Paixão Sem Limites - Capitulo 21

Capitulo 21

Deixar Arthur na cama de manhã foi bem difícil. Ele dormia tão profundamente que não quis acordá-lo e me segurei para não beijar o seu rosto antes de ir embora. Adormecido, ele pareci livre de qualquer preocupação. Só percebi como ele era angustiado e desconfiado quando o vi assim, dormindo, totalmente em paz.
Abri a porta da sala dos funcionários e fui recebida pelo cheiro de rosquinhas recém-saídas do forno e por um Diego sorridente.
- Bom dia, flor do dia - disse ele, animado como sempre.
- Não sei se é tão bom assim... você vai dividir essas rosquinhas ou não?
Ele me estendeu a caixa.
- Comprei duas a mais só para você, boneca. Sabia que a minha gata viria trabalhar hoje e não queria ser pego com as mãos abanando.
Eu me sentei em frente a ele e peguei a minha rosquinha.
- Eu até que lhe daria um beijo, se achasse que você fosse gostar - provoquei.
Diego bateu os cílios.
- Quem sabe, neném? Um rostinho como o seu pode desvirtuar qualquer um.
Rindo, dei uma mordida na deliciosa rosquinha, fofa e quentinha. Não era uma comida muito saudável. mas era deliciosa.
- Coma direitinho, porque hoje o nosso dia vai ser longo. Á noite tem o Baile das Debutantes e não vamos servir na salão de jantar: seremos todos mandados para o salão nobre e obrigados a ficar zanzando com bandejas de canapés, servindo os convidados durante um jantar.
Baile das Debutantes? O que era aquilo?
- Por isso tantas caminhonetes lá fora com flores e enfeites?
Ele assentiu e esticou a mão para pegar outra rosquinha coberta de chocolate.
- É. O baile acontece todo ano nesta semana. As mamães podres de ricas ficam exibindo as filhinhas e as apresentam aos membros da alta-roda. Depois de hoje, as meninas são consideradas mulheres e tratadas como sócias adultas do clube. Podem participar de comitês e coisas assim. Uma bobajada sem fim, para ser sincero. Sobretudo considerando que Giovanna já fez 21 anos há algumas semanas. Ou seja, ela já pode muito bem entrar para a porra da vida adulta.
Giovanna era uma das debutantes. Que interessante. Sua mãe não estava na cidade. Será que isso significava que ela iria voltar? Meu coração acelerou... Eu teria que ir embora em breve. Arthur não dissera nada em relação á minha partida. Quando eu fosse embora, será que ele continuaria a sair comigo?
- Respire, Lua. É só uma porcaria de um baile - disse Diego.
Respirei fundo. Não havia percebido que começara a entrar em panico. Foi por isso mesmo que eu quis manter distancia. Sabia que esse dia chegaria. Será que o meu pai iria voltar hoje?
- A que horas começa o baile? - consegui perguntar sem deixar a voz falhar.
- Ás sete, mas eles vão encerrar o jantar no salão ás cinco para podemos nos preparar.
 Larguei o resto da rosquinha em cima da mesa; não consegui terminar de comer. Aquele seria um dia de espera. Senti o peso do celular no bolso, mas não podia mandar um torpedo para Arthur. Não queria que ele me desse nenhuma notícia ruim por torpedo. Preferia aguardar.
- Lua, preciso falar com voce na minha sala um instante. - A voz de Fernando interrompeu os meus pensamentos.
Olhei para Diego e vi que ele estava com os olhos arregalados de preocupação. Merda. O que será que eu fiz?
Eu me levantei e me virei para Fernando. Ele não parecia zangado. Chegou até a sorrir, o que me deu a coragem de quem eu precisava para andar na sua direção. Ele segurou a porta para eu passar e saí para o corredor.
- Relaxe, Lua, você não fez nada de errado. A gente só precisa conversar sobre hoje á noite.
Ah. Ufa. Respirei fundo e o segui até uma porta no final do corredor.
- Minha sala não tem nenhum glamour. Papai acredita que é com trabalho que se chega ao topo. Mesmo que eu vá herdar o clube um dia.
Ele revirou os olhos enquanto abria a porta da sala e acenava para eu entrar. O comodo era tão grande quanto o meu quarto na casa de Arthur e tinha duas amplas janelas quadradas com vista para o buraco 18.
Em vez de se sentar atrás da escrivaninha, Fernando se sentou na borda. Fiquei agradecida poe ele tentar não tornar aquela conversa excessivamente formal. Isso sim me deixaria nervosa.
- Hoje á noite vai ter o Baile das Debutantes. É um evento anual aqui do clube. Nós ajudamos umas piranhazinhas ricas e mimadas a virar adultas. É uma idiotice e um pé no saco que rende ao clube mais de 50 milhões de dólares em lucros com taxas de inscrição, doações e coisas desse tipo. Então não podemos acabar com essa bobagem. Não que a minha mãe fosse fazer isso mesmo se pudesse. Ela própria já debutou. Quem a ouve contar a história acha que ela foi coroada rainha da Inglaterra.
Aquela conversa não estava me deixando mais tranquila em relação ao baile. Pelo contrário: a explicação só aumentava a minha aflição.
- Gi está com 21 anos, então vai debutar hoje á noite. Dei uma olhada na lista e vi que o acompanhante dela vai ser o Arthur. É tradição a moça ser acompanhada pelo pai pu pelo irmão mais velho. O acompanhante também tem que ser sócio do clube. Não sei o que está acontecendo entre você e Arthur, mas sei que Giovanna a odeia. Você não precisa de nenhum drama hoje á noite. Mas eu, por outro lado, preciso de você, uma das nossas melhores funcionárias. A pergunta é: Vai conseguir trabalhar hoje sem se engalfinhar? Porque Giovanna vai fazer o possível para provocá-la, e caberá a você ignorá-la. Você pode estar saindo com um sócio, mas é uma funcionária aqui. Uma coisa não muda a outra. O sócio tem sempre razão. Se houver uma briga, o clube vai ser obrigado a tomar o partido de Giovanna.
O que ele estava pensando? Aquilo ali não era o ensino médio; éramos todos adultos. Eu poderia ignorar Giovanna e Arthur a noite inteira se fosse preciso.
- Eu consigo. Sem problemas.
Fernando deu um meneio de cabeça rápido.
- ótimo, porque o cache é excelente e você precisa dessa experiencia.
- Eu consigo - repeti.
Ele se levantou.
- Estou confiando em você. Agora pode ir ajudar Diego com o café da manhã. Ele deve estar falando mal da gente messe momento.
O resto do dia passou voando; de tão ocupada com os preparativos, não tive tempo para pensar em Giovanna ou na volta do meu pai. Ou em Arthur. Agora estava em pé na cozinha com todos os outros garçons e garçonetes da equipe, usando um uniforme branco e preto e com os cabelos presos em um coque. Estava começando a sentir um frio na barriga.
Aquela era a primeira vez em que teria que encarar as diferenças que me separavam de Arthur. Nessa noite, o mundo dele e o meu iriam colidir. Estava preparada para qualquer comentário que Giovanna pudesse fazer a meu respeito. Tinha inclusive falado com Diego e pedido que ele servisse de anteparo para evitar que eu tivesse de me aproximar dela. Queria ver Arthur e até falar com ele, mas tinha a sensação de que isso   seria malvisto.
                                                                                                                                Continua...