Adivinha quem sou (Adaptada) - Capítulo 31

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— Mãe do céu... Isso é grave!

— Muito?

A especialista do amor olha para mim e diz que sim com a cabeça.

— Sim, muito. Ou termina ou vai se manchar para sempre, você decide!

Eu suspiro. A última coisa que eu quero é me separar do Arthur, muito menos sofrer.

Tenho vontade de chorar. Como isso pôde acontecer comigo?

De repente, o homem dos meus sonhos entra na cozinha, e deixo escapar um gemido quando eu sorrio como tonta e o coração acelera.

Coral olha para mim e me dando um puxão de cabelo, sussurra:

— Tira essa cara de boba, tulipana.

— Eu não consigo. Da pra notar?

Coral mete outra colherada de cheesecake em sua boca e responde:

— Disfarça melhor esse seu estado de abobamento romântico ou essa história vai para no ouvido do Rançoso e, como você sabe, os dois vão parar no olho da rua.

Deixo de olha-lo, mas sem poder evitar, o olhar vai em direção a ele.

Arthur está apoiado numa mesa bebendo água.

Nossos olhos se encontram. Ele sorri um pouco e pisca para mim.

Que abusado!

Eu desvio o olhar. Sinto-me quente, com dificuldade pra respirar e Coral me abana enquanto murmura:

— Patético... Isso é patético.

Eu não sei o que dizer. Eu só sei que eu preciso vê-lo novamente.

Disfarçando, dou uma olhada ao redor e quando eu vejo que ninguém nos percebe, eu olho e sou eu que pisco.

Meu gesto o surpreende. Suspira e, depois de deixar o copo em uma das pias, com um sorriso malandro na boca, caminha até um dos freezers e me faz um aceno de cabeça.

Bem... Bem... Bem... Está me pedindo para ir.

O que eu faço? O que devo fazer?

Coral, que se deu conta de tudo, me tira o prato de torta das mãos, me dá uma alface que pega em um balcão e diz com tom de desaprovação:

— Dois minutos, nada mais. Entendido?

Afirmo como um robô.

Mataria para estar trinta segundos com ele.

Com alface na mão, eu vou para onde eu sei Arthur está esperando.

Quando entro na câmara e fecho a porta, suas mãos me puxam para si e, deixando de lado a alface, me beija. Faz frio, mas seu beijo é gostoso, maravilhoso, escandaloso, pecaminoso.

— Está muito linda vestida assim, coelhinha. – sussurra, me apertando contra seu corpo.

Eu sorrio e, ansiosa por mais, pergunto:

— Nos vemos essa noite?

Arthur fecha os olhos, pensa e responde:

— Eu não sei.

— Você não sabe? – Exclamo.

— Amanhã chegamos a Marselha.

— E?

 

Não gosto de sua relutância. Sinto-me mal. Como eu posso ser tão ingênua? Que estou fazendo pedindo para nos vermos? Eu sou um idiota?

Eu deveria ter me calado. Decididamente, eu sou patética, como disse Coral. Deveria esperar ele me pedir para ficar comigo, mas eu não posso.

Perco o desejo e resmungo:

— Ok. Despreza-me.

De repente, a câmara se abre e nos separamos. É Tomás! Nossa conversa é cortada instantaneamente.

Mal humorada, pego a alface e a deixo com as demais de sua espécie, enquanto Mel agacha e coloca algumas cenouras.

Com o coração a duzentos por hora, deixo a câmara. Coral olha para mim com cara de "Sinto muito!", e eu pisco. Tomás sequer nos viu, e uma vez que tenha deixado o que quer que seja na câmara, me persegue pela cozinha:

— Como você está, querida?

Ainda sentindo nos lábios o saboroso beijo de Arthur, eu olho e respondo:

— Bem. Um marasmo, como sempre, mas bem.

— Onde você esteve ultimamente? Eu não te vejo nem na sala de descanso.

Nesse momento vejo Arthur sair da câmara e ele para ao ver com quem estou falando.

Ele não gosta de Tomás, e mais ainda desde que eu expliquei que eu tive algo com ele. Noto seu olhar desconfiado e isso me excita. Há um minuto tinha me recusado, disposta a fazer-lhe ciúmes, digo para Tomás.

— A verdade é que eu não paro, por isso não me vê.

De pé ao meu lado, o jovem espera que um dos chefs entregue seu pedido e pisca, acrescentando:

— Nós estamos tendo uma festa amanhã, você vai?

— Uma festa? Aonde?

— No barco, quando fazemos escala.

Ouvindo isso, eu sorrio. Eu tenho um compromisso com alguém e eu não vou perder. Tomás pergunta:

— Está livre quando chegar a Marselha?

Encantada, respondo:

— Sim... Até o dia seguinte, às três horas da tarde.

— Ótimo! – Ele exclama, e, mais perto de mim, ele sussurra: – O navio vai ficar quase vazio e teremos algumas dependências apenas para os trabalhadores. Garanto-lhe que se você vier vai se divertir comigo. Eu encontrei um conjunto em que não haverá ninguém e onde eu gostaria de desfrutar do seu corpo, se você me deixar.

Tomás não desperdiça uma oportunidade e, colocando a mão na cintura, insiste:

— Eu acho que você e eu podemos nos dar muito... Muito bem.

Eu ouço Arthur tossir. Não está muito longe de nós e, incapaz de não olhar, vejo Lola, uma das copeiras, se aproxima e enfia suas tetas XXL quase na cara. Ele sorri.

Eu mato você!

Como sempre que fico nervosa, fico com riso frouxo e Tomás pensa que é para ele e, animado, faz desenhos com seu dedo em minhas costas.

Vejo que Coral olha para nós e, com as sobrancelhas levantadas, em silêncio, me perguntando o que eu estou fazendo.

Irritada com a atenção dedicada a Lola, pisco a lá Penélope Charmosa e pergunto a Tomás em um sussurro:

— Como você e eu podemos ficar bem?

Ele para. Fica alucinado com meu tom. Sorri. Lança-me um olhar lascivo, aproximando-se de mim, sussurra no meu ouvido:

— Fazendo o que nos der vontade.

Solto uma gargalhada e ouço uma voz que diz ao meu lado:

— Onde posso obter um copo de suco de laranja?

Sei de quem é essa voz rouca e irritante e dá-me arrepios por causa de sua proximidade. Sem olhar para ele, eu respondo:

— Em cima da mesa está lá no final, você tem copos limpos, laranjas e máquina de espremer. Sirva-se!

Mas Arthur não se move.

Eu continuo a perceber sua presença atrás de mim. Seus olhos devem me perfurar, porque sinto minha nuca pegar fogo.

Eu não quero olha-lo. Eu me recuso a fazer isso, mas, em seguida, diz:

— Venha comigo. Sou muito desajeitado.

Eu olho surpresa e rio. O que você está fazendo?

Sua expressão é de raiva e meu sorriso incomoda até a mim. Por que eu tenho que rir num momento como este?

— Olha, amigo. – diz Tomás intervindo – você pode se servir sozinho.

Arthur olhou-o com um olhar tão desagradável que me deixa ao chão e, virando o pescoço, respondeu no mesmo tom:

— Olha, amigo, que tal calar a boca e desaparecer?

Sua reação me impressiona. Eu nunca o ouvi falar assim com ninguém.

Pelo seu tom de voz, Tomás desaparece em uma fração de segundo.

Vai seu cagão!




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