Adivinha quem sou (Adaptada) - Capítulo 26

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No dia seguinte, eu estou colocando os guardanapos para o jantar, quando vejo Richi entrar no restaurante como uma bala, seguido por outro homem. Sem demora, os dois falam com o meu chefe Rançoso. Ele faz uma careta e depois olha para mim, acena com a cabeça. Richi dirige-se até mim.
— O que aconteceu? – Eu pergunto, ao ver o seu gesto.
— Nós precisamos de você na orquestra.
Meu coração salta uma batida e ele continua:
— Davinia, uma das cantoras, recebeu um telefonema de sua família e teve que abandonar o barco urgentemente em um helicóptero. Seu pai morreu e ela disse que não vai voltar.
— Coitada...
— Não temos tempo a perder! – me impele — Eu falei de você para a orquestra e eu os convenci de que você é o que precisamos. Vamos, eles querem te ouvir e se eles gostarem de você, você fica conosco!
Eu fiquei paralisada e, finalmente, ao ver a expressão de Richi, só pude murmurar:
— Ok.
— Vem, minha filha, acorda! Eles querem te ouvir. Está vendo que meu chefe está falando com o seu. Se você passar no teste, será parte da orquestra.
Espantada, vou responder quando o Rançoso imundo se aproxima, com o chefe de Richi e diz:
— Ande, senhorita. Mas lembre que ainda sou o seu chefe e espero que lá faça um trabalho melhor do que aqui.
Eu sorrio e não digo nada: não vale a pena. Esta é a oportunidade que eu preciso e eu não vou desperdiçar.
Minha felicidade é extrema e eu estou prestes a pular e gritar como uma louca. Eu vou para a cozinha rapidamente para comentar isso com Coral, que aplaude e me enche de beijos. Depois, volto com Richi e seu chefe.
Eu vou demonstrar do que eu sou capaz.
Quando chego, a orquestra me recebe contentes. Estavam me esperando.
Sem demora, me fizeram cantar algumas músicas de seu repertório para ver o meu tom. Eles gostaram. Eu vejo isso em seus olhos e em seus sorrisos.
Isso aumenta a minha confiança, ainda mais quando é evidente que me aceitaram.
Sim... Sim... Sim... Eu fiz isso!
Não há mais guardanapos para dobrar e talheres para escolher.
Eles me entregam o livro de música com a esperança de que eu saiba algumas das canções para esta noite. Para sua surpresa e minha felicidade, eu sei todas elas.
— Bem vinda, Lua. Tem uma voz colossal. – Quando me viro, vejo que é Berta, a outra cantora que é um pouco mais velha que eu. Seu marido, Maxi, também trabalha na orquestra.
— Nossa, tem uma voz potente, menina – ele me diz.
Encantada por suas palavras eu sorrio e respondo:
— Obrigada a ambos e espero que tudo corra bem. – Com um gesto de cumplicidade que eu amo, Berta pisca para mim e aponta:
— Correrá mais do que bem.
Momentos depois, eles me dizem quais as músicas que cantaremos juntos, e as que vou fazer coros, e eu fico sem palavras quando me pedem para escolher outras três canções do repertório para eu cantar sozinha.
Que começo incrível!
Nervosa, leio a lista com cuidado e eu estou prestes a pular de alegria quando vejo que é Cry me out, de Pixie Lott, uma música que eu amo e que está livre. Também escolho Freedom de George Michael, e salsa, Vivir Mi Vida, de Marc
Anthony. Três temas diferentes para a minha voz, mas que sei que eu posso brilhar e fazer as pessoas terem uma noite agradável.
Rapidamente a orquestra e eu ensaiamos e, uma vez finalizado, estamos todos satisfeitos. Encaixo perfeitamente com o que querem e gostam da minha falta de timidez no palco. Nota-se que tenho experiência.
Mas hoje eu estou nervosa.
É a minha estréia como cantora no barco e me sinto um pouco desconfortável. Na hora do jantar, encontro meus colegas que trabalham no Cocoloco, eu vou tomar um banho e me preparar para o show.
Com o secador me empenho a deixar meus cabelos lisos. Hoje eu não quero cachos, mas quando eu termino, eu sinto a mão morta. Isso sim que é cabelo!
Então eu uso maquiagem com cuidado.
Enquanto estive no barco nunca me maquiei, mas agora eu faço. Agora eu tenho que fazer de tudo para que prestem atenção em minha voz e em mim.
Depois que eu termino, olho feliz no pequeno espelho. Tantos dias sem me ver assim!
Encantada, eu uso o sutiã acolchoado e o vestido que Berta me emprestou. É comprido, preto, lantejoulas e com uma abertura lateral muito sexy, começando no início da coxa e é por isso que eu amo mostrar a perna.
Que sexy! E com isso, eu adiciono saltos altos pretos 10 centímetros, o resultado é colossal!
Vestida assim, me sinto poderosa, elegante e sexy. Nada a ver com o meu uniforme de garçonete com toquinha.
Às oito e meia, mais confiante, abro a porta da minha cabine e fico surpresa de ver Arthur encostado na parede. Como sempre, ele está tranquilo e sua presença me deixa nervosa. Ao me ver, ele desencosta da parede e eu pergunto:
— O que está fazendo aqui?
Ele olha para mim, sem qualquer hesitação. Percorre por meu corpo com os olhos, passa pela fenda lateral do vestido e finalmente responde:
— Te esperando.
Sua resposta, como pouco me surpreendeu, especialmente quando ele diz, ao esticar uma mão e alisar meu cabelo:
— Você tem um cabelo bonito.
— Obrigada.
Depois de um silêncio em que eu não sei o que dizer Arthur, com sua expressão de malandro diz:
— Quando não te vi durante todo o dia na cozinha e na sala de jantar, eu perguntei por você e eu soube que agora faz parte da orquestra. Queria parabenizá-la.
Seu olhar viaja de novo pelo meu corpo e sorrio quando eu percebo o quão surpreso que ele está com o meu novo visual.
É gay, Lua... Lembre-se que ele é gay.
Estou nervosa. Ele me deixa nervosa, mas disposta que o momento seja mais tolerável, giro em mim mesmo com graça para mostrar minha aparência glamorosa e digo:
— A partir de hoje, eu finalmente vou fazer o que eu gosto, que é cantar.
— Mantenha seus pés no chão.
O seu comentário me faz parar de sorrir e pergunto:
— O que é isso?
Arthur em silêncio por um momento e depois diz:
— Só te aconselho, mesmo que você faça o que você gosta, continue sendo você, e tome as suas próprias decisões.
Fico olhando a espera de algo mais, mas ele não diz nada. Só me olha.
Isso me deixa mais nervosa e quando eu não posso mais, pergunto:
— Mais alguma coisa?
Seus olhos me enganam. Sua atitude me confunde. Senti-lo olhando para mim como se ele quisesse algo mais, mas em seguida ele desvia o olhar, indiferente.
Homens! E dizem que somos nós complicadas.
— Mas que beleza! Quem é? – Escuto ao meu lado.
Quando me viro, vejo que se trata de Tomás e, sorrindo, pestaneja faceiro. Esse, sim, eu sei que deixo louco. Sem olhar para Arthur, que não se moveu, o cara vem até mim e, pegando a minha mão, me faz dar outra voltinha.
— Mãe de Deus, você está linda! – Exclama, sem se importar com mais ninguém. — Hoje à noite, quando terminar o show, você e eu vamos brindar com uma boa garrafa de vinho, o que você acha?
— Prefiro água. – eu digo sarcasticamente.


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