinto muito, sinto muito, Tony – murmuro desculpas.
— Eu sei, Lua, eu sei. – E, olhando para mim com tristeza, acrescenta:
— E o engraçado é que a história volta a se repetir com o meu irmão e você. Arthur,
apesar de ser o menor dos três, sempre foi o mais focado, o mais sério, nunca
quis saber sobre o mundo do entretenimento, mais parecido com o pai, e pelo
amor de Deus, ele se apaixona por uma garota como mamãe. Uma cantora.
Sorrio amargamente. Agora eu entendo um pouco melhor por que o Ogro se
recusa a aceitar. Não quer para seu filho a solidão que ele tinha de viver.
Está claro que eu nunca vou ser o objeto de sua devoção e digo:
— Tive uma terrível discussão com Arthur por causa de seu pai. Ele diz
que...
Tony não me deixou terminar. Corta-me e assovia
— Droga... Com meu pai.
Certo.
— Eu acho que isso não vai funcionar, Tony. Vamos cometer um erro e
cada vez vejo isso mais claro. É melhor voltar para a Espanha.
— Não.
— Preciso desaparecer – insisto desesperadamente. – Seu pai está me
deixando louca.
Chamando-me de Loira Tingida...
— O meu pai está te chamando assim?!
Concordo angustiada, digo-lhe tudo.
Tony, atordoado, não acredita no que ouve, quando acrescento:
— Havia tentado uma proposta vergonhosa para que eu deixe Arthur.
Ele já está quente, e olha para mim com sua mandíbula tensa, e
pergunta:
— Que tipo de proposta?
Horrorizada com o que acho que eu tenho dado a entender, esclareço:
— Nada sexual, calma... Calma. – Respira aliviado e explico: — Algum
dia atrás me pegou cantando. Ele me convidou para visitar o escritório de sua
mãe. Eu pensei que nós estávamos indo “fazer as pazes” e quando estava emocionada
admirando os prêmios ao longo de sua vida, diz-me que pode me encontrar um
produtor musical para lançar a minha carreira ao estrelato, mas, em troca, eu
tenho que deixar Arthur e desaparecer
O gesto de Tony se decompõe.
— Mas o que é o velho bastardo. Idiota!
Eu não digo nada em respeito, mas acho o mesmo que ele. Ou pior.
— Você já disse a Arthur?
Eu balancei minha cabeça e Tony fala:
— Você tem que dizer. Ele só vê que você contesta ao nosso pai, entrando
na briga, mas se ele se intera disto ou as outras coisas que você me disse, eu
acho que...
— Farei danos, Tony, e a última coisa que quero é machucá-lo.
Medita por alguns segundos o que digo, e , finalmente, com uma onda de
tristeza diz:
— Meu irmão é louco por você. Não deixe que meu pai estrague. Se você
for, vai fazer danos ao Arthur e ele vai fugir.
— Mas se eu ficar vai causar danos também. Você não vê?
— Não. Arthur não é estúpido, Lua, fale com ele.
— Hoje foi horrível. Dissemos tudo e...
O telefone de Tony começa a tocar e eu reconheço a melodia de uma
canção de
Maxwell. Me mostra a tela que diz "Arthur ", embora sem
vê-lo eu sabia que era ele. Eu balancei minha cabeça e fiz um sinal com a mão
para não dizer nada. Ouço Arthur gritar e Tony, depois de dizer com
tranquilidade que está comigo, cortando a ligação.
— Está te procurando e está histérico.
Eu ouvi. Mas agora eu não posso enfrentá-lo. Eu não tenho forças. O
telefone começa a tocar novamente. Novamente é Arthur. Tony, vendo o meu
estado, propõe:
— Vamos. Vou levá-la para um lugar para beber.
Concordo. Preciso para me acalmar. O telefone toca novamente. Tony
tira o som. O que agradeço.
Entramos em seu carro e quando ele vai colocar a chave na ignição,
noto algo
pendurado no chaveiro e pergunto:
— Essa é a chave para o seu coração?
Ele sorri, acena com a cabeça e diz, tocando-a com carinho:
— Sim. Coisas de Mamãe. Ela era muito romântica e...
— E você, como Arthur, é assim, certo?
Meu bonito cunhado olha para mim e confessa:
— Uma vez pensei que tinha encontrado a pessoa certa para lhe dar. O
nome dela era Paola, mas ao contrário de você, ela foi persuadida pelo dinheiro
do meu pai. – E com um sorriso triste, ele acrescenta: — aceitou a tentação.
Ela com certeza era uma oportunista. Você não. E você está indo para mostrar ao
velho. Deve fazê-lo por Arthur e você.
