Quando acordo no camarote, vejo que estou sozinha.
Depois de uma tórrida noite de sexo com um homem que me deixa louca e
que tem me dito palavras mágicas, sorrio feliz ao despertar nua na cama.
Ao me mover me sinto dolorida e sorrio ainda mais. Depois do que
fizemos horas atrás, é normal que me sinta assim, mas eu gosto. Adoro a força
de Arthur, sua virilidade, sua posse. Encanta-me. Toco a chave que levo
pendurada no pescoço. Olho de perto e me surpreendo ao ver que leva escrito:
“Para Sempre”.
Essas duas palavras me fazem estremecer. Quanto a mãe de Arthur devia
amar os filhos para lhes dar algo assim. Para mim é um detalhe precioso.
Fecho os olhos e recordo nosso joguinho da coelhinha e o lobo.
Minha mãe, que tesão!
Se tivessem me dito alguma vez que iria jogar com o estranho da
manutenção, que mostrou ser um cirurgião de renome, romântico e encantador,
nunca teria acreditado. Recrio o momento em que me disse “Te Amo” e sorrio
admirada. Volto a ver como suas pupilas se dilataram em extase ao entrar em mim
com força e exigência. Recordar me excita e desejo que voltemos com esse jogo
gostoso.
Meu celular toca. É Coral e leio:
“Algo a contar?”
Sorrio. Minha amiga deve ter ouvido algo sobre Arthur e respondo:
“Muitas coisas. E você?”
Dois segundos depois o celular vibra.
“Sexo... Sexo e sexo... O argentino é incrível. Atracamos em Genova.
Vem. Estou na cozinha e conversamos.”
Sem hesitação, me levanto e, depois de tomar um banho, me visto e vou
me encontrar com minha amiga. Ao sair da cobertura, vejo que as pessoas
desembarcam nessa bonita cidade e sorrio ao pensar em Arthur. Dentro de algumas
horas caminharei ali de mãos dadas.
Cruzo com vários passageiros. Reconhecem-me como a cantora do cruzeiro
e todos sorriem para mim.
Quando entro na cozinha, Coral pisca para mim. Aproximo-me dela,
pegando uma
magdalena (pequeno bolo), ela diz:
— Acabei de fazer para você.
Dou uma mordida. Olho minha amiga, que murmura:
— Desembucha.
Assinto e dou outra mordida. Tenho que contar-lhe mil coisas, mas
antes, mostro a chave que levo no pescoço, e sussurro:
— Eu disse a ele “Te Amo”.
Ela leva a mão à boca e logo, me dá um tapa, me tira a magdalena e
grunhe:
— Menina má. Você é tonta. Como pode pensar em dizer-lhe isso?
Da minha própria nuvem de algodão, a olho e, divertida, respondo:
— Ele me disse primeiro. Disse-me coisas maravilhosas e depois me
entregou a chave de seu coração.
Sua expressão muda. Olha a chave e me pergunta:
— É sério? – Concordo e ela diz em tom sonhador: — Deus, que
romântico!
Eu começo a rir. Como senti saudade dessa sua vozinha de apaixonada.
Estou impaciente para contar tudo. Tiro-lhe a magdalena das mãos e dou
outra
mordida. Depois sento ao seu lado e começo a contar detalhadamente
todo o acontecido. A surpresa de Coral vai aumentando. Os olhos parecem que vão
sair de suas órbitas à medida que sabe da história e, quando termino, digo:
— E isso é tudo que sei por enquanto.
— Cirugião?
— Sim... Cirurgião cardíaco, para ser mais exata. – explico.
Ela pisca. Está tão alucinada como eu quando soube e murmura:
— Ai, Lua... Não sei o que pensar.
— Eu também não. Eu só sei que o amo e ele me ama.
— Meu Deus, o que você conta é tudo tão romântico.
— Eu sei. – Eu sorrio como uma tonta.
— Você já procurou informações sobre ele na internet?
Eu não tinha pensado e respondo:
— Não!
Coral se levanta da cadeira, pega o laptop que está em um balcão da
cozinha e liga.
Fico nervosa. Eu sei que vou encontrar coisas sobre Arthur que
desconheço, mas eu não quero parar. Eu quero saber. Uma vez no Google, minha
amiga digita: "cirurgião cardiologista Arthur Aguiar”. Em seguida,
centenas de links aparecem diante de nossos olhos.
— Meu Deus! – Exclamo confusa.
Eu ainda não vi nada, mas todos esses links me perturbam.
Coral clica rapidamente em um e aparecem centenas de fotos de Arthur
no hospital, na rua, em um cinema, em um jantar, em uma festa beneficente.
Engasgo.
Por favor, está incrível de smoking!
