Adivinha quem sou (Adaptada) - Capítulos 24 e 25

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Capítulo 24:

Um movimento à minha direita me chama a atenção e fico paralisada ao ver Arthur sentado em uma espreguiçadeira ao meu lado me ouvindo, com as pernas esticadas e as mãos nos bolsos.
Rapidamente, eu tiro os fones de ouvido e perguntou:
— O que você está fazendo?
— Ouvindo você.
Sua expressão me incomoda e sussurro:
— Eu lhe convidei para me ouvir?
— Não.
— Então?
Sem se mover do lugar, ele responde calmamente:
— Você canta muito bem.
Arrepio-me, e frustrada por tudo o que ele me faz sentir, reclamo:
— O show é na sala Capri. Lá você pode ouvir outros cantarem.
De repente, ele pega a meu pescoço e, olhando-me de frente, pergunta:
— Como está esse hematoma?
Ao me deparar com seus olhos tão perto dos meus, só consigo responder:
— Está indo bem.
Por um momento, ele olha meu queixo com curiosidade e logo me solta.
Eu faço uma careta e ele pergunta:
— O que foi?
— Olha cara – respondo sem vontade de conversar — Vamos ser claros. Você não tem que se importar com tudo o que acontece comigo, ok?
Vejo que ele fica surpreso com a minha afirmação e murmura:
— Eu sinto muito. Não pretendia...
— Eu não dou a mínima para o que você pretendia.
Ele olha para mim com os olhos arregalados. Percebo que ele não entende o que acontece comigo. Até agora, ele nunca tinha me visto com raiva.
Ele deve pensar que eu sou louca, e eu também acho. Eu o fulmino com o olhar!
Acha que todas se derretem por ele porque tem uma bunda grande e é muito bonito. Mas nem todos sabem o que eu sei, porque se soubessem, seria muito diferente!
Depois de um momento de um silêncio constrangedor, ele franze a testa e pergunta:
— Você está com raiva de mim?
— O que você acha?
Olhando para mim de uma forma que me faz pensar por que não cair de amores por ele, sussurra:
— Que não.
— Bem... Acho que você não sabe de nada... – eu respondo, tentando não perder o controle.
— E por que você acha que eu não estou com raiva de você?
Aproximando-se mais, com uma cara safada diz:
— Porque o que seus olhos me dizem.
Quando ouço isso, eu me lembro de uma citação que meu irmão sempre diz sobre Jornada das Estrelas e respondo:
— Meus olhos podem te enganar, não confie neles.
Minha resposta faz ele sorrir e acrescenta:
— Seus olhos são lindos.
Bem... Bem... Bem... Isto está ficando interessante. Acabei de receber um elogio!
Eu tento manter a minha ansiedade controlada, se não posso me descontrolar, então respondo com cautela:
— Acho melhor você ouvir o que diz minha boca. Meus olhos podem enganá-lo.
Ouço-o respirar fundo e com um sorriso safado, sussurra, enquanto olha para os meus lábios:
— Sua boca diz e sugere muitas coisas.
