Peça-me o que quiser (Adaptada)- Capítulos 150, 151 e 152

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Capítulo 150:

— Sophia é filha do meu segundo casamento. — E, olhando para a filha, diz num tom de cochicho: — Lua é a namorada de Arthur, sabia?

Arthur faz cara de impaciência, eu rio e sua irmã pergunta:

— Sua namorada?

— É, minha namorada — diz Arthur.

— Mas como você aguenta esse rabugento?

— Masoquismo puro — respondo e todos riem, inclusive Arthur.

Após umas risadas que deixam o clima mais leve, Sophia, sem dar trégua, olha para a mãe e depois para o irmão.

— Agora que já foram feitas as apresentações, diz aí, Arthur: quando você volta pra Alemanha? Eu e mamãe não estamos mais suportando o Flyn, e a babá dele qualquer dia o estrangula. Essa criança vai nos matar de desgosto. E daqui a pouco é hora de fazer a cirurgia. Você tem que se operar. Eu já te disse que você precisa baixar a pressão intraocular. E o que está acontecendo? Por que você não volta pra cuidar disso tudo?

Tenho certeza de que sua namorada vai entender que você precisa viajar, né?

Balanço a cabeça afirmativamente. Faço cara de espanto. A história da cirurgia me pegou de surpresa. Não sabia que ele estava adiando a operação por minha causa. Isso me deixa furiosa e, quando Arthur vê minha expressão, diz:

— Por que você não consegue ficar quieta, irmãzinha?

— Porque eu quero continuar tendo um irmão rabugento que vê minhas caras de emburrada quando brigo com ele, que tal?

— Que saco...! Quando você assume esse papel doutora-falando-com-o-paciente, me tira do sério.

— E você me tira do sério mais ainda, quando se comporta como um cabeça-dura.

Aliás, preciso te contar que ontem Flyn aprontou de novo no colégio.

Arthur respira fundo. Não está à vontade com a conversa.

— Filho — acrescenta a mãe —, você insiste em não colocar Flyn num colégio interno.

Você sabe que eu amo esse menino, mas o comportamento dele é...

— Chega, mãe!

— Ei, você... pode parar... não fala assim com a mamãe — solta Sophia.

Furioso, Arthur olha para as duas.

— Já sou crescidinho pra decidir o que é melhor pra mim e pro Flyn.

— Ótimo — diz Sophia. — Então levanta essa bunda da cadeira, vai pra Alemanha e cuida dessa história. Porque senão, no fim das contas, eu e mamãe é que teremos que decidir o que fazer com ele.

Arthur diz palavrões, irritado. Iceman está de volta!

De repente, o clima bom que havia na mesa vai por água abaixo. Fico transtornada ao ver como esses três se olham e se desafiam. Ao fim, mãe e filha se levantam da mesa e, sem falar nada, vão embora. Arthur abre o celular e eu o ouço dizer:

— Tomás... minha mãe e minha irmã vão sair do restaurante. Leve as duas ao hotel.

Nós vamos voltar de táxi.

Quando desliga o telefone, olha para mim, mas desta vez eu me antecipo:

— Estou muito chateada contigo.

Arthur me olha... me olha... me olha e finalmente sussurra:

— Escuta, Lu. Eu, melhor do que ninguém, sei o que estou fazendo. Sobre Flyn, sei que elas têm razão. Vou voltar pra Alemanha e cuidar dele, mas não vou enfiá-lo num internato. Hannah não me perdoaria, nem eu. E, quanto a mim, pode ficar tranquila, sou o primeiro a não querer ficar cego, está bem?

A palavra “cego” me faz estremecer.

De repente, volta à minha consciência o fato de Arthur, meu amor, o homem que amo, ter uma doença terrível, e minhas angústias ressurgem em cascata. Minha expressão se contrai e, quando prendo a respiração para segurar as lágrimas, ele me pega pela mão.

— Calma, pequena... estou bem.

Minha cabeça concorda e não digo nada, pois senão meus olhos se transformariam nas cataratas do Niágara, de tanta água que sairia.

Arthur me puxa para si. Eu me levanto e sento no seu colo para abraçá-lo sem me importar com as pessoas que estão à nossa volta. Preciso senti-lo perto de mim. Preciso sentir seu cheiro. Preciso tê-lo e, principalmente, preciso que ele saiba que tem a mim.

Quinze minutos depois, quando já estou mais tranquila, Arthur paga a conta e saímos em silêncio do restaurante. Voltamos ao hotel de táxi.


Capítulo 151:

Ao chegarmos à suíte, permaneço em silêncio. Não tenho forças nem para discutir, e, quando entramos no quarto, Arthur segura minha mão.

— Escuta, Lu...

De repente, uma raiva incontrolável toma conta de mim.

