"É estranho. Mas é do nosso jeito" - 56º Capítulo

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P.O.V.'s Lua Blanco


   Bem que eu queria ficar um pouco mais naquela cama com Arthur. O tempo convidava um casal como a gente a permanecer na cama a manhã inteira, quem sabe o dia inteiro, se beijando, se abraçando, se mimando. Nós merecíamos, depois de tudo o que passamos.

- Foi a melhor reconciliação da minha vida. – confessei enquanto colocava um colar em tons de azul
- Esta foi uma das melhores noites da minha vida. – Foi a vez de Arthur se confessar enquanto calçava os ténis – Eu te amo.
- Eu também te amo, vida. – ri.

   Não parava de chover e Arthur estava preocupado com as dezanove chamadas não atendidas do pai dele em seu celular. Ele queria ir o mais rápido possível para casa, mas também não queria que minha mãe o visse aqui. Caso contrário, ela ia topar tudo.

- Se a sua mãe me apanha aqui, eu sou um homem morto
- Homem é? – fiz graça e ele me encarou não dando total importância depois

   Nós descemos as escadas bem cautelosos, com o mínimo barulho possível. Arthur ainda vestia o seu casaco e eu olhava para o andar de baixo, na esperança de não encontrar ninguém até à porta de saída da casa. 
   Depois de descer todas as escadas, olhei para os lados e não avistei ninguém, pegando de imediato na mão de Arthur e indo com ele até à porta, onde nós demos um selinho longo em forma de despedida.

- Bom dia casal. – disse minha mãe descendo as escadas. Eu me encolhi com medo da bronca que provavelmente eu ia levar e Arthur mordeu o lábio, me olhando com medo.
- Bom dia mãe… - peguei a mão de Arthur
- Acabou de chegar Arthur? Vocês vão sair?
- É… sim… vamos. – minha mãe, querendo ou não, estava ajudando.
- Mas uê… Arthur, eu julgava que você ontem tinha essa roupa vestida
- Essa roupa? Ah não, não é… - ele riu sem graça – Mas era uma bem parecida.
- Ah sim. – minha mãe se espreguiçou e foi até à mesa, onde o café da manhã já estava servido – Já tomou o café da manhã?
- Não. – respondi por Arthur – A gente pode tomar rapidinho mãe? E depois o Alfredo pode nos levar? – perguntei com a intensão de Arthur já ter carona para casa
- Onde?
- Até ao shopping… eu não sei ainda. – sorri sem graça novamente indo até à mesa de jantar com Arthur pela mão

   Tomamos o café da manhã um pouco a medo. 
   Peguei uma fatia de pão e barrei com manteiga. Depois a minha mãe me serviu uma chávena de café e eu deitei dentro duas colheres pequenas de açúcar, porque de amarga já basta a vida. Arthur mal tocou no café da manhã. Ele estava com uma pressa em ir para casa e talvez esclarecer onde passou a noite para o seu pai.

- Vamos? – Arthur perguntou. Eu ainda nem tinha comido a minha fatia de pão, mas a coloquei de lado, limpando os lábios e me levantando
- Mãe, a gente já vai. Eu volto para almoçar, eu acho. 
- Lua, eu acho melhor você não ir a lado nenhum hoje. Eu quero passar o dia com você
- Mas mãe, a gente passou todos esses dias juntas
- E que mal tem eu querer ir no salão com a minha filha? É sábado, meu amor.
- Talvez a sua mãe tenha razão. – Arthur segurou a minha mão e beijou-a
- Então tá, né?! – encarei a minha mãe e bufei – Mas vou pedir ao Alfredo que leve o Arthur então. 
- Tudo bem. – minha mãe concordou.

   Saímos de casa e nos dirigimos até à garagem, onde provavelmente Alfredo devia estar.

