Adivinha quem sou (Adaptada)- Capítulo 30

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Dez dias depois, melhorei, eu não sei se pelos comprimidos que Arthur me deu ou pelo que me faz sentir em nossos encontros incríveis, está desaparecendo lentamente e me sinto 100%.

À noite nos procuramos e encontramos em diferentes pontos solitários do barco, onde fazemos amor como dois animais famintos. Como dois verdadeiros predadores.

Completamo-nos bem no sexo. Ambos somos audaciosos, atrevidos e brincalhões. Gostamos de nos deixar levar pelas nossas fantasias. Às vezes, nossos encontros são doces, e em outras selvagens e cheios de luxuria. Tudo depende da coelhinha e do lobo. São eles quem mandam em nossa maneira de ver o sexo.

Em muitas dessas noites, após unir nossos corpos, dançamos a luz da lua, com um fone para cada um, essa música de Maxwell que Arthur tanto gosta e que agora se tornou especial para mim. Muito especial. Tanto que percebo a proteção do meu coração começa a rachar.

Isso me assusta. Eu tento me manter protegida, mas é olhar para ele enquanto dançamos juntos essa música e me desmancho.

Sua melodia sensual, seu ritmo excitante e a voz do cantor faz com que nos beijemos e nos movamos em seu ritmo de novo e de novo. Nós somos pura curiosidade. Pura indulgência. Sabemos que começamos um jogo perigoso em todos os sentidos e que nenhum dos dois está disposto a desperdiçá-lo.

De repente, todo o meu universo está contido no barco. Aqui eu tenho um trabalho que eu gosto e o homem que desejo, o que mais posso pedir?

Pensar em Arthur me faz ficar de bom humor. Coral mesmo disse, olhando para mim com uma cara de sabe-tudo, mas eu nego com a cabeça. Eu não quero mencionar a palavra "amor". Eu não quero isso. Quero acreditar que meu negócio com Arthur é sexo. Puro sexo.

Sentir como me observa a noite enquanto canto, é estranho.

E, inconscientemente, eu sei que minhas canções são dirigidas a ele.

Como meus gestos e eu sei, quando estamos sozinhos, ele é todo meu.

Ambos somos intensos e às vezes discutimos.

Descobri que Arthur é ciumento, possessivo, e não gosta que outros homens sorriam e me elogiem no palco ou fora dele. Isso o incomoda e a mim, ainda que sua atitude me incomode, pela primeira vez na minha vida me dá um certo gostinho.

Serei masoquista?

Em nossas conversas noturnas, deixo claro que nada é para sempre e digo para não se apegar muito. Isso dói. Eu vejo isso em seus olhos. E ainda que queira dizer algo, se cala. Se cala e trinca os dentes. Mas com o passar dos dias, as minhas palavras se voltam contra mim, quando eu o vejo falar e rir com as meninas da cozinha que estão morrendo de vontade de levá-lo para cama.

De repente, sou eu quem fica com raiva, enfurecida e doente só de pensar que cede aos desejos delas e lhes dá o que eu quero só para mim.

Segundo a segundo, estou ciente de que algo acontece comigo. Eu tento rejeitar esse sentimento de posse que Arthur me provoca, mas eu não consigo evitar.

Finalmente, ele percebe. Ele não diz nada, mas sorri e gosta da situação. Eu o fulmino com o olhar, mas interiormente também sorrio. Meu Deus como sou complicada!

Hoje à noite, a banda decidiu homenagear o grupo pop sueco Abba. Um grupo, que apesar dos anos que se passaram, tem uma música que as pessoas amam e as fazem dançar.

Vestida com um macacão de prata sensual e um chapéu a condizer, canto junto com minha companheira:

“You are the Dancing Queen,

young and sweet, only seventeen.

Dancing Queen,

feel the beat from the tambourine.

You can dance, you can dance,

having the time of your life...”