— Não, escuta você, cabeça-dura desgraçado. Sobre Flyn, suas escolhas me parecem razoáveis, ele é seu sobrinho, e você, melhor que ninguém, sabe o que fazer com ele.

Mas, quanto à sua doença, se você me ama e quer que a gente continue juntos, faz o favor de voltar com sua família pra Alemanha e fazer o que tiver que ser feito. — As lágrimas me invadem e começam a rolar pelas bochechas. — Não sei por que você está adiando isso, mas, se é por mim, te garanto que vou estar te esperando quando você voltar, ok? Você diz que sou sua namorada e, como tal, exijo que se cuide porque te amo e quero estar ao seu lado por muitos e muitos anos. Se você quiser, posso ir contigo.

Ficarei ali o tempo que for necessário. Mas, por favor, preciso saber que você está bem.

Porque, se acontecer alguma coisa de ruim com você, eu... eu... Arthur me abraça e eu desmorono.

— Desculpa, pequena... desculpa.

Dou um empurrão nele e solto um grito, enquanto vejo como está sério e desesperado.

— Vai à merda, pra não dizer coisa pior! Se você me ama, seja responsável com suas obrigações e se cuide. Essa é a maneira de demonstrar que me ama.

Por alguns minutos, permanecemos calados: eu choro; ele me olha. Sua dor é imensa, mas não consigo controlar minhas malditas lágrimas. Por fim, ele me estende sua mão.

— Vem cá, querida.

— Não.

— Por favor... vem.

— Não... não quero ir.

Ele acaba se sentando na cama, disposto a esperar que minha raiva passe. Já me conhece e sabe que é melhor me dar um tempo até eu me acalmar. Dez minutos depois, me sinto ridícula e vou me sentar no seu colo, de frente para ele. Eu o abraço e ele me abraça. Permanecemos assim um bom tempo, até que tento beijá-lo e ele se esquiva.

— Você acabou de virar a cara pro meu beijo?

Arthur sorri, e eu logo sinto que ele me segura com mais força.

— Alguma vez teria que ser eu, né?

Sorrio por fim e ele me beija com doçura, enquanto sinto seus braços me apertarem mais e mais contra si. Depois se levanta comigo e me deita na cama. Levanta meu vestido, tira minha calcinha e, sem deixar de olhar para mim, vai tirando a roupa.

Deita sobre mim segura minhas mãos e sinto que vai se encaixando, cuidadoso, lenta e pausadamente em meu interior.

Meu corpo estremece e eu o recebo com prazer, contorcendo-me de olhos fechados.

— Olha pra mim, querida. Eu preciso.

Eu olho. Agora entendo que ele precisa ver minha expressão, meus olhos, meu rosto, quando se funde de novo em mim. Minha boca se abre para deixar escapar um gemido que Arthur devora com os lábios, enquanto aumenta o ritmo de seus movimentos para me dar mais e mais prazer.

— Mais forte... mais forte — exijo.

Arthur solta minhas mãos e segura meus quadris. Com um tranco me toma toda e eu grito, me contorço de prazer, sem deixar de olhar para ele.

— Isso, Lu... Isso, minha querida.

Instantes mais tarde, após entrar e sair vigorosamente em mim, chegamos juntos ao orgasmo, e ele desaba em cima de mim. Ficamos nessa posição durante alguns minutos, enquanto recuperamos o fôlego, até que Arthur ergue o rosto e olha para mim.

— Tudo bem, Lu. Voltarei depois de amanhã e farei a cirurgia. Mas quero que você comece a pensar sério na proposta de ir morar comigo e com Flyn na Alemanha. Promete que vai pensar?

Claro que vou pensar. Concordo com a cabeça e abraço Arthur.

 

Capítulo 152:


Viver sem Arthur está difícil para mim. Difícil e insuportável.

Me acostumei a vê-lo circular pelo escritório e pela minha casa, e estar sozinha me desestabiliza.

Antes de ir embora, ele quis contar à minha chefe a verdade sobre nossa relação, mas eu o proibi. Odeio fofocas e, por mais que eu saiba que elas serão inevitáveis quando todo mundo ficar sabendo, prefiro adiar esse momento.

No mesmo dia em que embarca para a Alemanha, me liga umas vinte vezes. Precisa falar comigo e me lembra de pensar na sua proposta de eu me mudar para a Alemanha.

Ele precisa de mim e precisa logo.

No dia da cirurgia, Sónia me liga para informar que tudo correu bem, mas que o humor de Arthur está péssimo. Ele não é um bom doente. Os dias passam e comento com Sónia sobre a possibilidade de eu ir à Alemanha. Ela consulta Arthur e sua resposta é não.

Arthur rejeita a ideia. Não quer que eu o veja nesse estado. Tento convencê-la, mas ela me lembra que já me alertou que seu filho não é um bom doente e que, num momento assim, é melhor não contrariá-lo.

