Paixão Sem Limites - Capitulo 22 Parte 4

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Maratona

Não olhei para trás e ele não tornou a chamar o meu nome. Desci a escada com a minha mala na mão. Quando chequei ao último degrau, meu pai saiu da sala e entrou no hall. Tinha o cenho franzido e parecia quinze anos mais velho do que da última vez que o vira. Os últimos cinco anos não tinham sido piedosos com ele.
- Lua, não vá embora. Vamos conversar. De um tempo a si mesma para refletir sobre as coisas.
Ele queria que eu ficasse. Por que? Para poder se sentir melhor com o fato de ter estragado a minha vida? De ter estragado a vida de Giovanna?
Tirei do bolso o celular que ele quisera me dar e lhe estendi.
- Tome. Eu não quero isso- falei.
Ele encarou o telefone, depois tornou a olhar para mim.
- Por que eu iria ficar com o seu celular?
- Porque eu não quero nada de você - respondi.
Continuava com raiva, mas estava cansada. Só queria sair dali.
- Mas eu não dei esse telefone a você - disse ele, ainda com um ar de incompreensão.
- Fique com o celular, Lua. Se quer mesmo ir embora, não posso impedir, mas, por favor, leve o celular.
Arthur estava em pé no alto da escada. Ele tinha comprado o telefone para mim. Meu pai nunca lhe dissera para me dar um celular. Eu estava começando a ficar anestesiada; não conseguia mais sentir dor nenhuma, nem tristeza pelo que talvez pudéssemos ter tido.
Caminhei até ele e pousei o celular na mesa ao lado da escada.
- Não dá - foi a minha unica resposta.
Não olhei para trás em direção a nenhum deles, embora tenha ouvido os saltos de Julia estalarem no piso de mármore, deixando claro que ela havia entrado no hall.
Segurei a maçaneta da porta e puxei. Nunca mais veria nenhuma daquelas pessoas, mas só choraria a perda de uma delas.
- Você é igualzinha a ela.
A voz de Julia ecoou no hall silencioso. Entendi que ela estava falando da minha mãe. Só que ela não tinha sequer o direito de lembrar a minha mãe, muito menos de falar nela. Ela mentira a seu respeito. Fizera a única mulher que eu admirava mais do que qualquer outra pessoa no mundo parecer egoísta e cruel.
- Só espero que eu consiga ser metade da mulher que ela foi - retruquei em voz alta e nítida.
Queria que todos ele me escutassem, pois precisavam saber que eu não tinha nenhuma dúvida quanto á inocência da minha mãe.
Saí e fechei a porta da casa com firmeza. Um carro esportivo prateado chagava á entrada da garagem na mesma hora em que eu andava até a picape. Sabia que era Giovanna, mas não consegui olhar para ela. Não messe momento.
A porta do carro bateu, mas eu não hesitei. Joguei a mala na traseira da picape e abri a porta do motorista. Não tinha mais nada a fazer ali.
- Sabe de uma coisa? - começou ela, em tom de quem está achando graça. Eu não iria fala com ela; não ouviria mais mentiras sobre a minha mãe saírem da sua boca. - Como está se sentindo? Sabendo que o seu próprio pai a trocou por outra pessoa?
Eu estava anestesiada. Aquela era a menor das minhas dores. Fazia cinco anos que meu pai nos abandonara. Eu tinha tocado a minha vida.
- Não está se sentindo tão superior agora, está? A sua mãe era uma jeca ordinária que mereceu tudo o que aconteceu com ela.
A calma que havia se apoderado de mim desapareceu. Ninguém iria falar mais nada sobre a minha mãe. Ninguém. Levei a mão até debaixo do banco e peguei a pistola. Virei-me e mirei bem naquela sua boca mentirosa.
- Se disser mais uma palavra sobre a minha mãe eu abro um buraco a mais no seu corpo - falei com a voz dura e sem emoção.
Giovanna deu um grito e levantou as mãos para o alto. Não abaixei a pistola. Não tinha a intenção de matá-la, só iria lhe dar um tiro no braço se ela tornasse a abrir a boca. Minha mira estava perfeita.
- Lua! Abaixe essa arma. Gi, não se mexa. Ela sabe usar esse troço melhor do que a maioria dos homens.
A voz do meu pai fez as minhas mãos tremerem. Ele a estava protegendo de mim. Protegendo a sua filha, a que ele queria. A filha por quem ele nos deixara. A filha que havia abandonado durante a maior parte da vida. Eu não sabia o que sentir.
Ouvi a voz apavorada de Julia.
- O que ela está fazendo com essa arma? A lei por acaso permite isso?
- Ela tem porte de arma e sabe o que está fazendo - respondeu o meu pai. - Fique calma.
Abaixei a pistola.
- Vou subir nesta picape e sumir das suas vidas. Para sempre. Mas cale a boca em relação a minha mãe. Não quero ouvir isso outra vez - avisei antes de virar as costas e subir na picape.
Tornei a guardar a pistola debaixo do banco e saí de marcha a ré. Não olhei para ver se eles estavam todos reunidos em volta da pobre Giovanna; estava pouco ligando para isso. Talvez agora ela fosse pensar duas vezes antes de caluniar a mãe de alguém. Porque, juro por Deus, era melhor ela nunca mais falar mal da minha.
                                                                                                            Continua.....

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