Adivinha quem sou (Adaptada)- Capítulo 41

|




O cara que estou apaixonada, trocador de lâmpadas do barco e que me chama

de caprichosa, que diz que eu sou sua, dança comigo no escuro e que há poucos minutos eu dediquei uma música, é um cirurgião famoso. Então, quando me lembro de como se cuida e protege suas mãos, eu entendo tudo.

Naquele momento minha parceira Berta aparece e, olhando para mim, pergunta:

— Lua, pelo amor de Deus. Estamos esperando há dez minutos. O que você está fazendo?

A apresentação!

Com toda essa confusão tinha me esquecido.

Eu olho para Tony e, dando-lhe um leve beijo na bochecha, eu digo, antes de correr atrás de Berta:

— Quando terminar o minha presentação, buscarei Arthur e falarei com ele.

— Uma última coisa, Lua. – aponta Tony — É o menos importante neste momento, mas quero que você saiba que nem Tito nem Arthur nem eu somos gays.

Isso me faz sorrir, eu jogo um beijo e saio correndo.

Quando subo no palco e a música começa a tocar, tento concentrar-me, mas não consigo. O que acabo de descobrir sobre meu menino é tão incrível que canto por inércia e, pela primeira vez na minha vida, não desfruto do que estou fazendo.

Essa noite, quando acabo a atuação, chamo Arthur, mas ele está com o telefone desligado.

Mando centenas de mensagens para me ligar, mas isso não acontece.

Determinada a encontrá-lo de qualquer forma, pergunto a seus companheiros, mas ninguém o viu.

Eu volto para o convés, onde eu estou sem saber o que pensar, intrigada. Ele não poderia ter ido embora. Estamos no meio mar e ele não é tolo o suficiente para se jogar. Preocupada, eu vou para a minha cabine e, ao chegar e fechar a porta, vejo que Coral não está. Deixou-me um bilhete que diz: Toda a cabine para você. Aproveite com seu bombom.

Se ao menos eu soubesse onde ele está. Suspiro e deslocada, me sento na minha cama.

Cirurgião? Cirurgião Cardíaco?

Volto a ligar, mas nada, seu celular está desligado. Me dá agonia.

Agora eu entendo a sua relutância em falar sobre sua família.

Agora eu entendo o seu desconforto nos últimos dias ao ver Omar no barco.

Agora que sei que não é quem eu pensava, o medo de perdê-lo começa a apertar.

E se tudo que temos vivido é uma mentira? E se só desempenhou um papel?

Olho para o relógio. São 03:12 da madrugada.

Preciso dormir ou amanhã estarei derrotada. Eu abro a necesseire, pego as toalhinhas desmaquilhantes e começo a limpar meu rosto e pescoço. Quando termino, tiro a roupa e coloco uma calça e uma camiseta de alças finas. No momento em que estou prestes a ir para a cama, alguém bate na porta.

Sem me importar com minha aparência, abro a porta e meu corpo relaxa em vê-lo. Meu menino. Meu moreno. Meu Arthur.

Sem falar, agarro a mão dele e o faço entrar para que ninguém nos veja. Uma vez que eu fecho a porta, Arthur me abraça e eu o abraço. Preciso que sinta meu calor e sentir o seu. Estou confusa e ele também. Eu sei. Percebo isso e de repente tenho medo.

Nós continuamos abraçados por um tempo sem falar, até que, ao me separar dele, me fixo em seu lábio ferido e franzo a testa. Meu menino.

Não sei o que dizer.

Estou tão confusa com tudo o que eu nem sei por onde começar as minhas perguntas. Então ele murmura:

— Eu sinto muito. Desculpe não ter dito a verdade sobre quem eu sou.

Está tão confuso quanto eu e respondo:

— Claro, você não é o cara de manutenção que eu pensava, mas o Dr. Arthur Aguiar

Ao ouvir isso, meu moreno não gosta. Sua expressão é estranha. Desesperada. Eu sei que ele

ainda está preocupado e tomando meu rosto em suas mãos, murmura:

— Continuo sendo Arthur. A mesma pessoa que você conheceu, ok, querida? – Concordo com a cabeça e ele continua: — Ainda quero conhecer você e preciso dar explicações para o que tinha escondido e você descobriu hoje. Agora, se você quiser ouvir e...

