O cara que estou apaixonada, trocador de lâmpadas do barco e que me
chama
de caprichosa, que diz que eu sou sua, dança comigo no escuro e que há
poucos minutos eu dediquei uma música, é um cirurgião famoso. Então, quando me
lembro de como se cuida e protege suas mãos, eu entendo tudo.
Naquele momento minha parceira Berta aparece e, olhando para mim, pergunta:
— Lua, pelo amor de Deus. Estamos esperando há dez minutos. O que você
está fazendo?
A apresentação!
Com toda essa confusão tinha me esquecido.
Eu olho para Tony e, dando-lhe um leve beijo na bochecha, eu digo,
antes de correr atrás de Berta:
— Quando terminar o minha presentação, buscarei Arthur e falarei com
ele.
— Uma última coisa, Lua. – aponta Tony — É o menos importante neste
momento, mas quero que você saiba que nem Tito nem Arthur nem eu somos gays.
Isso me faz sorrir, eu jogo um beijo e saio correndo.
Quando subo no palco e a música começa a tocar, tento concentrar-me,
mas não consigo. O que acabo de descobrir sobre meu menino é tão incrível que
canto por inércia e, pela primeira vez na minha vida, não desfruto do que estou
fazendo.
Essa noite, quando acabo a atuação, chamo Arthur, mas ele está com o
telefone desligado.
Mando centenas de mensagens para me ligar, mas isso não acontece.
Determinada a encontrá-lo de qualquer forma, pergunto a seus
companheiros, mas ninguém o viu.
Eu volto para o convés, onde eu estou sem saber o que pensar,
intrigada. Ele não poderia ter ido embora. Estamos no meio mar e ele não é tolo
o suficiente para se jogar. Preocupada, eu vou para a minha cabine e, ao chegar
e fechar a porta, vejo que Coral não está. Deixou-me um bilhete que diz: Toda a
cabine para você. Aproveite com seu bombom.
Se ao menos eu soubesse onde ele está. Suspiro e deslocada, me sento
na minha cama.
Cirurgião? Cirurgião Cardíaco?
Volto a ligar, mas nada, seu celular está desligado. Me dá agonia.
Agora eu entendo a sua relutância em falar sobre sua família.
Agora eu entendo o seu desconforto nos últimos dias ao ver Omar no
barco.
Agora que sei que não é quem eu pensava, o medo de perdê-lo começa a
apertar.
E se tudo que temos vivido é uma mentira? E se só desempenhou um
papel?
Olho para o relógio. São 03:12 da madrugada.
Preciso dormir ou amanhã estarei derrotada. Eu abro a necesseire, pego
as toalhinhas desmaquilhantes e começo a limpar meu rosto e pescoço. Quando
termino, tiro a roupa e coloco uma calça e uma camiseta de alças finas. No
momento em que estou prestes a ir para a cama, alguém bate na porta.
Sem me importar com minha aparência, abro a porta e meu corpo relaxa
em vê-lo. Meu menino. Meu moreno. Meu Arthur.
Sem falar, agarro a mão dele e o faço entrar para que ninguém nos
veja. Uma vez que eu fecho a porta, Arthur me abraça e eu o abraço. Preciso que
sinta meu calor e sentir o seu. Estou confusa e ele também. Eu sei. Percebo
isso e de repente tenho medo.
Nós continuamos abraçados por um tempo sem falar, até que, ao me
separar dele, me fixo em seu lábio ferido e franzo a testa. Meu menino.
Não sei o que dizer.
Estou tão confusa com tudo o que eu nem sei por onde começar as minhas
perguntas. Então ele murmura:
— Eu sinto muito. Desculpe não ter dito a verdade sobre quem eu sou.
Está tão confuso quanto eu e respondo:
— Claro, você não é o cara de manutenção que eu pensava, mas o Dr. Arthur
Aguiar
Ao ouvir isso, meu moreno não gosta. Sua expressão é estranha.
Desesperada. Eu sei que ele
ainda está preocupado e tomando meu rosto em suas mãos, murmura:
— Continuo sendo Arthur. A mesma pessoa que você conheceu, ok,
querida? – Concordo com a cabeça e ele continua: — Ainda quero conhecer você e
preciso dar explicações para o que tinha escondido e você descobriu hoje.
Agora, se você quiser ouvir e...
Claro que quero ouvir. - o corto. — Por que não iria querer?