Desesperada, ligo para o meu pai e lhe conto o que está acontecendo.

Ele tenta me acalmar e me manda ir para a cama descansar. No dia seguinte, quando chego do trabalho, encontro meu pai e minha irmã me esperando em casa. Em meio a lágrimas e soluços, explico a eles o que está acontecendo com Arthur.

Vejo a tristeza em seus olhos. Percebo como eles se entreolham sem saber o que me dizer. Mas, como sempre, não me deixam na mão. Tentam me colocar para cima e afirmam que Arthur é um homem forte e que, independentemente do que acontecer, ele voltará para mim. Quero acreditar nisso. Preciso acreditar nisso.

De madrugada, eu e meu pai conversamos. Comento com ele a possibilidade de eu ir para a Alemanha morar com Arthur e Flyn, e ele parece aceitar a ideia. Entende a situação e me incentiva a viver ao lado da pessoa que eu amo e que me ama. Papai é a pessoa mais compreensiva do mundo e, apesar da dor que sente por saber que vou ficar longe dele, acredita no amor e na necessidade de viver o momento.

Uma semana depois, meu pai volta a Jerez. Precisa tomar conta de sua oficina, mas minha irmã está sempre comigo. É maravilhosa. Gosto dela do fundo do meu coração e, apesar de às vezes me encher o saco, é a melhor irmã do mundo.

 

De: Arthur Aguiar

Data: 17 de outubro de 2012 20:38

Para: Lua Blanco

Assunto: Estou com saudades

Odeio o tratamento e a minha irmã. Ela me deixa muito irritado. Quanto a Flyn, não sei o que fazer com ele.

Estou com saudades de você.

Te amo.

Arthur

 

 

De: Lua Blanco

Data: 17 de outubro de 2012 20:50

Para: Arthur Aguiar

Assunto: Re: Estou com saudades.

Você irritado?

Sério?

Não acredito... impossível!

Um homem como você não sabe o que é isso.

Sobre Flyn, dê tempo ao tempo. Ele ainda é muito novo.

Te amo... te amo... te amo...

Lu

 

De: Lua Blanco

Data: 18 de outubro de 2012 23:12

Para: Arthur Aguiar

Assunto: Oieeeeeee

Oi, aqui é sua namorada!!!

Como você está hoje, meu querido?

Espero que um pouquinho melhor. Ah, vai, abre um sorriso, que tenho certeza de que você está com a cara fechada.

E tá booooom, já entendi a indireta de que você não quer que eu vá te ver. Vou ter de me aguentar.

Aqui em Madri já está começando a fazer frio. Hoje no escritório foi um dia louco e só há pouquinho cheguei em casa.

Estou com tanto trabalho que mal tenho tempo de respirar.

Espero que Flyn esteja mais fácil de lidar.

Beijos, querido, que passe uma boa noite. Te amo. Me responde amanhã?

Sua moreninha

 
De: Arthur Aguiar

Data: 19 de outubro de 2012 08:19

Para: Lua Blanco

Assunto: Olá

Odeio que você trabalhe tanto.

Isso são horas de chegar em casa? Quando eu voltar a Madri, vou ter uma conversa muito séria com a idiota da sua chefe.

Te amo, moreninha.

Arthur

 

De: Lua Blanco de 2012 20:21

Para: Arthur Aguiar

Assunto: Não se mete no meu trabalho

Como eu já escrevi na linha de assunto, não se mete no meu trabalho! O fato de eu ser sua namorada não te dá o direito de se envolver nas minhas questões de trabalho.

E a propósito... Eu te amo mais!

Lua

 

De: Arthur Aguiar

Data: 19 de outubro de 2012 22:16

Para: Lua Blanco

Assunto: Sou seu chefe

Não volte a me dizer pra não me meter no seu trabalho. SOU SEU CHEFE. E, quanto a quem ama mais o outro, logo, logo eu vou te provar!

Arthur

 

De: Lua Blanco

Data: 19 de outubro de 2012 22:19

Para: Arthur Aguiar

Assunto: Hummmmmmm

E, vem cá, por que você não me liga em vez de me escrever? Não tem vontade de ouvir minha voz? Estou morrendo de vontade de te ouvir, nem que sejam seus resmungos. Anda... seja bonzinho e me liga, CHEFE.

E, sobre aquele assunto de quem ama mais... me prove!

Lu

 

Aperto “enviar” e espero... espero e espero e, como diz aquela música de antigamente “e eu desesperando”!

Não liga. Nem me escreve. Nada.

Às onze da noite, decido preparar alguma coisa para jantar. Não estou com muita fome, então faço uma omelete, mas acho que ficou tão sem graça no prato que resolvo acrescentar um ingrediente secreto que a Luz adora: confetes! Omelete com confetes!
Ótimo jantar!


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