Adivinha quem sou (Adaptada)- Capítulos 18 e 19

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Capítulo 18:

Apesar do gesto honroso, o gerente é inflexível, e insiste:

— Lamento, mas preciso olhar para o interesse do navio. – Depois, voltando-se para Tito, que não havia aberto a boca, acrescenta: — Senhor, muito obrigado por sua ajuda amável e sinto o que aconteceu. Por favor, retorne para a sua mesa e vou mandar servir uma garrafa do melhor champanhe em agradecimento.

Como a vida é injusta. Nelson implorando por outra chance depois de um incidente que o pobre não causou, e gerente servindo champanhe a um homem que não pediu e certamente pode pagar sem problemas.

Estou chocada e irritada e então ouço Arthur dizer, insistindo:

— Senhor Martínez , é apenas um pequeno corte em sua mão. Um par

de pontos resolve.

O homem se remexe nervoso e solta: — Você acha que é médico, jovem? Cale-se e volte ao trabalho. Vocês todos não fazem nada, além de me dar dores de cabeça. – Olho chateada. Como pode ser tão desagradável? Se não fosse porque preciso do trabalho, arrancava sua cabeça idiota. Nos olhos de Arthur vejo a mesma indignação. Vejo que cerra os punhos e claramente vai responder , quando de repente, Tito, que até agora tem se mantido em segundo plano, olha para Rançoso e intervém:

— Como passageiro deste navio, devo dizer que não parece certo o que pretende fazer com o rapaz, ainda mais quando dois companheiros estão se oferecendo para cumprir seu turno. – o gerente vai contestar, mas Tito continua

— Se você permitir, eu mesmo vou cuidar da ferida de Nelson.

— Você, senhor? – Arthur pergunta surpreso.

O gordo Tito responde com um sorriso agradável: — Sim, sou médico.

Surpreendida pelo seu maravilhoso gesto, estou prestes a bater palmas de alegria quando vejo que fala sem trégua com o gerente, e meu morenaço pergunta a Nelson:

— O sangue te impressiona, certo? O pobre balança a cabeça, e ele cobrindo a mão ensanguentada com um guardanapo, diz:

— Não se preocupe, tente não olhar. Cortou-se, mas a ferida está limpa.

Não tem nada grave.

Quando Tito termina de falar com o gerente, tira um cartão dourado do bolso da calça e, dirigindo-se a mim diz:

— Lua, vá ao meu camarote. É o número 22. No armário você vai encontrar uma pasta azul escuro traga-me, por favor. – A cabine de Tony sei que é 21. É o que digo, aqui tem coisa! Olho para o gerente, que acena com um gesto impassível com a cabeça, enquanto Arthur olha irritado para o teto.

Levo o cartão e corro para o piso superior até a entrada da cabine. Ao entrar, fico impressionada com o amplo espaço ao meu redor. Nada a ver com o buraco onde eu fico. Que grande e que luxuoso!

Vejo alguns chocolates na enorme cama, mas não há tempo a perder, abro o armário e sorrio ao ver que o homem tem dispostas ordenadamente suas camisas por cor. Vamos, assim como eu, que sou uma bagunça. Isso me faz sorrir e, sem pensar, aproximo meu nariz das camisas e inspiro profundamente. Cheiram muito bem. Em seguida, pego a maleta e, ao fazer isso noto um terno escuro. Sou incapaz de não tocá-lo. O tecido é leve e macio. O mais suave que toquei na minha vida. Um barulho de fora me traz de volta a mim, depois de deixar tudo como estava, deixo a cabine em velocidade máxima.

Quando chego ao salão onde Nelson está, entrego a maleta para Tito sem dizer nada. Ele olha para o gerente.

— Senhor Martínez, se quiser, pode voltar para o restaurante – sugere

— Estou certo de que o seus trabalhadores precisam de você. Vou cuidar de Nelson.

Não sei se o gerente gosta ou não dessas palavras, porém com cara de alho podre pergunta:

— Necessita da presença da garçonete e do homem da manutenção?

Lua e eu nos olhamos e Tito, depois de passar a vista por nossos rostos, diz:

— Sim. Necessito de ambos.

