Peça-me o que quiser agora e sempre - 2º temp. - 12º e 13º Capítulo (Adaptada)

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Capítulo 12:


Todos sorriem, e seus sorrisos me tiram do sério. Por que ninguém entende minha mágoa?

Sabem que Arthur e eu rompemos, embora ninguém, fora minha irmã, saiba que é por causa de uma mulher, e nem mesmo a ela contei toda a verdade. Se Raquel ou qualquer outro conhecesse todos os motivos de nossa discussão, não acreditaria na loucura toda!

Percebendo que minha angústia vai aumentando, aumentando e aumentando, vou ver minha amiga Rocío. Tenho certeza de que ela não falará de Arthur. E não me engano.

Volto para o almoço. O telefone não para de tocar e deixo desligado.

Já chega, por faaaaavvvooorrr!

Às dez vou para o pub. Tenho de trabalhar. Mas quando estou na porta, falando com uns amigos, vejo passar um BMW escuro e reconheço Arthur ao volante. Me escondo.

Não me viu e, pela direção que tomou, suponho que se dirige à casa do meu pai.

Que inferno. Por que é tão insistente?

Quando o desespero começa a me dar uma grande coceira, alguém me toca as costas e, ao me virar, topo com David Guepardo. Que cara mais lindo! Encantada, sorrio e tento me concentrar nele. Entramos no pub. Me convida para uma bebida, eu o convido para mais uma. É amável, um doce, e por seu olhar e as coisas que diz, sei o que quer: sexo! Mas não. Hoje não estou num bom dia e decido ignorar as mensagens que me manda enquanto começo a servir as bebidas no balcão.

Vinte minutos depois, vejo Arthur entrar, e meu coração dispara.

Tum-tum... Tum-tum...

Está sozinho. Olha ao redor e rapidamente me localiza. Caminha decidido até onde estou e diz:

— Lu, saia daí agora mesmo e venha comigo.

David olha para ele, depois olha para mim.

— Conhece este cara? — pergunta.

Vou responder, quando Arthur se adianta

— É minha mulher. Quer saber mais alguma coisa?

Sua mulher? Mas que prepotência!

Surpreso, David me olha. Pestanejo e enquanto termino de preparar uma cuba-libre para o ruivo da direita, respondo:

— Não sou tua mulher.

— Ah, não? — insiste Arthur.

— Não.

Entrego a conta para o ruivo, e trocamos um sorriso. Depois que ele me paga, olho pra Arthur, que aguarda desesperado.

— Não sou nada tua — esclareço. — Acabou tudo e...

Mas Arthur, cravando seus espetaculares olhos azuis em mim, não me deixa terminar.

— Lu, querida, quer parar de dizer bobagem e sair desse balcão?

Resmungo, chateada com suas palavras.

— Você é quem tem de parar de dizer bobagens, meu filho. E repito: não sou sua mulher e também não sou sua namorada. Não sou absolutamente nada sua e quero que me deixe viver em paz.

— Lu...

— Quero que me esqueça e me deixe trabalhar — prossigo, irritada. — Quero distância de você. Arrume outra e vá encher o saco dela, entendido?

Minha cara é séria, mas a de Arthur é tenebrosa.

Me olha... Me olha... Me olha...

Tem o rosto tenso, e sei que está contendo seus impulsos mais primitivos, esses que me deixam louca. Santo Deus, sou uma masoquista! David nos olha, mas antes que possa dizer alguma coisa, Arthur murmura:

— Tudo bem, Lu. Farei o que me pede.

E se vira e vai para a ponta do balcão. Irritada, eu o sigo com o olhar.

— Quem é esse cara ? — pergunta David.

Não respondo. Só posso prestar atenção em Arthur e ver como meu colega no balcão lhe serve um uísque. David insiste.

— Se não é muita indiscrição, quem é?

— Alguém do meu passado — respondo como posso.

Irritada até não poder mais, tento me esquecer de que Arthur está aqui. Continuo preparando bebidas e sorrindo para os clientes. Durante um bom tempo, não o olho.

Quero não reparar na sua presença e me divertir. David é um doce e tenta me fazer rir o tempo todo. Mas meu sorriso se congela e meu sangue para, quando, ao ir pegar uma garrafa na prateleira, vejo Arthur falando com uma garota muito bonita. Não me olha.

