Adivinha quem sou (Adaptada)- Capítulo 2

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— Ninguém nos vê. E se nos veem que aproveitem! Vamos, Fernando...

Desejo-te.

— E eu a você... Mas...

— Mas o queeeeeeê?

Seu rosto é um mar de contradições. Não sei o que fazer. O Fernando primitivo e apaixonado que conheço na intimidade de um quarto luta para sair e desfrutar como um louco, mas ele recusa e responde:

— Não sou um exibicionista.

— Nem eu... – sorrio — Mas estamos só eu e você... Não tem que desabotoar a calças e...

— Não.

— Vamos bobo... Sei que você gosta.

— Eu disse que não. – replica.

Tem a respiração acelerada, enquanto olha meus seios. O que aconteceu? Por que com o passar dos meses, tornou-se tão puritano?

Quando o conheci era mais atrevido, mais ousado, mais selvagem. Sei que tenta fazer o que proponho, ele gosta de sexo e eu gosto de fazer com ele, mas ele resiste. Engraçada, agarro um dos meus seios e insisto, provocando-o:

— Vem...

Mas nem "vem", nem porra. Pegando meu braço, me desce do capo do carro, abre a porta rapidamente, me empurrando, sussurrando:

— Para dentro!

Acabou!

Não posso continuar!

Eu não gosto dessa ordem, nem sua voz, nem de seu gesto. Não gosto e me recuso. Irritada, volto para ele e grito, empurrando-o também:

— Não volte a me agarrar assim em sua vida, entendido? – E ao ver seu

olhar pergunto — Que diabos está acontecendo?

Nenhuma resposta. Olhamos-nos. A raiva cresce em mim e eu coloco a camisa. O desejo de sexo evaporou e a última coisa que desejo neste momento é o seu contato.

— Não sei o que acontece – digo — Sempre tão preocupado que

alguém nos veja.

— Eu me preocupo com você...

— Por mim? – E ao ver que ele não respondeu, prossigo — Se você realmente se importasse comigo, nós não estaríamos discutindo. Estaríamos nos beijando, nos acariciando e nos divertindo. Sabe? Estou cansada. Cansada de sua falta de espontaneidade. Cansado de suas limitações.

Cansada.

Minhas palavras tocam fundo. Eu sei. Eu vejo. Nunca me viu tão irritada como hoje e disposta a terminar a discussão que já havíamos tido:

— Olha, Fernando, acho que você e eu como um casal atingimos o fundo.

Nós não queremos as mesmas coisas, somos muito diferentes. Cada dia está mais claro, e eu não estou disposta a mudar por você e por ninguém, e tão pouco vou pedir para que você mude por mim. Você é um grande cara, maravilhoso, mas nossa relação não funciona. Acabou.

Sem me mover do lugar, vejo como o homem que há alguns meses atrás me deixava louca, assente finalmente e diz:

— Você tem razão. Isso não funciona. Estou à procura de uma garota que me queira, que me faça sentir especial, e você, Fernando, não fará nunca. É melhor acabar.

Ao ouvi-lo falar assim, o meu nível de raiva baixou. Tenho pena e concordo. Ele está certo, eu nunca vou querê-lo como ele deseja.

— Foi bonito. – exponho — mas sabemos há algum tempo que não funciona. Eu gosto e eu sei que você gostou, mas não te amo como eu deveria e...

— Eu sei. Não é necessário que jure.

Isso deixa tudo claro e, não querendo continuar cutucando a ferida, eu olho e concluiu:

— Então acredito que é o fim.

Pablo acena com gesto sério, e me olhando diz:

— Você está certa. Levei um mês pensando, mas era incapaz de dar um passo. Obrigado, Lua. Você me ajudou a fazer algo que me custou muito. Está claro que ambos pensamos o mesmo e me sinto aliviada. Fernando me pergunta se eu quero que me leve para casa, mas eu não tenho vontade de continuar mais tempo ao seu lado, então eu dou-lhe um beijo na bochecha, pego minha bolsa no carro e respondo:

— Não, obrigada. Eu prefiro ir dando um passeio.

— Você tem certeza?

— Sim.

— Amigos? – pergunta me olhando.

Eu olho para ele com carinho. Fernando é uma pessoa excelente, e com um sorriso, respondo:

— Claro que sim, meu menino. Embora o nosso relacionamento tenha terminado, temos carinho um pelo outro e estarei feliz em ser sua amiga. Agora

fique tranquilo. Chegarei sozinha até minha casa. Você sabe que não é longe.

Ele sorri para mim e, em seguida, entra no carro e arranca. Quando ele vai, digo em voz baixa:

— Que a força esteja com você!

Foda-se, que força! O que eu faço dizendo isso? – Sou como o nerd do meu irmão!

Isso me faz sorrir e enquanto o carro se afasta, não sinto pena, nem tristeza ou indiferença. Simplesmente, me sinto liberada!

Volto a ser dona cem por cento da minha vida. Fui demitida do meu trabalho e estou solteira, posso decidir o que eu quero ou não quero fazer.

Luxo incrível!

Olho ao meu redor e escolho voltar para casa caminhando pela orla do mar. Eu amo molhar meus pés e, enquanto eu faço, cantarolo a música de Shakira.