Sr. Martinez sai muito relutantemente e olho o médico abrir a maleta.

Nelson está nervoso e quando Arthur levanta o guardanapo para descobrir a mão, a curiosidade o faz olhar e três segundos depois volta a desmaiar.

— Calma, diz morenaço ao me ver preocupada. Está tudo bem.

Ver a mão ensanguentada não me enjoa, mas me impressiona. Recuo

alguns passos e respiro fundo para não dar um show. Entre a minha dor de

estômago e o sangue estou “empanada”. Só falta desmaiar também. Tito e

Arthur murmuram algo enquanto assistem a ferida e, finalmente, o primeiro diz:

— Lua, por favor, vá até a cozinha e me traga água fervente e gaze.

Tenho pouco na maleta.

Assento e olho para Arthur, que parece irritado, porém, sem mais, corro para a cozinha. Lá, Coral e Gina me perguntam sobre o que aconteceu, enquanto coloco uma panela com água no fogo.

— Nelson está bem. Só tem um corte em sua mão, mas um passageiro muito amigável vai dar alguns pontos.

— Pobre... – Sussurra Coral.

— Mas o que aconteceu? – Pergunta outro jovem da manutenção que

se aproxima.

— Segundo ouvi – digo — o seu parceiro Arthur e ele abriram a porta ao

mesmo tempo e...

— Arthur? – Me interrompe. Quando confirmo, diz — Mas, se Arthur estava comigo quando ouvimos o barulho de cristais. Como pode ter sido ele?

Isso me surpreende, não digo mais nada. Por que, então, assumiu a culpa?

Depois de alguns minutos, com a água fervente, várias gases que tirei do estojo de primeiros socorros e tomando cuidado para não me queimar, volto para onde eles estão e encontro Arthur e Tito conversando. Ao me ver, calam-se, e retirando as luvas de látex Tito diz:

— Obrigado, Lua. No final, não preciso de água. Consegui resolver com soro.

Dizendo isso, fecha sua pasta, olha para nós e disse antes de sair:

— Fiquem com ele até que acorde. Lentamente deve ir descansar em sua cabine. Hoje não poderá fazer nada com a mão assim.

Quando vira e começa a caminhar para sair, me aproximo.

— Muito obrigada senhor, digo. Graças a você, Nelson vai continuar trabalhando no navio. – Gosto de seu olhar bem humorado, responde com um sorriso agradável:

— Foi um prazer e agora volte com seus companheiros e não se preocupe com nada.

Quando ele sai, aproximo-me de Arthur, que está encostado na parede e

sorridente, comento:

— Ainda existem pessoas boas no mundo.

Ele confirma.

— É um prazer saber, você não acha?

— Te digo. – olhando para ele, pergunto — Por que assumiu a culpa se não abriu a porta com Nelson?

Vejo que as minhas palavras o surpreendem e mantendo o olhar, responde:

— Não gosto do peso de cem por cento da culpa de um acidente bobo.

E com um patrão estúpido como este, vale a pena.

— Foi um lindo gesto de sua parte.

Não responde, ou olha para mim, ainda com o olhar fixo em Nelson.

Vejo que me ignora.

Tenho que assumi-lo e aceitá-lo.

Não, de jeito nenhum! Não aceito.

Vou ficar com o plano A: Vou flertar.

Enquanto esperamos nosso parceiro acordar, sento em uma cadeira e tento parecer interessante e atraente, apesar do meu uniforme ridículo. Toco meu cabelo com o mesmo glamour que faz Paris Hilton, penteando para chamar a atenção de Arthur, mas nem assim! Observo-o dissimulada. Cabelo escuro, pele morena, incríveis olhos castanhos, lábios de tirar todo o sentido e um corpaço. Vamos, escândalo de homem!

Não sei quem é, ou onde vive, ou sobrenome, se gosta de macarrão ou arroz, mas gostaria de conhecê-lo. Enlouqueceria! Desanima ver que para ele, sou indiferente.

Acho que, para chamar sua atenção, devo redobrar meus truques femininos e, sentindo-me perversa, cruzo as pernas ao estilo Instinto Selvagem.

Que caso!

Deussssssssssss... O que faço?

