"É estranho. Mas é do nosso jeito" - 38º capítulo

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P.O.V.'s Lua Blanco


   Amanheceu. Domingo é sinónimo de acordar tarde, segundo o vocabulário que eu acabei de inventar. Porém, o relógio marcava pouco mais das 9horas da manhã. Eu já não sentia o calor que havia sentido a noite inteira. Já não sentia o rosto de Arthur por cima do meu ombro, nem a sua perna por cima das minhas bem como o seu braço ao meu redor. Nem o seu cheiro eu sentia. Eu estava apenas virada para o seu lado, encolhida, com uma mão em cima do travesseiro dele.

- Arthur? – murmurei. Levantei um pouco a cabeça e vi ele sentado na secretária, um pouco inclinado para a frente, desenhando.
- Bom dia, pequena. – ele deu, virando um pouco a cadeira para mim – Como dormiu? – ele se levantou e veio, de novo, se deitar na cama.
- O que você estava fazendo?
- Desenhando. Assim que terminar, eu te mostro.
- Eu dormi bem. Mas ainda é tão cedo. – bocejei e me encolhi nas cobertas.
- Que coisa dengosa, meu deus do céu. – ele me encheu de beijos – Que tal o café da manhã na cama? Se bem conheço o Daniel, ele deve estar acordando a essa hora. Sim, que, para ele, isto é cedo de mais.
- Me mostra o que você desenhou. – passei o dedo indicar sobre o peito desnudo dele
- Ainda não terminei.
- Você nunca me mostra os seus desenhos. – cruzei os braços e fiz bico – Onde está aquele desenho que você fez de mim? Nas férias, lembra?
- Lembro. Não terminei também. Mas esse tá quase.
- Você devia tentar a sua sorte e, sei lá, enviar os seus desenhos para algum lugar para eles se tornarem famosos. – Arthur riu – É sério Arthur, você é bom no que faz!
- Eu sei. Por isso é que a gente se divertiu tanto ontem… - Arthur deitou por baixo das cobertas e me fez cócegas.
- Pára Arthur, pára.
- Pára você, sua louca. Vão te escutar aqui. – ele tapou a minha boca. Pedi para ele sair de cima de mim – Só com uma condição – eu assenti – Você não grita. – Assenti novamente. Ele me destapou a boca e eu o beijei.

   Bem sorrateiramente, eu fui me levantando e fiz uma breve maratona até à secretária, pegando o desenho dele e me tranquei no banheiro para o poder ver à vontade, sem ter Arthur no meu pé, tentando tirar o desenho das minhas mãos, por “ainda não estar acabado”.
   Arthur desenha maravilhosamente bem. Se ele fizer apenas uns rabiscos de um lado e do outro, para mim já está perfeito. Acontece que ele faz bem mais que isso. Ele faz mágica. Ele faz, em segundos, uma obra de arte, ou até melhor que isso.

- Lua, abre a porta. Não faz isso comigo. Abre a porta. Porra, eu não gosto que mexa nas minhas coisas, você sabe disso.
- Amor, vai buscar o café da manhã? Vai lá, por favor. – pedi. Depois de muito eu insistir, ele foi embora, embora que meio chateado.

   Finalmente peguei no desenho dele e pude admirá-lo durante o tempo que eu quisesse. Eu não tinha palavras. Como é que ele conseguia? Normalmente as pessoas tendem a desenhar os cabelos das modelos todos lisos, mas ele tinha o cuidado de demonstrar que os meus não eram lisos e sim cacheados. Os meus cabelos estavam sacudidos sobre a cama e a minha mão estava da mesma maneira que, esta manhã, quando eu acordei.



   A barba dele pequena e desfeita, o cabelo bagunçado,… tudo. Tudo estava tal e qual ao que aconteceu esta noite. Perfeito.

