Capítulo 24- Friends don't kiss‏

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P.O.V’s Lua Blanco

  Arthur atravessou a porta dupla de vidro rapidamente e passou seus olhos que estavam cobertos por um óculos escuro por todas as pessoas que estavam acomodadas em suas cadeiras, e então os parou em mim e em Rayanna que bufava de cinco em cinco minutos.

-Desculpe a demora. –Ele se posicionou em minha e me deu um selinho que me deixou um pouco surpresa.

-Espero que Fábio não tenha enchido a cara como você. Podia pelo menos tomar um banho, porque estou sentindo seu cheiro de bebida forte aqui.

-Deve ser por que estou perto o suficiente para que você sinta. E, talvez Fábio tenha feito até mais que eu. Se eu fosse você, ligaria para me certificar ou faria uma visitinha surpresa a ele. – Arthur piscou cínico e voltou sua atenção para mim.

-Lua, se precisar pode me ligar para conversarmos ou se quiser passear. –Ela deu dois beijos em minhas bochechas e retribui.

  Logo, ela estava atravessando as portas, enquanto passava a manga de seu casaco em seu rosto, ela estava chorando.

-Você podia ter sido menos grosso com ela, pois ela só fez um comentário e passou a noite comigo.

-Ela não tem que se meter na minha vida, porque eu não dou intimidade a ela.

-E você está querendo acabar com o relacionamento dela e do seu amigo. E, acho que vocês devem ter feito sexo grupal porque você está cheio de chupões no pescoço e marcas vermelhas de unha nos ombros.

-É, eu estive com uma mulher. –Assenti e passei a mão em meus lábios.

–Vamos, eu preciso descansar em uma cama de verdade.

-Está brava? –perguntou, enquanto nos encaminhávamos até o balcão que se encontrava a funcionária.

-Por que estaria? Nós não somos nada mesmo.



P.O.V’s Arthur Aguiar

  Eu nunca saberei como deter a bipolaridade de Lua Blanco.

-Você se importa com que eu ligue o rádio? –perguntou com sua voz mais serena e colocou uma mecha do seu cabelo para trás da orelha.

 Sem dúvidas, ela é mais bonita naturalmente. Frustrada sem minha resposta, suas bochechas começaram a ganhar um tom salmão. Ri baixinho e ela sorriu.

- Arthur, nós vamos morrer se você não começar a prestar atenção no transito. –Bateu no meu braço e gargalhou baixo.

  Assenti para sua pergunta e ela mexeu no rádio.

-Eu gosto daí. –murmurei quando ela parou em um canal que tocava Tupac.

-Sinto muito. –debochou e mandou um beijo no ar quando a olhei.

  E então, ela parou e encostou sua cabeça no vidro e começou a tamborilar seus dedos em sua perna de acordo com a batida da música.

-I don't want a broken heart –cantarolou suavemente.

 
                                        Você é tudo que eu achava que não fosse
                                    E nada do que eu achava que era
                                    Mas ainda assim, você vive em mim
                               Então me diga, como isso pode acontecer?

                                 Você é o único que eu queria poder esquecer
                                    O único que eu queria não perdoar
                            E apesar de você partir meu coração
                                         Você é o único

                            E apesar de ter vezes que eu te odeio
                               Porque não consigo esquecer
               As vezes que você me magoou e me fez chorar
                       E mesmo agora enquanto te odeio
                                   Me dói dizer
                Que eu sei que estarei lá no fim do dia

                     Eu não quero ficar sem você, amor
                    Eu não quero um coração partido
                    Não quero respirar sem você, amor
                         Eu não quero ter esse papel
                  Eu sei que eu te amo, mas deixe-me dizer
                    Eu não quero te amar de jeito nenhum

                           Eu não quero um coração partido
                Eu não quero ser a garota de coração partido
                    Não, não, nenhuma garota de coração partido
                     Não sou nenhuma garota de coração partido

                           Há algo que sinto que preciso dizer
                          Mas até hoje sempre tive medo
                               De você não voltar
                       Mas mesmo assim, preciso desabafar

                  Você diz que tem respeito por mim
                 Mas às vezes sinto que você não me merece
                   E ainda assim, você está em meu coração
                                      Você é o único

                         E sim, há vezes que eu te odeio
                              Mas não reclamo
                  Porque tenho medo de que você vá embora
                      Mas agora eu não te odeio
                             E fico feliz em dizer
                         Que eu estarei lá no fim do dia

                      Estou numa situação que nunca imaginaria estar
             Estou vivendo num mundo que tudo se trata de mim e você
                Não preciso ter medo, meu coração partido está livre
          Para abrir as asas e voar pra bem longe, pra bem longe com você



Aquilo era algum tipo de brincadeira de indiretas? Ela colocou a música de propósito.