Oh, isso me deixa... Me deixa... Já não ligo se ele é gay, mórmon ou budista!
Plano A: Lhe beijo.
Plano B: Dou para ele.
Plano C: Me jogo no mar e me afogo.
Minha respiração acelera. Ele é tentador!
Paro, prendo a respiração e quando estou quase sufocando e incapaz de seguir esse jogo, pergunto:
— O que minha boca te sugere?
Arthur sorri e toca a ponta do nariz com um dedo. Oh, Deusssssssss!
Fala sério... Fala sério... Esse garotão não pode ser gay.
Seus olhos brilham, não quero nem imaginar como estão brilhando os meus, e, finalmente, com uma voz rouca e cara de valentão, ele responde:
— Adivinha.
Sua voz...
Seu cheiro...
Sua proximidade...
Tudo isto, juntamente com a curiosidade que me traz esse “adivinha”, me faz suspirar.
Será que eu devo agarrá-lo? Ou não?
Eu me jogo? Ou não devo?
Finalmente eu resolvo me conter. Lembro-me do que eu sei e eu freio antes de fazer um papel ridículo. Nesse momento, ouço ele me dizer, olhando-me com uma expressão indecifrável:
— Você é linda, mas não me interessa.
Como?
Porra... Porra... Porra... Que vergonha!
Como faço para deixar de desejá-lo?
Sou uma idiota... E chateada com seu comentário, respondo:
— Olha, meu filho, vamos deixar as coisas como estão.
— “Meu filho”? – Pergunta curioso.
— "Meu filho" é uma expressão carinhosa que se usa na minha cidade.
Ele não tira os olhos de mim. Estou nervosa com o que ele disse, quando ele balança a cabeça e insiste:
— Zangada?
Eu tento não tremer a voz. Eu tento ser a mulher confiante que sempre fui e, em tom de brincadeira, olho para ele e respondo:
— Adivinha?
Eu vejo que os cantos da sua boca se curvam em um sorriso. Mesmo que ele negue, sei que nós temos mais química que toda a tabela periódica.
Depois de alguns segundo nos olhando em silêncio, ele pergunta?
— Por que você fala assim, baby?
— “Baby”?
E com uma voz que me arrepia desde as pontas dos pés até minhas orelhas, ele diz:
— “Baby” é uma expressão gentil que usamos na minha terra.
Fico totalmente desconcertada e não sei o que dizer. Eu preciso ficar longe dele antes que eu faça alguma besteira. Levanto-me, mas ele me agarra pelo braço e pergunta:
— Por que você está levantando?
— Porque vou lhe atirar ao mar.
Ele sorri.
Meu Deus, isso é puro pecado.
— Desculpe se te incomodei, não era essa a minha intenção.
Simplesmente ouvi alguém cantando e... Você tem uma bela voz.
“E você tentando me controlar desse jeito que me deixa louca.”
Euestava prestes a gritar.
Mas seu tom suave, profundo e tranquilo me deixa sem vontade de fazer isso, então respiro fundo. Não vou discutir com ele.
— Então podemos fumar o cachimbo da paz e você não me atira ao mar? – Propõe, estendendo a mão.
Acho que eu tenho que aceitar isso. Devo parar de ser tão chata e aceitar isso. Eu não resisto, não tem jeito.