Tão quente... Tão quente... Tão quente!

Pego uma garrafa de água e bebo. Mas, ainda com sede, bebo outra.

Estou morrendo de calor apenas imaginando o bem que poderia passar na cama com este morenaço, enquanto lembro das seis fases do orgasmo.

Porra... Porra! Sou a pior. O que estou imaginando?

Como sou uma doente, minha mente continua sua história particular e o

imagino nu numa cama. Impressionante. Arthur nu deve ser de parar o coração.

Minha mãe... Definitivamente, estou muito mal!

Devo parar de pensar nisso, então passo para o plano B. Fecho meus olhos e imagino minha avó tocando guitarra. Isso me faz sorrir. Ankie sempre me faz sorrir.

Passei alguns minutos pensando em minha avó conseguindo me esfriar,

olho para Arthur novamente. De repente, olha para mim e pergunta:

— Por que você está sorrindo?

— Porque estava pensando em minha avó.

Vejo que foi surpreendido pela minha resposta e adiciono em tom cúmplice:

— Ama tocar guitarra e lembrar me faz sorrir.

Arthur concorda. Não entende nada.

— De onde é, Lua? – pergunta.

— De Tenerife. E você?

— De Puerto Rico.

— Boricua* ? (pessoa nascida na ilha de Porto Rico, nativa).

Confirma, e com um ar arrogante diz:

— Cem por cento.

Divertida e depois de uma dupla piscada que nunca falha, murmuro:

— Já disse que esse tom de pele era muito tostado.

Arthur sorri.

Finalmente sorri!

Finalmente me olha direto nos olhos e sorri!

Deus existe!

Por alguns segundos em que seu olhar penetrante vagueia pelo meu rosto e sinto que fico vermelha como um tomate, arrepio e, finalmente, quebrando o silêncio, diz:

— Sua pele e cabelos não são muito de quem é da ilha.

Agora sorrio.

— Meu pai é holandês e saí mais holandesa do que ”tenerifenha”.

Ambos assentimos e um silêncio mortal nos rodeia. Vejo tirar do bolso um pequeno pote de creme e aplica nas mãos. Cheira bem.

Vamos lá, Lua... Vamos, diga alguma coisa.

— Certamente – consigo falar — sei que trabalha no navio, só não sei em que.

— Manutenção. – diz, guardando o pote em seu bolso.

— Oh, interessante, e qual sua tarefa?

— Arrumo os danos que possam surgir e ajudo no depósito da cozinha.

Se algum cozinheiro precisa de algo, liga para o depósito e um outro colega e eu somos responsáveis para fornecê-lo.

Nesse momento, Nelson move-se e a conversa termina. Estamos com ele enquanto acorda e vendo sua mão diz:

— Obrigado... Obrigado por estar comigo.

Arthur ajuda-o a levantar.

— Agora vou levá-lo com cuidado para a cabine – diz. — Amanhã sua mão e você estarão bem melhor. Pelo turno de hoje, não se preocupe, vou te cobrir.

— Cobriremos os dois – esclareço, disposta a ajudar.

Passando a mão pelos cabelos, Nelson murmura:

— Obrigado. Devo uma a vocês.

O olhar de Arthur e o meu se cruzam e sorrimos. Estamos felizes por Nelson. Embora também sorrio porque estou feliz por mim. Finalmente consegui falar com meu morenaço.

Talvez não goste como mulher, mas esse sorriso garante que gosto pelo menos como pessoa.

Segundos depois, os dois desaparecem da minha vista e sorrio voltando ao trabalho.

E neste momento decido que o porto-riquenho morenaço é muito... Muito sexy!


Capítulo 19:


Os dias passam e eu continuamente dopada com as pílulas contra enjôo.

Por as lentes começa a ser assim uma tarefa árdua. Em algumas ocasiões tenho vontade de colocar o dedo no olho e arranca-las de mim.

Claramente viajar de barco não é a minha praia.

Quem me mandou aceitar este trabalho? Estava bem cantando no hotel deTenerife.

As minhas noites ainda coincidem com as de Arthur na sala de descanso do pessoal, mas ele continua me ignorando.

