Adivinha quem sou (Adaptada)- Capítulo 43

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Quando acordo no camarote, vejo que estou sozinha.

Depois de uma tórrida noite de sexo com um homem que me deixa louca e que tem me dito palavras mágicas, sorrio feliz ao despertar nua na cama.

Ao me mover me sinto dolorida e sorrio ainda mais. Depois do que fizemos horas atrás, é normal que me sinta assim, mas eu gosto. Adoro a força de Arthur, sua virilidade, sua posse. Encanta-me. Toco a chave que levo pendurada no pescoço. Olho de perto e me surpreendo ao ver que leva escrito: “Para Sempre”.

Essas duas palavras me fazem estremecer. Quanto a mãe de Arthur devia amar os filhos para lhes dar algo assim. Para mim é um detalhe precioso.

Fecho os olhos e recordo nosso joguinho da coelhinha e o lobo.

Minha mãe, que tesão!

Se tivessem me dito alguma vez que iria jogar com o estranho da manutenção, que mostrou ser um cirurgião de renome, romântico e encantador, nunca teria acreditado. Recrio o momento em que me disse “Te Amo” e sorrio admirada. Volto a ver como suas pupilas se dilataram em extase ao entrar em mim com força e exigência. Recordar me excita e desejo que voltemos com esse jogo gostoso.

Meu celular toca. É Coral e leio:

“Algo a contar?”

Sorrio. Minha amiga deve ter ouvido algo sobre Arthur e respondo:

“Muitas coisas. E você?”

Dois segundos depois o celular vibra.

“Sexo... Sexo e sexo... O argentino é incrível. Atracamos em Genova. Vem. Estou na cozinha e conversamos.”

Sem hesitação, me levanto e, depois de tomar um banho, me visto e vou me encontrar com minha amiga. Ao sair da cobertura, vejo que as pessoas desembarcam nessa bonita cidade e sorrio ao pensar em Arthur. Dentro de algumas horas caminharei ali de mãos dadas.

Cruzo com vários passageiros. Reconhecem-me como a cantora do cruzeiro e todos sorriem para mim.

Quando entro na cozinha, Coral pisca para mim. Aproximo-me dela, pegando uma

magdalena (pequeno bolo), ela diz:

— Acabei de fazer para você.

Dou uma mordida. Olho minha amiga, que murmura:

— Desembucha.

Assinto e dou outra mordida. Tenho que contar-lhe mil coisas, mas antes, mostro a chave que levo no pescoço, e sussurro:

— Eu disse a ele “Te Amo”.

Ela leva a mão à boca e logo, me dá um tapa, me tira a magdalena e grunhe:

— Menina má. Você é tonta. Como pode pensar em dizer-lhe isso?

Da minha própria nuvem de algodão, a olho e, divertida, respondo:

— Ele me disse primeiro. Disse-me coisas maravilhosas e depois me entregou a chave de seu coração.

Sua expressão muda. Olha a chave e me pergunta:

— É sério? – Concordo e ela diz em tom sonhador: — Deus, que romântico!

Eu começo a rir. Como senti saudade dessa sua vozinha de apaixonada.

Estou impaciente para contar tudo. Tiro-lhe a magdalena das mãos e dou outra

mordida. Depois sento ao seu lado e começo a contar detalhadamente todo o acontecido. A surpresa de Coral vai aumentando. Os olhos parecem que vão sair de suas órbitas à medida que sabe da história e, quando termino, digo:

— E isso é tudo que sei por enquanto.

— Cirugião?

— Sim... Cirurgião cardíaco, para ser mais exata. – explico.

Ela pisca. Está tão alucinada como eu quando soube e murmura:

— Ai, Lua... Não sei o que pensar.

— Eu também não. Eu só sei que o amo e ele me ama.

— Meu Deus, o que você conta é tudo tão romântico.

— Eu sei. – Eu sorrio como uma tonta.

— Você já procurou informações sobre ele na internet?

Eu não tinha pensado e respondo:

— Não!

Coral se levanta da cadeira, pega o laptop que está em um balcão da cozinha e liga.

Fico nervosa. Eu sei que vou encontrar coisas sobre Arthur que desconheço, mas eu não quero parar. Eu quero saber. Uma vez no Google, minha amiga digita: "cirurgião cardiologista Arthur Aguiar”. Em seguida, centenas de links aparecem diante de nossos olhos.

— Meu Deus! – Exclamo confusa.

Eu ainda não vi nada, mas todos esses links me perturbam.

Coral clica rapidamente em um e aparecem centenas de fotos de Arthur no hospital, na rua, em um cinema, em um jantar, em uma festa beneficente.