-Chega, Lua! –Mudei o canal da rádio e coloquei em outro qualquer que tocava uma música chata da porra.

-Por que, Arthur? Eu gosto daquela...

-Chega! –me exaltei.

-Você é tão chato. –Bufou, encostou a cabeça no vidro novamente e se calou.

  Merda, eu prefiro ela falando.

-Você não está merecendo o presente que eu iria lhe dar.

-Eu só queria escutar aquela música. –Talvez, eu só tenha interpretado mal a letra, mas ela não tinha feito nada para me irritar.

-Você ainda quer ir para a faculdade?  -Ela desgrudou sua cabeça da janela, e seus olhos verdes brilhantes se arregalaram.

-Você está falando sério? –Assenti com olhos nas ruas movimentadas.

-Pode chamar qualquer amiga sua para ir com você hoje ou amanhã se inscrever, você que sabe.



  Assim que chegamos na mansão, Lua me deu um beijo no rosto, cumprimentou Rose que se contagiou com sua alegria e subiu a escada saltitando de degrau em degrau.

-Eu nunca a vi tão feliz como está. –Rose murmurou sorrindo.

-Ela tem um sorriso muito bonito.

-Lua não merece chorar. Ela é nova e linda, pode ter o rapaz que quiser para ser feliz.

-Ela tem a mim, Rose. –Ela apontou para mim sorrindo, e voltou a limpar o móvel.

  Fui para o meu quarto tomar um banho e vesti apenas uma bermuda. Assim, que sai do quarto para ir até o escritório, Lua saiu do seu quarto vestida em um uma calça jeans, uma blusa ¾ branca por dentro da calça e com um botão aberto mostrando um pouco de seu decote, um sapato alto e fechado e uma bolsa vermelha. Seus cabelos escorriam por seus ombros e chegavam até o meio de sua costa. Ela não tinha maquiagem no rosto, seus cílios só pareciam mais alongados e em seus lábios tinha um tom de rosa fraquinho, quase da cor natural de seus lábios.

-Isso tudo é pressa pra se sentir livre? –Me aproximei dela e ela abaixou a cabeça sorrindo.

-Obrigada, Arthur. –Ela colocou suas mãos delicadas em minha nuca e beijou meu rosto.

  Ela estava assim desde o hospital, quando falei para ela que dormi com uma mulher.

  A pressionei parede, e segurei seus braços. A respiração de Lua passou a ficar entre cortada e encaixei nossos lábios. Ela cedeu, e adentrei minha língua em sua boca que tinha um sabor doce, inexplicável. Suas mãos começaram a bagunçar meu cabelo e ameacei descer minha mão para desabotoar minha calça, porém Lua me parou.

-Vou pedir para meu motorista lhe levar. Qual é a Universidade que irá?

-Bom, a única que conheço por aqui é a Universidade da Califórnia.

-Chamou alguém para acompanhá-la?

-Chamei Melanie. Será que posso pedir uma coisinha ao seu motorista?

-O que?

-Quero ver Jhulie e passear com ela.

-Venha aqui.

  Caminhamos para o meu escritório e Lua fechou a porta atrás de si. Peguei um papel, coloquei minha senha no mesmo e tirei um cartão de crédito da gaveta trancada.

-Não precisa disso, Arthur. Eu ainda tenho um pouco de dinheiro que ganhei nos pro...

-Pegue. –Ordenei antes que ela terminasse aquela frase.

  Lua obedeceu e me abraçou.

-Obrigada.

-Se você precisar de ajuda para tirar Jhulie da mansão, pode me ligar. –Ela negou com a cabeça, sorrindo.

-Rachel nunca está lá. Vai ser fácil.

  Ela acenou rápido e se encaminhou rápido para a porta.

