"É estranho. Mas é do nosso jeito" - 45º capítulo

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P.O.V.'s Lua Blanco


   Assim que ouvi um ruído no corredor, logo pela manhã, acordei aos saltos. Mas depois reparei que estava rendida nos braços de Arthur e decidi ficar mais um pouco. Apesar de morrer de medo da minha mãe entrar pelo meu quarto e ver que eu tinha mentido pra ela, ao dizer que Bela dormia comigo.
   Arthur continuava calmo, dormindo como um anjo. No momento, ele sorria. Estaria sonhando? Sonhando comigo? Com a gente?
   Deitei novamente sobre o peito dele, que agora estava descoberto. Aposto que durante a noite jogou o roupão para o chão para ficar mais próximo de mim. Safado. Mas eu amo esse safado, amo muito. Estranho isso.
   Agora estava sem sono. Passava pouco das 6 horas da manhã, por isso dava tempo de dormir mais um pouco, se bem que daqui a duas horas eu teria de me levantar para ir pró colégio novamente. Brinquei com os meus dedos sobre o peito dele. Desci até à sua barriga, subi até ao seu pescoço e até às suas bochechas e nada dele acordar.
   Decidi levantar. Mandei mensagem à Bela. Ela me respondeu logo no momento dizendo que já estava acordada e que ia agora tomar banho. Eu decidi fazer o mesmo.
   Estava retirando o shampoo quando senti a porta do banheiro ser aberta. Arthur.

- Relaxa, não é a sua mãe. – comentou. Ouvi ele bocejar e depois abrir a tampa da privada. – Será que dá pra eu tomar banho também? Mas claro, depois de você sair. – disse com um ar de quem já sabia que não podia fazer bem mais que aquilo.
- Pode. – respondi apenas. Fechei a água e enrolei uma toalha no corpo. Saí e dei com ele de olhos vidrados em mim. – Bom dia, idiota.



- Idiota? – despertou. Lavou as mãos e seco-as na toalha ao lado.
- É. A gente podia ter dormido bem agarradinho ontem. Mas não. você decide sempre estragar tudo com algumas das suas tolices. E depois dormimos chateados, como o que aconteceu.
- Mas eu pedi desculpa.
- Acontece que a gente namora à pouco tempo e aposto que o número de vezes que você me pediu desculpa é bem maior do que o número de dias que a gente namora, entende?
- Eu vou evitar. Prometo.
- Veremos. – suspirei – Mas bom, apesar de todas essas brigas eu ainda te amo e, sim, eu acordei agarradinha a você. – o encostei à pia e lancei os meus braços ao seu pescoço para depois beijá-lo. Não sei se Arthur ficou sem reação ou não, mas ele quase nem me tocou.

   Arranhei as suas costas de leve e encostei o meu corpo, ainda mais, ao seu. Queria ficar assim o resto da manhã. Queria compensar a chatice de ontem, com estes beijos. Mas era impossível. Tínhamos horários e cumprir. Mas nem foi preciso eu dizer isso. Arthur parecia estar ciente…

- Banho… - ele largou rapidamente o meu beijo e me desviou para o lado – Eu tenho… o banho. Tenho de tomar banho. – se enrolou todo nas palavras.
- Tudo bem. – eu ri. Puxei ele para só mais um selinho e saí do banheiro.

   No meu quarto, escolhi a roupa mais confortável para este dia de frio e coloquei numa bolsa umas coisas que gostava de levar para esta semana de aulas. Depois de calçar os meus sapatos, desci. Passei no quarto do lado, em que Bela e Daniel dormiram, dei três batidas e Ana saiu, também já pronta.
   Descemos para a sala de jantar, onde iríamos tomar o café da manhã. A minha mãe já nos esperava, sentada à mesa com o celular nas mãos e um monte de pastas arrumadas ao seu lado.

- Bom dia crianças.
- Jovens, mãe. Jovens.
- Bom dia, jovens. – ela nos sorriu – Tenho de sair mais cedo, mas o nosso motorista vos leva.
- O Alfredo?
- Tem outro e eu não sei? – ela me encarou – Cadê os garotos?
- Não sei… - respondi inocente.