Engasgo.

Por favor, está incrível de smoking!

Quando estou tirando os olhos da tela, eu mergulho novamente no Google e pisco espantada quando vejo que ele só tem se relacionado com as modelos mais impressionantes da face da Terra e com atrizes incríveis. É amigo de Marc Anthony, Maxwell, Luis Fonsi e assim por diante e a cada segundo me deixa mais sem palavras.

— Que merda...

Coral olha-me de relance e solta:

— Foda! Suas ex- são Sienna Miller, Megan Fox, Jennifer Aniston... Minha mãe! Lua !

Eu começo a rir. Estou nervosa!

Meu coração bate a todo vapor. Arthur, meu Arthur, é um bombonzinho tentador para as mulheres e sem dúvida ele se aproveita de sua posição e magnetismo.

Me caem sete desgraças e em seguida mais algumas. E o ciúme anuviando-me a razão.

De repente estou consciente da dura realidade e me pergunto "Como ele pôde reparar em mim depois de estar com essas mulheres?”.

Pelo amor de Deus, é impossível!

Eu devo ser o seu plano Z. O plano desesperado da sua viagem no navio.

Levanto-me e vou beber água. Respiro fundo, mas meu coração dispara quando ouço Coral dizer:

— Fodeuuuuu...

Como um furacão, olho de novo a tela do computador e volto a engasgar ao ler:

"Os irmãos Aguiar afundados após a morte de La Leona, a rainha da salsa portoriquenha e cantora do grupo Kodigo Salsa".

— Oh, meu Deus! – murmuro incrédula.

Espantada, olho a foto em que se vê Arthur e seus irmãos com um homem que, pela aparência, deve ser seu pai, aflito em um funeral, junto a uma grande foto de Luisa Fernandez, a grande rainha de salsa de Porto Rico, apelidada de La Leona.

Engasgo.

Não consigo respirar.

Coral corre para pegar mais água. Ela me dá e eu bebo tremendo.

— Calma, Lua..., calma. – sussurra ao ver meu estado.

Não posso falar. Eu cantei músicas dessa mulher em algumas de minhas apresentações. E olhando minha amiga, digo desconsolada:

— Pelo amor de Deus, Coral, a mãe de Arthur é a famosa Luisa Fernandez, La Leona?

— É o que diz aqui, minha menina.

Tudo está girando. Não sei o que pensar.

Arthur foi uma grande descoberta para mim, mas agora sua família me sobrecarrega.

Dá-me medo e não sei por quê. Tremo ao me dar conta da incrível realidade.

Revira-me o estômago. Coral, que me conhece, me abraça, me acalma. Ela me diz para não me preocupar, que tudo ficará bem. Mas o que eu acabei de descobrir não é fácil de assimilar. Eu não sou ninguém em seu mundo. Eu não posso me comparar nem com sua mãe, nem com as mulheres perfeitas e lindas com quem ele tem estado. Arthur é o médico famoso Arthur Aguiar. Filho da grande Luisa Fernandez e eu sou apenas uma simples cantora de orquestra que conheceu como garçonete. Mais cedo ou mais tarde ele vai voltar à sua vida, sua realidade, e sei que vai me esquecer. Eu sei. Eu sei que vai.

— Lua.

Ouço a voz de Arthur atrás de mim e fecho o laptop com um tapa.

Quando me viro para olhar para ele, seu sorriso me congela e eu ouço Coral sussurando:

— Oh... Oh... Eu não gosto nada disso.

Eu entendo. Eu também não gosto do que vejo.

Meu sexto sentido me alerta de que aqui acontece algo, e que não será bom para mim.

Meus olhos encontram com os bonitos olhos do meu moreno.

Minha mãe, como está lindo meu bombom de terno!

Está acompanhado de Tony e Omar. Os três vestem ternos escuros e pela primeira vez estou ciente de que os formatos dos rostos são idênticos e os olhos de Omar e Arthur também.

Vendo-os juntos, não se pode negar que eles são irmãos.

Como não tinha notado antes?

Este Arthur tão elegante não tem nada a ver com o homem com traje de trabalho pelo qual me apaixonei.

Agora é o homem poderoso e importante que eu vi na internet, e isso me intimida mais do que quero reconhecer.

Na cozinha, todos nos olham, fofocam, cochicham. Eles estão tão surpresos quanto eu ao vê-lo vestido assim.

Nem Arthur nem eu dizemos nada, apenas nos olhamos. Nesse momento, vejo Rançoso entrar na cozinha. Ele fica parado e, como nós, em silêncio.
 