Capítulo 25:

Ele sempre foi correto comigo e não fez nada para que eu o trate assim.
Eu bufo novamente, estendo a mão e aperto-a, e nesse instante ele dá um passo à frente e paro de respirar quando ele pergunta:
— Você ouviu as músicas de Maxwell?
Eu balanço minha cabeça.
— Não.
— Ouça...
— Por quê?
— Porque a música dele é sensual como você.
Volto a bufar. Estou prestes a dizer-lhe algumas coisas, mas finalmente, pelo seu gesto, eu sei que estou tomando o controle da situação e, olhando em seus olhos, digo:
— Desculpe-me, eu estou cansada.
Arthur sorri. Em seguida, aperta os olhos enquanto olha para mim e, ainda segurando minha mão, sussurra:
— Sorria mais, baby. Seu sorriso é lindo.
Oh, Meu Deus! Eu quero beijá-lo... Muito... Quero comê-lo!!
E quando chego mais perto dele, para fazer isso, ele solta minha mão, deixando-me com a boca semi-aberta, e senta-se na cadeira.
Merda! Que corte!
Nem plano A, nem plano B e nem plano C.
Acabei de ser dispensada mais uma vez. Que vergonha! Minhas pernas estão tremendo e me sento também.
Durante algum tempo permanecemos calados. Eu preciso aceitar o que aconteceu.
Vamos lá Lua – digo para mim mesma – Não esqueça que ele é gay.
Ele gosta de homens. Lembre-se disso e não faça mais esse papel ridículo.
— Era muito bonita a música que você estava cantando. – disse me retirando dos meus pensamentos.
— Qual o nome?
— Não enche, por favor.
Eu só disse isso. Mas vi sua expressão mudar e ele disse, sem entender nada:
— Por que você voltou a falar assim comigo?
Ao ver sua cara feia, sou incapaz de reprimir uma gargalhada, que o deixa desconcertado. E divertida, esclareço:
— A canção se chama: Não Enche, Por Favor.
— Jura que esse é o nome da música?
— Eu juro.
Agora nós dois rimos e nos encostamos na espreguiçadeira. Durante alguns instantes olhamos para a lua refletida no mar, até que ele pergunta:
— Você está trabalhando há muito tempo aqui no barco? Não me lembro de ter te visto antes.
— É minha primeira viagem e acredito que será a última.
— Por quê?
— Porque enjoo muito e fico dopada de tanto remédio que eu tomo.
Quando decidi trabalhar aqui, não pensei nisso, mas sinceramente, todo dia com esse enjoo não é fácil. E você? Está trabalhando há muito tempo aqui no navio?
Ao olhá-lo, com o vento batendo em seu rosto. Que lindo ele é!
— Estou aqui há quase um ano.
Quando vou dizer algo, seu celular toca. Ele faz um gesto com a mão me pedindo desculpas, e atende a ligação.
Enquanto isso, eu disfarço e olho para ele com mais calma. Ele fica lindo com essa calça jeans e camisa cinza. Uma vez que termina a ligação, se levanta e diz:
— Eu tenho que ir.
Assinto. Estou quase lhe perguntando se foi Tony que ligou, mas me calo. Ele se agacha ao meu lado e eu congelo. Chega seu rosto a milímetros do meu e sussurra:
— Foi um prazer conversar com você.
Sua voz...
Seu cheiro...
Deus, estou a ponto de perder novamente a cabeça, mas antes que eu o faça, ele se levanta e sai, me deixando com cara de boba.
Ainda estou me recompondo dessa despedida quando ouço um ruído no piso superior. Ao olhar para cima, vejo Tito, amigo de Tony, ele pisca para mim e sai sorrindo.
Por que ele piscou para mim?
Será que ele estava escutando?
Quando finalmente fico sozinha, tenho vontade de cantar. Só tenho vontade que minha temperatura abaixe e que abra um buraco no barco que me enterre. Por eu fazer tanto papel de boba na frente de um homem.
Penso, penso e penso. E quanto mais penso, mais me preocupo.
Meu telefone toca e sorrio ao ver que é meu amigo Luis.
— Como está a minha tulipa do mar?
Sua alegria me faz sorrir e respondo:
— Bem! E vocês?
— Marco está lindo, gordinho e fofo. Come, dorme, suja a fralda e engorda. Mas nosso bebê é uma delícia! – Sorrio ao escutá-lo e ele prossegue
– Mas seus pais estão na merda, eu principalmente.
— O que foi?
— Ah, minha garota, estou ferrado. Há uns dois dias atrás caí do andaime, numa obra. Torci o pé.
— Oh Meu Deus! E o que o médico disse?
— Estou de repouso por duas semanas, com o pé imobilizado. Um saco.
— Arturo me disse que se eu continuar chato assim pede o divórcio e leva o menino. Eu acho que ele vai para o céu por me aguentar.
Isso me faz sorrir. Arturo e ele formam um casal fantástico! E se gostam tanto que seu amor, como poucos, será eterno, ainda mais agora que chegou seu primeiro filho, Marco.
— Mas bem, chega de falar sobre mim. Liguei para saber de você e da Gordinha, estão bem?
— Sim – e ao pensar em Coral adiciono: — Ela agora está numa fase solta, atirada, e muito feliz.
Luis entende e soltando um grito, pergunta:
— O que você está falando? Você está mesmo falando da “santinha” da Coral?
— Dela mesma. Ela decidiu deixar de ser romântica para ser prática. A partir de agora, decidiu que ela e sexo são amigos íntimos.
Luis solta uma gargalhada.
— Fico feliz. Já que as minhocas vão comer mesmo, que os humanos desfrutem antes. Além disso, ela merece. Merece um pouco de loucura e pensar só nela. E você, como você está? Algum marinheiro a bordo?
Suas perguntas me fazem rir, enquanto penso que encontrei um marinheiro impressionante e decido ir direto ao ponto.
— Então, sim, lindo, alto, moreno, sexy e mais velho.
— E você está falando comigo ao invés de estar com ele? – brinca meu
amigo.