-Lua, quem é Jhulie?

-Minha irmã mais nova. –Sorriu e bateu a porta.



P.O.V’s Lua Blanco

  Melanie não parava de dizer como estava sendo maravilho estudar medicina na Universidade da Califórnia, e só fazia com que minha ansiedade aumentasse mais, junto do nervosismo. Ela trouxe todos meus documentos escolares e Arthur havia me dado meus documentos depois do hospital.

-Eu estou com medo de não ser aceita.

-Lua, você sempre teve notas ótimas, altas o suficiente para ser aceita em qualquer Universidade, até mesmo Harvard.

-Tudo bem. –Respirei fundo e cruzei os dedos.

  Quando falei para Melanie sobre Arthur ter permitido os meus estudos, o seu ódio diminuiu menos.

-Essa Universidade não tem curso de moda. –murmurei.

-Faça outra coisa que goste. Aproveite, é uma oportunidade que ele está lhe dando, depois você procura por um cursinho barato de moda.

-Pediatra. –sussurrei sorrindo.

-Por quê? –A encarei e ela tinha um sorriso no rosto.

-Quero cuidar dos meus futuros filhos e de Jhulie. Eu adoro crianças.

-São seres agradáveis. Jhulie estava uma gracinha no último jantar de negócio dos nossos pais. Ela está linda, Lua

-Estou tão ansiosa para vê-la.

-Lua, se você quer ser pediatra, irá fazer medicina e depois uma especialização em pediatria pós-graduação. Mas, você fará medicina, e isso quer dizer que teremos aulas juntas.

-Talvez não porque você está um pouco avançada.

-É verdade, mas espero que tenhamos.

-Eu também. –Sorriu.

  O motorista estacionou o carro na garagem da Universidade e Melanie me levou até a sala em que eu faria minha inscrição e marcariam a data da minha prova.

(...)

  O processo não demorou muito. Eles fizeram várias perguntas que me deixaram confusa, mas foram dando curtas e poucas explicações.

  Melanie estava sentada em uma cadeira com as mãos juntas e a cabeça baixa.

-Eles marcaram a prova. –falei e Melanie levantou me abraçando e murmurando diversos “Parabéns”.

-Nós vamos na livraria comprar sua apostila agora.

-Tudo bem.

  Depois de passarmos na livraria, o motorista de Arthur seguiu direto para a mansão Blanco. Eu estava com receio de entrar ali, mas o porteiro não permitiria a saída de Jhulie acompanhada de Melanie.

  Sai do carro, e o porteiro me observou desacreditado, e então abriu o portão para mim.

-Menina Lua, como você está? Faz tanto tempo...

-Oi, Maicon. Faz muito tempo que não nos vemos. Sabe me dizer se Rachel está?

-Ela saiu a poucos minutos com o carro.

-E Jhulie?

-Ela está com sua nova babá. Todos os dias em que a vejo, ela não esquece de perguntar se você veio visita-la e sempre volta para casa decepcionada. –Meu coração se apertou.

-Hoje sua reação vai ser diferente. –falei entusiasmada e acenei para ele.

  Jhulie estava balançando suas perninhas dentro da piscina e olhava fixamente para um patinho de borracha em sua mão, o qual ela sempre brincava quando eu a dava banho de banheira. Sua babá estava sentada em uma cadeira de descanso, lendo alguma revista de fofoca.

-Psiu –Chamei sua atenção e a da senhora.

  Seus olhinhos brilharam e ela levantou rapidamente do chão e veio correndo até mim, e então senti perfeitamente minha pequena envolvida em meus braços, outra vez.

-Eu sabia que viria, Lua. –Ela beijou meu rosto, sem acreditar que eu estava ali e me abraçou novamente.

-Venha conhecer a Tina. –falou sorrindo e me puxando em direção a suposta babá que nos olhava sorrindo. –Tina, essa é minha irmã Lua. Lua, essa é minha nova babá Tina. –Jhulie falava meiga e risonha.

  Ela estava tão linda, e não errava mais nem uma palavrinha.

-Nós vamos sair.

-Você vem, Tina? –ela perguntou para a senhora que nos olhava, e negou sorrindo.