Berta e eu nos divertimos enquanto as pessoas dançam e nós cantamos felizes e contentes. Quando vejo Arthur encostado ao batente de uma porta, meu coração dispara. Ele me olha com tal desejo que eu não posso ver nada a não ser ele.

Canto para ele, que sorri, enquanto os homens que estão ao meu lado direito começam a me elogiar. Vejo que os olha, ouve o que eles dizem e seu sorriso desaparece.

Que ruim isso!

Mas meu trabalho é entreter, cantar, rir, brincar e dançar com os passageiros e eu não posso fazer qualquer coisa, e como sempre, ele aceita.

Por vários minutos, eu vejo meu bombom até que ele pisca para mim, se despede e sai do meu campo de visão.

Uma vez que ele vai, eu tremo. Eu sinto seu vazio e sua falta.

O coração vai a mil por hora, enquanto eu canto e desejo que a atuação acabe para estar com ele.

Nunca me aconteceu nada igual. Eu nunca me senti tão sozinha quando um homem não está comigo, ao meu lado, e logo eu percebo uma coisa. Perco o folego. Engasgo. Acabo de perceber que eu estou totalmente e completamente apaixonada por Arthur.

Meu Deus, eu estraguei tudo!

Hoje à noite, Coral está de plantão, e quando a primeira parte do show termina, eu vou a sua busca desesperada. Eu preciso vê-la.

Como sempre sorri quando me vê. Ela pergunta se eu estou com fome e, ao responder que sim, ela me oferece uma omelete de espinafre. Enquanto falamos penso na melhor maneira de abordar o que esta acontecendo comigo.

Eu não sei como dizer. Dá-me tanta vergonha! Eu, a antirromântica, a anti namoro de repente estou totalmente apaixonada por um cara. É incrível!

Falamos de Tomás, do pesadelo que tenho ultimamente e quando acabo de comer a omelete pergunto.

— Estou bem?

Minha amiga olha para mim e diz:

— Não. Tem verde entre os dentes.

Sem demora, peguei a nécessaire de emergências que Coral e eu temos desde o começo na cozinha, abro o espelho e olho. Que horror!

Tiro da nécessaire minha escova de dentes e corro para o banheiro.

Quando termino, volto para a cozinha e deixo a nécessaire em seu lugar.

Sento-me de frente a Coral e observando-a enquanto ela serve uma fatia de cheesecake e blueberries, solto:

— Eu acho que estou apaixonada.

Ela me olha espantada.

— É uma piada, certo?

— Eu juro.

— Aqui a romântica sempre tem sido eu e, desde já, te digo que não leva a lugar algum. Pense na validade dos iogurtes. Então, esqueça!

Tomo meu lugar. Suspiro. Na verdade, tem razão. Apaixonar-se é besteira. O problema é que desta vez eu estou acreditando nessa besteira e o coração acelera.

— Eu não posso, Coral. Eu acordo e penso nele. Deito-me e penso nele.

Canto e penso nele. Tomo banho e penso nele. – Suspiro – Droga, o que está acontecendo comigo?

Ela me olha. Ela enfia um pedaço de cheesecake na boca, mastiga, engole e, quando já acredito que vai gritar como uma louca, responde:

— Você está estragando tudo mesmo, amiga. – E vendo que eu cubro o rosto com as mãos, acrescenta: – Mas vamos ver, você, a garota mais liberal que eu conheço, a única com o coração mais blindado que a própria Casa Branca , como pode se apaixonar?

— Eu não sei. Eu só sei que quando o vejo, eu tenho palpitações, suor nas mãos...

— Deus... Deus... Deus... Apaixonada é pouco!

— Totalmente apaixonada. – afirmo da minha própria nuvem de algodão e, em seguida, murmuro sonhadora: – Me diz coisas lindas. Isso me faz acreditar que entre duas pessoas pode haver mais do que bom sexo. Com ele horas são minutos e eu nunca me canso de beija-lo, olha-lo e abraçá-lo...
 
 
O que estão a achar???. Melhorou????

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