"É estranho. Mas é do nosso jeito" - 59º Capítulo

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P.O.V.'s Lua Blanco



   Arthur trabalhou o resto da semana sem problemas alguns. Pelo menos é o que aparentava ser. Eu continuava em dúvida sobre a proposta do meu pai.
   Era realmente algo que eu deveria pensar bem. Para além de viajar para uma cidade como Roma, irei ter novos hábitos e costumes, vou ganhar muita experiência e o melhor de tudo é que vou poder faze-lo tudo ao lado da pessoa que eu amo. Mas por outro lado, tenho a minha mãe. Não queria deixá-la aqui sozinha. Eu quero que ela vá comigo.
   Falei com Bela e com Daniel sobre a tal proposta. Eles disseram que realmente era muito bom, mas que eu teria de pensar muito pois ia mudar muito a minha vida. Além disso, eu ia ficar longe deles. Bela é a minha melhor amiga e Daniel é a minha mascote. Além do mais, Daniel é também o melhor amigo de Arthur. Mas Arthur está passando por uma má fase e acho que uma revolução como essa ia lhe ajudar muito.

   Eu estava assistindo tv quando ouvi a campainha tocar.

- Estranho. Quem será? – perguntei em voz alta. Maria veio logo abrir.
- Está à espera de visitas?
- Não… a menos que a Ana tenha vindo sem avisar. – respondi. Maria abriu a porta e dei de caras com Arthur.
- Arthur? – me levantei do sofá jogando o controle para o lado e fui em sua direção. – O que aconteceu? O teu rosto está…
- Acabou a minha vida. – ele entrou e abanou a cabeça de um lado para o outro. Ele tinha uma mala na rua e eu trouxe-a para dentro.
- Eu vou buscar gelo e água para você se acalmar. – disse Maria, se retirando.
- Me diz o que aconteceu. Porque não está trabalhando? E onde está a minha mãe? - fechei a porta e segurei o braço de Arthur para podermos ir até ao sofá e sentar
- O meu pai descobriu que eu estava trabalhando… ele foi lá, fez mó escandaleira e acabei sendo despedido. A tua mãe bem tentou acalmar ele, mas eu não entendi… eu não sei como ele descobriu.
- O teu pai não tem nada que se meter na sua vida. Ele te expulsou de casa. Você tinha de se virar de alguma maneira
- Mas ele não entende isso. Voltou a dizer que eu era uma vergonha por ser uma espécie de moço de recados num tribunal, onde supostamente eu deveria liderar. Mas ele se esquece que nem a escola eu terminei direito.
- E a tua mãe?
- Ela não estava
- O teu pai te bateu?
- Bateu. Na frente de todo o mundo. Ele estava louco… eu não sei, mas provavelmente contaram mais alguma coisa para ele. Anda se justifica a surra que ele me deu. Depois ele me levou para casa à força onde voltou a expulsar-me com a mala com o resto das minhas coisas.
- EU VOU MATAR ESSE HOMEM! – gritei – Quem ele pensa que é? Ele não pode fazer isso com você. Ele tem uma pedra de gelo no lugar do coração.
- Ele me deu um tapa. Cara, ele nunca tinha me tocado com um único dedo. Ele não estava nada à espera disto…
- Eu vou lá!
- Não, você não vai. Você vai ficar aqui. Vamos falar com a sua mãe e… vamos acertar as coisas para irmos para Roma ainda esse mês. Neste país nada me prende. Apenas os meus amigos. Mas eu vou em buscar de um futuro melhor para mim e acredito que eles vão ficar felizes por mim.
- Isso não pode ficar assim… não pode. – eu segurei o rosto de Arthur com as duas mãos e vi em seus olhos todo o sofrimento pelo qual ele estava passando – Você devia ter enfrentado o seu pai mais cedo. Você não devia fazer as coisas pelo agrado dele. Isto não pode ficar assim. E a sua mãe? Que tipo de mãe é a tua?
- Ela é mandada pelo meu pai… ela não pode fazer nada do contrário.
- Ele a maltrata?
- Não, claro que não. Ele só quer tudo do jeito dele. E ela o ama de mais e faz tudo o que ele quer.
- Pow, vem aqui amor. – me encostei no sofá para podes recebe-lo em meu peito.

   Arthur estava destroçado. Eu nunca o tinha visto assim. Eu já o tinha visto chorar, mas acho que a dor dele chegou ao ponto em que não há mais lágrimas para expressar. Nada mostra o que sentimos quando isso chega ao extremo. Nós queremos falar com alguém, gritar, chorar, mas não há forças para tal.
   Ele apertou a manga da minha blusa com uma tamanha força, fechou os olhos e deitou a cabeça sobre o meu peito. Eu o abraçava com todas as forças que eu tinha e sussurrava um “tudo irá ficar bem”. Entretanto Maria chegou com a água e Arthur conseguiu se acalmar.

- Então você quer mesmo ir para Roma?
- Quero.
- Eu não sei como vou contar para a minha mãe.
- Você quer ir?
- Eu quero que ela vá também. – suspirei – Não vou aguentar deixar ela cá. Já me vai custar muito ter de deixar a Ana.
- Nas férias eles podem ir lá ou a gente vem cá.
- Vamos fazer uma festa de despedida?
- Sim, depois pensamos nisso. Agora o foco é contar tudo isso para a sua mãe. – ele suspirou.