-Eu fico aqui, mas não demorem para não adiantarem minha morte, porque sua mãe pode... –ela fez um gesto com a mão como se uma faca fosse cortar seu pescoço, nos fazendo rir.

  Coloquei um vestidinho roxo em Jhulie, sapatilha azul gelo, e laçinhos pratas.

-O seu pai está? –perguntei.

-Não, ele nunca está em casa. –Fez uma expressão triste.

-E seus estudos, como estão?

-Eu estou começando a soletrar, Lua. –Bateu palminhas animadas.

-Isso é ótimo e bem avançado para sua idade.

-Onde você quer ir?

-Nós podemos ir ao cinema ver Frozen e depois ir ao parque que abriu aqui no bairro, todas minhas amiguinhas foram, mas minha mãe nunca pode me levar e não deixa Tina, porque diz que ela está velha para me vigiar em público.

-Você quer levar Tina? –Ela assentiu sorrindo.

  Descemos e Tina ainda estava na cadeira de descanso.

-Tina, venha nos acompanhar.

-Obrigada, Dona Lua, mas minhas pernas já estão fracas.

-Por favor, Tina! –Jhulie começou a implorar, porém ela não cedeu.

  Jhulie se apaixonou pelo filme, e me implorou pela boneca de uma das personagens que estava em uma vitrine de uma loja de brinquedos do Shopping. Comprei uma, e Melanie lhe deu a outra de presente.

-Já está meio tarde, e preciso passar em casa para falar com Arthur. Você quer mesmo ir ao parque hoje? –Olhei para Jhulie

-Sim, por favor. –Ela pediu com olhinhos piedosos.

-Tudo bem.

-Você não tem um celular para ligar pra ele, Lua?

-Ele ainda não tem confiança em mim.

-Quer ligar do meu?

-Eu não sei o número dele. –Ela bufou.

  Entramos no carro e nos dirigimos para a mansão, sorrindo com Jhulie contando seus dias e brincando com suas bonecas.

-Puxa, que casa legal. –murmurou indignada assim que o carro foi estacionado –Arthur é seu namorado, Lua?

  Droga! Não faço a mínima idéia do que falar. Melanie me olhou e sorriu, balançando a cabeça negativamente. Vadia.

-É apenas um amigo, e estou morando com ele.

  Os meninos não estavam, graças a Deus. Os olhares deles eram intimidadores demais, e os únicos legais comigo era Chay e Fábio.

  Melanie sentou no sofá e chamou Jhulie para sentar ao seu lado, porém a pequena negou e subiu ao meu lado.

  Bati na porta do escritório de Arthur e ele murmurou: “Entra!”.

-Fique aqui. –murmurei para Jhulie  e ela assentiu se encostando na parede.

 Coloquei minha cabeça para dentro do escritório, e ele sorriu.

-Você demorou.

-Eu ainda sairei de novo, só precisava avisar a você. Eu preciso de um celular, Arthur. –falei indo até ele e ficando a sua frente, encostada na sua mesa.

  O móvel estava cheio de papelada e o seu notebook estava aberto em algum documento no Word.

-Eu ainda não tenho sua confiança.

-E o que eu faço para tê-la?

-Quero sinceridade da sua parte, sem mentiras e outras coisas, mas para onde você vai?

-Levei Jhulie no cinema, e ela pediu para levá-la ao parque.

-E como eu ter certeza que você não está mentindo?

-Bom, isso é um bom começo para confiar e mim, e não me importo que coloque seguranças para onde eu for. –Ele assentiu atencioso, e me colocou mais a frente de si.

  Levantou da sua cadeira, me colocou sentada em sua mesa, e se pôs entre minhas pernas. Suas mãos pressionaram minha cintura, e passei as minhas por sua nuca.

-Você precisa relaxar. Seu corpo está tenso. –sussurrei próxima ao seu ouvido.

-Está tão visível assim?

-Está, e por que?

-Estou preocupado com uma missão do mês que vem.

-Vai ficar tudo bem. –Beijei sua bochecha e minha atenção foi para seus lábios.

  Encaixei meus lábios nos seus, e senti sua boca com gosto de hortelã ficar em contanto com a minha que tinha um gosto doce. Era uma mistura deliciosa e exótica.

-Amigos não se beijam. –a voz doce advertiu. Jhulie

Outro capítulo.

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