"É Estranho. Mas é do nosso jeito" - 2ª Temporada - 17º Capítulo

P.O.V.’s Narrador

No dia seguinte à vinda de Lua para casa, não tinha mais como esconder certas coisas a ela. A sua mente estava confusa, pois passou muito tempo num sono profundo sem saber o que realmente se passava à sua volta.
As perguntas começaram e as respostas faltaram. Não tinha como negar. Agora, só restava encarar a realidade.

- Eu fui ao meu apartamento e ele está totalmente vazio. O meu quarto apenas contém as minhas roupas. Onde estão as roupas do Arthur? E o carro? E as nossas fotos? Eu não estou entendendo nada! – Lua se desesperava. Naquela manhã ela, ainda sem tomar o café da manhã, foi até ao seu apê à procura de Arthur e deu de caras com a ausência dele e de determinados artigos.
- Lua… - Cláudia suspirou e segurou as mãos da filha – O Arthur… é uma longa história. Quero dizer… realmente a história não é grande porque eu não sei o que, exatamente, aconteceu.
- Como não sabe? Pelo amor de deus, mãe! Não foi você que ficou em coma durante meses.
- Pois não. Mas enquanto você esteve nesse estado, eu só estava com olhos para você e o meu neto. Arthur é maior de idade e sabe o que faz.
- Mas onde é que ele está?
- Eu não sei. – Cláudia confessou – Uns dias antes de Lourenzo sair do hospital, eu vi umas cinco chamadas no celular, de Arthur. Eu não atendi porque estava ocupada com os meus problemas do Brasil pendentes. Quando tentei ligar de volta, ele não me atendeu. No dia seguinte, eu fui ao hospital.

Flash back on

- Bom dia. – Disse Cláudia ao chegar à cama de Lua. Ela estava tal e qual ao dia anterior, bem como aos outros passados dias. – Tenho uma novidade para você. Acabei de passar no quarto de Lourenzo e daqui a dois dias vamos poder levá-lo para casa. – Cláudia sorriu. Pegou a mão da filha e deixou escapar algumas lágrimas – Quero que você volte rápido. O lourenzo precisa de você.
- Com licença? – A enfermeira bateu à porta uma vez e, depois da autorização de Cláudia, ela entrou no quarto. – Temos progressos.
- Quanto ao Lourenzo? Eu já sei. Vou levá-lo para casa dentro de dois dias.
- Bom, fico feliz. Mas eu me referia a Lua.
- A Lua? O que aconteceu com ela?
- O namorado dela, Arthur Aguiar, ontem estava cá durante a tarde. Ele esteve cá durante uns bons 30 minutos. E a dando momento, ele começou a gritar pelos corredores a dizer que Lua tinha reagido às palavras dele. Os médicos entraram no quarto e, após uns exames, consentiram. Lua está voltando do coma.
- Não posso querer! – Cláudia juntou as mãos, erguendo-as ao céu, e olhou para Lua, que continuava tal e qual.

Flash back off

- Depois eu percebi que as ligações que eu não atendi, de Arthur, queriam dizer alguma coisa. Bom, na verdade, provavelmente ele queria me dizer o que tinha acontecido com você.
- Eu não me lembro de nada.
- É normal, querida. – As duas foram se sentar no sofá
- Mas e depois?
- Bom, nesse dia eu não vi Arthur e continuei sem o ver até hoje. Depois eu entrei no apartamento, para buscar as coisas do Lourenzo, e dei pela falta de algumas coisas lá, nomeadamente a roupa de Arthur.

Lua começou a pensar em todos os possíveis motivos para o desaparecimento de Arthur.

- E se ele, no hospital, estava se despedindo de mim e essa terá sido a razão de eu reagir? E se ele estava dizendo que… não era capaz de esperar e que… fugiu.
- Não, ele não seria capaz. Arthur é apaixonado por você.
- Eu sei que sim. Mas nos dias antes do acidente, nós brigávamos tanto. Eu sei que tivemos uma fase boa. Mas Arthur tinha acabado de aceitar Lourenzo. Mas… eu não sei. – Lua baixou o rosto e começou a chorar.
- Diogo tem sido um ótimo amigo. Ele foi um… verdadeiro pai.
- Eu sei. Eu tenho de falar com ele também… - Lua ergueu a cabeça e limpou o seu rosto – Mas primeiro quero saber de Arthur. O meu celular? Se recuperou do acidente?
- Sim. Temos a sua bolsa lá em cima no armário.
- Ótimo. Aproveito e vou ver o Lourenzo. Daqui a pouco ele deve acordar.

[…]

Arthur tinha acabado de se levantar. Estava tomando o seu banho e pensando no que ia fazer para o café da manhã. Era assim que ele ocupava o momento do banho.
Normalmente, o momento do banho é aquela hora do dia em que começamos a pensar de mais e a viajar de mais. Se Arthur não pensasse no café da manhã, teria de pensar nos problemas relacionados com Lua e Lourenzo. Mas após o resultado daquele exame, tanto Lua como Lourenzo não faziam parte da vida de Arthur.

Depois do banho, foi até ao quarto, do hotel, e deu de caras com Anna e o café da manhã preparado numa bandeja toda requintada.

- Já disse a você para não abrir a porta ao empregado do hotel. O que vão dizer de mim?
- O que isso interessa? – Anna se levantou da cama e passou as mãos pelas costas nuas de Arthur.
- Interessa muito. – Arthur se desviou e procurou no seu armário algo para vestir. Depois, o celular tocou. – Quem me atormenta?
- Quer que eu atenda?
- Não. – Respondeu Arthur, indo até ao celular e se assustando, assim que olhou para o ecrã. O celular caiu das suas mãos e ele se encostou ao armário.
- Está tudo bem?
- Vá tomar banho. Me deixe sozinho. – Arthur pediu e Anna obedeceu. – Lua? – Arthur olhou para o ecrã com a segunda ligação. – Não pode ser. – Ele segurou o celular. O seu dedo estava a milímetros do espaço para atender – Atender ou não atender, eis a questão. – Ele atendeu.
- Arthur? Meu amor. Sou eu, a Lua. Eu… eu acordei. Onde você está? Porque saiu de casa? Eu tenho tant… - Arthur desligou a ligação.
- Quem era? – Anna veio apenas de toalha até ao quarto.
- Saí. Me deixa sozinho. – Arthur pegou nas roupas de Anna e jogou contra o corpo dela, empurrando-lhe para fora do quarto depois.

Naquele dia Arthur não foi trabalhar. Ele não sabia o que fazer naquele momento.
Se deitou na cama e escutou um novo som de mensagem, desta vez no Whatsapp. Era Daniel. Ao tempo que os dois não conversavam.

“Fiquei sabendo que Lua voltou ao coma. Dá um abraço bem apertado a ela por mim. Juro por Deus que fiquei com muito medo de perder essa maluca para sempre. Você sabe como, às vezes, eu sou meio negativo. Prepara o casamento e o batizado da criança. Em breve estaremos aí. Abraço e muita saudade! Amo vocês!”

Arthur começou a chorar depois de ler aquela mensagem. Era uma pena já nada ser um conto de fadas. E ele agora tinha a certeza que nunca mais nada voltaria a ser o mesmo.
A dúvida persistia: ligar ou não ligar?

Notas finais:

Pessoal, prestem mais atenção às palavras que eu escrevo aqui na web. Então, a Lua apenas reagiu às palavras de Arthur. Lembram? E o teste deu negativo, daí a ele ter se embebedado e se juntado com Anna. Ok?
Vou tentar acabar com a web esta semana, mas não prometo nada porque a minha casa está em grandes mudanças.