Capítulo 20:
Mal falei, Arthur me olha, e eu censuro a mim mesma. “Me
convença?” Mas o que estou dizendo? Santo Deus, a canção me atrapalha o
raciocínio. Vamos, termina de uma vez. E sem deixá-lo responder, resmungo:
— E pra isso tive que largar meu trabalho e devolver o
anel?
— Você não foi despedida e...
— Arthur, Arthur, não penso em voltar nunca mais pra
desgraçada da sua empresa.
— Por quê?
— Porque não. Ah, claro, fiquei alegre ao saber que botou
minha ex-chefe no olho da rua. E, antes que insista, minha resposta é não. Não
penso em voltar a trabalhar lá, entendeu?
Arthur concorda, mas durante um instante fica pensativo.
Por fim, decide admitir:
— Não vou permitir que continue trabalhando como garçonete
nem aqui, nem em lugar nenhum. Odeio ver como os homens te olham. Gosto de ter
meu território marcado e...
Confusa com este ataque de ciúme, que me deixa a mil,
disparo:
— Olha, bonitão, hoje em dia há muito desemprego na
Espanha e, como você sabe, eu tenho que trabalhar, não posso ficar escolhendo
muito. Mas, de qualquer forma, agora não quero falar disto, está bem?
Arthur se mostra resignado.
— Quanto ao anel...
— Não quero o anel.
Uau, que chata estou sendo! Surpreendo a mim mesma até.
— É teu, querida — responde Arthur com tato e voz suave.
— Não quero.
Tenta me beijar, mas recuo. E, antes que diga qualquer
coisa, gaguejo:
— Não me encha com anéis, nem compromissos, nem mudanças,
nem nada. Estamos falando da gente e de nossa relação. Aconteceu uma coisa que
bagunçou minha vida e por ora não quero anel nem o título de namorada. Tudo
bem?
Concorda de novo. Sua docilidade me maravilha. Realmente
me ama tanto? A canção termina e começa Nirvana. Ótimo! Acabou o romantismo.
Ficamos num silêncio tenso, mas Arthur não tira os olhos
de cima de mim nem por um segundo. Por fim vejo que se curvam os cantos de seus
lábios e ele diz:
— Você é uma garota ao mesmo tempo muito corajosa e muito
linda.
Sem querer sorrir, levanto uma sobrancelha:
— Fase puxa-saco?
Arthur sorri.
— O que você fez naquele dia no escritório me deixou sem
fala.
— O quê? Esfregar a verdade na cara da idiota da minha
ex-chefe? Largar meu trabalho?
— Tudo isso e ouvir como me mandou à merda diante do chefe
de RH. Não faça isso de novo, claro, ou vou perder o respeito em minha empresa,
entende?
Desta vez sou eu que concordo e sorrio. Tem razão. Isso
foi mal.
Silêncio.
Arthur me observa à espera de que o beije. Sei que pede
meu contato — sei pela forma como me olha —, mas não estou disposta a deixar
barato.
— É verdade que me ama tanto?
— Mais — sussurra, aproximando o nariz do meu pescoço.
Meu coração dispara. O cheiro de Arthur, sua proximidade,
sua confiança, começam a me atingir, e só posso desejar que tire minha roupa e
me possua. Ele, assim pertinho, é irresistível, mas, disposta a dizer tudo o
que tenho a dizer, me afasto e murmuro:
— Quero que saiba que estou muito chateada contigo.
— Sinto muito, menina.
— Você me fez muito mal.
— Sinto muito, pequena.
Volta à carga.
Seus lábios tocam meu ombro nu. Santo Deuuuusss, como
gosto!
Mas não. Deve provar de seu próprio veneno. Bem que
merece. Por isso, respiro fundo e digo:
— Vai sentir muito, sim, senhor Aguiar, porque a partir de
agora cada vez que eu me chatear contigo, você vai ser castigado. Cansei de que
apenas você castigue.
Surpreso, ele me olha e ergue a sobrancelha.
— E como pretende me castigar?
Me levanto da poltrona.
Não gosta das guerreiras? Pois lá vou eu.
Me viro lentamente diante dele, confiando na minha
sensualidade.
— Por ora, privando você do que mais deseja.
Iceman se levanta. Oh, oh!
Capítulo 21:
Sua altura é espetacular.
Seus olhos, impressionantes e azuis, me encaram e ele
indaga:
— Do que você está falando exatamente?
Ando, ele observa. Quando estou atrás da mesa, explico:
— Não vai desfrutar do meu corpo. É esse o seu castigo.
