"É Estranho. Mas é do nosso jeito" - 2ª Temporada - 18º Capítulo

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P.O.V.’s Narrador

A dúvida anterior (ligar ou não ligar?) persistiu durante alguns dias. O facto de Lua ter acordado não saia da cabeça de Arthur. Ele queria falar com ela mas ao mesmo tempo não, devido a tudo o que aconteceu.
Lua sabia perfeitamente que ele tinha atendido. Ele só não falou. Então algo se passava. E ela não ia ficar parada até não descobrir do que realmente se tratava.

- Você é o amor da minha vida. – Lua beijou a testa de Lourenzo. Ele se mexia sem parar na cama, de um lado para o outro, tentando segurar as pontas do cabelo de Lua. Ela passava horas com ele no quarto, sem falar com ninguém, apenas com ele. A relação de mãe e filho aumento de 0% para 200%. Lua não larga o bebé um segundo que seja.
- Lua. – Cláudia a chamou enquanto bateu uma vez na porta. Depois abriu a porta do quarto dela e entrou. – Visitas.
- Entrem. – Lua avistava, ainda do lado de fora da porta, Diogo. – Que bom te ver. À tanto tempo que não vejo pessoas.
- Ah claro, porque eu sou uma ET. – Cláudia cruzou os braços
- A mãe ET mais perfeita do mundo. Depois de mim, claro.
- Que lindo. Ver você falar assim é… inexplicável. Quem diria. A menina rebelde virou uma verdadeira mulher.
- Eu já o era. Só não tinha determinadas responsabilidades.
- Ela realmente é uma grande mulher. – Disse Diogo e se sentou ao lado de Lua na cama – E como está o meu bebé mais lindo? – Diogo colocou um dedo para Lourenzo apertar e assim o bebé o fez.
- Se divertiam. Daqui a pouco eu trago um lanche para todos nós.
- Obrigada mãe. – Lua agradeceu e Cláudia saiu do quarto.
- Como está tudo? – Diogo perguntou e abraçou Lua.
- Uma verdadeira confusão. Em parte, claro. Porque quanto ao Lourenzo… bom, ele é o melhor bebé do mundo.
- Muitas dores de cabeça?
- Com a ajuda de Arthur tudo seria melhor.
- E o que é feito desse babaca? – Perguntou novamente.
- Eu não sei. Estou pensando em ir hoje à escola de artes e falar com ele. Se eu não o achar, eu mato ele!
- Não diria matar. Mas ao menos… não sei. O que ele fez, não se faz a ninguém. – Comentou Diogo – Acho que deveriam ter uma conversa séria e você devia colocar um ponto final em tudo. Tudo bem que ele é o pai do Lourenzo, mas isso não lhe dá o direito de ele te abandonar, justo quando você mais precisava. Além do mais, um pai não precisa ser exatamente quem fez a criança. Um pai é quem trata bem, quem dá amor e educação. Arthur realmente não está preparado.
- Eu acho que algo aconteceu para ele reagir daquela maneira. Ele não me virou as costas, simplesmente. Eu tenho um mau pressentimento.
- As mulheres e o sexto sentido. – Diogo falava com Lourenzo – Sem se acham as donas da razão. Ou elas estão certas ou você está errado. Ou está do lado delas ou está contra elas.
- Mas pode acreditar que é mesmo! – Lua cruzou os braços – Nós estamos 98% certas em todas as possíveis dúvidas.
- Ainda por cima se acham. – Diogo deu uma gargalhada que contagiou Lua. Lua pegou a almofada e jogou em Diogo, que revirou o jogo. Os dois se levantaram da cama e começaram a dar leves empurrões um ao outro, até finalmente se abraçarem.
- Eu ainda não tive um tempo exato para te agradecer por tudo. Você tem sido incrível. Mais que um amigo, um melhor amigo ou um familiar qualquer. Você tem sido… incrível mesmo! – Lua gargalhou por não achar outro sinónimo naquele momento
- Eu fiz o que qualquer um faria. Ou melhor, fiz isso por ser você. – Diogo mordeu o lábio
- Vamos com calma. – Lua sorriu e segurou a mão de Diogo.
- Eu sei. Te dou toda a calma do mundo. – Diogo abraçou novamente Lua – Mas não esquece que eu realmente gosto de você. Mais que gostar. Adorar. Sim, eu adoro você.
- Bobo. – Lua beijou a bochecha de Arthur – Já que me adora tanto, consegue fazer outro favor por mim? – Lua piscou muito os olhos

[…]

Mesmo depois de ser barrada pelos pais, Lua saiu de casa com o carro emprestado de Diogo. Após o acidente, ela ainda não teve muito tempo para resolver metade dos problemas que o acidente lhe causou e a grande prioridade era mesmo Lourenzo. Era totalmente contras às regras, do médico, Lua sair de casa. Ela estava em casa à pouco tempo para se meter em outra aventura de novo.
Antes de arrancar com o carro, sentiu um ligeiro nervosismo e um certo medo. Era a primeira vez que ela pegava num carro novamente, após o acidente. Se benzeu uma vez e respirou fundo. Rodou a chaves do carro e arrancou devagar. Podia passar na estrada em que o acidente decorreu, mas decidiu dar uma volta maior, para o carro de se descontrolar e várias imagens retomarem à sua cabeça.

Na escola de artes, era hora de intervalo. Os alunos se juntavam em grupos sociais e conviviam. Uns dançavam, outros cantavam e até havia pequenos ensaios de representação nos corredores antes da aula de avaliação.
Lua passou entre os jovens e todos olhavam para ela com uma certa curiosidade. Andou um pouco perdida até encontrar, finalmente, a sala de professores. Respirou fundo e endireitou as suas roupas e o seu cabelo. Respirou fundo novamente e bateu à porta. Alguns professores saíram.

- Boa tarde. Em que posso lhe ajudar? – Perguntou uma muito simpática.
- Boa tarde. Eu queria falar com o professor Arthur Aguiar. Será possível?
- O Arthur… - Ela olhou para dentro da sala – O Arthur de momento não está. Ele saiu mais cedo.
- E tem como você me dar o endereço da casa dele? – Lua mordeu o lábio.

Claro que foi difícil ela receber esta informação. Mas depois de muitas explicações ela sempre conseguiu.

- O que raio ele faz num hotel? – Lua se questionava enquanto dirigia.

Andou uns quantos quarteirões até finalmente encontrar o hotel. Era de três estrelas e tinha um nome muito requintado. Lua deixou o carro bem perto de hotel e entrou. Na recepção foi olhava novamente por pessoas curiosas. Foi ao balcão e pediu que lhe dessem o número do quarto em que Arthur se encontrava. Foi difícil, mais uma vez, de obter tal informação, mas sempre conseguiu.
Lua enquanto ia no elevador tentava fazer um texto decorado para Arthur. Iria lhe perguntar a razão de ter desaparecido. O porquê de morar num hotel quando tem um apartamento em excelentes condições. E o motivo de não se importar com um filho recém-nascido. Ao mesmo tempo, tentava se manter ciente de que naquele quarto podia encontrar qualquer coisa. Apenas Arthur. Arthur com uns amigos. Ou Arthur com uma mulher.

O quarto era o número 222. Bateu à porta, desta vez sem hesitar. Ouviu uma voz grossa do outro lado que dizia “Vou já”. O seu coração acelerou. Chegou a hora.


Notas finais: 
Peço mais uma vez que leiam tudo com cuidado para depois não ficarem perdidas. 

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