Peça-me o que quiser agora e sempre - 2º temp. - 50º e 51º Capítulo (Adaptada)

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Capítulo 50:


Estou feliz porque Arthur está a meu lado. Mas essas lágrimas malditas insistem em correr.

Choro, choro e choro até que consigo me controlar e passo água no rosto. Alguns minutos depois, batem na porta. Saio e Arthur, preocupado, me pergunta:

— Tudo bem?

— Tudo — afirmo com um fio de voz —, só que é a primeira vez que estou longe de minha família numa noite tão especial.

Meu rosto e, principalmente, meus olhos lhe indicam o que aconteceu. Arthur me abraça.

— Sinto muito, querida. Sinto que, por estar aqui comigo, esteja passando um mau momento.

Suas palavras me confortam, me fazem sorrir, e beijo Arthur na boca.

— Não sinta, meu amor. Está sendo uma noite mágica pra mim.

Não muito convencido, crava seus impressionantes olhos em mim e, quando vai acrescentar algo mais, lhe dou um rápido beijo nos lábios.

— Vamos, vamos voltar para a sala. Flyn, Simona e Norbert nos esperam.

Quando o relógio da Puerta del Sol começa a tocar, digo a eles que esses são os quartos de hora. E quando começam as verdadeiras badaladas, digo a todos para irem engolindo as uvas. Para Flyn e Arthur isso é algo que já fizeram outras vezes, mas para Norbert e Simona não, e rio ao ver suas caras.

Uva a uva, meu ânimo melhora.

Uma. Duas. Três. Papai, Raquel, Luz e meu cunhado estão bem.

Quatro. Cinco. Seis. Eu sou feliz.

Sete. Oito. Nove. O que mais posso pedir?

Dez. Onze. Doze. Feliz 2013!

Depois da última badalada, Arthur vai me abraçar, mas Flyn se mete entre nós dois e nos separa. Eu sorrio e pisco um olho. É normal. O menino quer ser o primeiro. Norbert e Simona, ao testemunharem o que aconteceu, me abraçam e dizem:

— Gutes Neues Jahr!

Incapaz de conter meus impulsos, beijo os dois e, entre risadas, faço com que repitam em espanhol:

— Feliz Año Nuevo!

O casal se diverte repetindo o que eu digo, rindo e demonstrando sua felicidade.

Depois Norbert e Simona apertam a mão de Arthur e desejam feliz fim de ano, enquanto Flyn se afasta do lado dele. Me agacho para ficar à sua altura e o beijo na bochecha, sem que ele proteste.

— Feliz Ano-Novo, querido. Que este ano que começa seja maravilhoso e espetacular.

O menino me beija também e, para meu espanto, sorri. Norbert o coloca entre os braços. E Arthur me olha rapidamente, me abraça e, com todo o seu amor, murmura em meu ouvido, me deixando arrepiada:

— Feliz Ano-Novo, meu amor. Obrigado por fazer desta noite algo muito especial para todos nós.

Capítulo 51:


Os dias passam e estar com Arthur é a melhor coisa que já me aconteceu. Ele me ama, me paparica e está atento a tudo que necessito. Flyn é outra história. Rivaliza comigo em tudo, e eu tento fazer com que veja que não sou sua adversária. Se faço tortilhas de batata para ele, não gosta. Se danço e canto, me olha com desprezo. Se vejo alguma coisa na televisão, se queixa. Não me suporta de jeito nenhum e não disfarça. Isso me deixa mais preocupada a cada dia.

Falo com minha família em Jerez. Estão todos bem. Isso me conforta. Minha irmã conta de como está cansada com a gravidez e da trabalheira que minha sobrinha dá.

Sorrio. Imagino Luz histérica à espera de que os Reis Magos a visitem. Que linda que é minha Luz!

Uma manhã, chego à cozinha e encontro Simona assistindo à televisão. Está tão concentrada no que vê que não me ouve. Quando chego a seu lado, vejo que ela está angustiada, assustada.

— Santo Deus, o que foi?