Após o incidente de Nelson, ele não voltou a se aproximar de mim ou dirigir-me a palavra. Noite apos noite exibo meus encantos cada vez que o via para tentar chamar a atenção dele, mas ele ficava totalmente alheio a mim.

Há coisas suas que me provocam curiosidade. Por exemplo, em várias ocasiões já o vi aplicando creme em suas mãos e quando vai ao trabalho leva sempre luvas de látex. Pra que isso?

Ele fala pouco e está sempre com seus companheiros de manutenção.

Caras fortes e rudes, às vezes até um pouco selvagens em seus comentários, mas nunca o vi com mulheres, nem mesmo nos momentos de descanso. E não é porque elas não o queiram. Com meus próprios olhos já pude ver como muitas mulheres do barco babavam como lesmas por ele. Mas este homem colocou uma barreira entre todas, e quando eu digo todas, quero dizer todas.

Incluindo eu!

Que vá a merda!

E outra coisa que notei é que está sempre asseado. Limpo. Nunca o vejo ficar sujo por conta do trabalho, usa o mesmo uniforme de manutenção que os demais, porém para ele é como se fosse um terno do melhor design italiano. É incrivelmente estiloso!

Em certa manhã, após a loucura do café da manhã, eu tenho uma pequena pausa, salto dos cobertores e uso como suporte a parede para recuperar o ar. A brisa do mar é maravilhosa. De onde estou, vejo pessoas se divertindo em uma das piscinas com tobogans de cores. As crianças sorriem e a risada deles me fez sorrir.

Que felicidade vê-los!

Eu me imagino ali com meus irmãos nerds. Tenho certeza que nós riríamos muito, e meu pai tiraria trezentas mil fotos, enquanto minha mãe observava-nos, como sempre, orgulhosa.

Estou distraída em meus pensamentos quando algumas vozes no convés inferior me chamam a atenção. Eu olho e vejo Tony falando com Arthur, que está pintando um corrimão.

— Nossa, Tony, como você é inteligente!

— Você vai tentar se vincular ao morenaço?

Ouço-os falar do navio e suas escalas. Tony pergunta e Arthur, colocando as luvas de látex, responde com educação, enquanto continua sua tarefa. Assim passa-se um bom tempo, até que, surpreendida, eu vejo que quando se dispendem, Tony coloca uma mão no ombro do Arthur, aperte-o e este sorri.

É claro que Tony tem o mesmo gosto que o meu.

Mas vou falar, bonito, que eu o vi primeiro!

Quando acaba meu turno após a refeição, em vez de ir para a cabana, onde sei que Coral está com Fredy e certamente irá tirar-lhe o coro, decido passar pelo salão de festas e sento-me em uma das cadeiras, para apreciar os músicos, cantores e dançarinos.

Entreter-me vai me fazer esquecer as tonturas.

Comprimento meus amigos Richi e Josele e uma hora depois estou lá, apreciando. É uma maravilha ouvir os músicos, o cantor e seu coro e assistir os dançarinos. Eles são todos profissionais. O que eu daria para estar lá cantando com eles em vez de servir a comida...

— Eu sabia que encontraria você por aqui. – Diz Coral, sentado-se ao meu lado — Saiba que acabo de comer uma barra inteira de chocolate de alta qualidade e não engordei! E, além disso, eu experimentei das seis fases do orgasmo. – Nós duas rimos e ela acrescentou — É uma ansiedade que me provoca rubores. É uma máquina na cama. – Solto outra gargalhada e lhe pergunto:

— Tem certeza do que está fazendo?

— Oh, sim, minha menina. Estou desfrutando como nunca da minha vida.

Mais uma vez volto a rir e ela acrescenta:

— O que não entendo é como pude ser tão cega esses anos todos.

Agora entendo o porquê de você sempre me dizer, que eu tinha que ser a dona da minha própria vida. Eu pensei que estava desfruntando por ser uma super noiva e amante da minha casa para o idiota do meu ex, mas não era. Agora que estou desfrutando. A realidade abriu meus olhos. E ensinou-me que há muitos peixes no mar. E quando quero eu pesco, e quando não quero, vejo televisão.

— E seus planos de casamento?

