"É estranho. Mas é do nosso jeito" - 47º capítulo

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P.O.V.'s Lua Blanco


   O negócio do jogo da mímica e do Stop não deu muito certo. Bela me fez sinal dizendo que havia publicado alguns desenhos do Arthur na internet e eu estava ansiosa para o resultado. Ela colocou no blog dela, no tumblr, no instagram e até no twitter. Enfim, tantas redes sociais utilizadas por muita gente no mundo. Em todas as fotos ela identificou alguns artistas famosos e pessoas interessadas pela pintura, para que as “obras” tivessem mais sucesso.
   Eu queria adormecer, naquele momento, e só acordar quando algo de bom acontecesse. Sei lá, talvez um artista famoso pudesse elogiar os desenhos ou algo do género. Seria um bom motivo para Arthur seguir esse talento seu e esquecer a teimosia do pai dele, que o quer colocar em Direito.

- Meninas, está na hora de irem para os vossos quartos.
- O quê cara? Pirou? – perguntou Arthur rindo do amigo.
- É… tá tarde e podem ser vistas.
- Exato. Por isso elas vão ficar aqui. – Arthur me segurou pela cintura, enquanto eu estava sentada na cama dele.
- Eu estou brincando – Daniel riu, caindo na cama.
- Mas eu acho melhor a gente ir para o quarto mesmo. – disse Ana
- Chega tá? Chega de zoação! – encarei Bela
- Eu estou falando sério. Lembra da última vez? A tua mãe chegou mais cedo e viu que você não dormiu no seu quarto.
- É. Você tem razão
- Jura? – Arthur me encarou – Você prometeu que ia dormir comigo.
- É. Mas eu não quero a minha mãe enchendo o meu saco.
- Mas você pode acordar cedo e ir para o quarto… por favor. – ele segurou o meu braço
- Não. É melhor não. – segurei o rosto dele delicadamente e beijei os seus lábios. Rosados como eu gosto.

   Aquele último beijo com gosto de quero mais. Saí pela janela do quarto dos garotos, sendo acautelada pelo olhar atento de Arthur, que aposto que olhava mais para a minha bunda do que propriamente a altura de que eu ia pular.
   Eu e Bela andamos pelo jardim meias perdidas. Estava de noite e só haviam algumas luzes espalhadas pela grama acabadinha de regar. Passamos pela piscina e ao vê-la ali tão serena me deu uma tentação enorme de pular. Mas eram 23horas da noite e eu não queria arranjar confusões com o direitor.

- É difícil dizer que não, né? – comentou Bela. Fomos em direção à cozinha pegar água.
- É. Tem dias que sim. Eu disse que não queria dormir com Arthur porque quero ver como a divulgação ficou. Eu vou hoje rezar para que alguém famoso veja os desenhos de Arthur e os elogie.
- Mas será difícil.
- É. Eu sei que sim. Mas sei lá, pode ser que alguém realmente goste dos quadros dele e elogie. Eu acho que isso dará ânimo ao Arthur.
- E vocês, como estão?
- Melhor impossível. Estou muito apaixonada – eu ri – Nunca pensei vir a dizer isto. Mas estou completamente apaixonada pelo Arthur Aguiar.

   Vinda do corredor, Frederica entra pela porta da cantina batendo palmas com uma ironia tremenda.

- Quem a viu e quem a vê! – disse ela – Pena que ele não está cá para ouvir, né? – ela deu uma risada – Até hoje eu penso em como é que Arthur foi capaz de ficar com uma garota como você. Ele gosta de garotas ariscas, que arriscam tudo sem receio de nada. Que sejam rebeldes e dadas.
- Dadas? Dadas só você, minha querida. Ninguém aqui é mais vadia que você.
- Exato. Por isso mesmo o Arthur ficou tanto tempo comigo.
- O que nós temos é sério
- Pois é. Sério e sem graça. De que serve uma relação sem calor? Calor, se é que me entende.
- Filha da put…
- Lu, deixa ela! – interrompeu Bela
- Mas ele é que perdeu, assim alguém como eu. – Frederica passou as suas mãos pelas laterais do seu corpo. – Ele bem que gostava de beijar cada parte desse meu corpão. Agora não tem mais. – dito isso, saiu da cantina.
- O que ela quis dizer com aquilo? – perguntei
- Ela é idiota. Não sabe o que diz
- Você acha mesmo que Arthur preferia uma garota como Frederica?
- Lu, pelo amor de deus né? – Bela riu e bateu no meu ombro, saindo de seguida da cantina.

   Fiquei a matutar muito na conversa com Pérola. Ela poderia ter feito aquilo só para me provocar. Mas olha, conseguiu! Fiquei intrigada. Muito intrigada.
   Depois de chegar ao quarto, fiquei vendo as fotos de Arthur na internet. Haviam já alguns likes e comentários no blog de Bela, mas eu queria algo inovador; um comentário bem elaborado e crítico de alguém que entende do assunto.