A mulher seca os olhos com um guardanapo e diz, me olhando:

— Estou vendo Loucura esmeralda, senhorita.

Surpresa, olho a tevê e vejo que se trata de uma novela. Assistem a esses dramalhões mexicanos na Alemanha? Um sorriso me escapa, e Simona me imita.

— Acho que a senhorita ia gostar também. Não conhecem esta novela na Espanha?

— Não me lembro, mas não gosto dessas novelas.

— Acredite, a mim também não, mas esta está causando furor aqui. Todo mundo vê

Loucura esmeralda.

Passada a surpresa, estou quase rindo. Então ela acrescenta:

— É sobre a jovem Esmeralda Mendoza. Ela é uma bela moça que trabalha de empregada para os senhores Halcones de San Juan. Mas tudo se complica quando volta dos Estados Unidos o filho pródigo Carlos Alfonso Halcones de San Juan e se enrabicha por Esmeralda Mendoza. Mas ela ama em segredo Luis Alfredo Quiñones, o filho bastardo do senhor Halcones de San Juan. Santo Deus, é tudo tão difícil...

Surpresa e achando graça, ouço com atenção o que a mulher vai me contando. Que xaropada! Minha irmã adoraria. Por fim, sem saber por quê, me sento com Simona e, de repente, estou mergulhada na história.

Sophia, a irmã de Arthur, passa para me pegar no dia 2 de janeiro. Comentei com ela que preciso comprar uns presentes e ela, contente, se oferece para me acompanhar.

Arthur, animado por me ver sorrir, me dá um beijo na boca de despedida.

— Divirta-se, querida.

Faz um frio de rachar. Estamos com dois graus abaixo de zero às onze e meia da manhã. Mas me sinto feliz na companhia de Sophia e sua conversa bem-humorada.

Chegamos à praça central de Munique, Marienplatz, uma praça majestosa, rodeada de edifícios impressionantes. Aqui há um enorme e sensacional mercadinho de rua onde faço várias compras.

— Tá vendo aquela sacada?

— Estou.

— É da prefeitura. Ali, todas as tardes, tocam música ao vivo.

De repente, uma banca multicolorida com infinidade de árvores de Natal chama minha atenção. Há árvores vermelhas, azuis, brancas, verdes e de diferentes tamanhos. Em sua maioria estão decoradas com fotografias, bilhetes com desejos, tubinhos ou CD de plástico. Adoro! Olho Sophia e pergunto:

— O que acha que teu irmão vai pensar se boto uma árvore dessas na sala dele?

Ela ri e acende um cigarro.

— Vai ficar horrorizado.

— Por quê?

Aceito um cigarro enquanto Sophia olha as árvores artificiais coloridas.

— Porque estas árvores são modernas demais pra ele. Na verdade, nunca vi Arthur botar uma árvore de Natal na casa dele.

— Sério? — Estou perplexa e, ao mesmo tempo, convencida do que quero fazer. — Sinto por ele, mas eu não posso viver sem ter minha árvore de Natal. Portanto, se horrorize ou não, terá que aguentar.

Sophia dá uma gargalhada. E eu me decido por uma árvore vermelha de 2 metros.

Um escândalo! Compro também uma infinidade de fitas coloridas com sininhos pendurados. Quero decorar a casa como se deve. Afinal, para os espanhóis até o dia de reis ainda é Natal. Pago, e prometemos voltar no fim do dia para pegá-la.

Durante mais de uma hora, compramos presentinhos e, quando estamos com os narizes vermelhos de frio, Sophia me propõe ir beber alguma coisa. Aceito. Estou morta de frio, fome e sede. Deixo que ela me guie pelas bonitas ruas de Munique.

— Vou te levar a um lugar muito especial. Outro dia que a gente sair iremos comer no restaurante da Torre Olímpica. É giratório. Você vai conhecer as vistas maravilhosas de Munique.

Concordo, congelada, e observo que ali todos os táxis são de cor creme e a maioria Mercedes-Benz. É um luxo só, hein?! Poucos minutos depois, quando entramos num lugar enorme, Sophia diz:

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