Está todo concentrado nela, e isso me deixa muito puta.

Nossa mãe, que ciumenta estoooouuuu!


Capítulo 13:

Pego a garrafa e me viro. Não quero continuar olhando o que ele está fazendo, mas minha maldita curiosidade me obriga a olhar de novo. Os sinais que a garota dá são os típicos de quando um homem nos interessa. Mexe no cabelo, na orelha, e o sorrisinho de “vem quente que eu estou fervendo”.

De repente a loira passa um dedo no rosto dele. Por que o toca? Ele sorri.

Arthur não se mexe, e sou testemunha de como ela chega cada vez mais e mais perto, até ficar totalmente entre suas pernas. Arthur a olha. Seu olhar ardente me excita. Passa um dedo pelo pescoço dela, e isso me revolta.

O que esse maluco está fazendo?

Ela sorri, e ele baixa o olhar.

Ah, eu mato!

Esse olhar, acompanhado do seu sorriso malicioso — sei o que significa. Sexo!

Meu coração bate descompassado.

Arthur está fazendo o que pedi. Arrumou outra, se diverte, e eu, como uma imbecil, estou sofrendo pelo que eu mesma pedi. Que coisa idiota fui fazer!

Quinze minutos depois, observo que ele se levanta e, sem me olhar, sai do pub de mãos dadas com a garota.

Eu maaaatttoooooooo!

Meu coração bombeia enlouquecido e, se continuo respirando assim, acho que vou ter um troço. Saio do balcão, vou para o banheiro e refresco a nuca com água. O pescoço arde. Merda de alergia! Arthur acaba de demonstrar que não está de brincadeira, que seu negócio é pra valer. Preciso de ar ou sumir daqui. Tenho de desaparecer do pub ou sou capaz de organizar uma verdadeira matança.

Quando saio do banheiro, despacho David como posso e combino de vê-lo amanhã à noite. Ao entrar no meu carro, grito de frustração. Por que sou uma completa imbecil? Por que digo a Arthur que faça coisas que vão me fazer sofrer? Por que não  posso ser tão fria como ele? Sou espanhola, temperamental; enquanto Arthur é um alemão impassível. Ligo o carro, e o rádio começa a tocar. A voz de Álex Ubago toma meu carro, e fecho os olhos. A canção Sin miedo a nada me deixa arrepiada.

Idiota, idiota, idiota... Sou uma IDIOTA completa!

Ligo o celular enquanto começo inconscientemente a cantarolar:

 

Me muero por explicarte lo que pasa por mi mente,

Me muero por entregarte y seguir siendo capaz de sorprenderte,

Sentir cada día ese flechazo al verte.

Qué más dará lo que digan, qué más dará lo que piensen.

Si estoy loca es cosa mía...

 

Procuro o número de Arthur e, quando estou a ponto de ligar, paro. O que estou fazendo?

Quero quebrar a cara?

Abobalhada, fecho o celular.

Não vou ligar. Nem morta!

Mas a raiva que sinto me faz tirar a chave da ignição, sair do carro e, depois de bater a porta do meu Leãozinho com uma pancada e tanto, entro de novo no pub.

Estou solteira, sem compromisso e sou dona de minha vida. Procuro David. Localizo-o e o beijo. Ele rapidamente corresponde.

Esses caras são tão fáceis!

Durante vários minutos permito que sua língua brinque com a minha, e quando estou a ponto de insinuar a ele que devemos ir para outro lugar, a porta do pub se abre e vejo que entra a garota loira que saíra com Arthur.

Surpresa, sigo-a com o olhar. Ela vai até o balcão, pede uma bebida a meu colega e depois volta a seu grupo de amigas. Neste instante, toca meu celular. Uma mensagem de Arthur.

“Sair com qualquer um é tão fácil como respirar. Não faça nada de que possa se arrepender.”

Sem saber por quê, caio na risada. Arthur, seu safado! Ele e seus jogos engraçadinhos. David me olha. Digo que tenho que continuar trabalhando e volto a meu posto.

Às seis e meia da manhã, entro na casa de papai. Estão todos dormindo. Vou até a lata de lixo e, depois de procurar um pouco, encontro o cartão das rosas que Arthur me enviou. Abro e leio: “Querida, sou um babaca. Mas um babaca que te ama e que deseja ser perdoado. Arthur.”

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