- AÊ MOÇADA! – escutei uns gritos do outro lado de fora. – LUA, ARTHUR. CHEGUEI. – Daniel gritava. Abri a porta do banheiro para ir de encontro com ele – AÊ. – Daniel me veio abraçar – Bom, ao menos você não dormiu com a blusa dele. O que significa que não transaram. Deixa eu ver. – ele foi até a baixo da cama de Arthur – Não, aqui não tem camisinhas usadas ou algo que se pareça…
- Cara, que porco! – o empurrei um pouco – Eu e o Arthur temos juízo, tá? Ao contrário de você que deixa as camisinhas por todo o lado, não é mesmo?
- Quem te contou?
- Você! – eu ri da sua QUASE confissão. – Espero não encontrar ninguém. Preciso de ir para o meu quarto.
- Então agora não é boa altura, porque eu me cruzei com o diretor.
- Droga! – sentei na cama de Arthur, ainda com o desenho que ele fez na mão
- Ele pintou? – Daniel me tirou o desenho da mão
- Sim
- Nossa, quanta arte.
- Quanta perfeição! – Arthur entra no quarto – Nossa, não disse? – olhei pra ele com o café da manhã sobre as mãos. Pasteis, suco e fruta. Melhor impossível.
- Ei, não é pra mostrar! – Arthur tirou o desenho das mãos de Daniel
- Porquê flor?
- Flor o teu cu
- Eu preciso ir embora
- Sério? – ele sentou na cama, ao meu lado, e passou as mãos à volta do meu rosto – Pow, a gente mal ficou junto.
- Mal ficou junto? – Daniel riu – Vocês dormiram juntos!
- Isso seu desgraçado, berra mais alto para todo o mundo ouvir! – Arthur encarou Daniel
- Foi mal.
- Eu vou. – peguei uma maça, antes de ir e beijei Arthur – Eu te amo. – beijei-o de novo, dando, por último, um beijo sobre o seu nariz.

   E quando chego no meu quarto, feliz por não ter sido apanhada com Arthur, dou de caras com, nada mais nem nada menos, do que a minha mãe. Ela estava sentada na minha cama, de braços cruzados e com a bolsa ainda sobre o ombro. espero que ela tenha acabado de chegar, porque assim eu sempre posso dizer que acordei cedo e que decidi ir tomar o café da manhã cedo e…

- ONDE VOCÊ PENSA QUE SE METEU? – ela gritou comigo, na hora em que dei o segundo passo dentro do quarto
- Eu fui tomar o café…
- Não me minta
- Mas eu não estou mentindo… - fechei a porta do quarto e me sentei na beira da secretária.
- Lua Maria Blanco! – ela me chamou pelo nome completo. Isso não é bom sinal. – Primeiro. Você nunca acorda tão cedo. Segundo. A cantina só abre às 9:30 da manhã. Terceiro. Eu estou aqui desde as 9horas e você está com a cama feita. Onde você esteve? – ela gritou comigo novamente
- Você não devia estar em viagem?
- Não mude de assunto, pelo amor de deus
- Cadê a mãe liberal? – coloquei mais ironia na frase, olhando por debaixo da secretária e até dentro da minha blusa
- A sua mãe está aqui. Liberdade é uma coisa e mentira é outra. – ela se levantou – Me diga a verdade. Onde você esteve? Onde dormiu?
- Eu… mãe, eu vou falar, mas… fica calma, tá? – respirei fundo. E agora? Eu deveria inventar uma desculpa ou deveria falar a verdade? – Mãe eu…
- Fala de uma vez.
- Eu dormi com o Arthur! – falei rápido. Minha mãe ficou branca, sentou na cama e colocou a mão no peito. – Mãe? – gritei

E agora? A mãe dela deve ser liberal ou não? Deverá explicar a ela as regras da sexualidade? 

10 comentários:

  1. Ahh a mãe delatem que entender, afina, é a coisa mais normal do mundo.

    Naathy

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  2. Ela tem que ser liberal

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  3. Deve ser liberal e conversar direitinho :)

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  4. A lua tem que falar que só dormiu e nada mais
    E conversar assim a mar dela pode ser vêem liberal

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  5. Geeeente a Lua só dormiu com o Arthur, qual o problema disso ?
    Posta +++++++++++
    Ameeii *-*

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  6. Ela fala pra mãe que só dormiu com o Arthur e nada mais.

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  7. De onde voce tiira esses desenhos??...São tão lindos

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  8. ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

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  9. Ela deve contar a verdade pra mãe dela, que eles só dormiram juntos. Mas também é super normal que a mãe dela fale sobre sexualidade e essas coisas

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