“Agradeço-te, mas não,

Agradeço-te, mas menina, não.

Eu já consegui deixar de te amar...

Eu não faço outra coisa além de te esqueceeeerrrrr.”

Em Tenerife, a temperatura em maio é ótima para caminhar, mesmo sobre a areia úmida. Olho para o relógio 01h40min. Sorrio. Depois de um tempo ao longo da costa, absorta em minhas coisas, decidi me sentar ao lado de umas redes antes de deixar este local maravilhoso e ir para casa.

A lua, boa temperatura e o som do mar são maravilhosos. Relaxantes.
Fecho os olhos e inspiro profundamente. Que bom respirar em minha ilha!
Mas então eu ouço o som de vozes. A poucos metros depois de uma barcaça abandonada na areia, vejo um casal que, entre risos se entrega ao
prazer do sexo.
Protegida pela rede decido assistir ao show. Minha respiração acelera.
Nunca tinha visto nada assim e como eu sou muito curiosa, não perco os detalhes. Seus suspiros me excitam.
Estou apenas cinco metros e não posso me mover. Só posso olhar... E observar... E alucinar com sua alegria. Eles fazem amor na praia, sem qualquer vergonha, protegidos apenas por uma barcaça a poucos metros da orla marítima. Ouço a voz da mulher que exige mais...
Em um de seus movimentos vejo seu rosto e a reconheço.
Foda-se. É Alicia, a irmã mais velha da minha amiga Coral, que é casada com Antônio. Que forte!
De repente eu vejo um homem que se aproxima e fico inquieta. Ele não pode me ver, mas os pegará. Horrorizada, não sei o que fazer, aviso-os ou não? Mas fico atônita quando, apesar de ver que alguém se aproxima eles seguem juntos.
O recém-chegado fica ao lado da barcaça e se inclina sobre ela.
Foda-se... Foda-se. Mas sim é Antônio, marido de Alicia!
Deus que pegada!
Vai rolar uma boa briga eu estou na primeira fila.
Mas, de repente, contra todas as probabilidades, eu ouço Antônio perguntar:
— Vocês estão bem?
Eles ofegam em resposta e Antônio, sorrindo, desabotoa a calça e se aproxima de Alicia, em seguida, tirando o pênis da cueca, se ajoelha, introduz na sua boca e diz em voz rouca:
— Vamos querida... Sei que você está desejando.
Comoooooooooo?!
Se antes estava surpresa, agora estou ainda mais!
Lá esta Alicia, entregue ao prazer do sexo com um cara, seu marido chega e pensei que fosse arrumar confusão, que fosse fazer rodar as cabeças, se une a festa.
Incrível!
Por vários minutos observo sem respirar como o trio ofega e passa bem.
Eu nunca vi nada parecido.
Isso supera os filmes pornográficos bobos que eu já vi em tempos!
Seus gemidos roucos sobem decibéis, ou talvez seja eu, cada vez os ouço mais alto. Não posso deixar de olhar. Fiquei presa na areia, incapaz de remover os olhos! Até que finalmente os três gritam sem pudor ao alcançar a libertação.
Eles respiram agitado. Eu não posso respirar.
Eles sorriem e falam. Estou sem palavras.
Cinco minutos depois, os três se vestem e ouço como Antônio e Alicia convidam o estranho para beber algo em seu bar, que abriu recentemente.
Com a boca seca e uma cabeça batendo, os observo ir enquanto minhas
pernas tremem, o coração, as raízes do cabelo, tudo! Eu tremo toda!
Quando fico sozinha, ainda tremendo, acendo um cigarro e processando
o que eu vi.
Porque é verdade o que eu vi, certo?
Belisco minha bochecha e dou uma tragada.
Sim, eu vi. Definitivamente, eu vi!
Quando termino o cigarro, fico de pé. Vejo que as pernas me seguram e começo a andar. Vinte minutos depois entro em minha casa e eu encontro tudo em silêncio. Minhas avós e meus pais com toda probabilidade, estarão na loja de souvenires que temos no calçadão a capital da ilha, Santa Cruz de Tenerife.
Ao passar pela porta dos meus irmãos Garret e Rayco ouço risadas e bagunça. Eles devem estar jogando com os nerds de seus amigos algum videogame, eles amam. Quando chego diante do quarto do meu outro irmão Argen, abro a porta, vejo que não está então decido ir para o meu quarto.
Sigo em estado de choque. O que eu vi na praia me alucina, mas também reconheço que me excitou. Estarei doente da cabeça?
Tiro as minhas lentes de contato. Meus olhos estão cansados, mas ainda assim ligo meu laptop e, sem saber procuro o bar de Antônio e Alicia.
Chama-se Sueños e tem uma página na web. Quando o encontro, não surpreende ver que ele é uma casa de swing. Atraída como por um ímã, navego pelo site e visito virtualmente. Balcão do bar, sala de espelhos, sala do prazer, camas compartilhadas, salas escuras, festas privadas e jacuzzi.
Quando já satisfiz minha curiosidade, desligo o computador e vou para a cama. Eu nunca tinha visitado um local assim, mas tenho certeza que eu farei.
Chamou minha a atenção.


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