Quando estou tirando os olhos da tela, eu mergulho novamente no Google
e pisco espantada quando vejo que ele só tem se relacionado com as modelos mais
impressionantes da face da Terra e com atrizes incríveis. É amigo de Marc
Anthony, Maxwell, Luis Fonsi e assim por diante e a cada segundo me deixa mais
sem palavras.
— Que merda...
Coral olha-me de relance e solta:
— Foda! Suas ex- são Sienna Miller, Megan Fox, Jennifer Aniston...
Minha mãe! Lua !
Eu começo a rir. Estou nervosa!
Meu coração bate a todo vapor. Arthur, meu Arthur, é um bombonzinho
tentador para as mulheres e sem dúvida ele se aproveita de sua posição e
magnetismo.
Me caem sete desgraças e em seguida mais algumas. E o ciúme
anuviando-me a razão.
De repente estou consciente da dura realidade e me pergunto "Como
ele pôde reparar em mim depois de estar com essas mulheres?”.
Pelo amor de Deus, é impossível!
Eu devo ser o seu plano Z. O plano desesperado da sua viagem no navio.
Levanto-me e vou beber água. Respiro fundo, mas meu coração dispara
quando ouço Coral dizer:
— Fodeuuuuu...
Como um furacão, olho de novo a tela do computador e volto a engasgar
ao ler:
"Os irmãos Aguiar afundados após a morte de La Leona, a rainha da
salsa portoriquenha e cantora do grupo Kodigo Salsa".
— Oh, meu Deus! – murmuro incrédula.
Espantada, olho a foto em que se vê Arthur e seus irmãos com um homem
que, pela aparência, deve ser seu pai, aflito em um funeral, junto a uma grande
foto de Luisa Fernandez, a grande rainha de salsa de Porto Rico, apelidada de
La Leona.
Engasgo.
Não consigo respirar.
Coral corre para pegar mais água. Ela me dá e eu bebo tremendo.
— Calma, Lua..., calma. – sussurra ao ver meu estado.
Não posso falar. Eu cantei músicas dessa mulher em algumas de minhas apresentações.
E olhando minha amiga, digo desconsolada:
— Pelo amor de Deus, Coral, a mãe de Arthur é a famosa Luisa
Fernandez, La Leona?
— É o que diz aqui, minha menina.
Tudo está girando. Não sei o que pensar.
Arthur foi uma grande descoberta para mim, mas agora sua família me
sobrecarrega.
Dá-me medo e não sei por quê. Tremo ao me dar conta da incrível
realidade.
Revira-me o estômago. Coral, que me conhece, me abraça, me acalma. Ela
me diz para não me preocupar, que tudo ficará bem. Mas o que eu acabei de
descobrir não é fácil de assimilar. Eu não sou ninguém em seu mundo. Eu não
posso me comparar nem com sua mãe, nem com as mulheres perfeitas e lindas com
quem ele tem estado. Arthur é o médico famoso Arthur Aguiar. Filho da grande
Luisa Fernandez e eu sou apenas uma simples cantora de orquestra que conheceu
como garçonete. Mais cedo ou mais tarde ele vai voltar à sua vida, sua
realidade, e sei que vai me esquecer. Eu sei. Eu sei que vai.
— Lua.
Ouço a voz de Arthur atrás de mim e fecho o laptop com um tapa.
Quando me viro para olhar para ele, seu sorriso me congela e eu ouço Coral
sussurando:
— Oh... Oh... Eu não gosto nada disso.
Eu entendo. Eu também não gosto do que vejo.
Meu sexto sentido me alerta de que aqui acontece algo, e que não será
bom para mim.
Meus olhos encontram com os bonitos olhos do meu moreno.
Minha mãe, como está lindo meu bombom de terno!
Está acompanhado de Tony e Omar. Os três vestem ternos escuros e pela
primeira vez estou ciente de que os formatos dos rostos são idênticos e os
olhos de Omar e Arthur também.
Vendo-os juntos, não se pode negar que eles são irmãos.
Como não tinha notado antes?
Este Arthur tão elegante não tem nada a ver com o homem com traje de
trabalho pelo qual me apaixonei.
Agora é o homem poderoso e importante que eu vi na internet, e isso me
intimida mais do que quero reconhecer.
Na cozinha, todos nos olham, fofocam, cochicham. Eles estão tão
surpresos quanto eu ao vê-lo vestido assim.
Nem Arthur nem eu dizemos nada, apenas nos olhamos. Nesse momento,
vejo Rançoso entrar na cozinha. Ele fica parado e, como nós, em silêncio.
Observa-nos. Já deve saber quem é Arthur.
Digo a mim mesma que deveria reagir e não apenas ficar parada diante
deles como uma estátua, então eu tomo ar e, sem me importar com os olhares dos
outros, me levanto da cadeira e me aproximo do homem que amo e que disse que me
amava.