   Subimos para o quarto onde Arthur tomou banho e eu arrumei as restantes roupas dele no armário. Depois abri a gaveta de um dos armários e tirei de lá todos os rascunhos que Arthur tinha. Ele detestava que eu visse os quadros dele inacabados, mas eu já achava eles tão lindos assim.
   Deitei na cama dele e por momentos sonhei com a nossa chegada a Roma.
 
   Nós dois, jovens inocentes a descobrir um mundo diferente do qual costumávamos viver. Estavamos saindo pelas portas do aeroporto de Roma enquanto tantas pessoas iriam olhar para nós com olhares curiosos. Podiam nos achar loucos ou talvez nem notassem a nossa presença lá.
   Meu pai provavelmente ia estar lá com a mulher e quem sabe os filhos dela. Eu teria de receber ela como se fossemos amigas à anos e teria de ser simpática com os filhos dela. Rumo a casa, meu pai iria nos mostrar todas ruas e arredores e tudo mais que fosse importante para a nossa estadia em Roma. Iria até ditar certas regras, aposto. 
   Talvez faríamos um jantar em família, no mesmo dia de viagem, e no final da noite ele me levava, a mim e a Arthur, até ao nosso apartamento. Um prédio bem arquitectónico, tons de salmão ou bege. À frente desse prédio podia ter uma praça com um pequeno lado e uma escultura dentro que derramasse água. 
   Arthur e eu nos instalaríamos sem dificuldades e provavelmente aproveitaríamos bem a primeira noite. De muitas. 

- Sua mãe chegou. – Arthur já estava vestido, à minha frente, com um ar meio nervoso.
- Já saiu do banho?
- Não me viu?
- Não… - sorri boba e levantei da cama – Vamos falar com ela? – segurei a mão dele
- Vamos.
- E se ela não deixar?
- Não vamos pensar nisso.
- Mas é uma coisa que pode acontecer. – insisti – Se eu não for, eu quero que você vá.
- Eu não vou a lado nenhum sem você. – respondeu ele sem me olhar, indo até à porta de saída do quarto. – Vamos. Vai dar tudo certo.

   Desci as escadas um pouco a medo. Assim que a minha mãe viu Arthur na frente, se levantou para recebe-lo e perguntar-lhe como estava.

- Seu pai foi um monstro.
- Mãe! – a repreendi
- Desculpa. – ela disse – Mas é verdade!
- Eu sei. Eu realmente quase não o reconheci. Ele sempre me disse que um Aguiar não trabalharia antes de completar seu curso na faculdade e blá blá blá. É tudo questão de princípios.
- Que mal tem trabalhar? É só uma maneira de ver o mundo real de uma forma bem real! Alias, melhor que isso não há. Ele preferia o quê? Que você voltasse à bebida ou se droga-se?
- Mãe! – a repreendi novamente – A bebida é uma coisa arrumada para Arthur. Faz parte do passado dele e não voltará mais.
- Nunca mais! – ele garantiu
- Mãe, a gente tem de conversar! – suspirei.

(…)

   A verdade estava dita. A autorização estava dada. A passagem estava comprada. As malas estavam feitas.
   Faltava apenas a pior parte: a despedida.
   O local combinado foi num restaurante conhecido, no centro da cidade, onde a maior parte dos nossos amigos iria estar. Convidamos todo o mundo, fosse quem fosse. Afinal, ia ser uma despedida sabe-se lá até quando e era importante não ficarmos chateados com ninguém para que não houvesse consciência pesada.

- Últimos dias, Brasil.
- Sinta a nossa falta. – eu ri. Arthur estava ligeiramente feliz.
- Parece mentira.
- Eu penso o mesmo. deveríamos fazer um flashback das coisas que nos aconteceram… - Arthur me encarou – Ah, é melhor não. A não ser que lembrássemos apenas as coisas boas. O nosso namoro…
- E que mais?
- Os nossos amigos.
- E descoberta pela pintura – ele disse
- E tantos outros dias felizes da nossa vida.
- Mas em Roma será melhor. Muito melhor. Vida nova, pessoas novas…
- Pessoas novas? – encarei Arthur por instantes, morta de ciúmes
- Você sabe perfeitamente o que quero dizer. – Arthur me abraçou por trás mesmo na hora em que entravamos no restaurante. Olhei para as mesas reservadas e senti um beijo estalado no pescoço. – Que planos tem para depois do jantar?
- Ida para casa.
- Errado. – ele me sorriu bem safado.

Amanhã eu vou postar o último capítulo. Não sei se será um ou dois capítulos, mas o certo é que a web termina amanhã :(

5 comentários:

  1. Meu Deus o pai do Thur é um monstro!!😨😱 como ele pode fazer isso com o próprio filho?? Ahhhh vou sentir saudades dessa web 😭😔😩 web Perfeita❤️❤️

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  2. Que pai é esse ? Nossa Senhora !.
    Já está acabando 😭😭
    Melhor web que eu li !!.
    Posta +++++++++
    Ameeii *-*

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  3. Vai ter 2 temporada ???
    Posta maiss

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  4. Último capítulo ?vai ter segunda temporada né ?
    Maiis

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  5. Mais VC vai ainda postar a web da Alice ou vai ser outra pessoa que vai postar
    Ass:Gabis

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