- Sua mãe até foi legal. Quem em dera que o meu pai reagisse da mesma forma
- Porque será que ele está te ligando tanto? Já sei! Fala que você dormiu no colégio porque o Daniel estava com uns problemas e…
- O meu pai tinha um congresso hoje. E eu não fui lá. – Arthur confessou bem sério – É bem feito! Ele partiu todos os meus quadros, me humilhou e ainda espera que eu o trate bem e que vá aos seus congressos? Não. eu não sou assim tão idiota
- Eu sei que por vezes a gente tem uma certa raiva aos nossos pais, mas pow ele é teu pai.
- E eu sou filho dele. Será que não mereço um pouco de compreensão?
- É… sim, você tem razão. Diga o que ele disser, por favor, matem a calma. Guarda tudo para você e depois me liga. Tá bom?
- Sim. – Arthur suspirou, segurou mais uma vez as minhas mãos e as beijou.
- Alfredo, leva o Arthur a casa, por favor? – perguntei. Alfredo lia o jornal da manhã dentro do carro, na garagem como eu previa. 

   Aguardei Arthur entrar no carro e ainda esperei que o carro fizesse a curva, na estrada, para então eu deixar de os ver.
   Corri até casa novamente, pois os pingos da chuva começaram a engrossar novamente. Entrei em casa e comecei a sorrir, me lembrando do estado encharcado de Arthur, quando ele chegou aqui na noite anterior. 
   Minha mãe estava encostada ao corrimão das escadas para o segundo andar, de braços cruzados e de rosto bem rígido. Senti um frio entranho. Medo talvez. 

- Lua Blanco, no sofá já! – ela ordenou
- Que foi mãe? – passei à sua frente indo para onde ela havia mandado – Posso ao menos terminar de comer?
- Você já comeu o suficiente! – será que aquilo teve duplo sentido?
- O que eu fiz?
- Que bom que sabe que fez realmente alguma coisa. – ela se sentou na mesa do centro da sala e apoiou os cotovelos nos seus joelhos, olhando para mim. – Porque me mentiu?
- Em relação a quê?
- Ah, então tem mais que uma mentira?
- Não estou entendendo mãe
- Eu sei que você passou a noite com o Arthur. Você acha que eu sou o quê? Idiota? Filha, eu não disse que esse passo entre vocês podia esperar? Para quê pressa? Para quê adiantar as coisas? Você se sente mais completa? Mais feliz? Eu sei que é importante ter a sua primeira vez com um cara que você realmente ama… mas será Arthur esse rapaz? Vocês ainda ontem estavam brigados. Você passou esses últimos dias dizendo que não ia voltar para ele. E agora já se entregam assim?
- Mãe, ontem não foi a primeira vez. – confessei – Eu sei que a gente discute muito, mas este é o nosso jeito. Talvez seja um jeito errado, mas é o nosso jeito.
- Isso vai acabar com vocês
- Quando há amor…
- Se você diz. – minha mãe deu de ombros, apesar de eu perceber em seu rosto que estava um pouco desiludida comigo.

(…)

   Qual salão qual o quê? Minha mãe queria que eu ficasse mesmo em casa para me dar uma bronca daquelas. Bom, eu sei que ela só quer o meu bem, mas eu tenho 17 anos. Não sou propriamente uma adulta, mas também não sou nenhuma criança. 
   Eu fiquei no meu quarto a tarde inteira pensando no que a minha mãe me tinha dito. Fazer amor com Arthur realmente me mudou. Passei a vê-lo de um jeito diferente. Passei a querer estar cada vez mais tempo com ele. Me deixou mais feliz. Me deixou mais mulher e mais dona do meu nariz. Agora sinto que tenho novas responsabilidades a meu cargo e tenho de ser capaz de cumpri-las do jeito que elas são.


   Estava curiosa quanto a Arthur. Eram quase 21horas da noite quando desliguei a ligação com Bela. Ela tinha ido para casa, mas não estava fazendo nada de mais, então na manhã seguinte talvez a gente fosse ao cinema ou algo assim. Depois da ligação com Bela, eu liguei para Arthur. Quando ele atendeu a chamada, eu notei uma diferença na sua voz. 

Prontinho.
Eu realmente tenho uma web em mente, mas ainda não comecei a escrever. Eu também não sei quando vou ter tempo para postar, visto que o inferno, desculpem, visto que escola vai começar. 

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