   Eram 2:39 da manhã e eu não conseguia pregar olho. Olhei para o meu celular e vi e revi todas as fotos que tenho com Arthur. Em cada momento especial que tínhamos, eu registava com uma foto. Eu tinha um álbum só nosso.
   Depois deu uma saudade tremenda do corpo dele. O cheiro dele. A voz rouca dele.

“Está acordado?” – enviei mensagem.

Não esperava resposta. Bom, na verdade eu queria, mas aposto que ele estava dormindo.

“Sinto a tua falta.”
“Sei que estivemos ainda agora juntos mas…”



“Arthur?” – enviei três de seguida.

E pouco depois, ele me respondeu.

“Vem você pra cá.”


   Bela estava dormindo, pelo menos parecia que sim. Ela tem sono leve, por isso fiz o mínimo barulho possível. Levei os meus chinelos na mão, o meu celular e antes de sair do quarto me certifiquei que ela realmente não tinha acordado.
   O corredor estava vazio e frio. Olhei para a rua através das janelas e reparei que no momento estava chovendo. Uma chuva bem fraca, que mal molhava.
   Eu morria de medo de olhar para trás, enquanto atravessava os corredores até ao quarto de Arthur. Eu me lembrava daqueles filmes me terror em que o monstro vem atrás de você para te pegar. Aí você corre desesperadamente, até um local sem saída e no final ele te apanha e te mata de seguida da forma mais terrível de sempre.
   Não sabia se devia bater à porta de Arthur ou não, então mandei mensagem. Estava morta de medo de ser apanhada a essa hora da manhã à porta do quarto dele. Mas consegui entrar sem ninguém se dar de conta.

   Dormir com ele é a melhor coisa de sempre. Entrei, beijei-o e não dissemos mais nada. Trocamos apenas umas carícias, uns beijos e uns sorrisos. Estávamos numa grande “vibe de amor purinho”.




   Acordei com as mensagens de Bela. Ela tinha acordado cedo e com certeza se deu de conta de que eu não tinha dormido no quarto.
   Arthur dormia do modo mais irónico de sempre. eu estava ocupando mais de metade da cama e tinha mais de metade da coberta. Lá estava ele. Pernas afastadas, braços deixados de modo desconfortável e um rosto espalmado no colchão. E o blusa do pijama? Bom, eu tinha vestida.
   Comecei por arranhar levemente as suas costas. Levantei um pouco a cabeça e consegui ver Daniel dormindo na cama ao lado. Arthur não se mexeu num um mísero centímetro, então eu decidi o provocar mais. Beijei o seu ombro, dei uma leve mordida e depois levei os beijos para o seu pescoço. Ele tinha de acordar logo. eu precisava de arrumar as minhas coisas e ir embora com a minha mãe.


   O sábado foi passado com a minha mãe. Na verdade, a gente foi para a casa de um familiar nosso que veio de Espanha e eu fiquei a maior parte do tempo tentando falar com o meu pai via Skype. Eu nem queria falar com aquele traste, mas ele exigia falar comigo.
   Após dez minutos de chamada, ele ainda não tinha dito nada de nada.

- Eu queria muito que você estudasse aqui nos colégios de Roma. Você ia adorar.
- Ah claro – respondi irónica
- Estou até pensando te trazer pra cá nas próximas férias
- Nem morta! – reclamei – Aqui estão os meus amigos, a minha mãe… o meu namorado.
- Namorado é um dos assuntos que vamos falar daqui a pouco. Mas aqui você me tem a mim e uma otima educação.
- Ah claro, começando por você que me ensinou a não mentir desde pequena, não é? Até porque mentir você já mente direitinho.
- Não vamos começar. – ele suspirou

   Por vezes eu me engasgo nas palavras. Eu quero tanto soltar aquelas indiretas para fora que acabo dizendo coisas com o mínimo sentido.

- Eu não quero você dormindo na casa do seu namorado
- E desde quando eu durmo com ele pai? Me poupe! – Resmunguei mais uma vez
- Eu vou mandar a sua mãe ter mais atenção com você. Você é jovem de mais para namorar
- Com 30 anos tá bom então?
- 35 e só com autorização!
- Aff! – bufei


   Depois da chamada, e durante o almoço em família, eu fiquei trocando mensagens com Bela. Ela estava estranha. Sentia isso. Depois perguntei por Arthur e ela deixou de responder às minhas mensagens. Tentei ligar para eles e nada de me atenderem. Algo se passava.

   Pedi à minha mãe para me levar ao colégio. Sentia que algo estava acontecendo. assim que entrei e passei pelo corredor dos cacifos, todo o mundo começou a olhar para mim.

- O que houve? – perguntei
- Você ainda não sabe? – Jhulie perguntou
- Hello Jhulie, é claro que não. ela acabou de chegar. – comentou Anita – Lua, vá falar com Arthur… acho que precisam mesmo de conversar.
- Como assim? O que aconteceu com ele?
- Nada… ele está bem. – Jhulie sorriu forçado.

