Adivinha quem sou (Adaptada)- Capítulo 39

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Passaram três dias e o humor de Arthur vai de mal a pior. Tudo o incomoda.

Não há um só momento em que nos vemos e não acabamos discutindo, embora eu admita que ele é que vai adiante de mim. Explode como uma bomba, mas depois de um tempo se esquece e faz amor com paixão e doçura. Isso me deixa perplexa, porque quando eu fico com raiva, fico com raiva.

Às vezes tenho a sensação de que há algo que não o deixa viver. Ele não me conta, e até que ele faça isso, eu não vou poder ajudá-lo. E eu quero fazê-lo. Eu tento perguntar da sua vida, mas ele se fecha. Não há nenhuma maneira de transpassar sua casca dura.

Hoje à noite no barco tem uma Festa Branca. Isso significa que todos nós vamos de branco, trabalhadores, tripulação e passageiros. Para tentar trazer um sorriso ao seu rosto, eu envio uma mensagem para seu celular.

Venha me ver às 23h30. A canção que eu vou cantar é para você.

Durante uma hora canto com a orquestra e os meus colegas. Nós nos divertimos. Nós rimos, dançamos e as pessoas passam um grande momento. As 23:25, quando vejo Arthur chegar, eu sorrio. Não falhou. Veio ouvir a música que eu vou dedicá-lo.

A canção que Berta está cantando acaba apenas alguns minutos mais tarde, e depois dos aplausos do povo, começam a soar as primeiras notas da música que vou cantar. As luzes se apagam e um foco me ilumina quando eu começo a mover os quadris em um ritmo sensual.

Eu fecho meus olhos para imaginar Arthur deslizando as mãos em volta da minha cintura e começo a cantar, Sabor sabor, de Rosario Flores. Uma música que é uma mistura de bossa nova, flamenco e pop. Encanta-me a música e sempre que a canto coloco arte e sensualidade para interpretar.

“Oh, sabor sabor, a fresa y a limón,

a mermelada de miel de abeja sabes hoy.

Sabor sabor, de rojo melocotón

sabe tu piel cuando te beso, sin saber

que hablo de mis dulces sueños

que reparto en cada parte de tu cuerpo”

Eu balanço meus quadris e as mãos para cantar, enquanto as pessoas dançam abraçadas. Eu me deixo inundar pela melodia, sentindo o olhar do meu céu, imaginando beijar sua pele de bombom, enquanto ele compartilha doces beijos por todo o meu corpo.

Eh, eh, sin saber que es una trampa con cepo

cada rincón, cada línea es un verso.

A luz enche o salão ao aumentar a intensidade da música e sorrio ao ver meu menino em êxtase me observando, com os olhos fixos nos movimentos do meu corpo, enquanto escuta minha voz através dos alto falantes. Quero que sinta que fazemos amor, mesmo à distância e sua expressão me deixa saber que o sente. Isso me encanta e me excita.

Nossos olhos se encontram por um segundo e vejo a curva dos cantos dos lábios.

Ele sorri. Ele gosta da música. Compreende sua mensagem. Ele sabe que a canção é para ele e isso é muito para ambos.

Eu estou feliz! Ele sorriu!

Subo as mãos, toco o meu cabelo e sorrio também. Movo meus quadris e ombros no compasso da música e desfruto da sensação que Arthur e essa canção me provocam.

Quando termino, as pessoas aplaudem. É a recompensa pelo meu trabalho, mas quando eu olho para onde estava o homem pelo qual estou apaixonada, ele se foi.

Mas o que acontece com o meu amor?

Quando fazemos o primeiro intervalo para descansar, Omar, o irmão de Tony, está ao meu lado e me oferece água. É muito detalhista.

— Você tem uma voz incrível, Lua.

— Obrigada. – Digo sorrindo.

— Você sempre atuou em cruzeiros?

— Não. Esta é a primeira vez. Geralmente, eu trabalho em hotéis.

— Tem uma demo gravada?

Isso faz-me rir. Eu nunca tive dinheiro para isso e respondo:

— Não.

Omar acena com a cabeça e, para minha surpresa, explica:

— Eu tenho alguns amigos em Los Angeles, que são produtores musicais e eu acho que eles gostariam de ouvi-la. Quando eu voltar da minha viagem, vou falar com eles. Interessada na ideia?

Meu Deeeeeeeeeeeeeeus...

Produtores musicais?

Como não vou estar interessada?

Sorrindo, eu digo sim encantada. Se alguém da indústria me escutar seria uma grande oportunidade.

— Te agradeceria muito, Omar. Tanto se disserem sim ou não.

Omar sorri e vamos para o convés para continuar a falar. Estou ciente de que, se Arthur ver isso irá se incomodar. Tal como está ultimamente, qualquer um que respire ao meu lado lhe incomoda. Mas a conversa com Omar me interessa e ele vai entender, quer ele goste ou não.

Por um tempo, conversamos sobre música. E eu quase caí quando ele disse que conhece os produtores de Ricky Martin, Marc Anthony e Seal.

Eu já não dou pé com bola.

Apenas mencionar esses astros fazem-me nervosa e um arrepio percorre todo o meu corpo.

Vendo isso, Omar retira a jaqueta branca que está vestindo e educadamente e a coloca sobre meus ombros.

— Melhor?

Assinto e respondo:

— Sim. Obrigada.

Por um momento, nós nos olhamos em silêncio. Seu olhar me enerva e me faz lembrar de alguém.

E nesse instante, como que do nada, Arthur aparece e se lança sobre ele. Ele dá vários socos e eu começo a gritar apavorada. Omar não fica parado e eles começam a se agredir sem piedade.

Felizmente, alguns passageiros aparecem rapidamente, depois deles, Tito e Tony, que ao verem se metem no meio e os separam.

Eu não sei o que fazer, estou confusa, e então eu ouço Arthur gritar descomposto:

— Volte a se aproximar dela desse jeito e eu juro que te mato.

Vários passageiros aparecem. Momentos depois, aparecem Rançoso e o chefe de Arthur.

Merda... Merda... Merda... O desastre está feito!

Horrorizada, eu vejo o carrancudo rançoso olhar para mim e começa me pedindo explicações.

Não sei o que dizer. Arthur não fala, somente fica olhando para Omar com ódio, enquanto todo mundo opina. De repente vejo o chefe de Arthur, trocar umas palavras com ele, pega rançoso pelo cotovelo e o leva.

Ufa!

Momentos depois, Tito pede as pessoas para dispersarem. O show acabou.

Mas eu estou espantada. O que aconteceu?

Ficamos somente Omar, Tony, Arthur, Tito e eu.

Eu olho perplexa.

Eu não sei o que fazer!

Sinto-me culpada por ter causado tudo isso.

Arthur, com o lábio sangrando, não para quieto. Mal diz uma e outra palavra e grita com Omar que ele pediu por isso.

Sua possessividade me assusta. A maneira como ele fala de mim para os outros, sinto que sou algo totalmente seu e intocável. Não. Definitivamente, eu não gosto do que estou ouvindo.



O que será que vai acontecer??
 Desculpem eu estava sem tempo

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