Peça-me o que quiser (Adaptada) - Capítulos 166 e 167

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Capítulo 166:
Quando saímos do hospital, minha irmã e meu cunhado insistem em me levar para a casa deles. Já Arthur tenta me convencer a ir com ele ao hotel. No fim, bato o pé.
— Quero ir pra minha casa, por favor, entendam!
Arthur olha para minha irmã.
— Vou levá-la pra casa e ficar com ela.
Raquel aceita, mas, antes de ir embora, diz:
— Descansa. Depois do almoço vou passar na sua casa pra te ver e ligaremos pro papai.
Quando minha irmã e o marido vão embora, vejo surgir o carro de Arthur. Ao perceber meu estado, Tomás desce rapidamente.
— A senhorita está bem?
— Estou, não se preocupe, Tomás. Não é tão grave quanto parece.
Já no carro, fecho os olhos e me recosto no banco. Estou cansada e cheia de dor. Arthur se aproxima e dá um beijo na minha testa. Olho então para ele.
— Está melhor da dor de cabeça?
— Estou sim, querida. Não se preocupa com isso, nem com nada. Agora só o que importa é você. Só você.
Suas palavras e o jeito carinhoso de falar me indicam que a discussão já foi esquecida.
Sorrio e acaricio seu rosto com ternura.
— Foi minha irmã que te ligou?
Pega minha mão e beija.
— Te mandei uma mensagem e ela me ligou. — Encosta sua testa na minha e murmura: — Nunca na minha vida eu tinha ficado tão
desesperado, querida. Quando sua irmã me ligou, chorando... e eu ouvia os soluços dela e só entendia... Lua... ambulância... acidente... quase morri.
— Exagerado.
— Não, exagerado não. Te amo e não quero que aconteça nada de ruim contigo. Os momentos que passei até te ver foram horríveis. Um pavor. Não desejo isso nem ao meu pior inimigo. Me sinto culpado. Se eu não tivesse te mandado ir embora naquela hora, nada disso teria acontecido.
— Arthur, você não tem culpa de nada.
— Não concordo. Me sinto péssimo. — Ao ver o suspiro que dou, me dá um beijo delicado no canto dos lábios. — Você está bem?
— Estou... — E, tentando fazê-lo sorrir, acrescento: — Como você pode ver, não foi dessa vez que você se livrou de mim!
Seus lábios se curvam, mas ele continua tenso.
— Daqui pra frente, vou cuidar de você.
Descanso a manhã inteira, e à tarde minha irmã e meu cunhado aparecem em casa com minha sobrinha e uma tonelada de comida. Raquel coloca tudo na geladeira e dá instruções a Arthur, que apenas concorda com um gesto de cabeça, apesar de eu saber que ele não está registrando nada.
Ao ligar para o meu pai e contar o que aconteceu, relaxo. Apesar do susto inicial, sei que ele ficou mais tranquilo depois de falar comigo, com minha irmã e com Arthur. Minha irmã e José estão conversando na cozinha. Precisam mesmo ter uma boa conversa. Arthur está assistindo a um jogo de basquete na tevê, o que me surpreende, já
que não sabia que ele gostava do esporte. Minha sobrinha, que está sentada perto de nós dois, pergunta:
— Você é o namorado da minha tia?
Ao escutar a pergunta, Arthur olha para ela.
— Sou.
— E você vai casar com ela?
— Ainda não falamos sobre isso — responde surpreso.
— E por que não falaram?
— Porque não.
— E por que não?
— Algum dia.
— Você não quer casar com ela?
Arthur crava seu olhar nela.
— Tá bom, Luz... vou falar com ela.
— Quando?
— Não sei. Talvez quando ela ficar boa, o que acha?
— Legal! Você quer ser meu tio?
— Quero.
— E por quê?
Arthur começa a se desesperar. Minha sobrinha consegue ser insuportável às vezes, então decido sair em defesa dele.
— Luz, quer ir pro meu quarto e ver desenhos?
A expressão da menina muda. Sorri e corre desenfreada para lá. Arthur me olha nos olhos e abre um sorriso.
— Obrigado, querida.
— De nada. — Curiosa, pergunto: — Flyn não é assim?
— Não. É completamente diferente. Você vai ver.
Nessa noite, quando eu e Arthur ficamos a sós em casa, ele se dedica a cuidar de mim.
Num caderno anota os remédios que preciso tomar e os horários, e fico admirada em ver como ele é eficiente atendendo uma pessoa doente. Isso me faz lembrar que ele está acostumado a se virar sozinho há muito tempo. Não menciona nossa discussão e eu sou grata por isso. Quando deitamos para dormir, ele me dá um beijo nos lábios.
— Descansa, querida. Eu vou cuidar de tudo.
Na segunda-feira, Arthur vai trabalhar e minha irmã vem substituí-lo. Às onze, chega uma mensagem no meu celular. É Miguel, que diz: “Acabo de saber que você é a namorada de Arthur Aguiar. Que safadinha, com esse segredo esse tempo todo! Vai me contar tudo,
hein? Um beijinho e melhoras.”
Quando deixo o celular em cima da mesa, não sei se rio ou se choro. Oficialmente, já sou a namorada dele.