Desanimada por tudo que tenho que lhe contar, digo:
— Não tenho nada para fazer. Se você estivesse aqui, ele gostaria mais de você do que de mim.
— Não entendi, minha tulipa.
Convencida de que eu tenho que assumir, digo:
— Ele é gay.
— Mas... O que você está me contandooooo?
— É isso que você ouviu.
— Sim.
— Não acredito!
— É sim, Luis, acredite.
Essa era a fofoca que meu amigo precisava para reativar seu sangue.
— Anda, me conta tudo, tudo, tudo.
— Não tenho muito para contar. Não consigo olhar para mais ninguém nesse navio. Ele é impressionantemente sexy e tem uns lábios selvagens, nem te conto. Se você o visse ficaria louco. Ele me deixa louca, Luis! Ao vê-lo me desconcentro, fico quente. Fico pensando em tirar sua roupa e...
— Querida, pelo amor de Deus! – ele me corta — Estou aleijado e assim você está até me esquentando também!
Seu tom me faz soltar uma gargalhada e concluo:
— Outro dia o peguei nu, tomando banho na cabine de um passageiro que é gay, e bem... O resto você pode imaginar!
— Ahhhhhh...
— Fiquei muito decepcionada!
— Sinto muito, minha querida.
— Eu sinto mais. Eu havia elaborado um plano e nada... Deu tudo errado.

— Fica calma, minha rainha. Claro que neste navio deve ter outros marinheiros com lindos corpos e quadris devastadores que podem te deixar louca.
Disposta a tentar ver um ponto positivo onde não existe, sorrio.
— Tem outro. Mas é um garoto da minha idade. Ele se chama Tomás e, bem, eu tive algo com ele, mas não é a mesma coisa. Não é nem a metade do que eu preciso. Tomás me procura, mas só penso em Arthur. Isso parece uma novela.
— Pensa, querida, um pode ajudar a esquecer o outro. Não pensou nisso?
— Sim.
— Então, esquece o cara mais velho com o mais novo, usando o sexo.
— Que porco você é! – Eu digo.
Luis solta uma gargalhada e diz:
— Olha, tulipa, você está em um navio, no mar, onde tem duas opções: continuar parada em um cara mais velho que é gay, e que nunca, nunca, nunca vai te dar o que você quer, ou se divertir com outro marinheiro, ainda que ele seja mais jovem. Pensa.
— Vou pensar.
— Não pensa, aja! Seja egoísta, liberte-se e divirta-se!
— Eu disse que vou pensar. – insisto.
— Olha, e se ele for bissexual?
— Não, ele não é. Eu joguei quilos e quilos de charme e nada! Sem reação! Ele é imune aos meus encantos. Além disso, metade da força de trabalho do barco também tentou, mas o cara não vai recuar. E reparei que sou uma idiota, quando há dez minutos, quase o beijei, mas ele se esquivou e me deixou tremendo.
— Que vergonha!
— Sim, foi horrível, uma vergonha.
— Olha, minha flor, eu já disse, acho que você precisa de outro marinheiro urgente!
Seu conselho me faz sorrir e eu vou dizer uma coisa, quando Luis me interrompe:
— Lua Blanco, não adianta insistir. Se ele é dos meus, você tem que respeitá-lo. Não nada mais desagradável do que você atormentá-lo, ok?
Concordo com a voz e a cabeça. Luis está certo. Eu tenho que seguir em frente.
Por um tempo, falamos de tudo o que vem à mente e isso me faz rir. No sorrir com ele é impossível e fico desfrutando da tranquilidade que está ao meu redor. As luzes daquele porto são lindas.
Só então o telefone toca e eu, olhando para ele, vejo uma mensagem que diz:
Devoradora, terminou a festa. Você pode voltar para a cabine.
Levanto-me e para ir dormir.

4 comentários:

  1. Kkkkk Arthur gay nunca luinha se prepare

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  2. Não acredito que lua pensava mesmo que o Arthur é gay kkk

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  3. Eu tô curiosa pra saber se ele é ou ñ kkkkkkkk
    Lua mulher kkkkk se for gay faz ele virar homem kkkkkkkkkkkkkk

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