Seu sorriso se alarga. Sinto que a minha reação removeu um grande peso
dele e ele
sussura:
— Meus sentimentos por você ainda são os mesmos de ontem ou anteontem.
Isso não mudará nunca, certo?
Assinto com a cabeça. Não quero duvidar. Recuso-me!
Deixo que me abrace, que me aperte contra ele, e, sem saber bem o
porquê, o aconselho:
— Deveria resolver o
problema com seu irmão e seu pai. Eles...
Seus músculos tensionam e noto que se afasta de mim. Enconsta-se na
porta e, me cortando, me solta:
— Não comece agora. Por hoje eu tive o suficiente.
Sua voz de comando e controle me faz calar a boca. Eu responderia, mas
às vezes, como diz meu pai, uma retirada a tempo é uma batalha ganha, e eu acho
que esta noite o melhor é ficar quieta. Mas ao ver que eu não digo nada e não
deixo de olha-lo, Arthur pergunta:
— O que acontece?
— Nada. Nada acontece.
— Por que você está me olhando assim?
Seu tom de voz e seus olhos, deixam-me saber que vamos discutir. Ele
deseja isso. Acho que sabe que não está me respondendo bem e digo:
— Está nervoso. Deixemos por hoje e conversamos amanhã. Além disso, Coral
vai passar a noite fora e tenho a cabine para mim...
— Gostaria de pedir que não falemos do assunto. E suplico que, por uma
vez em sua vida, você seja carinhosa comigo e diga-me algo agradável. Eu
preciso disso.
Suas palavras me tocam a moral, mas disposta a não discutir, me calo;
no entanto, o meu sorriso aparece sozinho e ele lamenta:
— Eu odeio quando você sorri quando não deveria.
Foda-se!
Ele está certo, não é hora disso. Eu vou pedir desculpas quando ele
sentencia:
— O que você fez é uma enorme falta de respeito.
Minha paciência diminui a cada protesto dele. Percebe-se que tem que
discutir, sim ou sim e, finalmente, bufo e resmungo impotente:
— Você está me chateando.
É isso que faço e Arthur explode como uma cafeteira.
Descontente, começa a censurar-me por causa de Omar, inclusive que eu
não deveria ter saído com ele para a cabine. Ouço alucinada até que ouço-o
dizer:
— Omar não te escutará cantar. Eu não me importo dele ser um produtor
musical. Você não trabalhará para ele.
Omar é um produtor musical?
Novamente fico impressionada, mas como posso, respondo:
— Arthur, quanto a isso...
— Eu não vou permitir, ouviu?
O sangue me ferve. Ah, não... Isso certamente que não e grito:
— O que?
— O que você ouviu. Você não vai para Los Angeles e muito menos
trabalhar com ele ou qualquer um dos seus amigos.
Tentando entende-lo e que me entenda, eu digo:
— Ele e seus companheiros talvez possam ajudar a minha carreira
musical e...
— Não. Eu me recuso.
Atordoada, estremeço e vocifero:
— O que você recusa? Como você se recusa? – E, como um tufão prestes a
destruir uma ilha, silvo: — Olha, bonito, você mentiu para mim sobre quem você
é e o perdoei, porque eu gosto de você, e muito, embora não te diga palavras
doces, como você quer. Você veio ao meu quarto, abri a porta e abracei você,
mas não permito que me diga quais pessoas devo conhecer e quais não e ainda
mais se tratando de minha carreira musical, entendeu? – Arthur não responde.
Seu olhar é febril e continuo: — Se alguém aqui pode estar chateada ou com
raiva sou eu. Você não me disse quem era. Você tem escondido sua profissão.
Tendo seu irmão e seu tio no barco me fez acreditar que eram simples passageiros.
Então, cuidado com o que você diz ou proibe, porque aqui se alguém tem que
dizer alguma coisa ou reprovar algo sou eu, e não o contrário, entendido?
Minhas palavras não lhe agradam. A mim as dele também não, e antes que
possa contar até três, abre a porta da cabine e vai embora.
E não. Eu não vou atrás dele.
Comentem ninas. E aqui está quem pensava que Arthur era pobre enganou-se :)
Hehe. Pode parece estranho mas amo o ️️arthur possessivo, mais por favor , melhor web qua já li !
ResponderExcluirMais por favor , web Ta muito legal !! ️
ResponderExcluirPosta maiss +++++
ResponderExcluir!
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