"É estranho. Mas é do nosso jeito" - 12º capítulo

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P.O.V.'s Lua Blanco

   Experimentei o meu novo protetor solar e aproveitei para ir deitar o plástico ao lixo, que estava perto de Arthur e Pérola. Fui até lá, me fazendo de desentendida, enquanto escutava um pouco da conversa deles.

- Frederica, entende uma coisa. Nós somos apenas amigos, nada mais. Eu nunca fui na sua, eu nunca estar na sua. Nunca! Eu não gosto de você. Sim, foi bom das umas voltas com você no tempo do colégio, foi bom transar, mas acabou. Não dá mais. Eu gosto de garotas diferentes de você.
- Eu sei. Eu sou diferente. Você é diferente. Nunca ouviu dizer que diferente é sempre bom? – ela segurou as mãos dele
- Sim, já. Por isso mesmo eu escolhi alguém. O meu lance não é você. O meu lance é a Lua e mais ninguém, coisa chata! – Arthur largou as mãos dela e se virou para trás, ou melhor, se virou na minha direção.

   Entretanto, enquanto ele falava, eu havia parado bem perto deles pois queria ouvir o que tanto Arthur tinha para dizer a Frederica. Ele deu um fora nela, sem dó nem piedade. Ela pensou, por instantes, que ele ia ceder aos encantos dela, mas depois o seu sorrisinho deu lugar a uma cara feia.

- É verdade o que você disse? – Arthur olhou surpreso para mim e depois para Frederica. Esta foi embora, rebolando, passando por mim e me dando em encontrão. – É verdade Arthur?
- Depende… o que você escutou? – ele riu sem graça
- Deixa-te de graça. Você sabe a que eu me refiro.
- O quê? A parte em que eu disse que eu não estava a fim da Frederica? Pow, pensei que você sabia! – ele riu
- Disso eu sabia. Mas o que você disse depois…
- Depois? Não lembro…
- Aff, perdidão! Eu sabia! Você fala, fala, fala com outros, mas quando chega a hora de me falar a verdade, se perde. E depois você diz que eu é que não digo o que sinto, né? – virei as costas a ele e dei dois passos até ele me pegar pelo braço novamente
- Cansei! Cansei das suas atitudes. Chega! Para mim já deu. Chega de ser mandado a toda a hora. Chega de só acartar com ordens.
- Que ordens o quê garoto? Eu nem tenho falado com você…
- Mas da última vez que falou, já me queria mandar para um psicólogo. – disse ele arrogante – O papo aqui é entre mim e você. Esquece o que eu disse no passado, esquece até o que eu não disse. Foca só nisso: eu cansei de você. Me deixa em paz! – quando ele ia embora, voltou para trás novamente – E ah! Aquele negócio de estar a fim de você? – ele riu – Era mentira! – ele deu de ombro
- Então para que foi aquele coração no meu jardim? Porque é que mentiu para o Alfredo me deixar sair de casa? Porquê?
- Eu só queria… ah, sei lá porque eu fiz isso. No inicio estava sendo legal. Mas desde que conheci você, só me ferrei.
- Se ferrou? Em que sentido garoto? Eu não te fiz nada. Pelo contrário! Fui sempre tua amiga e sempre quis o teu bem.
- O meu bem? – ele riu – Essa é boa. Olha, me deixa, me esquece, me erra!
- Ah é assim? – limpei algumas lágrimas – Eu pensei que a gente ao menos fosse amigos. Mas nem isso se você quer…
- Demorou para entender isso…

   Eu fui embora. Saí do pé dele, sai da praia. Queria desaparecer desse mundo. Queria ir para um lugar onde… onde as coisas acontecessem como eu quero. Um mundo onde tudo é legal. Um mundo sem sofrimento, sem amor… esse negocio de se apaixonar é muito ruim!
   Mais tarde, fui até à casa da Bela. Precisava de falar com ela, mas também não lhe queria dizer ao certo o que tinha acontecido. Ela me recebeu no corredor do quarto dela e nem me chamou para entrar.