Claro que quero ouvir. - o corto. — Por que não iria querer?

Seu sorriso se alarga. Sinto que a minha reação removeu um grande peso dele e ele sussura:

— Meus sentimentos por você ainda são os mesmos de ontem ou anteontem. Isso não mudará nunca, certo?

Assinto com a cabeça. Não quero duvidar. Recuso-me!

Deixo que me abrace, que me aperte contra ele, e, sem saber bem o porquê, o aconselho:

— Deveria resolver o problema com seu irmão e seu pai. Eles...

Seus músculos tensionam e noto que se afasta de mim. Enconsta-se na porta e, me cortando, me solta:

— Não comece agora. Por hoje eu tive o suficiente.

Sua voz de comando e controle me faz calar a boca. Eu responderia, mas às vezes, como diz meu pai, uma retirada a tempo é uma batalha ganha, e eu acho que esta noite o melhor é ficar quieta. Mas ao ver que eu não digo nada e não deixo de olha-lo, Arthur pergunta:

— O que acontece?

— Nada. Nada acontece.

— Por que você está me olhando assim?

Seu tom de voz e seus olhos, deixam-me saber que vamos discutir. Ele deseja isso. Acho que sabe que não está me respondendo bem e digo:

— Está nervoso. Deixemos por hoje e conversamos amanhã. Além disso, Coral vai passar a noite fora e tenho a cabine para mim...

— Gostaria de pedir que não falemos do assunto. E suplico que, por uma vez em sua vida, você seja carinhosa comigo e diga-me algo agradável. Eu preciso disso.

Suas palavras me tocam a moral, mas disposta a não discutir, me calo; no entanto, o meu sorriso aparece sozinho e ele lamenta:

— Eu odeio quando você sorri quando não deveria.

Foda-se!

Ele está certo, não é hora disso. Eu vou pedir desculpas quando ele sentencia:

— O que você fez é uma enorme falta de respeito.

Minha paciência diminui a cada protesto dele. Percebe-se que tem que discutir, sim ou sim e, finalmente, bufo e resmungo impotente:

— Você está me chateando.

É isso que faço e Arthur explode como uma cafeteira.

Descontente, começa a censurar-me por causa de Omar, inclusive que eu não deveria ter saído com ele para a cabine. Ouço alucinada até que ouço-o dizer:

— Omar não te escutará cantar. Eu não me importo dele ser um produtor musical. Você não trabalhará para ele.

Omar é um produtor musical?

Novamente fico impressionada, mas como posso, respondo:

— Arthur, quanto a isso...

— Eu não vou permitir, ouviu?

O sangue me ferve. Ah, não... Isso certamente que não e grito:

— O que?

— O que você ouviu. Você não vai para Los Angeles e muito menos trabalhar com ele ou qualquer um dos seus amigos.

Tentando entende-lo e que me entenda, eu digo:

— Ele e seus companheiros talvez possam ajudar a minha carreira musical e...

— Não. Eu me recuso.

Atordoada, estremeço e vocifero:

— O que você recusa? Como você se recusa? – E, como um tufão prestes a destruir uma ilha, silvo: — Olha, bonito, você mentiu para mim sobre quem você é e o perdoei, porque eu gosto de você, e muito, embora não te diga palavras doces, como você quer. Você veio ao meu quarto, abri a porta e abracei você, mas não permito que me diga quais pessoas devo conhecer e quais não e ainda mais se tratando de minha carreira musical, entendeu? – Arthur não responde. Seu olhar é febril e continuo: — Se alguém aqui pode estar chateada ou com raiva sou eu. Você não me disse quem era. Você tem escondido sua profissão. Tendo seu irmão e seu tio no barco me fez acreditar que eram simples passageiros. Então, cuidado com o que você diz ou proibe, porque aqui se alguém tem que dizer alguma coisa ou reprovar algo sou eu, e não o contrário, entendido?

Minhas palavras não lhe agradam. A mim as dele também não, e antes que possa contar até três, abre a porta da cabine e vai embora.

E não. Eu não vou atrás dele.
 
Comentem ninas. E aqui está quem pensava que Arthur era pobre enganou-se :)

4 comentários: