Adivinha quem sou (Adaptada)- Capítulo 32

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Faz-me rir, mas depois eu sinto a mão de Arthur no meu pulso. Me aperta. Boquiaberta, estou a ponto de reclamar, mas pra não fazer uma cena, começo andar para onde estão as benditas laranjas. Uma vez que chegamos, me solta:

— Se você está comigo, você não está com ele.

— Como é que é?

— Você me entende perfeitamente, Lua.

Eu bufei. Claro que eu entendi e irritada, respondo:

— Lembro-me que nem há cinco minutos você me disse que não queria me ver hoje à noite e...

— Você ainda o vê?

Eu olho espantada.

— Eu não vou responder a isso, ok?

Arthur coloca umas laranjas no espremedor e, ligando-o com um gesto de raiva, exclama:

— Droga!

— Droga, o quê?

Nesse mesmo instante passa Lola, a copeira, e ele muito sem vergonha sorri um sorriso encantador e me diz:

— Se brincamos, brincamos todos. E se vamos à festa, vamos todos.

Ai, meu Deus, e eu que achava que eu era pretenciosa. Pergunto:

— Que baboseira é essa que você acabou de falar?

Arthur abre um sorriso que eu não gosto e diz:

— Só quero te avisar que também me convidam para festas.

Como é que é?

Bem... Bem... Bem... Com que humor acabou de me deixar.

Quem é a mariposa que o provocou e convidou para a festa? É Lola?

Ele sorri e eu faço o mesmo.

Seu sorriso, tão cheio de censuras e indiferença, me excita. Penso no asfalto e me horrorizo. Então respondo, incapaz de conter minha língua e meu temperamento:

— Se você quiser, podemos ir à festa os dois. Você com quem te propôs, e eu com quem você já sabe. Aceita, meu filho?

O sorriso foi apagado de uma só vez. Sua expressão endurece e sussurra:

— Faça o que quiser.

— Claro, você não precisa me dar permissão.

— Lua... – rosna, enquanto aperta os punhos.

— Só te informo – interrompo – se várias noites seguidas comigo são uma tortura, quando quiser podemos deixar de nos ver. Tenho certeza que não ficarei sozinha.

Tome isso. Para dar um gelo!

O meu comentário, cheio de malícia, não fez nenhuma graça e disposta a escapar do que tenho que responder, eu me viro. Mas ao ver Lola novamente perto de nós, com falsa inocência eu acrescento:

— Se você quiser mais suco, basta colocar mais laranja no espremedor, e se você não se acha capaz, Lola vai ajudar, né, Lola, você não faria de bom grado?

Ela balança a cabeça com um sorriso, enquanto eu vejo como Arthur se contém. Não me segue e consigo escapar e sair da cozinha, de frente para a cara alucinada de minha amiga Coral.

Mas o que eu acabei de fazer? Como eu sou tão estúpida?

Incrédula com a minha própria imaturidade volto para o salão para continuar o show. Por uma hora e meia, nós cantamos, dançamos e nos divertimos e, quando termino, meus sentimentos não são os de antes e preciso encontrar Arthur. Eu assumo a minha paixão e eu tento apagar todas as minhas palavras.

— Lua, onde você anda? Eu só te vejo nos bastidores.

Quando me viro eu me encontro com Tony. Bem penteado como sempre e respondo:

— Trabalhando. Eu não estou de férias, como os outros.

Ele sorri. É um encanto. Então sussurra:

— Com esse macacão prata você esta incrível.

— Obrigada. – respondo rindo.

— O que você e Coral vão fazer amanhã, quando chegarmos a Marselha?

Eu tenho que encontrar Arthur para falar sobre o nosso encontro em Marselha e digo a Tony:

— Bem, pra ser sincera, eu ainda não sei. Estamos aguardando os chefes pendurarem a lista de quem vai estar de folga.

Ele balança a cabeça e pergunta novamente:

— Se você descer, você vai sozinha ou terá companhia?

Eu puxo a franja e eu estou prestes a responder, quando eu vejo Tito aparecer na porta e fazer um sinal com a cabeça para Tony. Ele o olha, cruzando um olhar e depois de piscar pra mim, diz:

— Vou te deixar. Já falaremos se nos veremos.

Surpresa, eu o vejo sair. Por que quer saber o que eu vou fazer amanhã?

Por uma hora procuro por meu bombom por todo o navio, mas não o vejo.

Eu ligo para o celular, mas não me atende. Insisto e continuo sem encontrá-lo.

Eu não posso ir para sua cabine ou todos saberiam sobre nós. Será que ele ainda está irritado com a minha falta de tato? Finalmente eu desisto. Verá que eu liguei e espero que retorne. Volto à minha cabine, me troco, tiro a maquiagem, e inválida, me deito na cama enquanto penso nele.

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