   Nem quis saber de mais nada. Ia em direção ao corredor dos garotos até me cruzar com Caio. Ele estava meio irritado, o que é raro. É muito raro lhe ver irritado com alguma coisa. Caio é daquele tipo de pessoas que se fosse mulher não ia sofrer de TPM, pois ele está sempre de bom humor e de bem com todo o mundo.

- Eu sempre desconfiei do teu namorado.
- Como assim? O que tem Arthur?
- Ele não presta. Ele é um galinha, um desavergonhado e…
- Como assim? – me exaltei
- Além de mentiroso, é traidor! – acusou Caio
- Me explica! – gritei
- É melhor você ir com ele.

   Sem nem esperar, entrei no quarto de Arthur. Me deparei com uma cena horrível. Frederica estava sentada na beira da cama de Arthur, enquanto ele estava sentado em frente dela, numa cadeira, com as mãos sobre as dela. Assim que eles me viram entrar, se levantaram assustados.

- Eu não posso acreditar nisso. Não posso. – me rendi. Aquilo era de mais para mim. Teria ele me traído?
- Lu, deixa eu explicar
- Explica! – gritei
- Calma, não é nada do que você está pensando
- Todos os culpados dizem isso. – e pronto, eu estava chorando. As lágrimas foram mais fortes que eu.
- Mas eu sou inocente
- Ele é inocente. – Frederica o defendeu
- Ah claro, tinha que ser a maior vadia falando! – ri irónica – Falem de mais vez! – bati com a porta bem forte e passei reta até à secretária. Arthur tentou me tocar, mas eu desviei o braço, não querendo qualquer contacto mínimo com ele.
- Foi o Caio.
- O Caio?! Como assim? – interroguei
- De há uns dias para cá que ele vem tentando me forçar a ter coisas com ele e eu não quero. Eu digo que estou com outra pessoa e ele não acreditava nunca. Estávamos na biblioteca hoje de manhã. Ele entrou por lá dentro, me encostou numa prateleira e tentou me beijar à força. Foi horrível.
- O Caio não seria capaz de fazer isso. Ele não é assim – o defendi – Eu não acredito em nenhuma palavra que você tenha acabado de dizer
- E como você pode ter tantas certezas? – Arthur me encarou
- Eu conheço ele há anos
- As pessoas mudam!
- O Caio não é assim. Ele é uma das pessoas mais legais desse mundo
- Ah claro, tinha de ser! Tinha de ser você defendendo ele, mais uma vez! – Arthur riu todo irónico e morto de ciúmes.
- O Arthur estava lá, ele viu. Naquele momento, Arthur entrou pela biblioteca
- E…? – exigi que ela continuasse
- Eu beijei o Arthur.

   No momento em que ela disse aquilo, foi tipo… uma bala no meu coração. Ele começou a bater rápido. Mas parou de uma maneira tão brusca que eu cheguei a pensar que ia morrer. A minha dor se transformou em mais lágrimas. Eu não estava escutando aquilo, não estava. Mas estava.
   Arthur olhou para mim no mesmo momento com o rosto mais culpado de sempre.

- Lua, eu só beijei ela para que Caio caísse na real
- Ah claro. – ri entre lágrimas. Quis me fazer de forte – Então eu também vou sair beijando geral por aí. Vai que assim eles possam resolver todos os problemas dele.
- O Arthur está inocente, Lua. – disse Frederica
- Ele até pode estar. Mas você está acusando uma pessoa da pior maneira. O Caio não seria capaz de forçar nada com você. Ele tem as garotas que ele quer nas suas mãos. E você ontem me veio com um papo estranho sobre o Arthur e eu não me admirava nada se você tentasse se atirar a ele de novo
- Eu só quis te provocar, você sabe como eu sou…
- É. Eu sei. Louca, sem noção, puta… ainda por cima rouba o namorado das outras.
- Vamos conversar amor.
- Não me chama de amor! – gritei com ele – Você sabe que uma das coisas que eu não suporto é a traição
- Mas foi ela que me beijou. Foi ela.
- Beijo é beijo. É traição. – assim, magoada daquele jeito, saí do quarto.

Aqui mais um! O que acham que vai acontecer?

9 comentários:

  1. Tadinhoooo deles vão ficar separado de novo.. Posta outro hojeee!!!! Posta maisss!!!

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  2. que vadio esse caio ele que é culpado agora quem fica de culpado é o arthur e ainda pode acabar o namoro de LuAr por causa desse retardado do caio ai que raivaaaa
    Maisssssssssssssssss

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  3. Tadinhoo do Arthur!! Mas se fosse eu no lugar da luh, faria a mesma coisa!!
    Amandoo!!!
    By: Rafa

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  4. Lua tem que desculpar o Arthur, mesmo ele não fazendo nada. Continua!

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