— Foi adiado por alguns anos. Continuo querendo me casar e começar uma família, mas agora neste momento, nem louca!

— A mancha que Toño deixou foi excluída?

Coral acena com a cabeça e responde:

— Este cara significa muito mais que uma mancha para mim. Eu diria que tem sido o grande vazamento na minha vida. ‘Mas se Galicia atacar pelas costas’, não vou ficar por menos!

Por um tempo, olhamos as duas para os ensaios, até que minha amiga diz:

— Você iria ser um escândalo. Você canta mil vezes melhor do que isso.

— Obrigada pelo incentivo. – Levanto-me ando até porta, e adiciono —

Vem, vem, vamos fazer o que temos que fazer.

— Hoje você está muito pálida, Lua.

Belisco minhas bochechas para dar-me um pouco de cor, e olho para ela suspirando:

— Me sinto horrível. Estou menstruada. E não diga nada. Vou voltar a trabalhar e fazer o que esperam de mim. Sorrindo e cumprindo com meu dever, aguentando tonturas e essa maldita menstruação, ela está me matando. Se há uma coisa que tenho inveja em outras mulheres não é que elas são mais magras, bonitas ou ricas. As invejo porque muitas delas não têm nenhuma dor durante suas regras menstruais. Isso é sorte!

A minha dor agora está me dividindo em duas, mas estou trabalhando e não posso deixar de fazer isso. O Rançoso não entenderia absolutamente nada, por ser homem.

De repente, vejo aparecer o Arthur pela porta dos fundos, com algumas caixas no ombro.

Que bonitinho... Que fofo!

Eu o observo por alguns segundos e percebo que um dos trabalhadores da cozinha, uma tal de Lola, desabotoa o botão de sua roupa tentando chamar a sua atenção colocando seu peitões tamanho 100 para frente. Mas Arthur faz pouco caso. Nem se quer olha.

Incrível!

As meninas da cozinha vivem tentando flertar, cada uma de uma maneira, mas ele permanece na sua.

Simplesmente correto e amigável e nada mais. O que me faz sorrir e então eu reparo que em um dos braços, especificamente em seu bíceps esquerdo, ele usa uma tatuagem que o rodeia.

Mas que sexy!

Vou me juntar ao resto das mulheres para o cortejo. Eu não tenho peitos tamanho 100 para chamar a sua atenção

Tentei evitar. No entanto, eu me seguro, enquanto eu observo como Arthur sem falar comigo, ou olhar para mim, faz meu coração palpitar. E só em vê-lo minha respiração acelera como uma locomotiva.

Era o que eu precisava para acabar tão mal como estou!

Estou escondida atrás de uma enorme pilha de pratos, observando como todas babam e olham seu traseiro. – digno de se olhar para ele

Quando ele deixa as caixas no chão.

Eu não fico por menos e por alguns segundos paro para contemplá-lo também. Ah sim... Sim... Sim, neném. Você tem um traseiro redondinho, durinho e arrebitado.

Lindíssimo!

Mas de repente, ele olha em minha direção e me pega de surpresa.

Que vergonha!

Eu fui pega olhando para o seu traseiro como um verdadeiro caminhoneiro.

Uma hora mais tarde, quando vou sair para tomar um pouco de ar, volto a vê-lo conversando com Tony na mesma cobertura solitária da outra vez.

Desta vez, Arthur não está trabalhando e eles parecem muito concentrados na conversa. Falam baixo, então eu não posso ouvi-los. Eles não podem me ver, eu aproveito para observá-los com gosto. Eu sorrio ao ver Arthur, depois que ele balança a cabeça em negação, se vira e deixa Tony sem palavras. O que terá insinuado?

Depois daquela cena e sem ter ouvido nada do que eles diziam, eu volto para a cozinha.

A loucura continua. Fogões à tona, pedidos a todo vapor, ordens a toda velocidade e todo mundo correndo para realizar seus afazeres.

Corro rapidamente e pego uma das bandejas vazias e começo a enchê-la de sanduíches, mas a dor de cólica está me matando e levo a minha mão à barriga.

— Você está bem?