   Enchi o meu copo de leite, peguei o meu pão com queijo e foi o tempo suficiente para os garotos descerem. Vinham conversando de alguma coisa, mas como viram que a sala estava silenciosa, se calaram também.
   Deram os bons dias e se sentaram diante de nós. a minha mãe se despediu e disse para termos juízo e blá blá blá. Coisas de mãe.

- Ainda é tão cedo.
- Foi melhor assim. – respondi a Daniel – Imagina que a minha mãe decidia ir aos quartos nos chamar? Isso sim seria terrível.
- Verdade. Vamos? – perguntou Arthur.
- Vamos. – respondi.

   Pegamos as nossas coisas e fomos para o colégio. Alfredo nos levou.
   Cada um foi para o seu quarto. Bela me contava o que tinha rolado com Daniel e eu fazia o mesmo, mas sobre Arthur.

- Eu acho que ele quer. E você também quer.
- É. Mas aquele não era o momento
- Porque? A sua mãe estava dormindo e tenho a certeza que eu e o Daniel não íamos notar os vossos gemidos, até porque a gente estava bem entretido! – ela enrolou uma ponta do cabelo, bem safada essa garota.
- Um dia vai rolar. Eu sei que vai. – segurei uma almofada e abracei-a – É só esperar mais um pouco. Só mais um pouco. – suspirei.

   Semana de provas. Odeio isso. O semestre estava a meio e estas eram as nossas primeiras provas. Era agora que demonstrávamos o que tínhamos apreendido durante estes meses de aulas. Mas a pergunta é: apreendemos mesmo alguma coisa?
   Fizemos grupos de estudo. Seria bem mais fácil. Cada um ensinava o que sabia. Ia ser na biblioteca, depois do almoço. Eu disse que ia, junto com Arthur, apesar de não ter pedido a opinião dele. Mas aposto que não se importaria.

“Grupo de estudo às 14h na biblioteca.” – mandei na mensagem
“Jura? Com todo o mundo?”
“Lógico. Eu disse GRUPO de estudo…”
“Mas eu queria só nos dois. Será bem mais fácil”
“Mas eu não sei tudo e duvido que você saiba”
“Mas a gente dá o nosso jeito”
“Será mais fácil com todo o mundo” - insisti
“Eu não vou”
“Ok! Bom estudo!” – eu não ia fazer o que ele queria.

   Porém, ele estava me ganhando. Eu queria que ele tivesse boas notas e tenho a certeza que não ia estudar sozinho. Me rendi.
   Depois do almoço, peguei alguns livros, dos quais íamos ter prova primeiro, e fui para o quarto de Arthur. Bati à porta e ele não escutou. Bati novamente e nada. Abri sem permissão. Aposto que não se importaria.

- Arthur? – o chamei. Coloquei os livros em cima da cama dele e ouvi ele responder do banheiro.
- O que você faz aqui? – ele estava apenas com a toalha de volta da cintura, com outra secando o cabelo. Os últimos pingos de água ainda estavam escorrendo sobre o seu corpo. Que miragem de outro mundo.
- Eu… eu vim estudar… com você-você. – gaguejei totalmente boba. Depois virei as costas pra ele – Tem como você se vestir?
- Tem – ele riu da minha desgraça – Trouxe que livros?
- Alguns de história, matemática, geografia… coisas assim. – disse eu sem graça. Estava louca para virar o meu corpo e jogar aquela toalha pra fora da janela.

   Não sei realmente o que deu em mim. Me virei para trás rapidamente e olhei na direção que antes Arthur estava. Ele estava no mesmo lugar, quase na mesma posição, mas virado para o outro lado e, finalmente, sem toalha. Sem toalha. Aquela bunda perfeita branquela estava agora me seduzindo. Arthur começou a vestir a sua cueca e eu deixei os livros caírem todos.

- Safada! – disse ele novamente, após descobrir que eu o olhava.

Desculpem a demora!! Amanhã posto mais 

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