Capítulo 167:

Fico de molho por três semanas, de licença médica, e aproveito para fazer uma última faxina na casa e começar a encaixotar as coisas que pretendo levar para a Alemanha.
Arthur quer me dar um carro mais seguro e resistente, mas não aceito. Adoro meu Seat León. Meu seguro o conserta num tempo recorde e imagino que foi Arthur quem os pressionou para resolverem tudo depressa. Está como novo.
Arthur cuida de mim com carinho e me ajuda com as caixas. Não vou levar muita coisa, só roupa, fotos, livros e minhas músicas. O resto vou levando aos poucos.
No dia em que apareço no escritório, todos ficam me olhando. Me observam com curiosidade. Sabem que sou a namorada do chefão e fazem o que eu tanto odeio: ficam cochichando!
Miguel vem falar comigo assim que me vê.
— Agora que você é a namorada do chefe, tomaria café da manhã comigo? — pergunta em tom de brincadeira.
Me divirto com seu comentário.
— Vamos, seu chato.
No caminho, demonstra preocupação com meu estado de saúde. Conto o acidente e ele me ouve horrorizado. Na cafeteria, quando estou indo pagar, os funcionários não me deixam. Têm ordem do senhor Aguiar de não cobrarem nada do que eu consumir.
Tudo vai para a conta dele.
Quando volto à minha sala, minha chefe vem me cumprimentar. Seu tom de voz agora é suave e ela tenta ser simpática. Aquela vaca
desgraçada. Agora que sabe que sou a namorada de Arthur, me trata com a maior delicadeza.
Dez minutos depois de eu chegar, vejo uma moça entrar na sala e sentar na mesa que era de Miguel. Me olha e pergunta:
— Você é Lua?
Confirmo e ela se apresenta:
— Sou Cláudia, a nova secretária do senhor Aguiar enquanto ele estiver aqui na Espanha.
Surpresa, olho para ela. Arthur não comentou nada nos meus dias de licença, mas isso não é de espantar. Ele não quis tocar em assunto de trabalho durante minha recuperação. Até queria que o médico estendesse a licença, mas não permiti. Isso o deixou irritado, mas não me importa. Minha licença terminou e tenho que voltar ao trabalho.
Arthur entra e olha na minha direção. Retribuo o olhar.
— Bom dia, senhor Aguiar.
Coloca a maleta em cima da minha mesa, vem até mim e me dá um beijo na boca que deixa minha chefe e a nova secretária completamente paralisadas. Depois desse beijo mais que bem-vindo, murmura:
— Bom dia, Lu. Você está bem?
Aturdida pela forma como ele me recebeu, não sei para onde olhar e ao mesmo tempo vejo que Arthur se segura para não rir. Acabo sorrindo.
— Bom dia, Arthur. Estou bem e pronta para o trabalho.
Minha chefe, que se acha o máximo, diz:
— Mas que bonito casalzinho vocês dois.
Falsa! Eu a conheço e percebo a falsidade no jeito de me observar.
— Obrigado — responde Arthur.
Minha chefe me olha de cima a baixo. Continua sem acreditar no que vê.
— Oh, mas que anel mais lindo você está usando! É o que estou imaginando?
Arthur pega minha mão, beija os nós dos meus dedos e acrescenta com paixão:
— Um diamante pro meu diamante precioso.
Suas palavras me deixam super feliz, principalmente ao ver como essas duas mulheres me olham. Por fim, após um silêncio constrangedor, minha chefe se vira para mim.
— Lua, essa é a nova secretária de Arthur. O nome dela é Cláudia Sánchez e é minha irmã mais nova. Vai ocupar seu cargo quando você se mudar pra Alemanha.
Fico perplexa... Por que ela não me falou quando veio se apresentar? E, principalmente, por que já estão fazendo planos sem falar comigo antes?
— Uma secretária muito eficiente, por sinal — acrescenta Arthur.
Esse elogio me incomoda, mas consigo disfarçar.
— Obrigada, senhor Aguiar — responde a moça, encantada. — Pra mim é um prazer ouvir o senhor dizer isso. Fico feliz que esteja satisfeito com meu trabalho.
Conheço esse risinho de safada. É igualzinho ao da irmã e sei que isso não promete nada de bom. Disfarçadamente, observo como ela molha os lábios ao olhar para Arthur, e esse gesto me irrita.




Passem na outra web, garanto que está muito melhor. Adiantei vários capítulos 

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