Levanto a cabeça e quando vejo é o belo Arthur perto de mim. Esse cara é um escândalo. Logo agora que os meus ovários estão a dar-me alguns cutucões que vão matar-me eu minto:

— Sim.

Sem mais delongas me viro. Preciso de um calmante já!

Tiro uma caixa que estava no bolso do meu uniforme, pego uma garrafa de água muito bonita que vejo na bancada e engulo uma pílula.

— O que você tá tomando?

Voz dele...

Seu tom sensual de voz soa atrás de mim. Envolve-me, me cativa, fazendo com que me dê voltas, então ele insiste:

— O que você tomou?

Não sei o que dizer. Não quero contar meus segredos e respondo, com a garrafa ainda na mão:

— Uma pílula.

Mas minha resposta não parece-lhe ser suficiente e ele insiste:

— Que pílula?

— E o que te importa o que eu tomo?

— Me importa. – ele diz — Responda-me.

Estou surpresa por sua insistência, quando estava prestes a manda-lo fritar espargos, eu ouço a voz de velho do meu chefe, que diz:

— O que você faz aqui? Você não trabalha no armazém?

Arthur assente, mas não diz nada, então meu chefe continua:

— Então não deveria estar na cozinha. – E retirar-me com raiva a garrafa de água que tenho na mão, e acrescenta-me — Esta água é muito cara para você beber, senhorita. Por favor, trate de beber as águas que são para os funcionários.

Sem entender nada, olho para a garrafa e respondo:

— Desculpe, senhor. Não sabia disso...

— Preste mais atenção no que faz. – gritas, envergonhando-me.

Arthur não se moveu, mas percebo que sua respiração muda. Se afoba e tenta chamar a atenção para ele, explica:

— Eu dei esta garrafa. Ela precisava de água para tomar um remédio e...

...Assumiu a culpa, como ele fez com o Nelson, mas desta vez por mim.

Que fofo!

— Você se chama alguma coisa Aguiar, certo? –Rançoso pergunta com desagrado.

— Arthur Aguiar. – Arthur, respondeu muito sério.

Depois olhando-o de cima a baixo, o chefe volta as críticas.

— Já havia dito a você, senhor Aguiar, que não deveria estar na cozinha. Seu trabalho está em outro lugar.

— E nas cozinhas também. – desafia o meu moreno.

Rançoso amaldiçoa, olha-o com a cara feia e adverte:

— Cuidado com o que diz, jovem. Há tempos que estou vendo você vadiando pelas cozinhas mais do que deveria estar.

— Estou fazendo o meu trabalho, senhor.

— Tem certeza?

Arthur assente e responde sem hesitar:

— Tenho.

Ah... Ah... Sinto que isso não vai acabar bem.

Mas Arthur, com uma postura incrível, remove as luvas e acrescenta:

— Eu já disse isso em outras viagens, mas vou repetir mais uma vez, e o quanto for necessário, "Senhor". Eu sou o entregador da loja e venho quando os cozinheiros precisam.

— E?

Após jogar as luvas em uma lata de lixo que está diante de nós, responde:

— Portanto, goste você ou não, eu tenho que entrar nas cozinhas para deixar a mercadoria.

O chefe fica vermelho como um tomate porque o outro tem razão, e pergunta:

— Você está tentando recitar o plano para mim?

Reparei que o canto da boca de Arthur se curva. Deus ele vai rir! Mas finalmente responde sério:

— Não, senhor. Eu só estava lembrando-lhe qual é o meu trabalho.

— E pode-se saber o que você entregou agora então, já que você tem que estar aqui?

Com uma tranquilidade que me espanta, ele aponta para algumas caixas e responde:

— Caixas de legumes.

Rançoso olha as caixas que estão sobre uma mesa de aço e dispostos a ser desagradável, ele insiste:

— Senhor Aguiar, essas caixas são deixadas na geladeira de frutas e legumes. Acaso não saberia ou devo pensar que você não sabe fazer o seu trabalho direito?

Eu vejo como o Arthur dilata as narinas. O pequeno gênio bem que merecia ter o seu presente...Isso me excita, mas como eu não sou a gorda que o pariu melhor impedi-los. Então, com dissimulação, coloco uma mão minha por tras de Arthur para indicar que se acalme e digo:

— Senhor Martinez, quando ele ia colocá-los na geladeira, pedi-lhe que me desse água. É por isso que ele as deixou sobre a...