Por Deus, parece que está mais alto!
Estou nervosa e intimidada, mas seu magnetismo e o que sinto me ajudam
a não desmaiar. Arthur não se move. Sua expressão é séria. Olhamos-nos por
alguns segundos e finalmente ele diz:
— Aconteceu algo e eu tenho que sair com urgência.
Meu sangue gela.
Por que não estou surpresa que tenha que ir?
Eu noto que meus pulmões estão sem ar, porém como posso, eu pergunto:
— O que houve?
Quando Arthur vai responder, Tony se adianta:
— Omar falou com nosso pai e por causa da emoção de termos encontrado
Arthur, ele teve um infarto. – Meu estômago se contrai ao olhar para Omar, que
baixa a cabeça. — Calma, está tudo bem. Não foi grave, mas todos temos que
voltar.
Eu entendo.
Se meu pai tivesse um infarto, eu voltaria da Cochinchina para estar
com ele.
Ainda assim, não sei o que dizer. Estou atordoada. Só posso olhar Arthur,
que a menos de um metro, me olha de uma forma estranha.
Todos estão olhando enquanto os segundos vão passando. E de repente eu
entendo.
Está se despedindo de mim e não sabe como fazê-lo. Meu coração se
parte em mil pedaços.
Consciente de que eu não devo fazer uma cena, respiro fundo, absorvo
sua bonita imagem e tento fotografar com a minha mente para recordar
eternamente.
Sei que eu vou sentir muita falta. Demais. Por minha cabeça passam mil
perguntas que eu não posso fazer. Há gente demais ao nosso redor nos observando
e não seria justo para ele nem para mim. Finalmente, ganho forças e consigo
dizer:
— O importante é que o seu pai está bem. – Omar e Tony concordam e,
olhando para o meu amor, acrescento: — Nesse momento, só isso que importa, Arthur.
Não se preocupe com mais nada. Por nada.
Sorrio. Sabe que estou nervosa. Ele nem sequer pisca, somente me olha.
De repente, dá um passo em minha direção, me pega pela cintura, me
levanta, tira o cabelo do meu rosto e me beija.
Sinto sua boca na minha com extrema doçura e sem me importar com os
olhos que nos observam com curiosidade, respondo ao seu beijo, enquanto uma
torrente de pensamentos, um pior que outro, me bloqueiam o cérebro.
— Se você sentir saudade me ligue. – ouço dizer.
Concordo. Busco sua boca e voltamos a nos beijar e quando deixamos de
fazê-lo, ele segura meu rosto com as mãos cuidadosas para que olhe apenas para
ele e sussurra:
— Eu sinto muito. Sinto muito, Lu.
Eu engulo as lágrimas e tento sorrir. Foi tudo tão bonito que era
impossível que
durasse.
Levo minha mão até a chave que me deu e faço um movimento para
tirá-la, mas ele me pára. Volta a me beijar, desta vez com desespero. Quando
termina o seu beijo apaixonado, me solta, se vira, e seguido por seus irmãos,
saem da cozinha sem olharem para trás.
Quando a porta se fecha atrás dele não posso me mover, até que a mão
fria de Coral me tráz de volta à realidade. Olho para ela e murmuro:
— Está tudo acabado.
— Não, não diga isso. Você não sabe.
— Sim, eu sei. – afirmo — Ele se despediu de mim.
Meu queixo treme, e ao ver, minha amiga me diz que não com a cabeça.
Não
posso chorar. Não devo fazê-lo. Ela está certa. Fazer uma cena diante
de todos deixará evidente minha fraqueza e deceção, de modo que, logo engulo o
nó que tenho na garganta e consigo tomar um sopro de ar, olho em volta, e com
petulância e um sorriso, indago aos meus colegas:
— Posso saber o que vocês estão olhando?
Nenhuma resposta, porém tão pasmos quanto eu, todos retomam suas
tarefas. A fofoca sobre Arthur e eu começará em uma fração de segundo, eu não
tenho a menor dúvida.
Maus dias me esperam. Eu não quero nem pensar!
Assim que a cozinha volta ao seu ritmo, olho Coral totalmente pasma e
murmuro:
— Eu tenho que ir para o plano B, C e D com urgência.
— Mas por quê?
Adoro a web! Mais?
ResponderExcluirAmo a web não pára de postar pf. Posta mais curiosa pra ler o próximo capítulo pf
ResponderExcluirEssa web eh ótimaaaa... Posta maisss!!
ResponderExcluirCoitada da Lu . Web perfeita !
ResponderExcluirTo adorando pode postar mais
ResponderExcluirMuito perfeita!!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirMaiss!
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