- Eu sei o que aconteceu. – disse ela – Depois da praia, Arthur veio para cá com o Daniel e eles falaram na minha frente. Pelos vistos, você e o Arthur acabaram o que nem começaram. Você ama aquela desgraça né?
- Se eu amo? Pelo amor de deus, claro que não! Ele pra mim foi… foi…
- Foi o amor da sua vida?
- Claro que não garota! – bati o pé. A porta do quarto dela não estava totalmente fechada e eu estava com medo de que os garotos ouvissem alguma coisa. – Ele é grosso. Sem noção. Mentiroso. Eu odeio ele! Você devia ter visto as coisas que ele me disse. Ele não parecia o garoto que há uns dias atrás veio até à minha casa me pedir desculpas.
- Sabe o que eu acho? Eu acho que ele lutou por você. Ele lutou. Mas você sempre deu para trás. Você complicou o que era simples e agora ele não quer saber de você. Se cansou. Eu acho que está na hora de você lutar por ele.
- Pára Bela, pode já parar.
- Você quer que eu pare porque sabe que eu tenho razão. – Bela riu.
- Eu vou embora. Idiota! – ri pra ela e fui realmente embora.

   Desci as escadas e fui só pedir à empregada uma água. Quando vim para a porta, Arthur estava descendo as escadas, vindo do quarto da Bela também. A gente se olhou, parou um pouco e voltou a andar. Eu fui na frente. Abri a porta e saí, deixando encostada para ele. Na rua, fomos lado a lado até ao portão de saída da casa, sem ao menos nos falarmos. A gente só se olhava. Chegando no portão, fomos ao mesmo tempo. Mas só cabia um. A gente se cruzou finalmente e olhamos um para o outro.

- Oi… - deu ele, enquanto me olhava
- Oi… - respondi. Dei espaço para ele passar. Ele passou.
- Valeu. – disse ele
- Valeu! – respondi, quando saí.
- Vai ficar falando tudo o que eu digo?
- Vai ficar plantado na minha frente? – perguntei em resposta à sua pergunta
- A gente bem que podia acabar com isso… né?
- Isso? Isso o quê? – tentei sem o máximo seca
- Eu escutei a sua conversa com a Bela.
- Mal educado. Não sabe que ouvir as conversas dos outros é feio?
- Não assumir o que se sente, também é feio. – dei de ombros para ele e passei a frente, indo direta para casa depois.

   Os dias passaram novamente. Minha mãe me chamou para ir almoçar com ela em um restaurante, eu estranhei mas fui muito entusiasmada. Nessa semana, era a primeira vez que íamos estar juntas.
   Quando cheguei, a mesa estava reservada então eu fui me sentar. Pedi o meu prato e esperei pela minha mãe. Esperei. Esperei. Esperei. Já vos disse que me fartei de esperar? E adivinhem? Ela não veio.

   Aconteceu o mesmo com o meu pai. Ele disse que íamos andar de barco. Cheguei no caís, e ele não apareceu. Mandou um moço me entregar um envelope com um cartão a pedir desculpas e algum dinheiro para eu gastar no shopping.

   Que se dane tudo. Que se dane esta vida. De que serve viver se não somos felizes? De serva viver quando não temos aquela pessoa que amamos do nosso lado? Amigos? Namorado? Família? Ninguém! Ninguém te apoia, ninguém te ajuda.

   Voltei para casa acabada! Eu chorei pelos cantos todos até chegar ao meu quarto e aterrar na cama. E adivinha? Ninguém veio falar comigo. Ninguém veio perguntar como o meu dia tinha sido. Ninguém me deu um abraço. Ninguém ficou comigo quando eu mais precisei.

    Em outro dia, combinamos todos ir almoçar ao Mc Donalwds. Me sentei na ponta de uma mesa e Bela ficou do meu lado. Por estranhar, Daniel não ficou do lado dela e sim à sua frente. Arthur chegou meio atrasado e se sentou à minha frente, ao lado de Daniel.
   Fizemos os pedidos e pouco depois eles chegaram. Começamos a comer. Todos conversavam, riam, discutiam e eu era aquela que ficava de lado. Estava apanhando wi-fi grátis e tweetando algo.