— Então, devo pensar que é você que não faz bem o seu trabalho? Miss Lua gostaria que eu a demitisse, por se meter nas conversas de outras pessoas?

Deus... Deus... Dê-me paciência ou eu juro que atiro este homem ao mar.

Eu vou responder, quando Arthur aperta minha mão, como eu fiz antes e

diz, para cortar a conversa:

— Deixe pra lá. Isso não voltará acontecer.

O idiota do nosso chefe já conseguiu o que queria: fazer-nos sentir mal e inferior, e olhando para nós com um ar de superioridade, muito mais perto de Arthur ele assobia:

— Eu já disse em outras vezes e repito: não gosto da sua atitude. Agora voltem ao trabalho. Vou assegurar-me que essa seja a última viagem de vocês neste barco, ou melhor, vou cuidar disso

Imediatamente, de demitir os dois.

Está claro que ele não gosta um pouco que seja de nenhum dos dois.

Porra, não há nada pior que não se enquadrar nas graças de um chefe.

Isto esta às claras!

Coral, que ouviu tudo, vem em nossa ajuda chamando o chefe para tirar de perto da gente.

Acabou-se.

Ele, depois de nos dar uma última olhada de superioridade, vai encontrar minha amiga.

— Esse cara é um idiota. – Cochicho.

— É sim. Isso eu posso assegurar-lhe. – diz Arthur com o cenho franzido.

Ainda estamos de mãos dadas. Eu gosto de seu toque, mas eu me libero, e murmuro:

— Vamos voltar ao trabalho. Antes que aquele idiota volte novamente para nos sobrecarregar.

Observo como Arthur segue o chefe com a vista até ele desaparecer, ele olha para mim, e esquecendo-se rapidamente o que aconteceu, ele retorna para a briga:

— Que remédio você tomou?

Atordoada pela insistência dele e exausta pela menstruação, bufo irritada por tudo o que aconteceu, respondo não me importando com o que ele pode pensar:

— Eu estou mestruada, droga! É tudo o que queria saber.

— Perdão. Não pretendia...

— Bem, se não pretendia, por que você insistiu? – Ele não responde e eu continuo a proceder como uma metralhadora: — Se ao menos os homens menstruassem. Você iria descobrir o que é bom. Embora, conhecendo vocês, é claro que o mundo pararia. –Meu moreno sorrir e eu acrescento: — Não ria. Me dói horrores e tomei um analgésico para ver se passa para poder continuar trabalhando. Há outra coisa que queira opor-se ou questionar?

— Sim. – E ele tocar meu braço e sussurra com um tom profundo na voz. — Não beba diretamente do gargalo da garrafa. Você pode pegar alguns germes. Da próxima vez, pegue um copo, é mais higiênico.

Brilhanteeeeeeeeeee!

Não posso deixar de rir.

Sinto a pressão da sua mão no meu braço e o calor desprendido, e vejo a tensão que atravessa a rosto dele. Então, sem dizer nada, vira e sai, deixando-me com a boca aberta.

Mas o que diabos acontece com esse cara? Agora de repente se vai sem dizer nem um ‘mu’?

Pouco depois, também volto ao trabalho. A dor diminui com o passar do tempo. Viva o calmante! E com o desaparecimento da dor, a minha tensão e o sangue ruim se difundem.


5 comentários:

  1. Arthur é um fofo kkkk petulante e curioso com essa pergunta dele kkkkkkkkkk
    Lua ta doidinha u.u ja quero eles se pegando kkkkkkk

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  2. O Arthur é maniaco por limpeza? Porque ele não repara nas outras mulheres, nem na Lua? Ele é gay? Porque o interesse na Lua so agora? Vai demorar pra eles ficarem juntos? Eis que as duvidas me rondam...

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  3. hahahaha arthur todo curioso poooosta maais

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  4. Viciada nessa web e na web "peça-me oq quiser " de uma em uma hora venho aqui para ver se vc postou . Continua? Ta muito legal e perfeita' :)

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