Tensão!
Dá para cortar o ar com uma faca.
Seu rosto perde a expressão.
Espero que Arthur grite e proteste, mas de repente diz com
voz gélida:
— Quer me deixar louco? — Não respondo, e ele prossegue,
ofuscado: — Você fugiu de mim. Fiquei louco por não saber onde você estava. Não
atendeu ao telefone durante dias. Me bateu a porta na cara e ontem à noite te
vi sorrindo pra outros caras.
E ainda quer me castigar mais?
— Hum-hum.
Xinga em alemão.
Uau, palavrãozinho cabeludo que disse! Mas, ao se dirigir
a mim, muda completamente de tom:
— Querida, quero fazer amor com você. Quero te beijar. Quero
demonstrar o quanto te amo. Quero você nua nos meus braços. Preciso de você. E
você está me dizendo que me prive disso tudo?
Confirmo com minha voz mais fria e distante:
— É isso. Exatamente isso. Não vai me tocar nem num fio de
cabelo até que eu deixe. Você me partiu o coração e, se me ama, respeitará o
castigo como eu sempre respeitei os teus.
Arthur diz mais palavrões em alemão.
— E até quando se supõe que estarei de castigo? —
pergunta, me olhando com intensidade.
— Até que eu decida.
Fecha os olhos e inspira fundo. E, por fim, faz um gesto
de concordância.
— Tudo bem, pequena. Se é isso o que você acha que deve
fazer, vá em frente.
Encantada, sorrio. Aprontei uma das minhas. Uhu!
Olho o relógio e vejo que são duas e meia da madrugada.
Não tenho sono, mas preciso ficar longe dele, ou serei a primeira a não cumprir
o castigo absurdo. Então me espreguiço antes de pedir:
— Me diz qual é meu quarto?
— Teu quarto?
Com dissimulação, seguro a risada ao ver a cara dele. E
insisto:
— Arthur, você não pretende que a gente durma junto,
pretende?
— Mas...
— Não, Arthur, não — corto. — Desejo ter minha privacidade.
Não quero compartilhar a cama com você. Você não merece.
Concorda, lentamente, com uma expressão tensa — sei que
neste momento deve estar xingando todas as gerações da minha família — e
murmura, passado o primeiro impacto:
— Já sabe que a casa tem quatro quartos. Escolha o que
quiser. Eu dormirei em qualquer um.
Sem olhar para ele, pego minha mochila e me dirijo ao
quarto que usamos no verão.
Nosso quarto. Está sensacional. Arthur pôs uma cama enorme
com dossel no centro.
Uma maravilha. Móveis brancos de pátina e cortinas de linho
cor de laranja combinando com a colcha. Olho o teto e vejo um ventilador. Adoro
os ventiladores! Fecho a porta e meu coração bate com força.
O que estou fazendo?
Desejo que tire minha roupa, que me beije, que transe
comigo como nós dois gostamos, mas aqui estou, negando a mim mesma e a ele o
que mais desejo.
Depois de deixar minha bagagem perto de uma parede do
dormitório, me olho no espelho ovalado, que combina com os móveis, e sorrio.
Minha aparência, com este vestido, é das mais sensuais e provocantes. Não
estranho que Arthur tenha me olhado daquele jeito. Com malícia sorrio e planejo
meter mais ainda o dedo na ferida. Quero castigá-lo. Abro a aporta, procuro Arthur
e o vejo parado diante da lareira.
— Posso te pedir um favor?
— Claro.
Consciente do que vou pedir, chego perto dele, afasto meu
longo e escuro cabelo para um lado e peço, toda charmosa:
— Pode abrir o zíper do meu vestido?
Me viro para que não perceba meu sorriso e ouço sua
respiração.
Não vejo seu rosto, mas imagino seu olhar em minhas
costas. Em minha pele. Suas mãos me tocam. Ufa, que calor! Muito lentamente vai
descendo o zíper. Noto sua respiração em meu pescoço. Excitante! Imagino o esforço
que está fazendo para não me arrancar o vestido e violar o castigo.
Uii que issooo adoreiiii,posta maisss
ResponderExcluirGabs❤️
Socorroooo, simplesmente perfeito !!
ResponderExcluirPosta +++++++
Ameeii *-^
Perfeitoo
ResponderExcluirPosta maiss ++++++
Mais
ResponderExcluirAhahah Lua perversa u.u kkkkkkkkk
ResponderExcluiradoreeeeei *---*
Mais pfff
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