Observa-nos. Já deve saber quem é Arthur.
Digo a mim mesma que deveria reagir e não apenas ficar parada diante deles como uma estátua, então eu tomo ar e, sem me importar com os olhares dos outros, me levanto da cadeira e me aproximo do homem que amo e que disse que me amava.
Por Deus, parece que está mais alto!
Estou nervosa e intimidada, mas seu magnetismo e o que sinto me ajudam a não desmaiar. Arthur não se move. Sua expressão é séria. Olhamos-nos por alguns segundos e finalmente ele diz:
— Aconteceu algo e eu tenho que sair com urgência.
Meu sangue gela.
Por que não estou surpresa que tenha que ir?
Eu noto que meus pulmões estão sem ar, porém como posso, eu pergunto:
— O que houve?
Quando Arthur vai responder, Tony se adianta:
— Omar falou com nosso pai e por causa da emoção de termos encontrado Arthur, ele teve um infarto. – Meu estômago se contrai ao olhar para Omar, que baixa a cabeça. — Calma, está tudo bem. Não foi grave, mas todos temos que voltar.
Eu entendo.
Se meu pai tivesse um infarto, eu voltaria da Cochinchina para estar com ele.
Ainda assim, não sei o que dizer. Estou atordoada. Só posso olhar Arthur, que a menos de um metro, me olha de uma forma estranha.
Todos estão olhando enquanto os segundos vão passando. E de repente eu entendo.
Está se despedindo de mim e não sabe como fazê-lo. Meu coração se parte em mil pedaços.
Consciente de que eu não devo fazer uma cena, respiro fundo, absorvo sua bonita imagem e tento fotografar com a minha mente para recordar eternamente.
Sei que eu vou sentir muita falta. Demais. Por minha cabeça passam mil perguntas que eu não posso fazer. Há gente demais ao nosso redor nos observando e não seria justo para ele nem para mim. Finalmente, ganho forças e consigo dizer:
— O importante é que o seu pai está bem. – Omar e Tony concordam e, olhando para o meu amor, acrescento: — Nesse momento, só isso que importa, Arthur. Não se preocupe com mais nada. Por nada.
Sorrio. Sabe que estou nervosa. Ele nem sequer pisca, somente me olha.
De repente, dá um passo em minha direção, me pega pela cintura, me levanta, tira o cabelo do meu rosto e me beija.
Sinto sua boca na minha com extrema doçura e sem me importar com os olhos que nos observam com curiosidade, respondo ao seu beijo, enquanto uma torrente de pensamentos, um pior que outro, me bloqueiam o cérebro.
— Se você sentir saudade me ligue. – ouço dizer.
Concordo. Busco sua boca e voltamos a nos beijar e quando deixamos de fazê-lo, ele segura meu rosto com as mãos cuidadosas para que olhe apenas para ele e sussurra:
— Eu sinto muito. Sinto muito, Lu.
Eu engulo as lágrimas e tento sorrir. Foi tudo tão bonito que era impossível que
durasse.
Levo minha mão até a chave que me deu e faço um movimento para tirá-la, mas ele me pára. Volta a me beijar, desta vez com desespero. Quando termina o seu beijo apaixonado, me solta, se vira, e seguido por seus irmãos, saem da cozinha sem olharem para trás.
Quando a porta se fecha atrás dele não posso me mover, até que a mão fria de Coral me tráz de volta à realidade. Olho para ela e murmuro:
— Está tudo acabado.
— Não, não diga isso. Você não sabe.
— Sim, eu sei. – afirmo — Ele se despediu de mim.
Meu queixo treme, e ao ver, minha amiga me diz que não com a cabeça. Não
posso chorar. Não devo fazê-lo. Ela está certa. Fazer uma cena diante de todos deixará evidente minha fraqueza e deceção, de modo que, logo engulo o nó que tenho na garganta e consigo tomar um sopro de ar, olho em volta, e com petulância e um sorriso, indago aos meus colegas:
— Posso saber o que vocês estão olhando?
Nenhuma resposta, porém tão pasmos quanto eu, todos retomam suas tarefas. A fofoca sobre Arthur e eu começará em uma fração de segundo, eu não tenho a menor dúvida.
Maus dias me esperam. Eu não quero nem pensar!
Assim que a cozinha volta ao seu ritmo, olho Coral totalmente pasma e murmuro:
— Eu tenho que ir para o plano B, C e D com urgência.
— Mas por quê?
 
 
Meninas eu não andei postando essa web porque não tinha nem 5 comentários.
Eu sei que é chato mas por favor comentem, ou então eu cancelo. Senão comentarem não sei se estão a gostar ou não ;(
 

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