Meus olhos se enchem de lágrimas. Saber que Tony sofreu por amor
redobra meu desejo de chorar. Sem dizer outra palavra, ele liga o motor do carro
e ao fazê-lo o rádio liga. A música preenche meus sentidos e sorrio. Engulo as
lágrimas como ele se alinha a estrada da praia e olho para o mar.
Meia hora depois, fica mais lento e eu vejo estacionar em um bar com
luzes coloridas.
Parece música alegre e eu adoro isso. Isso é o que eu preciso,
divertir-me!
Seu telefone continua vibrando. Ambos sabemos que é Arthur, mas
nenhuma resposta.
Eu aprecio isso.
Ao entrar, Tony pega a minha mão e vamos para uma mesa. Feliz, eu olho
para a orquestra que toca salsa enquanto as pessoas dançam. Dois segundos
depois vem uma garçonete. Tony me apresenta. Chama-se Emy, um encanto, e
pergunta:
— Eu trago um par de chichaítos?
Não sei o que é e Tony explica:
— Run com licor de anis. É forte.
Concordo. Preciso de algo assim. Minutos depois, ela nos traz um par
de copos iguais e Tony pergunta:
— Preparada, cunhada?
— Claro.
Tomamos nossas bebidas e, quando eu dou um trago, sinto minha garganta
queimar.
— Santoooooooooooooooo Deus!
— Wepaaaaaaaaa! – Tony grita.
Quando coloco o copo na mesa, eu tusso. Ele ri e me aconselha:
— Vá com calma, amanhã você não poderá sair da cama.
Digo sim com a cabeça, enquanto os olhos choram por causa do rum.
— Como é Caty? – pergunto.
Tony olha para mim e não vendo nenhuma fuga, respondeu: — Uma boa
menina,
embora rara.
— Rara!
— Há algo nela que não gosto e tenho certeza que acontece a mesma
coisa com meu irmão. – Da outro gole em sua bebida e ele continua: — Ela sempre
foi apaixonada por Arthur, apesar dele se envolver com outras mulheres.
— Arthur a traía com outras?
— Meu irmão nunca quis nada sério com ninguém. Nem com Caty. Mas
sempre que acabava com algum caso, lá estava ela, a carinhosa Caty, para mimar.
Que se tornou algo normal e os meus pais a levaram com carinho.
— E Arthur a queria?
Tony, desconfortável com a conversa, responde:
— Não, ele nunca a quis como ela desejava e que me consta sempre
deixou isso bem claro. – Assenti e ele, agarrando minha mão, acrescenta: — O
conheço muito bem e te garanto que o que ele sente por você nunca sentiu por
ninguém. Você é o seu amor. Sua mulher. Sua vida. Não tenha a menor dúvida.
Emocionada por essas palavras, murmurei:
— Suas palavras me fazem ver o quão romântico você é.
Tony sorri e diz:
— É a maldição dos Aguiar. Românticos e teimosos.
— Tenho certeza de que um dia aparecerá esta menina que não vai
dececionar você e poderá lhe entregar a chave do seu coração.
— Duvido.
Agora eu o tenho blindado. Ouvindo isso me faz rir e tomar num gole
minha bebida, olho para Emy e peço:
— Mais dois chichaítos.
Quinze minutos depois, notei que estava mais relaxada. Os chichaítos
começam a fazer efeito e eu esqueço meus problemas e aproveito a noite com
Tony. A orquestra é grande.
Encanta-me como tocam. Tem um ótimo ritmo e um cantor de voz quente.
As pessoas dançam e tem um bom tempo.
— Dançamos? – Tony propõe.
Aceito animada e sigo como posso. Aqui todos dançam que é um escândalo
e logo ele me mostra que é um especialista.
— A sua mãe ensinou você a dançar também?
Ele sorri e responde:
— Sim, senhora. Meus irmãos e eu tivemos como professora nada menos do
que a
Rainha da Salsa de Puerto Rico. E, divertido, acrescenta: — Ê...
Cunhada, você não dança mal!
Deixamo-nos levar pelo ritmo, dançamos em várias partes do ambiente
numa alegria contagiante. Quando nos sentamos, nós estamos suados, felizes e
exaustos. O celular continua vibrando. Arthur deve estar desesperado, mas não
quero falar com ele. Não quero vê-lo.
Adoreiiiiii finalmente Lua pensando nela... Arthur tem q sofrer um pouquinho!!! Posta maissss!!!
ResponderExcluirBem feito pro Arthur, a Lua devia fazer isso mais vezes.... Postaaaaaaa maiiis....
ResponderExcluirAhaaaaaa amando a web. Amei a reação da lua, posta +++++++
ResponderExcluirPosta Mais. Viciada na web
ResponderExcluirAinda bem né Lua!!! Mais
ResponderExcluirDá-lhe um susto nele Lua...Ele acorda pra fica logo, logo
ResponderExcluirMaais!
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