"É estranho. Mas é do nosso jeito" - 49º capítulo

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P.O.V.'s Lua Blanco


- Onde vamos?
- Ao jardim. – respondeu Bela. Tínhamos já chegado ao colégio, mas em vez de entrarmos, fomos para o jardim.

   O jardim estava deserto. Digo, não havia ninguém mais lá, eu acho. Demos mais uns passos até à piscina, calma e serena. É pena estar um pouco de frio, caso contrário eu pularia para a piscina sem pensar duas vezes. Tenho a certeza que, se eu estivesse bem com Arthur e ele estivesse aqui comigo, nós estaríamos lá dentro para fazer este clima esquentar.

- Não estou entendendo porque você me trouxe aqui. Eu tenho tanto que fazer.
- Tipo o quê? – Bela perguntou enquanto olhava para o celular
- Tipo… muita coisa. Acabar uns deveres, preparar as lições para amanhã e ainda arrumar umas roupas que eu trouxe.
- Eu aposto que você deixará isso tudo para a última da hora, como sempre.
- O que você me quer mostrar aqui?
- Olha o céu. Olha como a lua está linda hoje. Né?
- É. – suspirei. Bela tinha razão.

   Não era propriamente noite de lua cheia mas a lua tinha um brilho especial. Como sempre. Da janela do meu quarto eu consigo ver perfeitamente a lua todas as noites. Uma vez tive a brilhante ideia de começar a contar as estrelas e acabei adormecendo. Elas são infinitas.

- Ah não! – escutei alguém reclamando ao longe. Olhei. Lá estava ele de polo e calças jeans bem combinados com o amiguinho Daniel
- Jura que era essa a coisa que você me queria mostrar? – encarei Bela. – Olha sua grande vaca – a encarei – Da última vez que vocês fizeram esse negocio de encontros, até resultou. – me referi quando, finalmente, eu e a Arthur deixamos as guerras de lado e nos entregamos um ao outro na praia, à noite – Mas agora é diferente.
- Exato! – Arthur concordou cruzando os braços de seguida – Agora ela está chata. Chata não, teimosa. Como sempre foi. Mas aqui o burrinho não vai mais cair nas garras da malvada.
- Bem queria você sair né? Mas eu não deixo! – cruzei os braços também
- Deixem-se de criancices e se amem. Cara, já todos sabemos o que realmente aconteceu. Pra quê ficar nesse clima? – perguntou Bela
- Vocês não se amam? – perguntou Daniel. Olhei para Arthur, que olhava no momento para mim e virei o rosto – Arthur, você ama a Lua? – Arthur bufou – RESPONDE LOGO GAROTO, VOCÊ VAI APANHAR. – por momentos, Daniel parecia a minha mãe.
- Sim.
- Sim o quê?
- Sim, eu amo a Lua
- Lua, você ama o Arthur? – antes que eu respondesse, Daniel completou – Resposta completa, por favor.
- Sim, eu amo o Arthur.
- Então, se o Arthur ama a Lua e a Lua ama o Arthur, eu declaro-vos futuros noivos. Arthur, beije a Lua. É uma ordem! – ele gritou
- Idiota! – eu ri
- E se ela me bater?
- No máximo dos máximos, eu te jogo na piscina
- Daí você vem me salvar – ele se aproximou de mim
- Talvez sim, talvez não… - deixei um clima de dúvida no ar.

   Balançamos as nossas cabeças, de um lado para o outro, até finalmente selarmos os nossos beijos. Por vezes, o orgulho leva a fazermos destas coisas. Coisinhas idiotas que por vezes acabam estragando tudo.

- Desculpa, desculpa, desculpa. Eu fui uma idiota.
- Confessa…
- O quê? – perguntei, entre os seus braços
- O que te levou a pensar que eu tinha te traído? – Arthur me afastou de si para poder me encarar - Você acha que eu ia jogar tudo o que a gente teve pró alto? Assim do nada? Sei que pode parecer piroso e tals, mas o meu coração só tem lugar para você. Eu amo você e mais ninguém
- Ok, chega de lamechice.
- Mas é verdade – ele insistiu – Eu não quero, nem vou te trocar por ninguém. Ninguém é como você. Ninguém faria o que você faz por mim. Você me ajudou a recuperar o meu problema com o álcool e… - Arthur deu uma leve risada – Ainda divulgou os meus desenhos sem autorização.
- Você já viu? – mordi o lábio
- Vi. E adorei. Muito obrigado. Você é a melhor. Eu te amo. – Abraçou-me forte até eu quase ter dificuldade para respirar.
- Eu queria te fazer uma surpresa.
- E conseguiu.
- Ainda bem. – o abracei e beijei de volta
- Já está tudo bem entre a gente? Não está mais chateada?
- Não. Está tudo bem.
- A culpa foi toda do Caio. – disse Arthur. Me irritei com o comentário dele mas não queria que nada afectasse o momento de agora
- Vamos? Cadê a galera?
- Nossa… - nós rimos – Eles foram embora. Olha, mensagem do Daniel. – Arthur pegou o celular e leu a mensagem, rindo depois.
- O que foi?
- Nada. – ele riu novamente – Digamos que nós temos uns bons amigos. Vamos? – Arthur colocou uma mão por cima dos meus ombros e me guiou para dentro, levando a minha mala.

   Indo para dentro, eu lhe contei de como terrível foi o meu final de semana. Pensei que nunca mais íamos nos dar bem. Pensei que ia ser tudo como no inicio: brigas e mais brigas. Julguei que nunca mais ia sentir o cheiro dele nem nunca mais ia poder dormir agarradinha a ele. 

Eu sei que foi pequeno. Mas amanhã eu posto mais :)

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