- Como têm sido os vossos dias?
- Legais até.
- Férias de verão sempre são boas né? – todos comentavam e riam
- E você Lu?
- Normais.
- Normais? Não me diga que não tem feito nada de mais?
- Ah, deixa ver. Fui abandonada pelos meus amigos, recebi patadas aos montes e até os meus pais viajaram para a Conchichina. Cara, as minhas férias estão sendo de mais!
- Os teus amigos te abandonaram? Como assim? – Bela me encarou
- Bela, vai se foder, tá? Quando eu mais precisei, você não estava lá.
- Você por acaso me chamou?
- Você acha que eu estava em condições para tal, por acaso? – encarei ela também.

   Todos se calaram. Frederica chegou e veio em nossa direção.

- E, tinha de ser! – pronunciei eu!
- Ah não. Não mereço. – disse Arthur colocando a mão na cabeça
- Ah, não quer a sua amiguinha, não quer? – fui irónica com ele
- Menos, muito menos Lu. – pediu Arthur – Quero tanto ela, como você quer.
- Então amiguinhos – disse ela pousando as mãos sobre a nossa mesa – Que tal vai essas férias? Muito amor? Muitos beijos? Ah esqueci, o vosso namoro era de mentirinha.
- Ao menos foi chamado de namoro.
- Mas fui eu quem dei uns valentes pegas nele! – ela me encarou
- Vadia é assim. Não me admiro. – dei de ombros
- É melhor você calar essa sua boca.
- Se não você faz o quê? – me levantei e encarei ela.
- Simples. – ela pegou no meu suco e derramou sobre a minha cabeça

   O suco respingou por todo o lado e fez gente começar a gritar, espantados/aterrorizados. Para empatar o que ela havia feito comigo, peguei a bebida do Arthur e fiz o mesmo nela. Porém, o suco chegou em alguém desconhecido do nosso grupo de amigos. A garota desconhecida tocou no meu ombro, me chamando à atenção e vi o seu bolo vir na minha direção. Naquele momento os meus reflexos entraram em ação, então eu me desviei e o bolo acertou no rosto da Frederica. Sem deixar que ela ganhasse vantagem sobre mim, abri o molho do ketchup e espalhei sobre o seu rosto de novo. Nesse momento, olhei em volta e vi todo o mundo brigando. Uns jogavam molhos, outros sucos e houve até quem jogasse hambúrgueres.
   O meu cabelo estava ensopado de coisas. Eu já não brigava só com Frederica. Eu brigava com tantas mais garotas, nem eu sei porquê.
   Os empregados entraram em stress quando viram todo o mundo brigando e jogando comida de um lado para o outro.

- MEU DEUS DO CÉU, QUE BAGUNÇA É ESSA? – ele gritou

   Eu vi gente fugindo e outros jogando ainda mais comida.

- PARA TUDO! – ele gritava – VOCÊS VÃO SE MACHUCAR!
- O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI? – outro empregado gritou
- EU NÃO SEI. ESTÁ TODO O MUNDO LOUCO!

   Eram gritos de um lado e de outro.

- ARTHUR, AGARRA A LUA
- ELA VAI ME MATAR SE EU AGARRA ELA – ele respondeu
- ELA VAI SE DAR MAL
- DEIXA PRA LÁ. A FREDERICA MERECE. ELA ESTÁ SERVINDO DE PANO DE CHÃO

   A confusão não parava até alguém me segurar bem forte pela cintura. Eu conhecia aqueles braços. Era Arthur. Ele me segurava e Daniel segurou Frederica que estava toda descabelada e suja de comida.
   Mesmo sendo segurada por ele, eu não parava de chingar Frederica. É lógico que não precisava de toda essa confusão, mas ela é que começou.

- EU VOU ACABAR COM VOCÊ
- NÃO SE EU ACABAR COM VOCÊ PRIMEIRO! – ela me respondeu
- NINGUÉM VAI ACABAR COM NINGUÉM! – os seguranças chegaram e começaram a gritar, separando todos os que estavam brigando

(…)

Mais um capítulo!!

5 comentários:

  1. Adorei, achei engraçado essa guerrinha. Mais?

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  2. tadinha da Lua :s, foi super engracado essa guerra de comida kkkkkk Anciosa para o proximo u.u

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  3. Ameiiii Posta ++++++++++++++++++ *-*

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  4. +++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

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